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MÓDULO DISTÚRBIOS SENSITIVOS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) O TCE é qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou funcional de: → Crânio; → Meninges; ou → Encéfalo. CLASSIFICAÇÃO O TCE é uma doença heterogênea. Há diversas maneiras de categorizar os pacientes em termos de gravidade clínica, mecanismo de lesão e fisiopatologia, cada uma das quais pode afetar o prognóstico e o tratamento. Os melhores modelos prognósticos incluem idealmente todos os fatores descritos abaixo, assim como idade, comorbidade médica e parâmetros laboratoriais → As decisões de tratamento são mais bem informadas ao considerar as variáveis individualmente, e não como uma pontuação global. ESCORES DE GRAVIDADE CLÍNICA TCE pode ser classificado usando escores de gravidade da lesão; a mais utilizada é a Escala de Coma de Glasgow (ECG) → Pontuação de 3 a 15, sendo 3 o pior e 15 o melhor. → Composto por três parâmetros: melhor resposta ocular (E), melhor resposta verbal (V) e melhor resposta motora (M). → Registro individual (ex.: E2V3M4 resulta em uma pontuação GCS de 9). → Pontuação ≥ 13: lesão cerebral leve → Pontuação 9 – 12: lesão moderada → Pontuação ≤ 8: lesão cerebral grave VANTAGEM: A ECG é universalmente aceita como ferramenta para classificação do TCE devido à sua: → Simplicidade; → Reprodutibilidade; e → Valor preditivo para o prognóstico geral. DESVANTAGEM: No entanto, é limitado por fatores de confusão, como: → Sedação e paralisia médica; → Intubação endotraqueal; e → Intoxicação. Esses problemas de confusão geralmente são particularmente proeminentes em pacientes com baixo escore GCS. Um sistema de pontuação alternativo, o Full Outline of Unresponsiveness (FOUR) Score, foi desenvolvido para tentar evitar esses problemas, principalmente incluindo um exame do tronco cerebral. → Porém, este não tem o longo histórico da ECG na previsão de prognóstico e é mais complicado de realizar. ESCALAS DE NEUROIMAGEM A lesão cerebral traumática pode levar a várias lesões patológicas, a maioria das quais pode ser identificada em neuroimagem: → Fratura do crânio; → Hematoma epidural; → Hematoma subdural; → Hemorragia subaracnóide; → Hemorragia intraparenquimatosa; → Contusão cerebral; → Hemorragia intraventricular; → Padrões focais e difusos de lesão axonal com edema cerebral. Atualmente há 2 escalas de classificação baseadas em CT: ESCALA DE MARSHALL: Usa os achados da TC para classificar as lesões em seis categorias diferentes: É amplamente utilizado em centros de neurotrauma e demonstrou prever: → O risco de aumento da PIC; e → Desfecho em adultos com precisão Porém, não tem reprodutibilidade em pacientes com vários tipos de lesão cerebral. MÓDULO DISTÚRBIOS SENSITIVOS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves ESCALA DE ROTTERDAM: É uma classificação mais recente baseada em TC desenvolvida para superar as limitações da escala de Marshall Ele mostrou resultados iniciais promissores, mas requer validação mais ampla. CATEGORIAS FISIOPATOLÓGICAS Fisiopatologia da lesão cerebral relacionada ao traumatismo cranioencefálico (TCE) é dividida em duas categorias separadas, mas relacionadas: → Lesão cerebral primária; (dano pelo impacto: contusões, lacerações, fragmentação óssea e lesão axonal difusa) e → Lesão cerebral secundária (lesões por hematomas intracranianos, edema, hipóxia e isquemia por hipertensão intracraniana – HIC ou choque) LESÃO CEREBRAL PRIMÁRIA A lesão cerebral primária ocorre no momento do trauma. Mecanismos comuns incluem: → Impacto direto; → Aceleração/desaceleração rápida; → Lesão penetrante; e → Ondas de choque. Embora esses mecanismos sejam heterogêneos, todos resultam de forças mecânicas externas transferidas para o conteúdo intracraniano. O dano resultante inclui uma combinação de contusões focais e hematomas, bem como cisalhamento dos tratos da substância branca (lesão axonal difusa) juntamente com edema e edema cerebral. CONCUSSÃO É uma alteração da consciência decorrente de uma lesão encefálica traumática