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Tireotoxicose 1 🥵 Tireotoxicose Definições Tireotoxicose envolve as manifestações do EXCESSO de hormônios tireoideanos causas que levam ao hipertireoidismo causas que não tem aumento da síntese de hormonios tireoideanos mas tem aumento dos hormonios circulantes (ingesta de hormonios ou destruição dos foliculos ) aumento da sintese fora da tireoide (meta de carcinoma de tireoide e struma ovarii) 1. Nem sempre o excesso de hormônios tireoidianos é por produção na tireoide; 2.Devido ao feedback negativo exercido pelo excesso de HT, o TSH estará suprimido, exceto no hipertireoidismo secundário (adenoma produtor de TSH) e na resistência aos hormônios tireoidianos; 3.No hipertireoidismo primário, podemos ter duas formas: a clínica (com HT elevados) e a subclínica (com HT dentro da faixa de normalidade). Padrões laboratoriais T3 e T4 ⬆ com TSH ⬇ = HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO CLÍNICO feedback negativo sobre hipófise redução de TRH redução do TSH Tireotoxicose 2 obs: pequenas alterações no T3 e T4 levam a grandes flutuações de TSH, por isso o TSH é o exame de escolha pra avaliação no primeiro momento T3 e T4 ✅ com TSH ⬇ = HIPERT. PRIMÁRIO SUBCLÍNICO se em uma questão o paciente apresente TSH reduzido com T4 reduzido, não podemos dar o diagnóstico de hipertireoidismo subclínico → dosar o T3 para excluir T3toxicose (D. graves, D. nodulares tóxicas cursam com aumento de T3 em fases iniciais principalmente, por isso dosar o T3, para não comer bola e achar que é um hiper subclínico) T3 e T4 ⬆ com TSH ⬆ ou ✅ = HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO e RESISTÊNCIA AOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS Presença de tumor hipofisário tireotropinoma produtor de TSH → hiperplasia de folículos tireoideanos → aumento da síntese de T3 e T4 Outra possibilidade: A hipófise desse paciente com tumor hipofisário pode não ter resposta de feedback adequado à elevação de T3 e T4, (o TSH deveria reduzir) , e diante dessa resposta inadequeado o TSH pode ficar normal Na Resistência aos hormônios tireoideanos, a hipófise tem dificuldade de entender a elevação dos HT e continua produzindo TSH, o que eleva ainda mais os HT Manifestações clínicas Tireotoxicose 3 💡 A taquicardia sinusal é a taquicardia mais frequente no hipertireoidismo, presente em, praticamente, 100% dos pacientes! Já a fibrilação atrial (FA) é a taquiarritmia mais comum no hipertireoidismo, principalmente em idosos! Bócio e sopro na tireoide só ocorrem quando há aumento de síntese hormonal (principalmente D. Graves e bocio multinodular toxico) Sopro na tireoide - por aumento da vascularização da glândula Reflexos tendinosos profundos exacerbados Tireotoxicose 4 Lid lag é a situação estática em que a pálpebra superior está mais alta do que o normal com o globo voltado para baixo No idoso apresentação atípica: predomínio de alterações cardiovasculares a fibrilação atrial é mais frequente nos idosos do que nos jovens com hipertireoidismos descompensação de IC apatia palpitação podem não aparecer devido ao bloqueio de condução causa + comum de tireotoxicose no idoso: bócio multinodular tóxico ( a evolução do BMA é o BMT) O excesso de hormônios tireoideanos leva a aumento de risco de FA aumento de PA aumento da reabsorção óssea resistência periférica insulinica Alterações em hormônios sexuais: o excesso de HT aumenta a quantidade de globulinas ligadoras de esteroides sexuais (SHBG), levando à diminuição da fração livre de estradiol → oligomenorreia e ciclos anovulatórios. Nos homens, também há redução da fração livre de testosterona devido ao aumento de SHBG e, adicionalmente, há maior conversão periférica de testosterona em estradiol; com a elevação da razão estradiol/testosterona, podem ocorrer