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- Fabiana Bilmayer I Vascular INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA A insuficiência venosa crônica dos membros inferiores é a incapacidade de manutenção do fluxo venoso que retorna ao átrio direito causada pela incompetência do sistema venoso superficial e/ou profundo. - É uma doença de manutenção. - Não há cura. Pode ser decorrente de obstrução do retorno venoso (p. ex., trombose venosa profunda), do refluxo do sangue venoso (p. ex., insuficiência da veia safena) ou de uma combinação de ambos. ● Esses mecanismos geram um regime de hipertensão venosa crônica que leva a alterações de pele e subcutâneas características da doença. Entre as principais causas, estão: - Varizes primárias dos membros inferiores - Síndrome pós-trombótica - Compressões venosas extrínsecas (como na síndrome de May-Thurner). EPIDEMIOLOGIA A insuficiência venosa crônica é mais comum em mulheres do que em homens, e em brancos do que negros, e a prevalência de refluxo venoso aumenta com a idade. - A prevalência na população geral pode chegar a 60%. ● Os sinais de doença grave, como úlceras, hiperpigmentação e edema assimétrico, podem ser encontrados em até 1% da população adulta. É causa de grande absenteísmo no trabalho e é agravada em pacientes que exercem profissões que exijam ortostatismo prolongado. QUADRO CLÍNICO O quadro clínico engloba um espectro de sinais e sintomas que variam de acordo com o tempo de evolução da doença e com o grau de obstrução ou refluxo do sistema venoso. Não costuma haver relação direta entre a magnitude do quadro clínico e a intensidade dos sintomas. Estes são acentuados no fim da tarde, após períodos prolongados de ortostatismo e durante e após gestações. Os principais achados são: - Edema depressível - Teleangiectasias - Veias reticulares - Veias varicosas - Hiperpigmentação em pernas - Lipodermatoesclerose - Eczema varicoso - Úlceras perimaleolares, que costumam ser indolores. EXAMES COMPLEMENTARES USG em modo doppler é o principal método de avaliação após o exame clínico, pois detecta a localização do refluxo ou da obstrução e a morfologia do sistema venoso. - É um exame eficaz para a identificação de anomalias tanto no sistema venoso superficial quanto no profundo. A pletismografia a ar também é um exame utilizado na prática clínica em consultório, tendo como principais vantagens o baixo custo e o fato de não ser invasivo. É um exame que verifica a capacidade funcional do sistema venoso, medindo o volume venoso total, a função valvar, o refluxo e a eficácia da bomba muscular da panturrilha. A flebografia é indicada somente quando os métodos não invasivos não forem suficientes para o esclarecimento diagnóstico. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é eminentemente clínico, feito por meio da anamnese e do exame físico. História prévia de traumas ou trombose venosa profunda e antecedentes familiares* de doença varicosa podem ajudar no diagnóstico. - Pacientes jovens e sem fatores de risco podem desenvolver insuficiência venosa crônica no membro inferior esquerdo isoladamente, em razão de uma compressão excessiva da artéria ilíaca comum direita sobre a veia ilíaca comum esquerda, configurando a síndrome de Cockett ou May-Thurner. CLASSIFICAÇÃO A classificação da insuficiência venosa crônica é dividida em clínica (C), etiológica (E), anatômica (A) e fisiopatológica (P) e é conhecida pela sigla CEAP (Tabela 3). TRATAMENTO O tratamento pode ser dividido em 3 modalidades principais: ■ Clínico: constitui-se principalmente de compressão elástica, exercício físico para fortalecimento da bomba muscular da panturrilha e perda de peso; - Meias elásticas compressivas (colocar SEMPRE pela manhã). - Repouso com elevação de membros. - Incentivo da atividade física com perda de peso. - Drogas venoativas: diosmina e hesperidina. ■ Cirúrgico convencional (exérese das veias insuficientes, ligadura de veias perfurantes e ligadura da croça da safena nos casos indicados): ainda é o mais comumente empregado. Usualmente, não é praticado em pacientes com comorbidades graves ou em idosos; ■ Minimamente invasivo: atualmente, pode ser feito com injeção de substância esclerosante, como glicose ou polidocanol, ablação EV por laser ou ablação por radiofrequência, sendo que o uso de USG concomitante é altamente recomendável no emprego de qualquer uma dessas técnicas. Não há evidência científica de que as técnicas minimamente invasivas sejam superiores à cirurgia convencional. No caso de insuficiência do sistema venoso profundo, técnicas de bypass com transposição de veia safena, como na cirurgia de Palma, ou tratamentos endovasculares com angioplastia de veia profunda com balão são possibilidades quando a terapia clínica falha. Medicamentos do grupo dos venotônicos (diosmina, hesperidina, derivados da rutina, castanha-da-índia) devem ser utilizados como coadjuvantes no alívio dos sintomas. PROGNÓSTICO O prognóstico da insuficiência venosa crônica depende principalmente da causa. Nos casos de doença do sistema venoso superficial, o tratamento cirúrgico ou clínico correto pode levar à cicatrização de até 90% das úlceras venosas e restaurar rapidamente o indivíduo às condições laborais. No caso de doença do sistema venoso profundo, o principal fator prognóstico é o tratamento precoce, especialmente com o uso de compressão elástica. Cerca de 50% dos pacientes com trombose venosa profunda irão apresentar algum grau de síndrome pós-trombótica, caso não sejam adequadamente tratados, com sequelas que podem variar de aumento das varizes até úlceras e edema assimétrico incapacitante.
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