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INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA

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1 
 
 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER 
ANA LUÍZA A. PAIVA – T XXV 2022/1 
OBJETIVOS 
1. Analisar as IST (Clamídia, Gonorreia e Herpes), 
considerando fatores de risco, epidemiologia, 
manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e 
complicações. 
 
2. Analisar as DIP, considerando epidemiologia, 
fatores de Risco, fisiopatologia, manifestações 
clínicas, diagnóstico, tratamento e complicações. 
REFERÊNCIAS 
Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes 
Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas 
com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). 
Brasília, 2020. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fluxograma para manejo 
Clínico das Infecções Sexualmente Transmissíveis. 
Brasilía, 2021. 
HOFFMAN, B.L. et.al. Ginecologia de Williams. 2ª 
ed. AMGH. São Paulo: ARTMED, 2014. 
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 
Os fatores de risco associados a essas doenças 
incluem: 
• Paciente com idade entre 15 – 24 anos 
• Solteiras 
• História prévia de IST 
• Uso prolongado de drogas ilícitas 
• Múltiplos parceiros sexuais 
• Contato com profissionais do sexo 
• Uso inadequado de preservativo/ ou não uso 
 
HERPES GENITAL 
É a causa mais comum de úlcera genital. 
ETIOLOGIA 
Herpes simplex vírus (HSV) tipos 1 e 2, pertencem 
à família Herpesviridae. 
Embora os HSV-1 e HSV-2 possam provocar lesões 
em qualquer parte do corpo, há predomínio do 
tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões 
perorais. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Podem ser divididas em primoinfeccao herpetica 
e surtos recorrentes. 
Entre as pessoas com infecção pelo HIV, as 
manifestações tendem a ser dolorosas, atípicas e 
de maior duração. 
Primoinfecção herpética 
Período de incubação médio de 6 dias. 
Em geral, é uma manifestação mais severa, 
caracterizada pelo surgimento de lesões 
eritemato-papulosas de 1 a 3 milímetros de 
diâmetro, que rapidamente evoluem para 
vesículas sobre base eritematosa, muito dolorosas 
e de localização variável na região genital. O 
conteúdo dessas vesículas é geralmente citrino, 
raramente turvo. 
 
Na maioria das vezes, esse quadro é 
acompanhado de manifestações gerais, como 
febre, mal-estar, mialgia e disúria, com ou sem 
retenção urinária, semelhante a um quadro de 
infeção urinária baixa. 
A linfadenomegalia inguinal dolorosa bilateral 
está presente em 50% dos casos. 
Infecções Sexualmente Transmissíveis 
e Doença Inflamatória Pélvica 
 