ginecomastia, diminuição de libido e disfunção erétil Diagnóstico Etiológico HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO Tireotoxicose 5 Doença de Graves (Bócio difuso tóxico) Doença autoimune Principal causa de hipertireoidismo mais frequente em mulheres e faixa 30-40 anos Produção de autoanticorpo Trab contra o receptor de TSH tais anticorpos encontram-se presentes em, virtualmente, todos os pacientes com doença de Graves, não sendo essencial solicitar ele para fechar o diagnóstico se houver clinica Não são encontrados na população em geral o TRAb não é patognomônico da doença de Graves, visto que pode ocorrer em até 15% dos pacientes com tireoidite de Hashimoto. Porém, frente a um paciente com tireotoxicose, bócio e TRAb +, podemos afirmar que se trata de doença de Graves! Padrão laboratorial TSH ⬇ com T3 e T4 ⬆ - principal padrão, hipertireodismo clínico Tireotoxicose 6 nas fases iniciais predomina T3 aumentado Atenção: TSH⬇ com T4 ✅ não exclui tireotoxicose → solicite dosagem de T3 porque pode ser D. Graves TSH ⬇ T3 e T4✅ (hipertireoidismo subclínico) Graves também é a principal causa de hiper subclínico! Fisiopato e Manifestações Estimulação pelo TRAb nos receptores de TSH→ crescimento (hiperplasia) e proliferação celulares. Há também maior angiogênese, deixando a glândula hipervascularizada; Daí: sopro à ausculta da tireoide e aumento de fluxo vascular à ultrassonografia com Doppler. Trab estimula fibroblastos/adipócitos/queratinócitos a depositarem em tecidos (mucopolissacarideos, glicosaminoglicanas que são hidrofilicas) → edema e aumento da pressão intraorbitária + espessamento da pele Oftalmopatia / proptose / edema periorb Presente em até 50% dos casos; fatores de risco para o desenvolvimento tabagistas idade avançada sexo feminino tratamento com radioiodoterapia tireotoxicose sem controle tratamento remissão do hipertireoidismo casos graves: prednisona Dermopatia infiltrativa: Mixedema pré-tibial até 10% dos casos Tireotoxicose 7 sempre associado a altos níveis de TRAb geralmente acompanha quadros graves de oftalmopatia consiste em: espessamento da pele, com aspecto em casca de laranja, de cor avermelhada pode acontecer em qq parte do corpo mais é mais requente prétibial Acropatia manifestação extratireoideana mais rara baqueteamento digital (dedos hipócritos de mãos e pés), proliferação diafisária, periostite e hipertrofia de tecidos moles Geralmente é acompanhada de oftalmopatia e/ou dermopatia e não há acometimento articular Tireotoxicose 8 obs: hipercaptação de radiotraçador na cintilografia da tireoide não é exclusivo da doença de Graves, mas ocorre em todas as causas de hipertireoidismo primário. Como toda a glândula é estimulada pelo TRAb a sintetizar, o que veremos é um bócio com captação aumentada e difusa. Tratamento Tireotoxicose 9 Betabloqueador (sintomáticos, trata tremor, taquicardia) + TIONAMIDAS (diminuem a sintese de HT) Metimazol (tapazol) primeira escolha exceto no 1º trim de gestação (rel a MC maiores, mas no 2º trim de gestação já troca pro metimazol) e na crise tireotóxica dose incial: 10-30mg/dia e em casos graves 40-60mg/dia PTU (propiltiouracil) é a droga de escolha no primeiro trimestre da gestação e na crise tireotóxica (doses elevadas também são capazes de impedir a conversão periférica de T4 em T3, que é a forma biologicamente ativa). de um modo geral não é primeira escolha: - hepatotoxicidade vasculite P anca associada lupus induzido por drogas Doses iniciais de PTU em pacientes não gestantes: 200-400mg/dia, divididos em 2-3 vezes Tireotoxicose 10 💡 Uma vez que o TSH encontra-se bastante suprimido, pode demorar várias semanas para normalizar. Nesse período, os valores de T4 livre são mais úteis na decisão do manejo medicamentoso; 💡 Agranulocitose é um efeito colateral do metimazol e do PTU 💡 Os