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Corpo Uterino – Endométrio e Miométrio → A histologia do endométrio varia de acordo com a fase do ciclo menstrual e sua ação hormonal: ↪ Fase Proliferativa: fica sob ação do estrógeno, momento em que ocorre um crescimento rápido das glândulas (tubulares retas, com camada regular de células colunares altas e com pseudoestratificação) e mitoses numerosas. O estroma é formado por células fusiformes com citoplasma escasso em proliferação ativa. ↪ Fase secretora inicial: vacúolos sob o núcleo do epitélio glandular que migram para a superfície apical da 3ª semana do ciclo. Sua secreção máxima ocorre entre o 23º e 24º, quando ocorre a dilatação glandular. Já na 4ª semana vemos glândulas tortuosas com aparência serreada. ↪ Fase secretora tardia: maior efeito da progesterona com arteríolas espiraladas proeminentes e edema estromal, ocorre entre o 21º e 22º. As células estromais sofrem hipertrofia com aumento da eosinofilia citoplasmática, as mitoses estromais voltam a ocorrer e surgem infiltrados leves de neutrófilos e linfócitos, que são normais nesse contexto. ↪ Menstruação: “Stromal Breakdown”, ocorrendo uma descamação da camada superficial do endotélio. Ciclo Anovulatório → É a causa mais frequente de sangramento disfuncional, seguido de desequilíbrio hormonal leve, pós menarca e perimenopausa. → Dentre as causas menos comuns estão distúrbios endócrinos como doenças tireoidianas, adrenais ou hipofisárias, tumores ovarianos funcionantes, ovários policísticos e distúrbios metabólicos generalizados como obesidade e desnutrição. → O endométrio e o miométrio são protegidos pela barreia do endocérvice e, por esse motivo, são relativamente resistentes à infecções. → A endometrite aguda são incomuns, causadas por infecções bacterianas após parto ou aborto retido. Os principais agentes etiológicos são Estreptococos hemolíticos do grupo A e Estafilococos. Nela ocorre infiltrado inespecífico e limitado ao estroma. → Endometrite crônica ocorre diante dos seguintes cenários: ↪ Doença inflamatória pélvica crônica (DIP); ↪ Tecido gestacional retido pós parto ou pós aborto; ↪ Dispositivos contraceptivos intrauterinos (DIU); ↪ Tuberculose: salpigite tuberculosa ou disseminação miliar, sendo esses raros. → Os sinais clinicos são sangramento, dor, secreção e infertilidade. Pólipo Endometrial → É uma massa exofítica que tem projeção para a cavidade endometrial. → Pode ser único ou múltiplo, sésseis ou pediculados e possuem tamanho variável. → Pode não apresentar sintoma, quando apresentam, o principal é sangramento anormal devido a ulceração e necrose. → Podem ser devido a glândulas hiperplásicas ou atróficas após a menopausa. → Os pólipos funcionais podem apresentar alterações secretórias. → É raro, mas podem evoluir para adenocarcinoma. → Existe uma associação entre pólipos e uso de tamoxifeno, um fármaco usado no tratamento de CA de mama. Endometriose → É a presença de tecido endometrial em localização anatômica extra uterina. → A ordem de acometimento segue: ovários, ligamentos uterinos, septo retovaginal, fundo de saco vaginal, peritônio pélvico, intestinos e apêndice, mucosa do colo uterino, vagina e tubas e cicatriz de laparotomia. → Acomete mulheres em idade reprodutiva, mais comumente entre a 3ª e 4ª década de vida, ocorrendo de 6 a 10% da população feminina. → Apresentam a clinica de infertilidade (30-40%), dismenorreia, dor pélvica, dispareunia, sintomas relacionados à região, por exemplo, quando acometido intestino, dor durante a defecação. → Pode evoluir para adenocarcinoma, embora infrequente. → Na macroscopia encontramos nódulos de coloração vermelho- azulada/amarronzada na mucosa ou superfície serosa; ↪ Quando a lesão é extensa, encontramos adesões fibrosas entre as tubas, ovários e estruturas adjacentes. ↪ Quando acometimento do ovário, encontramos massas císticas grandes preenchidas por fluido marrom devido a hemorragia previa, que são chamados de endometriomas ou cistos. Adenomiose → É a presença de tecido endometrial no miométrio. Hiperplasia Endometrial Sem Atipias → Considerada benigna por não possuir atipia citológica significante. → A