não penetrante. As alterações da consciência incluem: → Confusão; → Amnésia (característica da concussão); ou → Perda da consciência por poucos minutos. Não há consenso em relação à duração desses sintomas, podendo durar apenas algumas horas ou dias. Não há anormalidades parenquimatosasvisíveis ou microscópicas. Os níveis de glutamato (neurotransmissor excitatório) aumentam após a concussão, e o cérebro entra em um estado hiperglicolítico e hipermetabólico que pode ser demonstrado até 7 a 10 dias após o evento. → É nesse período que o cérebro fica mais suscetível a um segundo trauma (síndrome do segundo impacto), o que acontece, em pane, por alteração da autorregulação cerebral. → As consequências podem ser catastróficas, incluindo a evolução para o edema cerebral maligno. A!! Síndrome do segundo impacto: Trata-se de condição rara, inicialmente descrita em atletas que apresentam: → Um segundo TCE, ainda na vigência de sintomas do TCE anterior, nos quais, se desenvolveu um edema cerebral maligno refratário a qualquer tipo de tratamento, culminando em óbito em 50 a 100% das vezes. Sua predileção é por crianças e adolescentes, de modo que esses pacientes necessitam de mais precauções após uma concussão. LESÃO AXONAL DIFUSA É uma lesão primária do TCE causada por aceleração/desaceleração. Os mecanismos de cisalhamento levam à lesão axonal difusa (LAD), que é visualizada patologicamente e em estudos de neuroimagem como múltiplas pequenas lesões observadas nos tratos da substância branca. TC do cérebro mostrando lesão axonal difusa (DAI). Observe a lesão profunda do tipo cisalhamento na substância branca da cápsula interna esquerda ou próximo a ela (seta). MÓDULO DISTÚRBIOS SENSITIVOS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves Em sua forma grave, ocorrem: → Focos hemorrágicos no corpo caloso e no tronco cerebral em sua porção dorsolateral; → Com evidências microscópicas de lesão difusa aos axônios (bolas de retração axonal, estrelas microgliais e degeneração das fibras dos tratos de substância branca). Geralmente é considerada como causa de coma que surge imediatamente após TCE, na ausência de lesões que a justifiquem na TC. Pacientes com LAD grave geralmente apresentam: → Coma profundo sem PIC elevada; e → Desfecho ruim. A RM (em particular a imagem por tensor de difusão) é mais sensível do que a TC para detectar LAD, e a sensibilidade do teste diminui se atrasada a partir do momento da lesão. CONTUSÃO Caracterizada pela presença, na TC de crânio, de áreas: → Hipodensas (edema associado); ou → Hiperdensas (contusões hemorrágicas que podem progredir para hematoma intraparenquimatoso). Ocorre principalmente nas áreas em que a desaceleração súbita da cabeça faz o tecido cerebral se deslocar e ir contra algumas proeminências ósseas. TC do cérebro mostrando contusões cerebrais. As áreas frontais basais (como mostrado) são particularmente suscetíveis. As contusões cerebrais focais são as lesões mais frequentemente encontradas. Estas são comumente observadas nas áreas frontais e temporais basais, que são particularmente suscetíveis devido ao impacto direto nas superfícies basais do crânio no contexto de lesões de aceleração/desaceleração. A coalescência de contusões cerebrais ou um traumatismo cranioencefálico mais grave rompendo os vasos sanguíneos intraparenquimatosos pode resultar em um hematoma intraparenquimatoso. HEMATOMAS EXTRA-AXIAIS São definidos como “fora da substância do cérebro” e, geralmente, encontrados quando as forças são distribuídas para a abóbada cranianae as camadas cerebrais mais superficiais. Estes incluem hemorragia epidural, subdural e subaracnóidea. 