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1 A ofensiva neoliberal A ofensiva neoliberal desqualificou ideologicamente o Estado como espaço de representatividade do público. Para tanto, a propaganda, neste modelo, buscou convencer que a coisa pública é ineficiente e mal gerenciada, enquanto o privado, em função da racionalidade e do bom gerenciamento se apresenta com qualidade. A privatização do Estado, como parte da política neoliberal, rompeu com os preceitos democráticos de inclusão e participação e, ao contrário, embasou a organização societária sob a ótica da competição, da segmentação e da seletividade. Essa privatização, que demitiu milhares de trabalhadores e abalou a estrutura dos sindicatos do funcionalismo público, como defendia o projeto neoliberal, significou, antes de tudo, uma mudança ideológica e de mentalidade, pela qual os cidadãos foram obrigados a aceitar a redução e a desqualificação do espaço público. No entanto, os países capitalistas centrais que defendem essas políticas, não conseguiram de todo, implementá-las nos seus Estados. Como afirma Boron (1999), eles continuam com “Estados grandes e ricos, muitíssimas regulações que organizam o funcionamento dos mercados, arrecadando muitos impostos, promovendo formas encobertas e sutis de protecionismo e subsídios e convivendo com déficits fiscais elevados” (Boron: 1999,9). A política neoliberal não produziu efeitos idênticos em todos os países ou regiões. Uma distinção básica deve ser estabelecida entre o neoliberalismo nos países centrais e nos países periféricos. Ora, o Estado de bem-estar, 2 apesar da interferência da política neoliberal, continua existindo na Europa Ocidental, inclusive, em função da resistência da população. A melhor maneira de ilustrar tal realidade é através do aumento do número de trabalhadores desempregados. Enquanto nos países da periferia do capitalismo a população desempregada ocupa cada vez mais o espaço da economia informal, nos países centrais, ela continua sob a proteção do Estado, aumentando ainda mais os gastos sociais.
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