Problema 07 
 
2 
 
 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER 
ANA LUÍZA A. PAIVA – T XXV 2022/1 
Quando há acometimento do colo do útero, é 
comum o corrimento vaginal, que pode ser 
abundante. 
Obs: Entre os homens, o acometimento da uretra 
pode provocar corrimento e raramente é 
acompanhado de lesões extragenitais. O quadro 
pode durar de 2 a 3 semanas. 
Após a infecção genital, o HSV ascende pelos 
nervos periféricos sensoriais, penetra nos núcleos 
das células dos gânglios sensitivos e entra em um 
estado de latência. A ocorrência de infecção do 
gânglio sensitivo não é reduzida por qualquer 
medida terapêutica. 
Surtos Recorrentes 
Após a infecção genital primária, os pacientes 
podem desenvolver novos episódios nos primeiros 
12 meses, por reativação viral. 
Episódios de recorrência são bem mais frequentes 
entre pacientes que apresentam primoinfecção 
por HSV-2 (90%) que por HSV-1 (60%). 
Essa reativação deve-se a quadros infecciosos, 
exposição à radiação ultravioleta, traumatismos 
locais, menstruação, estresse físico ou emocional, 
antibioticoterapia prolongada e/ou 
imunodeficiência. 
O quadro clínico das recorrências é menos intenso 
que o observado na primo-infecção e pode ser 
precedido de sintomas prodrômicos 
característicos, como prurido leve ou sensação de 
“queimação”, mialgias e “fisgadas” nas pernas, 
quadris e região anogenital. 
A recorrência tende a ser na mesma localização 
da lesão inicial, geralmente, em zonas inervadas 
pelos nervos sensitivos sacrais. 
As lesões podem ser cutâneas e/ou mucosas. 
Apresentam-se como vesículas agrupadas sobre 
base eritematosa, que evoluem para pequenas 
úlceras arredondadas ou policíclicas. 
As lesões têm regressão espontânea em 7 a 10 
dias, com ou sem cicatriz, e a tendência natural 
dos surtos é se tornarem menos intensos e menos 
frequentes com o passar do tempo. 
As gestantes portadoras de herpes simples 
apresentam risco acrescido de complicações 
fetais e neonatais, sobretudo quando a infecção 
ocorre no final da gestação. 
O maior risco de transmissão do vírus acontece no 
momento da passagem do feto pelo canal de 
parto. Recomenda-se a realização de cesariana 
sempre que houver lesões herpéticas ativas. 
Nos pacientes com imunodepressão, podem 
ocorrer manifestações atípicas, com lesões 
ulceradas ou hipertróficas de grandes dimensões, 
que persistem na ausência de tratamento local ou 
até mesmo sistêmico. 
DIAGNÓSTICO 
Essencialmente clínico, por meio da história e 
características da lesão. 
O diagnóstico laboratorial geralmente é feito pela 
coleta de material por meio de swab, para 
detecção direta do HSV. 
Ensaios de reação em cadeia da polimerase 
(PCR): são o teste de escolha, pois possuem uma 
sensibilidade mais alta que a cultura ou o teste 
direto de anticorpos imunofluorescentes 
Citopatologia (método de Tzanck): trata-se de um 
raspado de vesícula integra para observação de 
inclusões virais. 
TRATAMENTO 
CONDIÇÃO CLÍNICA TRATAMENTO 
1° EPISÓDIO Aciclovir 200mg, 2 comprimidos, VO, 
3x/dia, por 7-10 dias 
OU 
Aciclovir 200 mg, 1 comprimido, VO, 
5x/dia (7h, 11h, 15h, 19h, 23h, 7h...), por 
7-10 dias 
RECIDIVA Aciclovir 200mg, 2 comprimidos, VO, 
3x/dia, por 5 dias 
OU 
Aciclovir 200mg, 4 comprimidos, VO, 
2x/dia, por 5 dias 
SUPRESSÃO DE 
HERPES GENITAL 
(6 ou mais 
episódios/ano) 
Aciclovir 200mg, 2 comprimidos, VO, 
2x/dia, por até seis meses, podendo o 
tratamento ser prolongado por até 2 
anos 
IMUNOSSUPRIMIDOS Aciclovir endovenoso, 5-10 mg/ kg de 
peso, EV, de 8/8h, por 5 a 7 dias, ou até 
resolução clínica 
GESTAÇÃO Tratar o primeiro episódio em qualquer 
trimestre da gestação, conforme o 
tratamento para o primeiro episódio. 
 
 
3 
 
 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER 
ANA LUÍZA A. PAIVA – T XXV 2022/1 
Se a primoinfecção ocorreu na gestação 
ou se recidivas foram frequentes no 
período gestacional, pode-se realizar 
terapia supressiva, a partir da 36ª 
semana, 
com aciclovir 400mg, 3x/dia. 
 
• O tratamento local pode ser feito com 
compressas de solução fisiológica ou degermante 
em solução aquosa, para higienização das lesões; 
• Analgésicos orais podem ser utilizados, se 
necessário; 
• É recomendado retorno em uma semana para 
reavaliação das lesões 
CLAMÍDIA 
É a infecção bacteriana sexualmente transmissível 
crônica mais frequente. 
Acomete preferencialmente homens e mulheres 
jovens com menos de 25 anos. 
ETIOLOGIA 
Chlamydia tracomatis, gram negativa intracelular 
obrigatória. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O período de incubação dura de 6 a 14 dias. 
Cerca de 70% dos pacientes são assintomáticos, 
proporcionando assim um reservatório 
permanente da infecção. 
Quando sintomáticos, podem apresentar: 
Queixa de dispareunia e dor à mobilização de 
colo uterino ao exame especular. 
Cervicite em 50% das portadoras, com colo 
uterino friável e sangrante em coleta endocervical 
e com secreção mucopurulenta. 
 
