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Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV ANATOMIA • Localização → Face anterior pescoço; Marcos anatômicos (cartilagens cricoide e tireoide) • Possui dois lobos conectados por um istmo, e quatro glândulas paratireoides na região posterior, produtoras do paratormônio. Unidade funcional: • Folículos → revestidos por células epiteliais cuboides dispostas em uma única camada caracterizando o epitélio simples cúbico, cujas células foliculares secretam para o interior dos folículos uma substância denominada coloide, que contém os precursores do hormônio tiroidiano. Enzimas/ proteínas associadas a produção hormonal: • TPO – Tireoide peroxidase • Tireoglobulina Autoimunidade – anticorpos: • Anti-TPO (Anticorpos Antitireoperoxidase) • Anti tireoglobulina (AAT, Anti-tg) • TRAb (Anticorpos anti-receptores de TSH) Obs. Paciente que possui anti-TPO ou AAT não consegue produzir os hormônios tireoideanos ou as enzimas/proteínas associadas a produção hormonal. SINAIS E SINTOMAS ASSOCIADOS A: • Hiperprodução hormonal → hipertireoidismo • Déficit Hormonal → hipotireoidismo • Volume → Bócio/ Doença nodular HIPOTIREOIDISMO Definição: Síndrome clínica decorrente da síntese/secreção insuficiente ou ação inadequada dos hormônios tireoidianos que resulta na lentificação generalizada do organismo Tipos: • Clínico → presença de sintomas • Subclínico Classificação • Primário • Central (secundário/terciário) Fatores de risco: • Idade > 60 anos • Sexo feminino • Bócio • Doença nodular tireoidiana • História familiar de doença tireoidiana • História prévia de radioterapia para cabeça e pescoço • Doença autoimune tireoidiana e extratireoidiana • Fármacos (amiodarona, lítio, interferon etc.) • Baixa ingestão de iodo • Síndrome de Down, Síndrome de Turner ETIOLOGIAS DO HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO • Diminuição do tecido tireoidiano funcionante • Tireoidite de Hashimoto • Tireoidites subagudas (granulomatosa e linfocítica) • Tireoidite pós-parto • Tireoidite de Riedel • Doença de Graves e tratamento do hipertireoidismo • Doenças infiltrativas (amiloidose, hemocromatose, cistinose, esclerose sistêmica progressiva, sarcoidose) • Agenesia e ectopia tireoidianas • Radioterapia externa de cabeça e pescoço e de corpo inteiro Defeitos funcionais na biossíntese e na liberação dos hormônios tireoidianos • Disormonogênese congênita • Deficiência de iodo grave • Fármacos (antitireoidianos de síntese, iodo, lítio, amiodarona, contrastes radiológicos, valproato de sódio, sunitinibe, fármacos bocígenos sintéticos ou naturais etc.) • Lentificação dos processos metabólicos • Acúmulo de glicosaminoglicanas no interstício hipotireoidismo HipoT subclínico Coma mixedematoso Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV SINAIS E SINTOMAS A insuficiência de hormônios tireoidianos provoca a desaceleração das funções do corpo. Os sintomas são sutis e aparecem gradualmente. Eles podem ser confundidos com depressão, sobretudo em idosos. • Expressões faciais aborrecidas • Voz rouca • Fala lenta • Pálpebras caídas. • Inchaço dos olhos e face • Alopecia • Unhas quebradiças • Pele áspera, seca, com escamas e grossa. • Fadiga e cãibras musculares • Ganho de peso • Constipação • Baixa tolerância ao frio • Frequência cardíaca diminuída • Síndrome do túnel do carpo → causa formigamento ou dor nas mãos. TIREOIDITE DE HASHIMOTO A tireoidite de Hashimoto é a forma mais comum de inflamação da tireoide e a causa mais frequente de diminuição da produção de hormônios dessa glândula (hipotireoidismo). É um distúrbio autoimune em que há inflamação e destruição progressiva da glândula por linfócitos e por autoanticorpos, que causa diminuição gradual da produção de hormônios. O principal anticorpo envolvido no desenvolvimento da doença é o antitireoperoxidase ou anti-TPO, presente em cerca de 95% dos casos. Adicionalmente, o anticorpo antitireoglobulina ou anti-TG pode ser positivo em 80% dos casos de tireoidite de Hashimoto, entretanto pode estar presente também 11% da