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PÂNCREAS E VESÍCULA BILIAR - Anatomia, histologia e fisiologia

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DIGESTÓRIO 
PÂNCREAS - ANATOMIA 
- O pâncreas é uma glândula acessória da digestão, 
alongada, retroperitoneal, situada sobrejacente e 
transversalmente aos corpos das vértebras LI e L II (o nível 
do plano transpilórico) na parede posterior do abdome. 
- Situa-se atrás do estômago, entre o duodeno à direita 
e o baço à esquerda. O pâncreas produz: 
• Secreção exócrina (suco pancreático produzido pelas 
células acinares) que é liberada no duodeno através dos 
ductos pancreáticos principal e acessório; 
• Secreções endócrinas (glucagon e insulina, produzidos 
pelas ilhotas pancreáticas [de Langerhans]) que passam 
para o sangue. 
- Para fins descritivos, o pâncreas é dividido em cabeça, 
colo, corpo e cauda. 
- A cabeça do pâncreas é a curvatura em forma de C 
do duodeno à direita dos vasos mesentéricos superiores 
logo abaixo do plano transpilórico. Está firmemente 
fixada à face medial das partes descendente e 
horizontal do duodeno. O processo uncinado, uma 
projeção da parte inferior da cabeça do pâncreas, 
estende-se medialmente para a esquerda, 
posteriormente à AMS. A cabeça do pâncreas está 
apoiada posteriormente na VCI, artéria e veia renais 
direitas, e veia renal esquerda. Em seu trajeto para se 
abrir na parte descendente do duodeno, o ducto 
colédoco situa-se em um sulco na face posterossuperior 
da cabeça ou está inserido em sua substância. O colo 
do pâncreas está situado sobre os vasos mesentéricos 
superiores, que deixam um sulco em sua face posterior. 
A face anterior do colo, coberta por peritônio, está 
situada adjacente ao piloro do estômago. A VMS une-
se à veia esplênica posterior ao colo para formar a veia 
porta. 
- O corpo é o prosseguimento do colo e situa-se à 
esquerda dos vasos mesentéricos superiores, passando 
sobre a aorta e a vértebra L II, logo acima do plano 
transpilórico e posteriormente à bolsa omental. A face 
anterior do corpo do pâncreas é coberta por peritônio, 
está situada no assoalho da bolsa omental e forma 
parte do leito do estômago. A face posterior do corpo 
do pâncreas não tem peritônio e está em contato com 
a aorta, AMS, glândula suprarrenal esquerda, rim 
esquerdo e vasos renais esquerdos. 
- Cauda: anterior ao rim esquerdo, relativamente móvel. 
- Ducto pancreático principal: começa na cauda e 
atravessa o parênquima até a cabeça e tem relação 
intima com o ducto colédoco que se unem para formar 
a ampola hepatopancreática (VATER), QUE SE ABRE NO 
DUODENO, no cume da papila maior do duodeno. 
- Músculo esfíncter do ducto pancreático (parte terminal 
do ducto), músculo esfíncter do ducto colédoco e 
esfíncter da ampola hepatopancreática (de Oddi) – 
Músculo liso – controle do fluxo de bile e suco 
pancreático e impedem o refluxo. 
- O ducto pancreático acessório abre-se no duodeno no 
cume da papila menor do duodeno. Em geral, o ducto 
acessório comunica-se com o ducto pancreático 
principal. Em alguns casos, o ducto pancreático 
principal é menor do que o ducto pancreático acessório 
e pode não haver conexão entre os dois. Nesses casos, 
o ducto acessório compensa o fluxo de suco. 
PÂNCREAS – VASCULARIZAÇÃO 
- Tronco celíaco gera as artérias gástrica esquerda (sem 
relação), esplênica (origina pancreática dorsal, magna, 
caudal e inferior – corpo e cauda) e hepática comum 
(gera hepática própria e gastroduodenal – que gera 
pancreáticoduodenal superior anterior e posterior). 
- artéria Mesentérica superior – gastroduodenal inferior 
anterior e posterior. 
- Veias pancreáticoduodenal, mesentérica supeior e 
esplênica drenam para a veia porta que drena para a 
veia cava inferior. 
- Os vasos linfáticos acompanham os vasos sanguíneos. 
A maioria termina nos linfonodos pancreaticoesplênicos, 
situados ao longo da artéria esplênica. Alguns vasos 
terminam nos linfonodos pilóricos. Os vasos eferentes 
desses linfonodos drenam para os linfonodos 
mesentéricos superiores ou para os linfonodos celíacos 
através dos linfonodos hepáticos. 