Uretrite, com sintomas semelhantes à infecção 
urinária, evidenciando-se piúria na análise da 
urina, com cultura negativa. 
Doença inflamatória pélvica (DIP) e 
hidrossalpinge, quando a infecção ascende o 
trato genital superior em cerca de 15-30% das 
mulheres, quando não tratada 
Salpingite, em 7%, sendo que 10 a 40% das 
infertilidades por obstrução tubária são por 
clamídia. 
As sequelas mais importantes da clamídia nas 
mulheres são: esterilidade, gravidez ectópica, dor 
pélvica crônica. 
DIAGNÓSTICO 
Detecção de clamídia por biologia molecular 
(PCR): método com elevadasensibilidade e 
especificidade. Além de definir o agente 
etiológico para os casos de infecções 
sintomáticas, consiste no método de escolha para 
o rastreio de infecções assintomáticas; 
Esterase leucocitária na urina de primeiro jato, ou 
exame microscópico de sedimento urinário de 
primeiro jato: apresentando >10 PMN por campo, 
sugere presença de infecção, mas não define o 
agente infeccioso. 
TRATAMENTO 
PRIMEIRA OPÇÃO 
Azitromicina 500mg, 2 comprimidos,VO, dose única. 
SEGUNDA OPÇÃO 
Doxiciclina 100mg, 1 comprimido, VO, 2x/ dia, por 7 dias 
 
GONORREIA 
É um processo infeccioso e inflamatório da 
mucosa uretral 
Acomete mais mulheres do que homens, já que 
nelas geralmente ocorre de forma assintomática, 
enquanto neles, por serem sintomáticos, procuram 
assistência médica de forma imediata. 
ETIOLOGIA 
Neisseria gonorrhoeae, diplococo gram negativo. 
RASTREAMENTO 
 
4 
 
 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER 
ANA LUÍZA A. PAIVA – T XXV 2022/1 
O rastreamento anual de rotina está indicado 
para mulheres com vida sexual ativa com menos 
de 25 anos ou pacientes com alto risco para 
infecção (parceiro recente, múltiplos parceiros ou 
parceiro com uretrite) e casos de diagnóstico de 
IST prévia ou recente. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Período de incubação de 2 a 5 dias. 
Cerca de 50% das pacientes são assintomáticas. 
Quando sintomáticas podem apresentar: 
Cervicite mucopurulenta, já que o colo uterino é o 
local mais comum de infecção pelo N. 
gonorrhoeae. Assim, a mucosa endocervical 
apresenta-se edemaciada, hiperemiada e 
sangrativa ao toque da espátula, além de leu-
correia purulenta saindo pelo orifício externo do 
colo uterino. 
 
DIP, disúria e dispareunia podem estar presentes. 
Uretrite gonocócica, ocorre na ausência de DIP e 
é responsável por 10% dos casos de disúria nas 
mulheres. 
Faringite gonocócica, presente em 5 a 20% das 
pacientes infectadas 
DIP, em 10 a 40% das pacientes infectadas, sendo 
que os sintomas incluem dor pélvica/abdominal, 
sangramento vaginal anormal e dispareunia 
DIAGNÓSTICO 
Bacterioscopia-gram com presença de diploco-
cos gram negativos intracelulares é diagnostico 
de gonorreia. 
Cultura de secreção endocervical em meio de 
Thayner-Martin. 
Teste de amplificação de ácido nucleico (NAATs) 
em swabs orais, genitais e anais. 
TRATAMENTO 
INFECÇÃO NÃO COMPLICADA 
Ceftriaxona 500mg, IM, dose única + Azitromicina 
500mg, 2 comprimidos, VO, dose única 
 
