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Dermatite atópica (dermatologia)

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- Fabiana Bilmayer I Dermatologia
DERMATITE ATÓPICA
ETIOLOGIA
A dermatite atópica consiste em um processo
inflamatório cutâneo crônico, pruriginoso e
recorrente. Em cerca de 80% dos pacientes são
encontradas outras manifestações de atopia
(rinite alérgica, asma, etc).
É tipicamente uma doença da infância –
metade dos casos se apresenta no primeiro ano
de vida e 80% até os cinco anos. Apenas 2% dos
casos ocorrem após os 45 anos.
PATOGÊNESE
1. Fatores genéticos:
- História familiar em 70% dos casos;
- Se ambos os pais forem atópicos, 81%
das crianças desenvolvem
manifestações de atopia.
2. Fatores fisiológicos:
- Psicofisiologia: tendência à
hiperatividade;
- Prurido: autoperpetuador e agravado no
período noturno, o que traz grande
desconforto aos pais, alterando o
padrão do sono;
- Sudorese: assim como a xerodermia,
agrava ou incita o prurido;
- Reatividade vascular anômala:
vasoconstrição periférica e
dermografismo branco.
3. Fatores imunológicos:
- Elevação de IgE, quando associada a
manifestações respiratórias e, neste
caso, correlaciona-se com a gravidade
da doença;
- Deficiência seletiva de IgA, mais
frequente que na população geral;
- Depressão imune celular: este dado é
bem observado na prática diária pela
maior frequência de infecções
bacterianas, lesões mais extensas de
molusco contagioso, de lesões de
verruga vulgar refratárias ao
tratamento e do herpes simples.
A colonização por Staphylococcus aureus
ocorre em 75 a 90% dos pacientes.
Uma possível complicação que devemos ficar
atentos, é o chamado ECZEMA HERPÉTICO ou
ERUPÇÃO VARICELIFORME DE KAPOSI, que é a
disseminação do vírus herpes simples.
QUADRO CLÍNICO
Além da história de atopia, as principais
características são:
● Prurido intenso (máximo à noite,
levando à inversão do sono);
● Xerose cutânea (aumenta perda de água
transepidérmica e diminui retenção da
camada córnea);
● Lesões com mais de seis semanas,
cursando com exacerbações e remissões
(40% mantêm sintomas até a vida
adulta);
● Liquenificação da pele (espessamento
da pele com acentuação das marcas
cutâneas normais). É resultado de
atrito/fricção prolongado.
As apresentações típicas podem ser divididas
em três estágios, de acordo com a idade:
1. Lactente (2 meses-2 anos): lesões
eritematosas, papulosas ou
papulovesiculares (eczema agudo),
evoluindo para descamação com
exsudato seroso. Afeta principalmente a
face, couro cabeludo, pescoço e
superfícies extensoras, normalmente
poupando a região da fralda;
2. Fase infantil (2-12 anos): lesões
vesiculosas subagudas com menos
exsudação (pele muito seca e
liquenificação residual persistente).
Afeta preferencialmente áreas flexoras
(especialmente fossas poplíteas e
cubitais), nádegas, raiz posterior da
coxa, dorso das mãos, tornozelo e
pescoço;
3. Fase do adolescente e do adulto (> 12
anos): placas mais localizadas e com
predomínio da liquenificação
(liquenóide). Acometem principalmente
as superfícies de flexão, punhos, dorso
das mãos, pescoço e pálpebras
inferiores.
DIAGNÓSTICO
Podemos utilizar duas formas principais de
estabelecer o diagnóstico de dermatite atópica:
● Hanifin e Rajka (clássicos): são necessários
três critérios maiores e três menores, conforme
a Tabela 3.
● United Kingdom Work Group (Willians e col. –
mais recentes):
Presença de prurido cutâneo somado a três ou
mais dos critérios a seguir:
1. História de prurido envolvendo áreas
flexurais, cervical, palpebral,
tornozelos;
2. História de pele seca generalizada no
último ano;
3. Início das lesões de pele antes dos dois
anos de idade (esse critério somente é
aplicado para pacientes com quatro
anos ou mais);
4. Dermatite atual envolvendo áreas
flexurais (ou região malar/fronte/face
externa dos membros em pacientes
menores de quatro anos).
TRATAMENTO
Cuidados gerais:
- Ambientais: banhos, vestuário,
cortinas, brinquedos e almofadas,
animais domésticos, cama. Todos os
materiais devem ser de fácil lavagem
para evitar acúmulo de ácaros;
- Emolientes;
- Alimentares: prova da
exposição/exclusão;
- Apoio psicológico aos pais, orientando
quanto à história natural de períodos de
exacerbação e acalmia;
- Corticosteroides: mais indicado o uso de
corticoide tópico de média ou alta
potência. Em crianças deve-se evitar o
uso de corticóide de alta potência,
principalmente na região das dobras
cutâneas, pela maior capacidade de
absorção e efeitos sistêmicos;
- Antibioticoterapia sistêmica. Está
indicada nas formas extensas, mesmo
sem evidência clara de infecção
secundária. A maior colonização por
estafilococos nestes pacientes serve
como superantígeno, isto é,
agravamento das lesões de eczema
atópico. O superantígeno é capaz de
estimular os linfócitos de forma intensa
e sem precisar da célula apresentadora
de antígenos;
- Anti-histamínicos sedativos, pois há
agravamento noturno, interferindo no
padrão do sono;
- Imunomoduladores: talidomida,
pimecrolimus, tacrolimus, fototerapia;
- Imunossupressores: azatioprina,
ciclosporina A.

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