PÂNCREAS – INERVAÇÃO 
- Parassimpático: nervo esplâncnico, gânglio celíaco e 
nervo vago. Secretomotoras, porém a secreção 
pancreática é mediada principalmente por secretina e 
colecistocinina (secretados pelas células do duodeno 
sob o estímulo do conteúdo estomacal. 
- Simpático: T5-T9 (tóraco-lombar). 
PÂNCREAS - HISTOLOGIA 
- O pâncreas exócrino é uma glândula serosa, parecido 
com a parótida. As unidades secretoras apresentam 
formato piramidal acinoso, o TC periacinoso é escasso. 
- As células secretoras serosas do ácino produzem os 
precursores das enzimas digestivas secretadas no 
pâncreas. o ducto intercalar é a porção inicial e se inicia 
dentro do ácino. No interior do ácino estão as células 
centroacinosas. 
1) Células Acinosas: 
- Basofilia no citoplasma e grânulos de zimogênio na 
região apical (acidófilo). Muito RER devido a intensa 
atividade. Apical apresenta microvilosidades e os 
grânulos de zimogenios são liberados por exocitose. 
2) Células centroacinosas: 
- início do sistema ductal do pâncreas exócrino, 
citoplasma fino (típico de célula pavimentosa). A 
unidade estrutural do ácino e as células centroacinosas 
assemelham-se a um pequeno balão (o ácino), dentro 
do qual foi introduzido um canudo (o ducto intercalar). 
3) Grânulos de zimogênio: 
- mais em jejum, proezimas digestivas (inativas). 
4) Enzimas pancreáticas: 
- Endopeptidades proteolíticas (tripsinogênio, 
quimiotripsinogênio) e exopeptidases proteolíticas 
(procarboxipeptidade, proaminopeptidase) – Digerem 
por meio de clivagem de ligações peptídicas internas 
(endopeptidases) ou aminoácidos terminais. 
- Enzimas amilolíticas (alfa-amilase) cliva ligações 
glicosídicas. 
- Lipases – cliva ligações éster de TG produzindo AGL. 
Arthur Rodrigues | @arthurnamedicina 
- Enzimas nucleolíticas (desoxirribonuclease e 
ribonuclease) digerem os ácidos nucleicos, produzindo 
mononucleotídios. 
Obs: são ativadas apenas quando alcançam o lúmen 
do intestino delgado. No início, a atividade proteolítica 
das enzimas enteroquinases no glicocálice das 
microvilosidades das células absortivas intestinais 
converte o tripsinogênio em tripsina, uma enzima 
proteolítica potente. Em seguida, a tripsina catalisa a 
conversão das outras enzimas inativas, bem como a 
digestão de proteínas no quimo. 
5) Sistema Ductal: 
- Os ductos intercalares são curtos e drenam para os 
ductos coletores intralobulares > drena para os ductos 
interlobulares maiores, que são revestidos por um 
epitélio colunar baixo no qual podem ser encontradas 
células enteroendócrinas e células caliciformes 
ocasionais > ducto pancreático principal, que percorre 
todo o comprimento da glândula paralelamente a seu 
eixo longo. Um segundo ducto grande, o ducto 
pancreático acessório, origina-se na cabeça do 
pâncreas. Os ductos intercalares adicionam 
bicarbonato e água à secreção exócrina. O pâncreas 
secreta cerca de 1ℓ de líquido por dia, 
aproximadamente igual ao volume inicial da secreção 
biliar hepática. Enquanto a bile é concentrada na 
vesícula biliar, todo o volume da secreção pancreática 
é liberado no duodeno. Enquanto os ácinos secretam 
um pequeno volume de líquido rico em proteínas, as 
células dos ductos intercalares secretam um grande 
volume de líquido rico em sódio e bicarbonato. O 
bicarbonato serve para neutralizar a acidez do quimo 
que entra no duodeno a partir do estômago e também 
para estabelecer o pH ideal para a atividade das 
principais enzimas pancreáticas. 
CONTROLE DA SECREÇÃO PANCREÁTICA 
- Secretina: é um Hormônio Polipeptídico que estimula as 
Células Ductais a secretar um grande volume de líquido 
com uma elevada concentração de HCO3 – porém 
pouco ou nenhum Conteúdo Enzimático; 
• Colecistocinina (CCK): Hormônio Polipeptídico que faz 
com que as Células Acinosas secretem suas Pró-
Enzimas. A ação coordenada dos dois Hormônios resulta 
na secreção no Duodeno de um grande volume deLíquido Alcalino rico em Enzimas; 
• Inervação Autônoma: Simpáticas (Fluxo Sanguíneo). 