população geral. Para o diagnóstico de tireoidite de Hashimoto: • Anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO). Esse exame detecta autoanticorpos contra uma enzima específica da tireoide. Valores altos indicam lesão autoimune da glândula devido a tireoidite de Hashimoto. • Anticorpos antitireoglobulina. Podem estar presentes na tireoidite de Hashimoto. É pouco usado porque o exame é menos sensível e menos específico que os anticorpos anti-TPO. Obs. Com a progressão da tireoidite de Hashimoto, os sintomas se agravam. A pessoa se sente cada vez mais cansada e com menos energia. Pode apresentar, também, aumento no tamanho da tireoide e, consequentemente, a formação do bócio. HIPERTIREOIDISMO Síndrome clínica decorrente da síntese/secreção aumentada dos hormônios tireoidianos que resulta na aceleração generalizada do organismo. CAUSAS DE HIPERTIREOIDISMO Principais • Bócio difuso tóxico (doença de Basedow-Graves) • Bócio multinodular tóxico • Bócio nodular tóxico (doença de Plummer) • Tireotoxicose transitória das tireoidites (subaguda ou de Hashimoto) • Tireotoxicose iatrogênica (hormônio tireoidiano) • Hipertireoidismo induzido por iodo (Jod-Basedow) Hipertireoidismo factício Causas menos comuns • Neoplasia produtora de TSH Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV • Secreção inadequada de TSH • Secreção ectópica de TSH (mola hidatiforme) • Metástases de câncer de tireoide funcionante SINAIS E SINTOMAS • Aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial • Palpitações devido a ritmos cardíacos anormais (arritmias) • Sudorese excessiva • Intolerância ao calor • Tremores nas mãos • Nervosismo e ansiedade • Insônia • Perda de peso, apesar do aumento do apetite • Aumento do nível de atividade, apesar da fadiga e fraqueza • Evacuações frequentes, ocasionalmente com diarreia • Alterações na menstruação Obs. O hipertireoidismo também provoca alterações oculares. Uma pessoa com hipertireoidismo pode dar a impressão de ter um olhar fixo DOENÇA DE GRAVES A doença de Graves (bócio difuso tóxico) é a causa mais comum de hipertireoidismo. Caracteriza-se por hipertireoidismo e um ou mais dos seguintes achados: • Bócio • Exoftalmia ou Oftalmopatia de Graves • Dermopatia infiltrativa ou mixedema pré-tibial A doença de Graves é causada por autoanticorpos contra o receptor de TSH (TRAB). Esses autoanticorpos estimuladores se ligam aos receptores e desempenham as funções do TSH, como hipertrofia glandular, aumento da vascularização da glândula e síntese contínua e secreção excessiva de T4 e T3. A doença de Graves (assim como a tireoidite de Hashimoto) às vezes ocorre com outras doenças autoimunes, incluindo diabetes tipo 1, vitiligo, cabelos prematuramente grisalhos, anemia perniciosa, distúrbios do tecido conjuntivo e síndrome de deficiência poliglandular. SINAIS E SINTOMAS Além dos sintomas típicos (bócio e as alterações na pele), os sintomas nos olhos incluem edema periorbital, aumento do lacrimejamento, irritação e hipersensibilidade incomum à luz. Dois outros sintomas característicos podem ocorrer: • Exoftalmia ou proptose • Visão dupla (diplopia) Os olhos ficam saltados devido à presença de inflamação das cavidades oculares (órbitas). Os músculos que movem os olhos inflamam e deixam de funcionar adequadamente, o que torna difícil ou impossível mover os olhos normalmente ou coordenar os movimentos dos olhos, provocando visão dupla. Mixedema pré-tibial em um paciente com doença de graves Beatriz Castro e Silva de AlbergariaBarreto Medicina – UNIFACS Turma XV BÓCIO É o aumento do volume glandular tireoidiano. Muitas das vezes está associado ao hipo ou Hipertireoidismo. Existem vários tipos de bócio: • Bócio difuso – acontece quando a tireoide tem o seu volume todo aumentado, de maneira uniforme, sem a presença de nódulos; pode ocorrer nas disfunções tireoidianas ou quando há deficiência de iodo; geralmente presente nas doenças auto-- imunes, tireoidite de Hashimoto e doença de graves, causando hipotireoidismo ou hipertireodismo. • Bócio nodular – quando o aumento de volume está