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PROLAPSO DA GLÂNDULA DA TERCEIRA PÁLPEBRA EM CÃES Bárbara Soares Costa1, Débora Heloisa Assis de Jesus2, Kamilla Debora Mendes da Cruz3, Ladyelle De Oliveira Lopes4, Larissa Silva Tenório5, Liliane Gomes Rocha6, Thays Borges Silva7, Ma. Lidiana Cândida Piveta 8. 1. UNIGOIÁS Centro Universitário de Goiás, barbarasoarescosta8@gmail.com; 2. UNIGOIÁS Centro Universitário de Goiás Instituição; deboraheloisaassis@gmail.com; 3. UNIGOIÁS Centro Universitário de Goiás Instituição, mendes_kamilla@hotmail.com; 4. UNIGOIÁS Centro Universitário de Goiás, ladyelleoliveira@gmail.com; 5. UNIGOIÁS Centro Universitário de Goiás, larissatnorio@gmail.com; 6. UNIGOIÁS Centro Universitário de Goiás, liliane_gomes1@hotmail.com; 7. UNIGOIÁS Centro Universitário de Goiás, thaysborges83@gmail.com; 8. UNIGOIÁS Centro Universitário de Goiás, lidiana.piveta@anhanguera.edu.br. Palavras-chave: Oftalmologia, Cirurgia, Produção lacrimal, Protusão, Conjuntiva. 1. Introdução O prolapso da glândula da terceira pálpebra (Cherry Eye) se manifesta em animais jovens, com menos de dois anos de idade, não há prevalência de gênero, sendo algumas raças mais predispostas, como o bulldog inglês, o cocker, o basset hound, o beagle, o pequinês e o Boston. A protusão está associada à fragilidade no ligamento entre o tecido periorbital da terceira pálpebra e o tecido conectivo ventral, e o surgimento da glândula no bordo livre palpebral, saindo assim, da sua posição normal. O prolapso pode acontecer também devido a inflamação e edema da glândula, levando a sua exposição no canto nasomedial do olho. (Peixoto, 2012; Mutari, 2016). A glândula lacrimal da terceira palpebra é revestida de conjuntiva, quando fica exposta pode sofrer com o ressecamento intensificando o edema e inflamação. Pela proximidade com a córnea mudança na sua superfície podem causar abrasão favorecendo as ceratites ulcerativas. (Wouk, 2009). mailto:larissatnorio@gmail.com mailto:lidiana.piveta@anhanguera.edu.br Pacientes com essa alteração ao serem avaliados podem apresentar secreção com aspecto mucoso, muitas vezes confundido com pus devido a sua coloração amarelada ou esverdeada, prurido local e um leve incômodo. A inflamação decorrente da protusão da glândula de terceira palpebra gera lesões teciduais que vão comprometer a qualidade e quantidade de lagrima produzida pela glândula. Perda na qualitativas e quantitativas na qualidade lagrimal pode prejudicar o globo ocular, devido a função da lacrima nos processos de nutrição e oxigenação das células corneanas, proteção da superfície da córnea e a também ação bactericida. Por isso, é importante realizar o diagnóstico e estabelecer o tratamento o mais rápido possível para evitar complicações como úlceras corneanas e ceratoconjuntivite seca (CCS). Uma “massa avermelhada” no canto medial do olho é a principal queixa do proprietário, seguida de secreção ocular densa e amarelada. O diagnóstico é realizado pelas informações da anamnese e alterações visualizadas no exame clínico. Vale ressaltar a importância dos diagnósticos diferenciais, descartando a eversão da terceira palpebra e as neoplasias da terceira pálpebra, que pode acometer os pequenos animais (Queirozet, 2015; Santos, 2012; Gelatt, 2003). O tratamento cirúrgico para reposição da glândula lacrimal é a melhor opção. Outros tratamentos não apresentam resultados satisfatórios, já que a retirada da glândula lacrimal prolapsada, não é recomendada devido a produção da fração aquosa do filme lacrimal, e sua consequência principal é a CCS (Fossum, 2014; Ranzaniet al., 2004). Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre prolapso da glândula da terceira pálpebra (cherry eye) em cães. 2. Revisão de literatura As afecções as quais envolvem o bulbo do olho e seus anexos são variados e distintos, portanto, necessita de conhecimento amplo de fisiologia e anatomia ocular para desempenhar de forma efetiva a oftalmologia (Cunha, 2008). Como sintomatologia clínica da protusão da glândula lacrimal da terceira palpebra, os animais podem apresentar conjuntivite, diminuição da produção lacrimal, aumento de volume, de coloração vermelha no canto medial do olho e secreção ocular (Santos, 2012; Cunha, 2008; Brandão, 2007; Hendrix, 2007). O diagnóstico é realizado através do exame físico, visualizando a glândula da terceira pálpebra protusa, edemaciada, hiperemica no canto nasomedial do paciente. O clínico deve realizar o diagnóstico diferencial de eversão da cartilagem T e dos casos de neoplasia da terceira palpebra. Segundo Stanley, cães de grande porte podem apresentar a eversão da cartilagem da terceira pálpebra juntamente com o prolapso da glândula da membrana nictante (Stanley,2007). O tratamento medicamentoso controla o processo inflamatório, porém não se obtém um resultado desejado, a glândula no local anatômico adequado. Portanto o indicado é o tratamento cirúrgico, promovendo assim, o reposicionamento da glândula pelas técnicas de bolso ou ancoragem (Santos, 2012; Cunha, 2008). A técnica de Morgan inicia se tracionando a terceira pálpebra e assim expondo a face bulbar usando duas pinças de Halsted e depois fazer duas