1. Hematomas epidurais (HED): São tipicamente associados a vasos durais rompidos (como a artéria meníngea média) e, quase sempre, a uma fratura do crânio. Os HED têm formato lenticular e tendem a não estar associados a danos cerebrais subjacentes. HED é uma complicação incomum, mas grave → Ela é encontrada em 1-4% dos casos de TCE e 5- 15% das séries de autópsias. HED em adultos é mais comum (aproximadamente 85% dos casos) devido a lesão arterial. → A lesão arterial tem como principal causa o trauma na base do crânio com ruptura da artéria meníngea média à medida que passa pelo forame espinhoso, resultando em hemorragia sobre a convexidade cerebral na fossa craniana média. → Além disso, a HED é ocasionalmente encontrada na fossa craniana anterior, devido à ruptura da artéria meníngea anterior, e raramente devido a uma fístula arteriovenosa dural no vértice. Traumatismo craniano grave pode resultar em HED com coma, enquanto uma lesão menor pode produzir HED com perda momentânea de consciência. Em alguns pacientes com HED aguda e perda transitória da consciência, ocorre o chamado "intervalo lúcido" com: → Recuperação da consciência, seguido de deterioração ao longo de horas devido ao sangramento arterial contínuo e expansão do hematoma (Q.C.: A deterioração inclui sintomas como dor de cabeça, vômitos, sonolência, confusão, afasia, convulsões e hemiparesia). MÓDULO DISTÚRBIOS SENSITIVOS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves A expansão não controlada do hematoma leva a ↑ PIC e sinais clínicos, como: → Pupila dilatada ipsilateral (devido a herniação nucal com compressão do nervo oculomotor); ou → Reflexo de Cushing (hipertensão, bradicardia e distúrbios respiratórios) (depressão/irregularidade) → Tais eventos culminarão em hérnia cerebral e morte, a menos que a descompressão imediata seja realizada. A punção lombar é contraindicada nos casos em que há suspeita de lesão ocupando espaço, como HED, devido ao risco de herniação. TC DA CABEÇA: Estudo de imagem mais amplamente utilizado para traumatismo craniano agudo e a maioria dos HEDs são identificáveis nela. O sangue peridural produz um padrão em forma de lente ou biconvexo na TC de cabeça porque sua coleção é limitada por fixações durais firmes nas suturas cranianas. Ocasionalmente, focos heterogêneos de menor atenuação aparecem dentro de uma HED aguda. Este achado de um coágulo sanguíneo de densidade mista (ou sinal de redemoinho) indica extravasamento ativo de sangue e representa uma indicação para avaliação cirúrgica imediata. TC de cabeça sem contraste demonstra um hematoma epidural traumático agudo na região parietal esquerda. TC demonstrando hematoma epidural direito (EDH, seta). Observe a forma lenticular. Em 8% dos casos a EDH aguda pode não ser aparente na TC. Vários problemas podem estar associados a isso: → Anemia grave, que reduz a densidade da hemorragia → Hipotensão grave, que reduz a taxa de extravasamento arterial → Varredura precoce após o trauma, antes que sangue suficiente se acumule para ser visível na imagem → Sangramento venoso com acúmulo lento de sangue RM DO CÉREBRO: A RM é especialmente útil no diagnóstico de HED no vértice. A RM é um adjuvante da TC na avaliação de traumatismo craniano agudo e usada quando há uma forte suspeita de HED ou HSD (nível de consciência suprimido ou déficit neurológico focal no cenário do trauma), mas nenhuma evidência clara de hematoma na TC. Observações: → O coágulo agudo é hipointenso em T2 devido à presença de desoxiemoglobina. → Nas semanas subsequentes, a desoxiemoglobina se degrada em metemoglobina, que aparece brilhante em T1 e T2. → Após vários meses, apenas a hemossiderina permanece e o coágulo torna-se novamente hipointenso em T1. A ressonância magnética do cérebro demonstra um hematoma epidural traumático na região parieto-occipital esquerda. ANGIOGRAFIA: Em condições incomuns, a angiografia cerebral é indicada para avaliação da HED. Como exemplo, a HED localizada no vértice pode originar-se de uma fístula arteriovenosa dural da artéria meníngea média. → Nesse cenário, a angiografia é necessária para avaliar completamente a possibilidade de uma lesão vascular subjacente. MÓDULO DISTÚRBIOS SENSITIVOS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves 2. Hematomas subdurais (HSD): Causas: a) Ruptura das veias em ponte que drenam da superfície do cérebro para os seios durais (normalmente é essa) → A ruptura desses vasos permite o sangramento no espaço entre as membranas