RASTREAMENTO 
O sítio de rastreamento para clamídia e 
gonococo é feito por biologia molecular (PCR) e 
irá depender da prática sexual realizada pela 
pessoa. 
Sexo oral sem preservativo: coleta de material de 
orofaringe; 
Sexo anal receptivo sem preservativo – coleta de 
swab anal; 
Sexo vaginal receptivo sem preservativo – coleta 
de material genital; 
Sexo insertivo sem preservativo – coleta de 
material uretral. 
QUEM CLAMÍDIA E GONOCOCOCO 
Adolescentes e jovens 
(≤30 anos) 
Ver frequência conforme outros 
subgrupos populacionais ou 
práticas sexuais 
Gestantes Na primeira consulta do pré-natal 
(gestantes ≤30 anos) 
Gays e HSH 
 
Ver frequência conforme outros 
subgrupos populacionais ou 
práticas sexuais 
Profissionais do sexo 
Travestis/transexuais 
Pessoas que fazem uso 
abusivo de álcool e outras 
drogas 
Pessoas com diagnóstico 
de IST 
 
No momento do diagnóstico 
PVHIV 
Violência sexual No atendimento inicial e 4 a 6 
semanas após a exposição 
Pessoas em uso de PrEP Semestral 
Pessoas com indicação de 
PEP 
No atendimento inicial e 4 a 6 
semanas após a exposição (exceto 
nos casos de acidente com material 
biológico) 
 
DOENÇA INFLAMATÓRIA PELVCA (DIP) 
É uma síndrome clínica atribuída à ascensão de 
microrganismos do trato genital inferior, 
espontânea ou devida à manipulação (inserção 
de DIU, biópsia de endométrio, curetagem, entre 
 
5 
 
 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER 
ANA LUÍZA A. PAIVA – T XXV 2022/1 
outros), comprometendo o endométrio 
(endometrite), tubas uterinas, anexos uterinos 
e/ou estruturas contíguas (salpingite, miometrite, 
ooforite, parametrite, pelviperitonite). 
Constitui uma das mais importantes complicações 
das IST e um sério problema de saúde pública, 
sendo comum em mulheres jovens com atividade 
sexual desprotegida. 
Está associada a sequelas importantes em longo 
prazo, causando morbidades reprodutivas que 
incluem infertilidade por fator tubário, gravidez 
ectópica e dor pélvica crônica. 
ETIOLOGIA 
A maioria dos casos de DIP (85%) é causada por 
agentes patogênicos sexualmente transmitidos ou 
associados à vaginose bacteriana. 
As principais etiologias de DIP são: Chlamydia 
trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae. 
MICRORGANISMOS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS 
› Chlamydia trachomatis 
› Mycoplasma genitalium 
› Neisseria gonorrhoeae 
› Virus e protozoarios (raro) 
› Herpes simplex virus 
› Trichomonas vaginalis 
ORGANISMOS ENDÓGENOS 
› Micoplasmas do trato genital: 
» Mycoplasma genitalium* 
» Mycoplasma hominis 
» Ureaplasma urealyticum 
BACTÉRIAS ANAERÓBICAS 
› Bacteroides spp. e fragilis 
› Peptoestreptococcus spp. 
› Prevotella spp 
BACTÉRIAS FACULTATIVAS (AERÓBICAS) 
› Escherichia coli 
› Gardnerella vaginalis 
› Haemophilus influenzae 
› Streptococcus spp. e agalactieae 
 