antitireoidianos (Metimazol e Propiltiouracil) controlam a doença do ponto de vista clínico e hormonal durante o uso das medicações, mas a taxa de remissão após um ano da suspensão da droga é proporcional ao tempo de tratamento: Tratamento por 1 – 2 anos 🡢 taxa de remissão abaixo de 40%Tratamento por 5 – 10 anos 🡢 taxa de remissão superiora 80% RADIOIODOTERAPIA consiste na administração via oral de iodo radioativo. Como a tireoide é o órgão mais ávido por iodo em todo o corpo, a captação é predominantemente feita por Tireotoxicose 11 essa glândula. Ao ser incorporado na célula folicular, o iodo radioativo produz radiação beta, que induz um processo destrutivo, denominado tireoidite actínica → PRINCIPAL EFEITO ADVERSO DA RIT: HIPOTIREOIDISMO! Pacientes com efeitos colaterais graves (hepatotoxicidade, agranulocitose) Falha ao induzir eutireoidismo com tionamidas Cirurgia ou radioterapia cervical prévia Alto risco cirúrgico é contraindicada na gestação, pois leva à destruição da tireoide fetal, resultando em hipotireoidismo. Já nos pacientes com oftalmopatia moderada a grave, a destruição das células foliculares, induzida pela RIT, libera muitos antígenos em circulação, o que amplifica a produção de TRAb e, consequentemente, a inflamação tecidual, levando à piora do quadro ocular Recomenda-se iniciar o uso de betabloqueadores e suspender a tionamida 4-7 dias antes e reintroduzir 4-7 após. exames de função tireoidiana 4-6 semanas após a realização do iodo radioativo (risco de hipotireoidismo!!!) Mais de 80% dos pacientes evoluem para o hipotireoidismo Refratariedade à RIT: níveis de T3 e T4 permanecem elevados após 6 meses, podemos submeter o paciente a uma nova dose de iodo radioativo TIREOIDECTOMIA Indicada se Tireotoxicose 12 Condições associadas que necessitam de cirurgia hiperparatireoidismo primário Nódulo tireoideano suspeito de malignidade Sintomas compressivos (bócio volumoso) Oftalmopatia grave (as tionamidas não resolvem bem e é contraindicada RIT) Níveis muito altos de Trab (dificil controle da doença somente com tionamidas) Falha com RIT Desejo de engravidar em < 6 meses Complicações hipoparatireoidismo lesão do nervo laringeo recorrente crise tireotóxica se o paciente estiver descompensado e for submetido à cirurgia porque a cirurgia é um procedimento que vai demandar mais HT Doenças nodulares tóxicas(PlummerX BMNT) Tireotoxicose 13 nódulos hipercaptantes (quentes) são considerados benignos, não precisa de PAAF Em ambas (Plummer e BMT) ocorre mutação no receptor de TSH, com produção autônoma nos nódulos de T3 e T4 e feedback negativo sobre a hipofise, levando ao padrão laboratorial igual a Graves TSH ⬇ com T3 e T4 ⬆ com TRAB negativo Tanto a doença de Graves quanto as doenças nodulares tóxicas podem se apresentar com hipertireoidismo subclínico A suspeita de tireotoxicose devido à doença nodular advém da presença ao exame físico de nódulo ou bócio multinodular. Doença de Plummer ou Adenoma tóxico um ou dois nodulos hiperfuncionantes > 3 cm + tireotoxicose adultos jovens No adenoma tóxico, a diminuição de TSH ocasiona supressão da atividade do restante da tireoide, que é vista à cintilografia com baixa captação do radiotraçador Bócio multinodular tóxico idosos evolução do BMA em áreas iododeficientes em mulheres e após os 50 anos de idade Tratamento das doenças nodulares Tireotoxicose 14 1) abordagem sintomática com uso de betabloqueadores para controlar os sintomas adrenérgicos tionamidas - alcançar o eutireoidismo até o tratamento definitivo da tireotoxicose 2) resolução da tireotoxicose com RIT x Tireoidectomia 💡 gestantes com tireotoxicose por doença nodular, a radioiodoterapia é contraindicada, pois pode destruir a tireoide fetal. Assim, podemos utilizar tionamidas para controle durante a gestação e postergar a cirurgia para após o