aracnóides e a dura- máter através do qual os vasos atravessam. → O sangramento venoso geralmente é interrompido pelo ↑ da PIC ou compressão direta pelo próprio coágulo. Eles tendem a ser em forma de meia-lua e são frequentemente associados a lesão cerebral subjacente. TC mostrando um hematoma subdural agudo esquerdo (SDH, seta). Os hematomas subdurais são tipicamente em forma de crescente. Neste caso, o SDH está causando efeito de massa significativo e deslocamento das estruturas da linha média para a direita. b) A ruptura arterial também pode resultar em HSD (20- 30% dos casos) c) A baixa pressão do LCR (hipotensão intracraniana) é outro mecanismo que pode resultar em HSD. → A hipotensão intracraniana é normalmente causada por um vazamento de LCR espontâneo ou iatrogênico, como pode ocorrer após a punção lombar. → À medida que a pressão do LCR diminui, há uma redução na flutuabilidade do cérebro, causando tração nas estruturas de ancoragem e suporte. → A tração nas veias em ponte pode causar laceração e ruptura dealas, enquanto a própria hipotensão intracraniana leva ao ingurgitamento das veias cerebrais e subsequente vazamento de líquido para o espaço subdural. Traumatismo craniano grave pode resultar em HSD com coma, enquanto uma lesão menor pode produzir HED com perda momentânea de consciência. A SDH subaguda e crônica pode apresentar-se de forma insidiosa, tipicamente com distúrbios da consciência. As categorias de HSD aguda, subaguda e crônica são definidas pelo tempo de início. Para esta discussão, define- se essas categorias da seguinte forma: → A SDH aguda se apresenta 1 a 2 dias após o início → A SDH subaguda se apresenta de 3 a 14 dias após o início → A SDH crônica se apresenta 15 ou mais dias após o início Essas definições são menos úteis quando não há história de trauma ou evento desencadeante anterior à apresentação clínica da HSD. HEMATOMA SUBDURAL AGUDO: Após um HSD agudo, o coma está presente desde o momento da lesão em aproximadamente 50% dos casos. Aproximadamente 12 a 38 % dos pacientes têm um "intervalo lúcido" transitório após a lesão aguda que é seguido por um declínio neurológico progressivo ao coma. A HSD da fossa posterior, apresenta sintomas de PIC elevada, incluindo: → Cefaleia; → Vômitos; → Anisocoria; → Disfagia; → Paralisia de nervos cranianos; → Rigidez de nuca; e → Ataxia. Em alguns casos de SDH, a hipoperfusão cerebral devido ao aumento da PIC ou efeito de massa pode culminar em infarto cerebral. → Isto é verdadeiro na fossa posterior, onde as artérias cerebrais posteriores são vulneráveis à compressão ao longo da borda da tenda do cerebelo. HEMATOMA SUBDURAL CRÔNICO: Podem ocorrer, como consequência da HSD crônica, o início insidioso de: → Dores de cabeça; → Tontura; → Comprometimento cognitivo; → Apatia; → Sonolência; e → Convulsões (ocasionalmente). Os déficits globais, como distúrbios da consciência, são mais comuns do que déficits focais após HSD. Os déficits focais podem ser ipsilaterais ou contralaterais ao lado do HSD. MÓDULODISTÚRBIOS SENSITIVOS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves → A hemiparesia contralateral pode ocorrer devido a compressão direta do córtex subjacente ao hematoma → Hemiparesia ipsilateral pode ocorrer com o deslocamento lateral do mesencéfalo causado pelo efeito de massa do hematoma. Esse deslocamento resulta na compressão do pedúnculo cerebral contralateral contra a borda livre do tentório. A SDH crônica bitemporal pode apresentar paraparesia intermitente proximal e indolor. Os sintomas podem não se tornar evidentes até semanas após a lesão inicial. Os sintomas devidos à SDH crônica podem ser transitórios ou flutuantes. TC DE CRÂNIO A SDH aguda é facilmente visualizada na TC de crânio como uma coleção crescente de alta densidade na convexidade hemisférica. A TC de cabeça sem contraste demonstra um hematoma subdural agudo traumático no hemisfério esquerdo e um hematoma subdural subagudo menor no hemisfério direito Os SDH subagudos e crônicos aparecem como lesões isodensas ou hipodensas em forma de crescente