clínica se apresenta com sangramento vaginal não-clinico em mulheres pós-menopausa. ↪ Em USG encontramos um aumento da espessura do endométrio. → Dentre os fatores de risco estão: perimenopausa, obesidade, ovário policístico e DM. → Patogênese: ocorre devido a exposição prolongada ao estrógeno em todo campo endometrial. → Na macroscopia vemos espessamento variável do endométrio, ocasionalmente poliploide ou esponjoso com cistos. → Na microscopia encontramos glândulas tubulares ou dilatadas e ramificadas, aleatoriamente distribuídas. → O epitélio é simples, ocasionalmente pseudoestratificado. → Ocorre mitoses e núcleos arredondados com distribuição em todo o tecido endometrial avaliado. → Podemos encontrar metaplasia ciliada e trombos fribrinoide. → Aumenta de 3 a 4 vezes risco de carcinoma endometrial (1 a 3%). Hiperplasia Endometrial Atípica → Ocorre proliferação com aumento da densidade glandular quando comparado ao estroma, dentro de uma região morfologicamente definida, distinta do endométrio adjacente. → A clinica se apresenta com sangramento pós ou peri menopausa, entre 50 e 55 anos. ↪ Relação com a síndrome de Cowden e Lynch. → Essa condição está associada ao hiperestrogenismo, ocorrendo uma expansão clonal de glândulas mutadas. → Na microscopia vemos agregados sendo de glândulas tubulares ou ramificadas, com atipias. → Áreas distintas com quantidade de glândulas maior do que o estroma. Adenocarcinoma Endometrial → É o câncer ginecológico mais comum nos EUA. Acometendo pessoas com a média de idade de 63 anos, pós menopausa. → Os fatores de risco incluem: ↪ Estrogênio: aumenta risco de 3 a 6 vezes o risco; ↪ Obesidade: risco aumenta de acordo com o IMC; ↪ DM: aumento da resistência insulínica e produção de andrógenos ovarianos; ↪ Tumores ovarianos do cordão sexual estromal: aumento do estrógeno. ↪ SOP: aumento da resistência insulínica e produção de andrógenos ovarianos; ↪ Síndrome de Lynch: aumenta em 70% o risco; ↪ Tamoxifeno: aumenta o efeito estrogênico na pós menopausa. ↪ Nuliparidade; ↪ Tabagismo; ↪ ACO. Adenocarcinoma Endometrioide → Carcinoma endometrial mais comum, ocorre, geralmente, após menopausa. → Influenciado pelo hiperestrogenismo. → Sua apresentação clinica é sangramento pós menopausa. → Pode ser classificado como: ↪ Tipo 1: endometrioide com graus I, II e III; ↪ Tipo 2: não endometrioide, sendo sempre de alto grau. → Encontramos na macroscopia um volume uterino variável, sendo exofítica e irregular com áreas papilares ou ulcerações. ↪ Pode existir massa única ou múltipla ou espessamento difuso do endométrio; ↪ Invasão miometrial pode ou não ser vista; ↪ Quando o tumor for maior do que 2 cm, possui pior prognostico. → Na microscopia encontramos um padrão glandular e pelo menos uma das características abaixo estão presentes: ↪ Lumens interconectados formados por placas de células neoplásicas; ↪ Contornos glandulares angulados, afiliados e irregulares; ↪ Padrão cribriforme das glândulas; ↪ Área sólida de epitélio glandular. → Geralmente ocorre estratificação das células epiteliais e mitoses, podendo ser escassas os tumores bem diferenciados → As células tumorais aparecem em maior quantidade do que as do endométrio proliferativo. As primeiras possuem núcleo redondo, cromatina condensada e nucléolo proeminente, podendo apresentar diferenciação escamosa, mucinosa ou tubária. → A presença de histiocitos espumosos são comuns no estroma. → A graduação histológica do adenocarcinoma endometrioide segue a seguinte classificação → Já a graduação nuclear segue: ↪ Baixo grau: núcleos pequenos, uniformes, normocromasiae poucas mitoses. ↪ Alto grau: maior pleomorfismo, variação de forma e tamanho do núcleo, hipercromasia, nucléolo proeminente e mitoses frequentes. → A graduação desse tumor é realizada de acordo com a mioinvasão das glândulas malignas, quando essas ultrapassam a junção endomiometrial. ↪ Tumor não invasivo compromete menos de 50% do miométrio – Estagio IA. ↪ Quando compromete mais do que 50% possui maior recorrência. → Pode apresentar-se confinado a foco de adenomiose (invasão do endométrio na musculatura do útero), cerca de 25% dos vasos. • A mioinvasão, tipo celular