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Nesta aula, você terá a oportunidade de entender melhor a importância do método para a prática científica. Faremos uma classificação das ciências por meio dos métodos indutivo, dedutivo e hipotético-dedutivo. Por fim, vamos estudar o conceito de falseabilidade. • Avaliar a importância do método para a prática científica. • Descrever a classificação das ciências. Depois de estudarmos os diferentes tipos de conhecimento, podemos destacar que o conhecimento científico se caracteriza como racional, sistemático e metódico. Quando pensamos em conhecimento racional, estamos tomando como ponto de partida a possibilidade de pensar a realidade, formulando indagações sobre o mundo e sobre a nossa própria existência, a fim de encontrarmos algumas respostas que se aproximem da realidade. Vejamos uma história: Quem está com a razão? O livro final de Galileu foi publicado e mundialmente lido. Cinquenta anos depois, Isaac Newton inspirou-se nele para desenvolver a teoria da gravitação, que mais tarde deu origem a teoria da relatividade e Einstein. Galileu foi realmente o pai da Física e da Astronomia moderna, mas, mais do que isso, ele se atreveu a pensar o impensável e a defender o indefensável. Galileu atreveu-se a dizer a verdade. “É certamente prejudicial para as almas tornar uma heresia acreditar no que é provado.” Galileu Galilei Identifica-se na história de Galileu Galilei: • Razão: O que podemos entender pelo termo razão? O termo racional vem da palavra razão e pode ter várias acepções como: razão humana, razão particular, razão universal, razão divina etc. Cada adjetivo adicionado ao termo altera o sentido do conceito razão. Pressupondo que razão e intelecto se equiparam e considerando a ideia de razão como uma faculdade humana, podemos nos questionar: E racionalidade? O que é? Racionalidade liga-se à ideia de racional, compreendendo dessa maneira que o ser humano é um ser racional, que os meios que utilizam são racionais, que o mundo é racional, ou seja, acreditamos que o ser humano e o mundo são inteligíveis, suscetíveis de serem entendidos. Galileu, por exemplo, acredita que o homem e o mundo são inteligíveis e suscetíveis de entendimento ao tentar refutar uma das ideias de Aristóteles. • Sistemático: O que significa sistemático? O termo sistemático liga-se à ideia de sistema, que denota o sentido de um todo organizado, interconectado em suas partes. Uma pesquisa, por exemplo, segue um método sistemático porque é um processo de construção do conhecimento a partir de objetivos gerais e específicos que visam alcançar algum fim. Cada etapa da pesquisa dever estar interconectada formando um sistema coerente de procedimentos e ideias, constituindo, assim, um todo organizado. Pode-se notar que a intenção de Galileu era remontar um cenário, dentro de um sistema, que desmistificasse os feitos de Aristóteles baseado nos fatos. É interessante observar que, ao falarmos em termos como racional e sistema, nos vinculamos ao sentido de método. • Método: O que seria Método? A palavra método vem do grego μέθοδος (méthodos) ― caminho para chegar a um fim. Nossos dicionários definem método como o conjunto de procedimentos para atingir um objetivo, ou seja, uma maneira ordenada e sistemática de agir. Assim fez Galileu, de maneira ordenada, provando que Aristóteles estava errado através da queda das esferas.” Portanto, Metodologia é um conjunto de métodos. Por isso, nos acostumamos a dizer que uma pessoa é metódica quando segue um método de trabalho ou quando se preocupa com os detalhes. “Trata-se de um conjunto de procedimentos por intermédio dos quais se propõe problemas científicos e colocam-se à prova as hipóteses científicas.” (BUNGE apud LAKATOS, 2000, p. 44) No sentido literal, a Metodologia representa o estudo dos métodos e, especialmente, do método da ciência, que se supõe universal. Veja então, a sua utilidade: • Ajuda a compreender o processo de investigação. • Possibilita a demonstração; • Disciplina suas ações; • Ajuda a perceber o erro; • Auxilia as decisões do cientista. O método é, então, um plano de ação, em que a técnica utilizada é o modo ou a maneira de realizar a atividade pretendida, permitindo que o procedimento escolhido ocorra de maneira hábil e, se possível, perfeita. Você sabia que o método científico pode ser visto