As Fibras Parassimpáticas (atividade das Células 
Acinosas, bem como das Células Centroacinosas). 
VESÍCULA BILIAR - ANATOMIA 
- A vesícula biliar apresenta de 7 a 10 cm de 
comprimento, situa-se na fossa da vesícula biliar, região 
na face visceral do fígado, mais precisamente na junção 
das porções direita e esquerda do fígado. Apresenta 
íntima relação com o duodeno. É um derivado 
secundário do intestino anterior embrionário. consegue 
armazenar até 50 ml de bile. O peritônio circunda 
completamente o fundo da vesícula biliar e une seu 
corpo e colo ao fígado. A face hepática da vesícula 
biliar fixa-se ao fígado por tecido conjuntivo da cápsula 
fibrosa do fígado. A vesícula biliar se divide em três 
porções: 
• Fundo: extremidade larga e arredondada do órgão 
que geralmente se projeta a partir da Margem Inferior 
do Fígado na extremidade da 9ª Cartilagem Costal 
Direita na Linha Hemiclavicular; 
• Corpo: parte principal, que toca a Face Visceral do 
Fígado, o Colo Transverso e a Parte Superior do 
Duodeno; 
• Colo: extremidade estreita e afilada, oposta ao fundo 
e voltada para a porta do Fígado; normalmente faz uma 
curva em forma de S e se une ao Ducto Cístico. 
- O ducto cístico (3 a 4 cm de comprimento) une o colo 
ao ducto hepático comum. A túnica mucosa do colo 
forma a prega espiral (válvula espiral) - abertura do 
ducto cístico. Assim, a bile é facilmente desviada para a 
vesícula biliar quando a extremidade distal do ducto 
colédoco é fechada pelo músculo esfíncter do ducto 
colédoco e/ou músculo esfíncter da ampola 
hepatopancreática; ou a bile passa ao duodeno 
mediante a contração da vesícula biliar. Essa prega 
também oferece resistência adicional ao esvaziamento 
súbito da bile quando há o aumento súbito da pressão 
intrabdominal, como nos atos de espirrar ou tossir. O 
ducto cístico segue entre as lâminas do omento menor, 
geralmente paralelo ao ducto hepático comum, ao 
qual se une para formar o ducto colédoco. 
- O ducto colédoco (ducto biliar comum) se forma na 
margem livre do omento menor pela união entre os 
ductos cístico e ducto hepático comum. Seu 
comprimento varia de 5 a 15 cm, dependendo do local 
onde ocorre essa união. O ducto colédoco realiza um 
trajeto descendente posteriormente à parte superior do 
duodeno e se situa em um sulco na face posterior da 
cabeça do pâncreas. No lado esquerdo da parte 
descendente do duodeno, o ducto colédoco entra em 
contato com o ducto pancreático. Esses ductos seguem 
obliquamente através da parede dessa parte do 
duodeno, onde se unem para formar uma dilatação, a 
ampola hepatopancreática, que se abre através da 
papila maior. O músculo circular ao redor da 
extremidade distal do ducto colédoco é mais espesso 
para formar o músculo esfíncter do ducto colédoco (l. 
Ductus choledochus). 
VESICULA BILIAR - VASCULARIZAÇÃO 
- Arterial: provém da artéria cística (ramo da artéria 
hepática direita (entre o ducto hepático comum, cístico 
e a face visceral do fígado – trígono cisto-hepático). 
- Venosa: colo e ducto cístico (veias císticas – entram no 
fígado e drenam pela veia porta). Fundo e corpo – 
sinusóides hepáticos (leito capilar) – sistema porta 
adicional. 
VESICULA BILIAR – INERVAÇÃO 
- Parassimpático: plexo celíaco, vago, frênico direito. 
(Contraçoes da vesícula e relaxamento dos esfíncteres 
na ampola hepatopancreática – mediado por CCK). 
VESÍCULA BILIAR - HISTOLOGIA 
- A vesícula biliar é uma bolsa cega que se liga ao ducto 
cístico, por onde, através deste, recebe a bile do ducto 
hepático. A vesícula biliar é capaz de armazenar e 
remover cerca de 90% de água da bile, o que resulta em 
um aumento de até 10 vezes da concentração de sais 
biliares, colesterol e bilirrubina. Os hormônios secretados 
pelas células enteroendócrinas do intestino delgado em 
resposta às refeições gordurosas que alcançam a 
porção proximal do duodeno estimulam a contração do 
músculo liso da vesícula biliar. Devido à essas 
contrações, a bile é lançada no ducto biliar comum, 
transportando-a ao duodeno. 