A ascensão dos microrganismos é favorecida por 
variações hormonais do ciclo menstrual. 
O muco cervical durante o fluxo menstrual 
apresenta menor efeito bacteriostático e a 
menstruação retrógrada pode favorecer a 
ascensão dos agentes. 
Características imunológicas de cada indivíduo 
também podem contribuir para a disseminação 
da infecção. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Os sintomas mais frequentes são: 
Dor pélvica: aguda ou insidiosa, na maior parte 
das vezes bilateral, de início durante ou logo após 
a menstruação. 
Corrimento vaginal: purulento, com ou sem odor 
fétido. 
Disuria e dispareunia: presente principalmente em 
casos insidiosos e crônicos. 
Náuseas e vômitos: surgem quase sempre quando 
há acometimento peritoneal (abcessos tubo-
ovarianos). 
Febre e calafrios: é um sintoma inespecífico, 
porém auxilia no diagnóstico diferencial de 
gravidez ectópica. 
Metrorragia: presente particularmente em 1/3 das 
pacientes, sendo as mais acometidas as jovens e 
com envolvimento endometrial. 
Astenia. 
Dor à mobilização uterina e palpação dos anexos. 
Tensão abdominal nos quadrantes inferiores do 
abdome, distensão abdominal e ausência ou 
diminuição dos ruídos hidro-aéreos. 
COMPLICAÇÕES 
Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis: corresponde a uma 
peri-hepatite que causa dor no hipocôndrio direito 
e pode resultar de salpingites agudas pelo 
gonococo ou clamídia. A infecção pode se tornar 
crônica, caracterizada por exacerbações e 
remissões intermitentes. 
Abcesso tubo-ovariano: é uma coleção de pus 
nos anexos que se desenvolve a partir de uma 
tentativa do organismo de conter uma salpingite. 
Pode surgir acompanhando uma infecção aguda 
ou crônica e há maior probabilidade de sua 
ocorrência se o quadro for tratado tardiamente 
ou de maneira incompleta. A pior complicação 
do abcesso é o seu rompimento e a ocorrência de 
um possível choque séptico. 
 
6 
 
 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER 
ANA LUÍZA A. PAIVA – T XXV 2022/1 
Hidrossalpinge: geralmente assintomática, 
corresponde à obstrução das fímbrias e distensão 
tubária com líquido não purulento, podendo 
causar pressão pélvica, dor pélvica crônica, 
dispareunia e/ ou infertilidade. 
Cicatrizes e adesões tubárias: podem ser 
causadas pela salpingite e geralmente 
ocasionam dor pélvica crônica, menstruação 
irregular, infertilidade e risco aumentado de 
gestação ectópica. 
DIAGNÓSTICO 
Para o diagnóstico de DIP, e necessária a 
presença de: 
› 3 critérios maiores + 1 critério menor; OU 
› 1criterio elaborado. 
CRITÉRIOS MAIORES 
Dor no hipogástrio 
Dor à palpação dos anexos 
Dor à mobilização de colo uterino 
CRITÉRIOS MENORES 
Temperaturaaxilar >37,5°C ou temperatura retal >38,3°C 
Conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal 
Massa pélvica 
Mais de cinco leucócitos por campo de imersão em material de 
endocérvice 
Leucocitose em sangue periférico 
Proteína C reativa ou velocidade de hemossedimentação (VHS) 
elevada 
Comprovação laboratorial de infecção cervical por gonococo, 
clamídia ou micoplasmas. 
CRITÉRIOS ELABORADOS 
Evidência histopatológica de endometrite 
Presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de 
Douglas em estudo de imagem 
Laparoscopia com evidência de DIP 
 