parto. Entretanto, caso sejam necessárias doses elevadas de drogas antitireoidianas ou não se atinja o eutireoidismo, a tireoidectomia pode ser realizada a partir do segundo trimestre devido ao menor risco de abortamentos. Como realizar a tireoidectomia? A lobectomia na D. Plummer é se o lobo contralateral for saudável. Se no lobo contralateral tiver nódulo frio ou suspeito de malignidade, realizar tireoidectomia total. Tireotoxicose 15 HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO Adenoma hipofisário: Tireotropinoma menos de 1% das causas de hipertireoidismo (raro!!!) tumor hipófise produz TSH que eleva os hormonios tireoideanos e o TSH estimula as celulas foliculares levando ao bócio Padrão laboratorial: TSH ⬆ e T3 e T4 ⬆ ou TSH ✅ não vai ter padrão familiar de acometimento Resistência aos hormônios tireoideanos autossômico dominante (outros familiares acometidos na mesma família) altera a isoforma beta de receptores de hormonios tireoideanos (mais presente na hipófise) → ela não percebe os HT e aumenta a sintese de TSH Padrão laboratorial: TSH ⬆ e T3 e T4 ⬆ paciente com sintomas de tireotoxicose (inclusive bócio) e familiares acometidos!! DESTRUIÇÃO DE FOLÍCULOS Tireoidites Granulomatosa subaguda tireoidite de De Quervain, tireoidite subaguda dolorosa e tireoidite de células gigantes. Tireotoxicose 16 é um processo inflamatório de origem viral, sendo a principal causa de dor na tireoide. Enterovirus !!!!!!!!!!!! Outros: Influenza, o Coxsackie e o Epstein-Barr Patogênese exposição a determinados antígenos (de própria origem viral ou resultantes do processo infeccioso pelo vírus) → macrófago → ativação de linfócitos T citotóxicos; as células foliculares tireoidianas apresentam estruturas proteicas semelhantes ao antígeno apresentado, os linfócitos T causam danos celulas foliculares, além de induzir proteólise da tireoglobulina → liberando os hormônios tireoidianos estocados. Clinica história de IVAS 1-2 semanas antes da dor tireoidiana e de tireotoxicose exame físico: bócio de consistência firme, doloroso, uni ou bilateralmente. Exames laboratoriais / imagem TSH ⬇ com T3 e T4 ⬆ com TRAB e antiTPO negativo aumento de VHS > 50 aumento de tireoglobulina porque houve rompimento dos foliculos Cintilografia de tireoide: baixa captação do radiotraçador, pois não há síntese hormonal; USG tireoide aumento difuso ou unilateral da glândula, baixo fluxo hipoecogenicidade difusa obs: em Graves há aumento difuso da glândula, hipoecogenicidade mas alto fluxo Tireotoxicose 17 Apesar de ser um processo imunomediado, a inflamação é autolimitada, levando à resolução da tireotoxicose em até 8 semanas, com normalização dos exames. Após essa fase, cerca de 70% dos pacientes apresentarão hipotireoidismo, que costuma ser transitório e assintomático. A maioria retorna ao eutireoidismo, sendo que apenas 15% evoluem com hipotireoidismo permanente Tratamento 1. Controle da dor: iniciam-se com AINES ou AAS (AAS, 500mg a cada 4-6 horas). Se não houver melhora em 2-3 dias, troca-se por glicocorticoide, geralmente, prednisona 30-40mg/dia; após 1 semana da resolução da dor, iniciar o desmame da medicação, que deve ocorrer em 4-6 semanas; 2. Controle dos sintomas tireotóxicos: utilizamos betabloqueadores, como o propranolol 40mg (2-3 vezes ao dia). Não devem ser prescritas tionamidas na tireoidite granulomatosa subaguda 3. Controle do hipotireoidismo: como disse anteriormente, a maioria dos pacientes é assintomática, portanto não requer tratamento, a. hipotireoidismo grave (TSH > 10mUI/L)→ iniciar a levotiroxina 50-100 mcg/dia por 6-8 semanas. Depois, a medicação deve ser suspensa e reavaliar em 6 sem Tireoidite aguda Tireoidites crônicas TIREOTOXICOSE INDUZIDA POR FÁRMACOS Tireotoxicose 18 OUTRAS CAUSAS DE TIREOTOXICOSE
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