• Túnica mucosa: quando vazia ou parcialmente cheia, 
a vesícula biliar tem numerosas pregas mucosas 
profundas. A superfície mucosa consiste em epitélio 
simples colunar, onde as células epiteliais colunares 
altas exibem: 
o microvilosidades na superfície apical, Complexos 
juncionais na superfície apical que reúnem células 
adjacentes e formam uma barreira, lúmen e o 
compartimento intercelular; Mitocôndrias concentradas 
no citoplasma basal e apical; o Pregas laterais 
complexas. 
- Epitélio: se assemelham aos enterócitos. Na membrana 
basal conteém NaKAtpase; na apical vesículas 
secretoras. 
- Lâmina Própria: capilares fenestrados, venular, sem 
vasos linfáticos. Algumas vezes aparecem células 
secretoras de muco. 
- Muscular da mucosa > Submucosa > Muscular: externa 
e interna; 
- Túnica adventícia: camada espessa de TC Denso, 
contém vaos, linfáticos, nervos aotonômicos (plexo 
mioentérico). 
- O TC é rico em fibras elásticas e tecido adiposo. Além 
disso, os divertículos profundos da mucosa, 
denominados seios de rokitansky-aschoff, algumas 
vezes estendemse através da muscular externa. 
Acredita-se que eles prenunciem alterações 
patológicas e se desenvolvam como resultado de 
hiperplasia (crescimento excessivo das células) e 
herniação das células epiteliais através da muscular 
externa. Além disso, bactérias podem se acumular 
nesses seios, causando inflamação crônica que é um 
fator de risco para a formação de cálculos biliares. 
SUCO PANCREÁTICO 
- O pâncreas exócrino se organiza de modo semelhante 
às glândulas salivares. O ácino é o fundo cego do 
sistema ductal, revestido pelas células acinares que 
secretam a porção enzimática. Os ductos são revestidos 
pelas células epiteliais ductais, as quais se estendem 
para uma região especial de células centroacinares no 
ácino. As células centroacinares e as células ductais 
secretam o componente que contém hco3. O volume 
da secreção pancreática oscila em torno de 1,2 litros/ 
24 horas, estando o seu ph 8,2. (1) secreção hidrelática, 
rica em água, eletrólitos, hco3 - e na+ ; (2) secreção 
ectabólica, que contém enzimas digestivas. As 
secreções do pâncreas são quantitativamente as 
maiores contribuintes para a digestão enzimática. O 
pâncreas fornece as substâncias que regulam a ação 
ou a secreção (ou ambas) de outros produtos 
pancreáticos, bem como água e íons de bicarbonato. 
Este último produto pancreático está envolvido na 
neutralização do ácido gástrico de modo que o lúmen 
do intestino delgado apresente um pH próximo de 7. Esse 
aspecto é importante, pois as enzimas pancreáticas são 
inativadas por acidez, e também porque a 
neutralização do ácido gástrico reduz a possibilidade de 
que a mucosa do intestino delgado seja lesada. O 
pâncreas é o maior supridor dos íons de bicarbonato, 
embora os ductos biliares e as células epiteliais 
duodenais também contribuam. O pâncreas apresenta 
uma estrutura que consiste em ductos e ácinos. As 
células acinares pancreáticas revestem as 
extremidades cegas de um sistema ductal ramificado 
que eventualmente é esvaziado para o ducto 
pancreático principal e dessa região para o intestino 
delgado sob controle do esfíncter de Oddi. A secreção 
primária ocorre nos ácinos e é, então, modificada 
quando passa pelos ductos pancreáticos. Em geral, as 
células acinares suprem os componentes orgânicos do 
suco pancreático na secreção primária, cuja 
composição iônica é comparável à do plasma, 
enquanto os ductos diluem e alcalinizam o suco 
pancreático ao mesmo 
tempo em que 
reabsorvem íons 
cloreto. 
- Os principais 
componentes do suco 
pancreático, estão 
listados no Quadro. 
Essa lista também 
resume as funções dos 
produtos secretores do 
pâncreas. Muitas das 
enzimas sãoinativas 
(importante na 
prevenção da digestão 
do próprio pâncreas). 