Os exames laboratoriais e de imagem são 
utilizados para diagnóstico etiológico e avaliação 
da gravidade e estão elencados abaixo: 
• Hemograma completo; 
• VHS; 
• Proteína C reativa; 
• Exame bacterioscópico para vaginose 
bacteriana; 
• Cultura de material de endocérvice com 
antibiograma; 
• Detecção de clamídia e gonococo por biologia 
molecular; 
• Pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis no 
material de endocérvice, da 
• uretra, de laparoscopia ou de punção do fundo 
de saco posterior; 
• Exame qualitativo de urina e urocultura (para 
afastar hipótese de infecção do 
• trato urinário); 
• Hemocultura; 
• Teste de gravidez (para afastar gravidez 
ectópica); 
• Exames de imagem: a ultrassonografia 
transvaginal e pélvica é um método acessível e 
não invasivo no diagnóstico de complicações 
relacionadas à DIP, como abscesso tubo-
ovariano, cistos ovarianos e torção de ovário. 
O principal achado ultrassonográfico na DIP é a 
presença de uma fina camada líquida 
preenchendo a trompa, com ou sem a presença 
de líquido livre na pelve. 
TRATAMENTO 
O tratamento ambulatorial aplica-se a mulheres 
que apresentam quadro clínico leve e exame 
abdominal e ginecológico sem sinais de 
pelviperitonite. 
CRITERIOS PARA INDICACAO DE TRATAMENTO 
HOSPITALAR DE DIP 
Abscesso tubo-ovariano 
Gravidez 
Intolerância a antibióticos orais ou dificuldade para seguimento 
ambulatorial 
Ausência de resposta clínica após 72h do início do tratamento com 
antibioticoterapia oral 
Dificuldade na exclusão de emergência cirúrgica (ex.: apendicite, 
gravidez ectópica) 
Estado geral grave, com náuseas, vômitos e febre 
 
Analgésicos e anti-inflamatórios são úteis e, se a 
mulher estiver desidratada, o uso de fluidos 
intravenosos está indicado. 
Devido à diversidade de agentes etiológicos 
implicados na DIP, a melhor conduta é a 
associação de antibióticos. 
TRATAMENTO PRIMEIRA OPÇÃO SEGUNDA OPÇÃO 
AMBULATORIAL Ceftriaxona 500mg, 
IM, dose única 
Cefotaxima 500mg, 
IM, dose única 
 
7 
 
 MÓDULO II: SAÚDE DA MULHER 
ANA LUÍZA A. PAIVA – T XXV 2022/1 
MAIS 
Doxiciclinaa 100mg, 
1 comp., VO, 2x/dia, 
por 14 dias 
MAIS 
Metronidazol 
250mg, 2 comp., 
VO, 2x/dia, por 14 
dias 
MAIS 
Doxiciclinaa 100mg, 
1 comp., VO, 2x/dia, 
por 14 dias 
MAIS 
Metronidazol 
250mg, 2 comp., VO, 
2x/dia, por 14 dias 
HOSPITALAR Ceftriaxona 1g, IV, 
1x/dia, por 14 dias 
MAIS 
Doxiciclinaa 100mg, 
1 comp., VO, 2x/dia, 
por 14 dias 
MAIS 
Metronidazol 
400mg, IV, de 
12/12h 
Clindamicina 
900mg, IV, 3x/ dia, 
por 14 dias 
MAIS 
Gentamicina (IV ou 
IM): 3-5 mg/kg, 
1x/dia, por 14 dias 
TERCEIRA OPÇÃO P/ HOSPITALAR 
Ampicilina/ sulbactam 3g, IV, 6/6h, por 14 
dias 
MAIS 
Doxiciclinaa 100mg, 1 comprimido, VO, 
2x/dia, por 14 dias 
 
Mulheres grávidas com suspeita de DIP têm alto 
risco de abortamento e corioamnionite. Todas as 
gestantes com suspeita ou com DIP confirmada 
devem ser internadas e iniciar imediatamente 
antibióticos intravenosos de amplo espectro. 
O uso de doxiciclina e quinolonas é 
contraindicado na gestação 
As parcerias sexuais dos 2 meses anteriores ao 
diagnóstico, sintomáticas ou não, devem ser 
tratadas empiricamente para Neisseria 
gonohrroeae e Chlamydia trachomatis. 
Recomenda-se ceftriaxona 500mg IM associada a 
azitromicina 1g VO, ambas em dose única. 
SEGUIMENTO 
A melhora clínica das pacientes com DIP deverá 
acontecer nos 3 primeiros dias após o início do 
tratamento antimicrobiano. 
A cura é baseada no desaparecimento dos sinais 
e sintomas. 
A paciente deverá retornar ao ambulatório para 
seguimento na primeira semana após a alta 
hospitalar, observando abstinência sexual até a 
cura clínica.

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