concentrado em um nódulo (uninodular) ou mais (multinodular); • Difuso com nódulos Obs. Em alguns casos, a tireoide cresce tanto que passa a entrar no tórax, é o chamado bócio mergulhante. Essas classificações podem ser Tóxicas ou Atóxicas (não tóxicas). • Bócio Tóxico – produtor de hormônios, causando hipertireoidismo. É o caso do bócio difuso tóxico, da doença de Graves. • Bócio não-tóxico ou atóxico – não há excesso de produção de hormônios; não há hiperfunção da glândula; podem ser endêmicos, se houver carência de iodo na alimentação, ou esporádicos, na ausência deste fator. Obs. o bócio multinodular atóxico (BMNA) é uma das patologias tireoidianas mais comuns. Os sintomas relacionados ao bócio são o abaulamento do pescoço e a sensação de compressão. Essa compressão se manifesta ao engolir ou respirar, principalmente quando deitado, quando a tireoide comprime a traqueia. Nos casos de bócio tóxicos, os sintomas de hipertireoidismo também podem estar associados. O bócio nodular é mais frequentemente diagnosticado após os 50 anos de idade. O paciente pode ter o bócio há vários anos e somente diagnosticar quando surgem sintomas compressivos tais como dificuldade para engolir ou rouquidão; ou ainda somente diagnosticar porque ele se tornou hiperfuncionante, causando Hipertireoidismo. Em alguns casos, o bócio pode estar associado ao câncer de tireoide. Nessa situação, os sintomas são tardios, associados a doença avançada. São eles, a rouquidão, o endurecimento e a fixação do bócio (massa fixa) e até mesmo a falta de ar, devido à pressão exercida sobre a traqueia ou paralisia das pregas vocais. O tratamento do bócio pode ser apenas o seguimento clínico periódico, cirurgia ou radio-iodoterapia. Tudo dependerá dos sintomas, diagnóstico e volume do bócio. 1- Difuso não tóxico; 2- Difuso; 3 e 4- Nodulares Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV CÂNCER DE TIREOIDE • 5-10% dos nódulos • Em geral evolução lenta e bom prognóstico • Fatores de risco: ➢ Irradiação cervical prévia ➢ Tabagismo ➢ História familiar de neoplasia maligna da tireoide Diferenciados • Carcinoma papilífero – mais comum • Carcinoma folicular – endêmico em áreas de deficiência em iodo; • Carcinoma medular – 10 a 20% estão relacionados mesma doença na família; Os tipos mais comuns de câncer de tireoide são o carcinoma papilífero e o carcinoma folicular. O carcinoma papilífero representa mais de 80% dos casos, desenvolve-se nas células foliculares e tem crescimento lento. Geralmente atinge um único lobo da tireoide, mas entre 10% e 80% dos casos apresentam múltiplos focos da doença dentro da tireoide. Apesar de se desenvolver lentamente, o carcinoma papilífero pode atingir os gânglios linfáticos do pescoço, mas, ainda assim, o tratamento costuma ser bem-sucedido e esse tipo de câncer raramente é fatal. O carcinoma folicular é raro no Brasil, por conta do consumo de sal iodado. É mais comum em países ou regiões em que a população não recebe suprimento de iodo na alimentação. Pode atingir pulmões e ossos. Indiferenciados • Carcinoma anaplásico - muito raro, constituindo cerca de 5 a 10% dos tumores de tireoide. Trata- se provavelmente do tumor sólido mais agressivo. O prognóstico é inexoravelmente fatal, com sobrevida média de 3 a 7 meses. As armas terapêuticas disponíveis são escassas e ineficazes. • Linfoma maligno - associado a tireoidite autoimune; • Tumores metastáticos Referências: • Major Problems in Pathology. Surgical Pathology of the Thyroid. Virgina A. Livadsi, MD – University of Pennsylvania. • Netter, Atlas de Patologia Humana. L. Maximilian Buja; Gerhard R. F. Krueger. • SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed, 2017 • GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina Interna. 24. ed. SaundersElsevier, 2012. • AIRES, M.M. - Fisiologia. Ed. Guanabara Koogan. 4ª edição, Rio de Janeiro, 2017. • PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara, 2019. • BARRETT, BARMAN, BOITANO, BROOKS – Fisiologia Médica de Ganong. 24a ed. 2014.
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