Secreção Acinar 
- Mediado Por CCk 
Enzimas Pancreáticas 
- digestão de carboidratos, proteínas, lipídios, fibras e 
nucleotídeos. As mais importantes são a tripsina, a 
quimotripsina e a carboxipolipeptidase, sendo a mais 
abundante desse grupo a tripsina. Tanto a tripsina 
quanto a quimotripsina hidrolisam proteínas a peptídeos 
de tamanhos variados, sem levar à liberação de 
aminoácidos individuais. Entretanto, a 
carboxipolipeptidase cliva alguns peptídeos até 
aminoácidos individuais, completando assim a digestão 
de algumas proteínas até aminoácidos. digestão de 
carboidratos - amilase pancreática, que hidrolisa 
amidos, glicogênio e outros carboidratos (exceto 
celulose), para formar dissacarídeos e trissacarídeos. 
gorduras - (01) a lipase pancreática, capaz de hidrolisar 
gorduras neutras a ácidos graxos e monoglicerídeos; 
(02) a colesterol esterase, que hidrolisa ésteres de 
colesterol; (03) e a fosfolipase A2, que cliva os ácidos 
graxos presentes na estrutura dos fosfolipídios. Quando 
intetizadas, são inativas, denominadas tripsinogênio, 
quimotripsinogênio e procarboxipolipeptidase, ativadas 
só no intestino. O tripsinogênio é ativado pela enzima 
denominada enterocinase, quando o quimo entra em 
contato com a mucosa. Além disso, o tripsinogênio 
pode ser ativado por processo autocatalítico pela 
própria tripsina já 
formada pela ação 
da enterocinase; 
semelhantemente, 
o 
quimotripsinogênio 
e a 
procarboxipolipeptidase são clivadas para suas formas 
ativas também pela tripsina. O ácino produz INIBIDOR DE 
TRIPSINA. Essa substância é formada no citoplasma das 
células glandulares e inativa a tripsina ainda nas células 
secretoras, tanto nos ácinos como nos ductos 
pancreáticos. As enzimas proelastases, por sua vez, são 
convertidas em elastases que, então, digerem as fibras 
da proteína elastina abundante nas carnes. 
Enzimas Pancreáticas - Síntese 
1. São sintetizadas com um Peptídeo Sinalizador em 
sua Extremidade N-terminal, que as direciona para 
o Complexo de Golgi e a Via Secretora e que 
presumivelmente impede o acesso dessas Proteínas 
potencialmente nocivas ao Citosol da célula; 
2. As várias Proteínas Pancreáticas estão misturadas 
dentro do Grânulo de Zimogênio, e as proporções 
relativas que são liberadas refletem, em geral, as 
taxas relativas de síntese inicial; 
3. A longo prazo, a taxa de síntese de classes 
específicas de Enzimas pode ser regulada em 
resposta a alterações na dieta. Por exemplo, um 
aumento na proporção de calorias supridas por 
Carboidratos irá resultar finalmente na expressão 
aumentada da Amilase Pancreática em relação às 
Enzimas Pancreáticas Totais. Essa resposta é 
mediada pela Insulina; 
4. Ocorrem alterações correspondentes nas Enzimas 
Hidrolíticas responsáveis pela Digestão de cada uma 
das principais classes de nutrientes. A inibição a 
curto prazo da Secreção Pancreática relacionada 
com nutrientes também pode ocorrer em caso de 
Hiperglicemia, ou quando são infundidos 
Aminoácidos Livres no plasma; 
5. Após uma refeição, as Enzimas Pancreáticas são 
então rapidamente ressintetizadas e novamente 
acondicionadas em Grânulos, um processo que 
leva, ao todo, menos de uma hora, deixando a 
Célula pronta para responder à próxima refeição. 
SECREÇÃO DUCTULAR 
- O suco pancreático consiste em uma solução isotônica 
que contém NA+, CL-, K+ E HCO3-. na+ e k+ são 
equivalentes às do plasma, mas as concentrações de 
CL- E HCO3 - variam de acordo com a intensidade de 
fluxo pancreático. Quando o pâncreas é estimulado a 
secretar quantidades abundantes de suco pancreático, 
a concentração de íons bicarbonato pode aumentar e 
atingir um valor aproximadamente cinco vezes maior do 
que a concentração desses íons no plasma. Desse 
modo, o suco pancreático se torna alcalino (7,6 a 8,2) e 
serve para neutralizar o quimo (evita úlceras). As células 
centroacinares e as ductais produzem a secreção 
aquosa inicial, que é isotônica e contém NA+, K+, CL− e 
HCO3−. 