que deformam a superfície do cérebro → Suas membranas associadas podem realçar com contraste intravenoso. TC de cabeça sem contraste demonstra um hematoma subdural subagudo sobre o hemisfério cerebral direito RM DO CÉREBRO: A RM também é mais sensível para a detecção de pequenos HSD e HSD tentorial e inter-hemisférico. A RM cerebral é utilizada para situações em que há suspeita de HSD ou outra hemorragia intracraniana, mas não há evidência clara de hematoma na TC. A aparência do sinal de RM do HSD e do hematoma epidural evolui ao longo do tempo de maneira semelhante à observada no hematoma parenquimatoso: A ressonância magnética do cérebro demonstra um hematoma subdural espontâneo sobre o hemisfério cerebral direito ANGIOGRAFIA: Em algumas condições, a angiografia não invasiva (por exemplo, ARM ou CTA) ou angiografia cerebral convencional podem ser indicadas para avaliação de HSD, particularmente quando não há história de trauma e nenhuma causa óbvia. → Como exemplo, a SDH espontânea raramente pode ocorrer como consequência da ruptura do aneurisma intracraniano; → A angiografia pode ser necessária para avaliar completamente a possibilidade de uma lesão vascular subjacente. Assim, a angiografia convencional deve ser considerada se houver suspeita de lesão vascular subjacente e a origem do sangramento não for detectada por ARM não invasiva ou ATC. A!! As principais diferenças entre HSD e HED são facilmente demonstráveis por TC sem contraste da cabeça. → A HED não cruza as margens suturais, mas cruza as fixações durais porque está localizada no espaço potencial entre a dura-máter e o crânio. → Como resultado, o HED tem caracteristicamente uma aparência em forma de lente. MÓDULO DISTÚRBIOS SENSITIVOS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves A!! Já a HSD pode cruzar as margens suturais, mas é limitada pelas fixações durais e, portanto, aparece como uma lesão extra-axial em forma de crescente. 3. Hemorragia subaracnóidea (HSA): Pode ocorrer com ruptura de pequenos vasos piais e comumente ocorre nas fissuras silvianas e nas cisternas interpedunculares. A hemorragia intraventricular ou a hemorragia intracerebral superficial também podem se estender para o espaço subaracnóideo. Há diversas etiologias: → Hemorragia subaracnóidea perimesencefálica não aneurismática; → Aneurisma oculto; → Malformações vasculares; → Dissecção arterial intracraniana. HSA deve ser considerada em qualquer paciente que se queixe de cefaleia intensa de início súbito. TC DE CRÂNIO: A TC de crânio de emergência deve ser feita imediatamente a consideração do diagnóstico. Se a suspeita for alta e a TC não mostrar sangue no espaço subaracnóideo, uma punção lombar deve ser obtida. Um padrão de sangue perimesencefálico na TC tem alta probabilidade de ser de origem não aneurismática. Pacientes com HSA devem ser submetidos a exames laboratoriais básicos, incluindo: → Hemograma completo; → Bioquímica sérica; → Estudos de coagulação; e → Triagem toxicológica. + ECG ANGIOGRAFIA CEREBRAL: A maioria das lesões vasculares responsáveis pela HSA são identificadas usando a angiografia cerebral por subtração digital convencional (DSA), que inclui injeções da circulação carotídea externa e ramos cervicais profundos, que podem suprir uma fístula arteriovenosa dural críptica. → A demonstração angiográfica dos principais pontos de ramificação, incluindo a circulação posterior proximal, é essencial para descartar definitivamente o aneurisma. → A angiografia da artéria vertebral proximal pode revelar uma malformação vascular na coluna cervical ou na junção crânio-cervical. A utilidade da angiografia por TC (ATC) está melhorando continuamente. Uma grande vantagem da ATC sobre a angiografia convencional é a rapidez e facilidade com que ela pode ser obtida, muitas vezes imediatamente após o diagnóstico de HSA ser feito pela TC de crânio quando o paciente ainda está no scanner. A ATC é cada vez mais utilizada como primeiro teste em pacientes com HSA, evitando a necessidade de angiografia convencional em alguns pacientes. Nesse cenário, a ATC é uma abordagem mais prática para o diagnóstico agudo do que a angiografia por ressonância magnética (ARM), dadas as restrições do manejo do paciente agudo. ACT tem sensibilidade imperfeita para a detecção de aneurismas cerebrais, particularmente pequenos aneurismas → Mesmo quando um aneurisma é identificado por outras tecnologias, a DSA é frequentemente defendida para excluir múltiplos aneurismas e planejar melhor a intervenção cirúrgica. