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ORGANIZAÇÃO DA ADM PÚBLICA Isabela Casarin de Oliveira ORGANIZAÇÃO É a estruturação das pessoas, entidades e órgãos que irão desempenhar as funções administrativas. Essa organização se dá normalmente por leis e, excepcionalmente, por decreto e normas inferiores. O Decreto nº 200/67 dividiu em Administração Pública em Direta e Indireta, estabelecendo em seu art. 4o que a Administração Direta se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios e que a Administração Indireta compreende as seguintes entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. Essa mesma organização prevista expressamente para a ordem federal é observada para os demais âmbitos políticos, logo, as esferas estaduais, municipais e distritais guardam com a estrutura federal certo grau de simetria. FORMAS de prestação da atividade adm Centralização: ela é desempenhada diretamente pela própria entidade estatal (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), por meio de seus vários órgãos e agentes públicos. Nessa forma de atuação, temos a Administração Pública direta, que é o próprio Estado. Descentralização: com a necessidade de buscar maior eficiência e especialidade na realização da atividade administrativa, iniciou-se um processo de descentralização, pelo qual alguns serviços que antes eram desempenhados pela própria Administração Direta passaram a ser executados por entidades (tanto pessoas da Administração Indireta: (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) quanto pessoas do setor puramente privado, que, ao assinarem um contrato com o Poder Público, passam a ser chamadas de concessionárias e permissionárias de serviços públicos.), ocorre de forma externa, Isabela Casarin de Oliveira ou seja, de uma entidade para outra (duas PJs distintas, a estatal e a PJ por ela criada). DESCONCENTRAÇÃO X DESCENTRALIZAÇÃO Na desconcentração existe uma repartição interna de funções, ou seja, temos uma única pessoa jurídica que distribui suas diversas atribuições entre diversos órgãos. Já na descentralização temos uma repartição externa de funções, ou seja, uma pessoa jurídica irá repassar, por lei, contrato ou ato administrativo, a execução de determinado serviço para outra pessoa. DESCONCENTRAÇÃO Aqui teremos uma única pessoa jurídica que subdivide suas funções entre órgãos para se adequar, desta forma, ao princípio da eficiência. Mas qual seria a diferença entre pessoas e órgãos? As pessoas, também chamadas de entidades, possuem personalidade jurídica e, sendo assim, são titulares de direitos e de obrigações. Lei 9.784/1999, art. 1.º, § 2.º, II. Já os órgãos são entes despersonalizados, ou seja, não possuem personalidade, logo, não poderão ser sujeitos de direitos e obrigações. Por isso, quando eles atuam, os atos não serão a eles atribuídos, mas sim à pessoa jurídica a qual pertencem. EXEMPLO FORA DO DIREITO ADM: Maria, aluna do curso para concurso, teve um problema com o setor financeiro, pois este cobrou-lhe indevidamente uma mensalidade que já havia sido paga. Pergunta-se: Maria poderá mover um processo por causa da cobrança indevida? A resposta, necessariamente, deve ser sim! Logicamente o processo será movido contra o próprio curso, pois este é a pessoa jurídica, possuindo, desta forma, personalidade e capacidade processual. Isabela Casarin de Oliveira EXEMPLO NO DIREITO ADM: Tudo o que for realizado pela Presidência da República, por seus ministérios, por seus departamentos e diretorias é como se tivesse sido realizado pela própria União, já que esta é a detentora da personalidade e titular de direitos e obrigações. - ESPÉCIES: Nem sempre a necessidade de repartição interna de atribuições decorre imediatamente da subdivisão de assuntos. Ela pode decorrer também em razão da hierarquia ou do território. - Desconcentração material ou temática: a subdivisão ocorre em razão da busca pela especialidade em determinados assuntos. Um exemplo são os Ministérios da Saúde e da Educação. Os dois possuem a mesma hierarquia, mas tratam de matérias diferentes. - Desconcentração hierárquica ou funcional: aqui a noção é baseada em um escalonamento vertical, por exemplo, dentro do departamento da Polícia Federal existe a diretoria de combate ao crime organizado. Observe que os dois visam garantir a segurança pública (mesma matéria), mas existe uma hierarquia entre eles, pois o departamento será um órgão de maior hierarquia se comparado à diretoria. - Desconcentração territorial ou geográfica: a competência material será a mesma, a diferença será a delimitação do local de atuação. Por exemplo, existem diversas delegacias de polícia, sendo estas separadas por bairros (bairro A, B, C e D). Todas possuem as mesmas funções, só que em localizações diferentes. DESCENTRALIZAÇÃO Enquanto na desconcentração temos uma repartição interna das funções administrativas, na descentralização teremos um repasse externo, ou seja, a atividade administrativa passará de uma pessoa para outra pessoa (de uma entidade para outra). Por exemplo, quando a União, por meio de uma lei, cria uma nova autarquia, estará criando uma nova pessoa, com personalidade distinta da sua. Sendo assim, teremos duas entidades envolvidas nesse repasse de atribuições, a pessoa política (União) e a pessoa jurídica (autarquia). - ESPÉCIES: - Descentralização territorial ou geográfica: está relacionada à criação dos territórios federais, a saber: art. 18, § 2.