- Os ductos do pâncreas podem ser considerados como 
o braço efetor de um sistema regulador de pH 
(detectores) destinado a responder ao ácido luminal no 
intestino delgado e a secretar apenas bicarbonato 
suficiente para restaurar a neutralidade do pH; As etapas 
básicas do mecanismo celular da secreção da solução 
de íons bicarbonato nos ductos pancreáticos são as 
seguintes: 
1) O dióxido de carbono se difunde para as células, a 
partir do sangue no polo basolateral e, sob influência da 
anidrase carbônica, se combina com a água para 
formar o ácido carbônico que vira íons bicarbonato e 
íons hidrogênio. O 
hidrogênio é reciclado 
no próprio polo 
basolateral por meio de 
um trocador sódio-
hidrogênio tipo 1 e/ou 
tipo 4 (NHE-1 e NHE-4), 
para manter a 
eletronegatividade 
celular constante e o 
gradiente de 
concentração de sódio 
baixo. Esse gradiente é 
auxiliado por uma “bomba de sódio e pota ́ssio” (Na-
KATPase) presente na membrana basolateral, que 
bombeia 3 íons sódio para o sangue e capta 2 íons 
potássio para o interior de célula. 
2) Outros íons bicarbonato são captados da corrente 
sanguínea por um cotransportador basolateral de 
sódio/bicarbonato pancreático (pNBC1), que aproveita 
a baixa concentração de sódio intracelular e aumenta 
o influxo desse íon para a célula acinar, fornecendo 
energia suficiente para o simporte de íons bicarbonato 
para o interior da célula concomitante à entrada de 
sódio no interior da célula acinar. Esse sódio, por sua vez, 
passa para o ducto pancreático por difusão simples 
(auxiliando na formação final de bicarbonato de sódio) 
ou é “bombeado” de volta para a corrente sangui ́nea 
pela Na-KATPase, a qual mantém o gradiente de 
concentração de sódio celular baixo e favorável para a 
sua posterior trocar com o íon hidrogênio (NHE-1 e NHE-
4) e bicarbonato (pNBC1). 
3) Na membrana apical ou luminal da célula acinar, 
ocorre a difusão de cloreto do meio intracelular para o 
lúmen do ducto pancreático, a partir do canal de 
cloreto CFTR (canal de cloreto regulador da 
condutância transmembrânica da fibrose cística). O 
cloreto, quando transportado para o meio extracelular, 
rapidamente penetra novamente na célula através de 
um trocador de cloreto-bicarbonato, denominado 
SLC26a6. Assim, ocorre o movimento de dois íons 
bicarbonato para o ducto pancreático em troca da 
entrada do cloreto na célula, fazendo assim o 
movimento iônico de entrada do cloreto na 
composição do suco pancreático. 
4) O movimento dos íons sódio e bicarbonato do sangue 
para o ducto cria um gradiente de pressão osmótica 
que causa fluxo paracelular de água, para o ducto 
pancreático, formando uma solução quase isosmótica. 
- O bicarbonato de sódio do suco pancreático, ao entrar 
em contato com o ácido clorídrico, realiza uma reação 
cujos produtos são o cloreto de sódio e o ácido 
carbônico. O AC carbônico se dissocia em CO2 e água: 
o CO2 é transferido para o sangue e expelido pelos 
pulmões, deixando uma solução neutra de cloreto de 
sódio no duodeno > o conteúdo ácido vindo do 
estômago para o duodeno é neutralizado, de maneira 
que a atividade digestiva peptídica dos sucos gástricos 
no duodeno seja imediatamente bloqueada. 
FASES DA SECREÇÃO PANCREÁTICA 
- A secreção pancreática ocorre em três fases: a fase 
cefálica, a fase gástrica e a fase intestinal. Suas 
características são as seguintes: (01) durante as fases 
cefálica e gástrica, as secreções possuem pequeno 
volume de água e íons bicarbonato e elevadas 
concentrações de enzimas digestivas, refletindo a 
estimulação predominante das células acinares sobre as 
células do ducto pancreático, sendo que essa 
estimulação por estímulo vagal colinérgico durante a 
fase cefálica e dos reflexos vagovagais ativados pela 
distensão gástrica na fase gástrica; (02) durante afase 
intestinal, por outro lado, a secreção dos ductos é 
fortemente ativada, resultando na produção de grandes 
volumes de suco pancreáticos ricos em água e 
bicarbonato de sódio e com concentrações menores de 
enzimas digestivas, embora elas estejam em 
quantidades ainda maiores durante a fase intestinal. 