como a ISO 9000 da ciência? “Não diz se o produto serve, não diz se o achado científico é importante, apenas diz que o processo de busca seguiu as regras do jogo. A evidência foi corretamente coletada, os procedimentos estatísticos e o tratamento dos dados são apropriados.” (CASTRO, 2006, p.59) O método científico pode se sustentar em dois procedimentos: Método Dedutivo e Método Indutivo. Vamos entender melhor através de exemplos. O cão estava desolado, o seu sofrimento por amor estava lhe consumindo. Não havia reciprocidade de sentimentos. A cadela nem sabia da sua existência e vivia no seu mundo paralelo. Tudo era triste até o momento em que o cão escutou algo que mudou a sua vida... Você observou que todas as premissas e a conclusão – segundo a lógica ― são verdadeiras? Concluir que todos os cães têm coração, ideia presente nas premissas, significa dizer que o argumento dedutivo enuncia uma informação ou ideia já conhecida, ou seja, o método dedutivo tem o propósito de explicar o conteúdo dos enunciados, apresentando uma conclusão inevitável, a partir de dados gerais para dados particulares. Durante a manutenção de um poste de energia, o eletricista, ainda novo no ramo, notou que existia uma instalação irregular, feita com cobre, zinco e cobalto e pensou... "O cobre conduz energia. O zinco conduz energia. O cobalto conduz energia...... Logo, todo metal conduz energia." Observe que o Eletricista passa por 3 etapas: As três etapas que compõe o método indutivo têm como objetivo a observação dos fenômenos com a finalidade de descobrir as suas causas, comparando ou aproximando os fatos, na tentativa de encontrar a relação entre eles. • Observação: Uma crítica ao Método indutivo: David Hume (1711-1776), empirista inglês, investigou o método de indução, colocando o seguinte problema: como podemos transportar uma informação particular (de um fato observado) para uma lei geral? Ou, dizendo de outro modo, como podemos fazer conexões lógicas e necessárias entre as coisas? Sua resposta apontou para a ideia segundo a qual os conhecimentos oriundos da experiência podem ser considerados verdadeiros. Todavia, partindo de tal constatação, não seria possível alcançar as generalizações feitas pelo intelecto, uma vez que não há garantias de veracidade nesse segundo momento, o que significa dizer que nada legitima a passagem de uma experiência singular para um enunciado universal, como acredita o empirismo clássico. Até aqui estudamos duas abordagens importantes para o método científico: a abordagem dedutiva (dependente da lógica) e a indutiva (dependente da experiência empírica). Se por um lado podemos criticar o método dedutivo por não ampliar o conhecimento, por outro podemos apontar que ele nos traz um conhecimento provável, pois somente um exame de todos os elementos garantiria uma indução perfeita. Neste caso, se algumas induções não se confirmam, deve-se buscar os elementos que resultaram em erro, não abandonando a investigação. Assim, encontramos duas características que distinguem os argumentos: Dedutivo: • Se todas as premissas forem verdadeiras, a conclusão será verdadeira. • Toda a informação contida na conclusão já estava presente nas premissas. Indutivo: • Se todas as premissas forem verdadeiras, a conclusão seráprovável. • A conclusão apresenta informação que não estava presente nas premissas. Karl Popper (1922-1996) criticou o método indutivo e lançou as bases do método chamado hipotético-dedutivo que consiste na construção de hipóteses, cujas predições devem se submeter ao critério da falseabilidade. “Hipótese, do grego hypothesis, suposição, pergunta ou conjectura que orienta a investigação por antecipar características prováveis. Podemos usar o termo no sentido de leis, teorias ou postulados.” SALMON, Wesley C. Curso moderno de Filosofia. Lógica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1969. p. 105-106. Temos observacionais referem-se às entidades diretamente observáveis, ou seja, tudo que se pode constatar à primeira vista, como, por exemplo, as características palpáveis de um objeto: grande ou Observação dos fenômenos Descoberta da relação entre eles Generalização da relação https://estacio.webaula.com.br/cursos/GON299/galeria/aula2/docs/falseabilidade.pdf pequeno, leve ou pesado, levando em consideração a cor, o modelo, a temperatura etc. Vamos entender melhor