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: Ela pode demonstrar lesões vasculares angiograficamente ocultas que podem causar HSA. Tais lesões incluem algumas malformações vasculares no cérebro ou na medula espinhal, tumores, incluindo adenoma hipofisário e hematoma da parede arterial sugerindo dissecção arterial. Todos os pacientes com HSA e angiografia negativa devem fazer RM do cérebro e da medula espinhal com gadolínio. 4. Hemorragia intraventricular (HIV) Acredita-se que esta resulte da ruptura das veias subependimárias, ou por extensão da hemorragia intraparenquimatosa ou subaracnóidea adjacente. Hemorragia intraventricular primária (IVH) refere-se ao sangramento confinado ao sistema ventricular dentro do cérebro. → Ela é incomum (representa 3% de todas as hemorragias intracerebrais espontâneas) A hemorragia intraventricular ocorre mais comumente no contexto de hemorragia intracerebral ou hemorragia subaracnóidea (HIV secundária). MÓDULO DISTÚRBIOS SENSITIVOS, MOTORES E DA CONSCIÊNCIA – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves Pacientes com HIV secundária apresentam características clínicas típicas de HIC ou HSA. → HIC: sintomas neurológicos geralmente aumentam gradualmente ao longo de minutos ou algumas horas. Dor de cabeça, vômito e diminuição do nível de consciência se desenvolvem se o hematoma se tornar suficientemente grande. → HSA: na forma aneurismática é uma dor de cabeça súbita e intensa (97 %) classicamente descrita como a "pior dor de cabeça da minha vida". O início da cefaleia pode ou não estar associado a uma breve perda de consciência, náuseas ou vômitos e meningismo Pacientes com HIV primária geralmente apresentam cefaleia abrupta, muitas vezes associada a náuseas, vômitos e comprometimento da consciência (confusão, desorientação). TC DE CRÂNIO: TC de crânio sem contraste é o exame de escolha para diagnosticar a HIV. A TC identifica de forma rápida e confiável o sangue dentro do sistema ventricular, ajuda a identificar HIC ou HSA parenquimatosa associada à HIV e identifica hidrocefalia concomitante. Em pacientes com suspeita de HIV primária, o exameminucioso das regiões cerebrais ao redor dos ventrículos (caudado e tálamo, em particular) deve ser realizado para excluir uma HIC que tenha rompido nos ventrículos. Da mesma forma, a presença de sangue subaracnóideo nas cisternas basais ou sulcos corticais deve aumentar a preocupação com HSA aneurismática com HIV secundária, e a avaliação diagnóstica deve ser modificada de acordo. PLUS Inchaço pós-traumático - broin swelling: O inchaço cerebral, também denominado brain swelling, é diferente do edema e engloba dois processos distintos: → Aumento do volume sanguíneo cerebral: hiperemia cerebral por perda da autorregulação vascular; → Edema cerebral verdadeiro: inclui tanto o edema vasogênico quanto o citotóxico, que podem se desenvolver após horas do trauma. LESÃO CEREBRAL SECUNDÁRIA É geralmente considerada como uma cascata de mecanismos de lesão molecular que são iniciadas no momento do trauma inicial e continuam por horas ou dias. Esses mecanismos incluem: → Excitotoxicidade mediada por neurotransmissores causando glutamato, lesão de radicais livres nas membranas celulares → Desequilíbrios eletrolíticos → Disfunção mitocondrial → Respostas inflamatórias → Apoptose → Isquemia secundária por vasoespasmo, oclusão microvascular focal, lesão vascular Estes, por sua vez, levam à morte das células neuronais, bem como ao edema cerebral e aumento da pressão intracraniana que pode exacerbar ainda mais a lesão cerebral.
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