º, CF/1988: “Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Isabela Casarin de Oliveira Estado de origem serão reguladas em lei complementar”. Para a corrente majoritária, os territórios, sendo pessoas jurídicas de direito público, seriam uma espécie de autarquia, tanto que são chamados de autarquias territoriais, delimitadas por uma base territorial com capacidade administrativa genérica. Lembre-se que, apesar de na atualidade não termos territórios, eles podem ser criados. - Descentralização por outorga, técnica, funcional ou por serviço: por essa forma de descentralização o Estado cria, mediante uma lei ordinária específica, uma entidade com personalidade jurídica própria e a ela transfere tanto a titularidade quanto a execução de determinado serviço público. Cite-se, como exemplo, a criação de autarquias pelos entes federados. - Descentralização por delegação ou colaboração: por meio desta transfere-se, mediante um contrato ou ato administrativo, a execução de determinado serviço a uma pessoa jurídica do setor privado preexistente, sem, entretanto, ser repassada a titularidade desse serviço. São os casos de concessão, permissão e autorização de serviço público. Como exemplo, podemos citar o caso das empresas privadas de transporte público. .FORMAS DE SURGIMENTO DE PESSOAS NA ADM INDIRETA Art. 37, XIX, CF/1988 – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação. Em regra, usa-se a lei ordinária, no entanto existem alguns casos que a lei determina o uso de lei complementar. AUTARQUIASÉ fruto do procedimento de descentralização, pelo qual a Administração centralizada repassa determinado serviço para fins de buscar maior especialidade e eficiência em sua prestação. Isabela Casarin de Oliveira Poderá ela ser federal, estadual, distrital ou, até mesmo, municipal. Conceito: serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica (detentora de seus próprios direitos e responsável por suas obrigações), patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. (Decreto 200/1967, art. 5.º, I). OBS: uma autarquia jamais será criada para o desempenho de atividade econômica, apenas podendo ser instituída para prestar serviços públicos típicos do Estado. EXTINÇÃO: para se promover o encerramento da autarquia também se fará necessária a edição de uma lei específica. Art. 37, § 6.º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. FUNDAÇÕES Fundação seria uma pessoa jurídica formada pela reunião de um patrimônio (universitas bonorum) instituída sem fins lucrativos e com a finalidade de desempenhar uma atividade de interesse coletivo como, por exemplo, assistência social, cultura e educação. OBS: A distinção entre fundações públicas e privadas decorre da forma como foram criadas, da opção legal pelo regime jurídico a que se submetem, da titularidade de poderes e também da natureza dos serviços por elas prestados. Isabela Casarin de Oliveira OBS: poderá adotar regime de direito público (uma espécie de autarquia, que segue os mesmas prerrogativas e restrições) ou de direito privado. EMPRESAS ESTATAIS Engloba tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia mista, ambas são sociedades civis ou comerciais que possuem o Estado como detentor do controle acionário. EMPRESAS PÚBLICAS: pessoas jurídicas de direito privado, instituídas mediante autorização legislativa, com capital integralmente público e forma organizacional livre, as quais podem desempenhar tanto serviços públicos quanto atividades econômicas. São exemplos de empresas públicas: –Correios; –Caixa Econômica Federal; –Infraero; –BNDES. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: pessoas jurídicas de direito privado, instituídas mediante autorização legislativa, com capital majoritariamente público e organizadas sob a forma de sociedade anônima, as quais podem desempenhar tanto serviços públicos quanto atividades econômicas. São exemplos de sociedades de economia mista: –Banco do Brasil; –Petrobras; –Eletrobras; –Telebras. REGIME JURÍDICO: as empresas estatais são pessoas jurídicas de direito privado. Entretanto, algumas normas de direito público necessariamente se impõem (como a realização de concursos para contratação), por isso costuma-se dizer que o regime seria na verdade híbrido/misto. OBS: as prerrogativas do regime público não serão aplicados em regra, pois isso geraria uma concorrência desleal com as outras empresas do setor privado. Por exemplo, não seria justo o Banco do Brasil ser imune a impostos e o Itaú (banco não pertencente à Administração) ser obrigado a pagá-los. Isabela Casarin de Oliveira REGIME DE BENS: independentemente do tipo de atividade desempenhada, os bens das estatais são considerados privados. Caso a empresa pública/sociedade de economia mista desempenhe atividade econômica, todos os seus bens seguirão as regras do regime estritamente privado. Assim, poderão ser, por exemplo, penhorados e onerados (submetidos à hipoteca, penhor e anticrese) e não estarão submetidos ao sistema de precatórios. Já no caso de a estatal ser instituída para desempenhar serviços públicos, apesar de seus bens continuarem sendo privados, poderão estes gozar de algumas prerrogativas públicas como a impenhorabilidade e imprescritibilidade. LICITAÇÕES: as estatais devem licitar, sendo esse um comando expresso na Lei 13.303/2016, vejamos: Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços às empresas públicas e às sociedades de economia mista, inclusive de engenharia e de publicidade, à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e ativos integrantes do respectivo patrimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse patrimônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais bens, serão precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 29 e 30. RESUMINDO: Pontos de semelhança das estatais: Pontos de diferença:
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