Regulação 
- Quatro estímulos básicos: (01) a acetilcolina (5-HT), 
liberada pelo nervo vago parassimpático e por outros 
nervos colinérgicos para o sistema nervoso entérico 
(S.N.E); 02) a colecistocinina (CCK), secretada pela 
mucosa duodenal e do jejuno superior, quando o 
alimento entra no intestino delgado; (03) a secretina, 
também secretada pelas mucosas duodenal e jejunal, 
quando alimentos muito ácidos entram no intestino 
delgado (04) e a gastrina, liberada em grandes 
quantidades durante a Fase Gástrica de Secreção 
Gástrica, Também estimula mais as Células Ductais; Os 
dois primeiros estímulos (Ach e CCK) estimulam as 
células acinares do pâncreas, levando à produção de 
grande quantidade de enzimas, mas com quantidade 
relativamente pequena de água e bicarbonato que vão 
com as enzimas; sem a água, a maior parte das enzimas 
ficam armazenadas temporariamente nos ácinos; 
secretina, em contrapartida, estimula a secreção de 
grandes volumes de solução aquosa de bicarbonato de 
sódio pelo epitélio do ducto pancreático, compondo 
assim o suco pancreático final; 
- Quando todos os diferentes estímulos agem ao mesmo 
tempo, a secreção total é bem maior do que a soma 
das secreções causadas por cada um deles 
separadamente. Por isso, considera-se que os diversos 
estímulos agem de maneira “potencializadora” da 
secreção pancrea ́tica, a qual normalmente resulta de 
efeitos combinados de múltiplos estímulos básicos, e 
não apenas de um só. Esse fator é evidenciado pelas 
porcentagens relativas de suco pancreático liberado 
durante as fases cefálica e gástrica (cerca de 20- 30%), 
em que a liberação de acetilcolina é predominante (5-
HT), e na fase intestinal, onde há liberação concomitante 
de 5-HT, CCK e secretina, correspondendo à cerca de 
70-80% da secreção pancreática total. 
Processo de Secreção de HCO3- 
- No nível celular, a secretina estimula as células 
epiteliais a secretar bicarbonato no lúmen ductular, com 
a água seguindo através da via paracelular para 
manter o equilíbrio osmótico. A secretina aumenta o 
monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) nas células 
ductulares, e desse modo abre os canais de Cl do 
regulador da condutância transmembrana na fibrose 
cística (CFTR) e causa um fluxo de Cl- no lúmen do 
ducto. Posteriormente, esse processo direciona 
(estimula) a atividade de um antiporte adjacente que 
troca os íons de cloreto por bicarbonato. O CFTR é 
também permeável ao bicarbonato. Portanto, o 
processo de secreção de bicarbonato depende do 
CFTR, que fornece uma explicação para os defeitos na 
função pancreática observados na doença da fibrose 
cística, na qual o CFTR sofre mutações. 
- O bicarbonato necessário vem de duas fontes: Uma 
parte é levada através da membrana basolateral das 
células epiteliais ductais por meio do transportador NBC-
1 (cotransportador [simporte] de sódio/bicarbonato do 
tipo 1). É importante recordar que o processo de 
secreção gástrica ácida resulta maré alcalina, que 
servem como fonte do bicarbonato a ser secretado 
pelo pâncreas. Entretanto, o bicarbonato também pode 
ser gerado na região intracelular por meio da atividade 
da enzima anidrase carbônica. O efeito final é o 
movimento de para o lúmen, aumentando, assim, o pH 
e o volume do suco pancreático. As células do ducto 
que contribuem com o componente líquido e o 
bicarbonato de sódio no suco pancreático. 
- Os eventos de transporte da membrana que ocorrem 
na secreção de íons pelos ductos são impulsionados, 
predominantemente, pela via de sinalização celular da 
adenilil-ciclase e do AMPc, que fosforila o canal de 
cloreto regulador da condutância transmembrânica da 
fibrose cística (CFTR), localizado na membrana apical 
dessa célula. Esse canal possibilita o efluxo de íons 
cloreto, os quais podem ser trocados por bicarbonato 
através de um trocador apical de cloreto-bicarbonato 
(SLC26a6), promovendo assim o movimento de íons 
bicarbonato dentro do lúmen dos ductos. O principal 
secretagogo que atua nessa via é a secretina que, 
através do aumento do AMPc intracelular, fosforila os 
canais CFTR e causa o mecanismo de efluxo de 
bicarbonato; 
Pancreatite 
- Os distúrbios inflamatórios do pâncreas variam quanto 
à gravidade - de doenças moderadas autolimitadas a 
processos amplamente destrutivos que representam 
risco de morte - e estão associados a déficits que podem 
ser triviais e passageiros ou sérios e permanentes. 
- Na pancreatite aguda, a função pode voltar ao normal 
se a causa subjacente da inflamação for removida. A 
pancreatite crônica, em contraste, é definida pela 
destruição irreversível do parênquima pancreático 
exócrino. 
 
AGUDA 
- A Pancreatite Aguda (PA) é um processo inflamatório 
súbito (agudo) e etiologia variada, geralmente 
acompanhado de comprometimento sistêmico. 