incisões na conjuntiva bulbar uma rostral e a outra distal a glândula prolapsada, devem ser paralelas a margem livre da membrana, esta incisão é realizada a uma distância de 2 a 3 mm da glândula, e da distal é realizada de 6 a 7 mm em direção a base da terceira pálpebra, onde as duas incisões devem ter aproximadamente 1 cm de comprimento, após isso é feito duas incisões conjuntivais onde são suturadas em um padrão contínuo simples usando um fio absorvível 6-0 poliglactina 910 ou ácido poliglicólico. É de extrema importância iniciar o ponto pela face palpebral da membrana nictitante para então direcionar a agulha do fio e emergir na face bulbar, assim para realizar a sutura contínua simples, obtendo então a glândula reduzida a um bolso conjuntival, no qual, a agulha deve se ser direcionada novamente na face palpebral para finalizar o nó de sutura. O correto posicionamento dos nós de início ao fim da sutura contínua da face palpebral da membrana nictitante evita que estes fiquem em contato direto a córnea e assim provocando irritação crônica, o que pode causar ulcerações na córnea (Morgan,1993; Lackner,2001). O reposicionamento da glândula através da técnica o qual o cirurgião vai escolher trata- se de algo pessoal, uma vez que as técnicas de bolso de Morgan e Moore podem ser consideradas de fácil aprendizagem, porém as técnicas de ancoragem quando se tem domínio, são rápidas e simples de serem executadas, existem estudos os quais demonstraram chances maior de recidivas. A técnica de bolso é mais usada em relação as técnicas de ancoragem, pois, após a sua execução, forma uma proteção sobre a glândula favorecendo sua recuperação, mantendo fixa na sua topografia para que volte a realizar sua função na produção lacrimal (Hendrix, 2007). Vale ressaltar que o sucesso do tratamento cirúrgico também está vinculado aos cuidados do pós-operatório, com o uso dos colírios de antibiótico e antinflamatórios, sendo instilados no intervalo de tempo estabelecido, analgésicos sistêmicos e o uso do colar elisabetano para evitar traumas e automutilação (Peixoto, 2012). Na a oftalmologia o uso de antibióticos tópicos faz parte da rotina terapêutica, sendo os grupos mais usados as quinolonas, os aminoglicossídeos, as tetraciclinas e a polimixina B (Andrade, 2008 e Webster, 2005). Para Herrera, 2008 e Slatter, 2005, no pós-operatório deve-se usar antibióticos e corticoides tópicos, pode utilizar também ciclosporina a 0,2%, e não de anti-inflamatório esteroide, dado o conhecido efeito anti-inflamatório da ciclosporina, e também o uso do colar elisabetano (por se tratar de cirurgia limpa), dispensou-se a antibioticoterapia, sem serem observados sinaisde infecção cirúrgica. 3. Considerações Finais O prolapso da glândula da terceira pálpebra (cherry eye) é comum em cães, e acomete principalmente os braquicefálicos, caracterizado pela inflamação e aumento de volume da glândula lacrimal presente na terceira pálpebra. Algumas literaturas descrevem que está associada a genética para algumas raças específicas e a traumas, onde o tratamento cirúrgico é o mais indicado, sendo utilizado a técnica de Morgan devido ao fato de possuir um resultado satisfatório. Referências ANDRADE S. F. et al, Terapêutica tópica e sistêmica: Pele, ouvido e olho. In: ANDRADE S. F. Manual de terapêutica veterinária, 3ª ed. São Paulo: Roca, p 179-180, 2008. BRANDÃO C. V.A. et al, Prolapso de glândula de terceira pálpebra em cães: avaliação cito e histopatológia, Archives of Veterinary Science, vol. 12, núm. 3. p. 21-25, 2007. CAPLAN E. R et al, Cirurgia do olho, In: FOSSUM T. W., Cirurgia de pequenos animais, 4. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 315-318, 2015. CUNHA, O. Manual de Oftalmologia Veterinária, Universidade Federal do Paraná: Campus Palotina, pág. 88, 2008. FOSSUM, T. W. (2014). Cirurgia de pequenos animais (4 ed. Vol. 1). São Paulo: Elsevier Brasil. GELATT, K. N. (2003). Manual de oftalmologia veterinária. Barueri, São Paulo, Brasil: Editora Monole. HENDRIX D. V. H., Diseases and Surgery of the Canine Conjunctiva and Nictitating Membrane, In: GELATT, K. N. Veterinary Ophthalmology. 2 vols, 4. ed. Philadelphia: Blackwell, p. 963, 2007. MULTARI D. et al, Pocket technique or pocket technique combined with modified orbital rim anchorage for the replacement of a prolapsed gland of the third eyelid in dogs: 353 dogs, Veterinary Ophthalmology vol. 19, núm. 3, p. 214–219, 2016. PEIXOTO R. V. R., GALERA P. D., Avaliação de 67 casos de protrusão da glândula da terceira pálpebra em cães (2005-2010), Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., vol. 64, núm. 5, Belo Horizonte, p. 1151-1155, outubro, 2012. QUEIROZ, S. E. et.al. (2015). Estudo retrospectivo da ocorrência do prolapso de glândula da terceira pálpebra em cães. Nosso Clínico São Paulo,1858-62. RANZANI, J. J. T., Brandão, C. V. S., Rodrigues, G. N., Cremonini, D. N., Peixoto, T. P., Lima, L. S. A.& Chiurciu, J. V. L. (2004). Prolapso da glândula da terceira pálpebra em cães: comparação entre duas técnicas de reposicionamento. Brazilian Journal of Veterinary Research and AnimalScience,4162-63. SANTOS I. F. 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