e grau histológico interferem na decisão da realização da linfadenectomia pélvica e para-aórtica. → Dentre as variantes histológicas estão: ↪ C.E com diferenciação escamosa; ↪ C.E com diferenciação mucinosa; ↪ Carcinoma ciliado; ↪ C.E secretório; ↪ Carcinoma viloglandular. → O estadiamento é realizado da seguinte maneira: → O tratamento é a histerectomia total associado a salpingooforectomia bilateral. ↪ Quando houver mioinvasão é realizada a linfadenectomia. ↪ Quando a doença está avançada pode utilizar quimioterapia, radioterapia e hormônios. → 80% dos pacientes no estágio 1 possuem 96% de chance de sobrevida em cinco anos. Carcinoma Seroso → Corresponde a 1 a 10% dos cânceres endometriais. → O quadro não apresenta lesão pré-maligna. → Geralmente, as pacientes acometidas são multíparas, sem terapia hormonal exógena, poucas obesas ou diabéticas e possuem estrogênio sérico normal. → Encontramos na macroscopia um carcinoma exofítico e papilar. ↪ Apresentam grande volume e necrose. → Na microscopia vemos papilas do epitélio estratificado, que são complexas e ramificadas com eixos fibrovasculares espessos. ↪ As células apresentam característica hobnail, com citoplasma eosinofílico, núcleo de alto grau e elevado número de mitoses. ↪ Quando há invasão angiolinfática, mioinvasão e acometimento do colo, é um carcinoma agressivo. → O prognostico de um carcinoma seroso agressivo possui, aproximadamente, 36% de sobrevida em 5 anos. → O tratamento é a histerectomia total associado a salpingooforectomia bilateral e estadiamento – lavado peritoneal, omentectomia, linfadenectomia pélvica/para-aórtica. Adenocarcinoma de Células Claras → 1 a 6% dos tumores endometriais, com média de acometimento de 65 a 69 anos. → Parece não ter relação com obesidade, DM e terapia de reposição hormonal. → Sua macroscopia é inespecífica. → Sua microscopia apresenta padrões papilares, sólidos e túbulo cístico. ↪ Células com citoplasma claro ou hobnail. ↪ Estroma denso ou hialinizado. ↪ Núcleo de alto grau com atipia, nucléolo e mitoses. → O prognostico para aqueles classificados como agressivos é de sobrevida de 5 anos em 43%. → O tratamento é cirúrgico associado a terapia adjuvante. Carcinoma Indiferenciado → Neoplasias com natureza epitelial sem diferenciação, cerca de 2% dos carcinomas endometriais. Carcinoma Desdiferenciado → Carcinoma indiferenciado com focos de carcinoma endometrioide moderadamente ou bem diferenciado com áreas glandulares, possuindo células bem diferenciadas na superfície e área indiferenciada mais profundamente. Carcinossarcoma → Conhecido como tumor Mulleriano misto maligno (MMMT). → Possui componentes epiteliais e mesenquimal malignos. → Possui mau prognostico. Carcinoma de Células Escamosas → Condição muito rara e associada a icthyosis uteri, condição em que a superfície do endométrio é substituída por epitélio escamoso estratificado. → Devemos excluir carcinoma de colo uterino. → Possui prognostico ruim. Leiomioma Uterino → É uma neoplasia benigna do musculo liso, geralmente múltiplos, sendo o mais comum em mulheres. → A clinica apresentada pode ser assintomática, mas quando não, as manifestações são sangramento anormal, poliúria, dor súbita, efeito prejudicial na fertilidade e aborto espontâneo. → Na macroscopia encontramos nódulos bem circunscritos, firmes, branco acinzentados e de tamanho variado. A superfície de corte possui padrão espiralado. → A microscopia evidencia bandas de células musculares lisas do miométrio adjacente, além de células uniformes com núcleo oval alongado, mitoses escassas ou ausentes. → Dentre as variantes benignas estão: ↪ Leiomioma com células bizarras – simplástico; ↪ Leiomioma celular; ↪ Leiomioma metastatizante benigno; ↪ Leiomiomatose peritoneal disseminada. Leiomiossarcoma Uterino → É incomum e possui cariótipos complexos de deleção, acomete mais mulheres na pós-menopausa. → Possui dois padrões de crescimento: ↪ Massa volumosa sólida que invade a parede uterina; ↪ Massa polipoide no lúmen uterino. → Na microscopia vemos atipia celular, índice miótico, extensas áreas de necrose e metástases hematogênicas.
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