através de um exemplo: Se você provar o conteúdo do copo e sentir um gosto amargo, estará bebendo água? a) Sim b) Não. O que esse exemplo quer dizer? Quer dizer que, se o cientista seguir rigorosamente cada fase desse método e, ao final, constatar que sua hipótese deve ser refutada, como no caso do líquido do copo que deixa de ser água, poderá encontrar argumentos científicos suficientes para formular críticas às teorias existentes e seus paradigmas. Essas teorias foram consideradas como ponto de partida para novas pesquisas. Toda hipótese contém uma predição (ato de predizer, profetizar, supor), ou seja, uma suposição e precisa passar pelo falseamento. O cientista testará sua hipótese, analisará os resultados para alcançar a confirmação de sua suposição ou refutá-la. Se a hipótese não for corroborada, poderá, a partir dos dados obtidos, construir nova hipótese. As hipóteses científicas não podem ser vistas como verdades absolutas, mas, sim, como explicações plausíveis. Para encerrarmos esta aula, veja um esquema de como se dá o processo de conhecimento: • A partir das práticas é possível produzir conhecimentos científicos. • Em qualquer prática há duas dimensões: a da efetividade e a inferencial. • A efetividade é avaliada pela realização dos objetivos do fazer. Se os objetivos foram alcançados, então se diz que foi efetivo, ou seja, eficaz e eficiente. • Um procedimento pode ser eficaz e muito dispendioso, logo, ineficiente. • A efetividade é constituída por duas qualidades: a eficácia e a eficiência. • O aspecto inferencial é de outra natureza, refere-se aos argumentos utilizados para explicar porque são eficazes e eficientes. • Dedução que exclui as alternativas ou as hipóteses • O esquema geral da inferência é denominado silogismo, palavra grega que significa tanto inferência quanto dedução. • Todo homem é mortal - premissa maior ou proposição afirmativa inicial. • Sócrates é homem - premissa menor, termo médio, pelo qual se chega à conclusão • Logo, Sócrates é mortal - conclusão. • Construtivas: são as Matemáticas e as Lógicas, que se caracterizam por desenvolverem seus argumentos uns sobre os outros a partir de axiomas ou hipóteses de partida, construindo os argumentos válidos. • Reconstrutivas são todas as demais. Nestas se procura reconstruir ou reconstituir os fenômenos para os explicar. O aspecto inferencial é uma reconstituição do que se fez e faz para explicar a razão do fracasso, logo, saber como realizar algo de maneira eficaz e eficiente. • Os argumentos utilizados nas ciências reconstrutivas não são válidos por serem lógicos, mas por serem adequados e pertinentes ao que se está estudando. Questão 01 - Dentre os métodos mais usuais para o desenvolvimento e a ordenação do raciocínio, temos duas classes fundamentais de argumentos: os dedutivos e os indutivos. A partir dessa lógica, leia e analise, atentamente, as duas assertivas abaixo: Um raciocínio indutivo é um tipo de raciocínio ou argumento que partindo de premissas particulares obtém uma conclusão universal. PORQUE A conclusão de um argumento indutivo tem uma abrangência maior que as premissas. Com base na análise feita, podemos afirmar que: a) As duas assertivas são verdadeiras. b) As duas assertivas são verdadeiras, mas a 2ª não é uma justificativa correta da primeira. c) As duas assertivas são verdadeiras e a 2ª é uma justificativa correta da primeira. d) As duas assertivas são falsas. e) A 1ª afirmativa é falsa e a 2ª é verdadeira. Questão 02 - O conhecimento científico depende da investigação, observação e análise, mas depende, também da aplicação de ________ para chegar a um resultado que levará a uma conclusão sobre o objeto da pesquisa. a) Senso comum. b) Métodos e técnicas. c) Procedimentos analíticos. d) Conhecimentos exploratórios. e) Mapas conceituais Questão 03 – Não faz parte da metodologia científica: a) A escrita. b) O empirismo. c) O processo técnico. d) A lógica. e) O conhecimento filosófico. Questão 04 – O método que procura uma solução através de tentativas e eliminação de erros é o: a) Dialético. b) Dedutivo. c) Hipotético-dedutivo. d) Comparativo. e) Indutivo. Questão 05 – São características das hipóteses, EXCETO: a) Original. b) Possuir apoio teórico. c) Não ser verificável. d) Possuir consistência lógica. e) Ser relevante.
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