Conceitua-se pela possibilidade de restituição do 
pâncreas e recuperação clínica do paciente, se a 
causa da agressão à glândula for removida. O evento 
que dá início ao processo está relacionado a uma 
agressão direta da glândula, geralmente por deficiência 
na drenagem e escoamento do suco pancreático. 
Ocorre, uma auto-digestão da glândula pelas enzimas 
pancreáticas. 
- Achados: dor abdominal, náuseas e vômitos. a dor 
abdominal geralmente com início no epigástrio, com 
irradiação para a região dorsal. Em geral, o exame físico 
revela taquicardia; hipotensão, taquipneia, dispneia e 
febre são vistos nos casos mais graves, sendo que 
confusão, delírio e coma podem estar presentes. 
Sensibilidade à palpação, sendo possível ver reação de 
defesa nos casos mais extremos. Pode-se observar a 
macicez à percussão nos campos pulmonares inferiores 
na presença de derrame pleural. Achados clínicos mais 
raros, como a presença de equimoses em flancos (sinal 
de Grey-Turner) ou em região periumbilical (sinal de 
Cullen), resultam do extravasamento de fluidos e sangue 
do retroperitônio para essas regiões. A icterícia também 
pode estar presente se houver obstrução biliar por um 
cálculo. Tipicamente, o quadro é acompanhado por 
elevação dos níveis séricos de amilase e lipase e pela 
evidência radiológica de inflamação, edema e/ou 
necrose do órgão. Aparentemente, após surto agudo de 
pancreatite, há recuperação completa da estrutura e da 
função pancreática. Entretanto, quando o dano celular 
é importante, pode haver evolução para a inflamação 
crônica e fibrose, características típicas da pancreatite 
crônica. 
- Causas: As principais causas de pancreatite aguda 
são: (01) litíase biliar; (02) álcool e tabagismo; (03) 
drogas, toxinas e fatores metabólicos; (04) obstrução do 
ducto pancreático; (05) infecções e pancreatite 
autoimune; (06) herança genética; (07) e causas 
idiopáticas. Em detalhes, a etiologia da pancreatite 
aguda é descrita a seguir: 
1) Litíase Biliar: obstrução transitória do ducto 
pancreático é o evento iniciador da pancreatite aguda 
biliar; apenas 5% dos pacientes com litíase biliar irão 
desenvolver pancreatite. 
2) Álcool: mais de 5 anos de ingestão de álcool, com 
uma média de cinco a oito drinques por dia. dieta rica 
em gorduras, alterações genéticas e tabagismo. Ao 
apresentar o primeiro episódio agudo de pancreatite, a 
maioria dos indivíduos já mostra evidências de 
pancreatite crônica subjacente. O mecanismo de lesão 
pancreática pelo álcool provavelmente envolve a 
associação entre toxicidade direta como causadora do 
estresse oxidativo e alterações na secreção enzimática 
desse órgão. O álcool transitoriamente aumenta a 
secreção pancreática exócrina e a contração do 
esfíncter de Oddi. O álcooltambém tem efeitos tóxicos 
diretos sobre as células acinares. 
4) Obstrução do Ducto Pancreático: além da litíase biliar 
e da microlitíase, a obstrução do ducto pancreático por 
um adenocarcinomaductal, um adenoma ampular ou 
o carcinoma da ampola de Vater, ou ainda uma 
neoplasia intraductalmucinosa podem causar 
pancreatite aguda. 
5) Infecções e Pancreatite Autoimune: o Ascaris 
lumbricoides pode causar pancreatite pela obstrução 
do ducto pancreático, com a migração dos vermes 
adultos através da ampola de Vater. 
CRÔNICA 
A pancreatite crônica é um processo complexo que 
implica a presença de fibrose irreversível e permanente, 
frequentemente com a presença de infiltrado 
inflamatório mononuclear, lesão nervosa e perda 
permanente de ácinos, ductos e ilhotas. evolui após 
episódios de pancreatite aguda, que pode ou não ser 
de características subclínicas. Múltiplos episódios de 
inflamação aguda, seja clínica ou subclínica, 
eventualmente alteram a resposta inflamatória do 
pâncreas, com evolução para inflamação crônica, 
ativação das células estreladas pancreáticas e 
produção de fibrose. Mutações genéticas predispõem à 
pancreatite crônica, mas essa predisposição está 
associada à exposição do indivíduo a várias toxinas que 
precipitam pancreatite aguda, com necrose celular ou 
apoptose, que pode progredir em alguns indivíduos, 
particularmente aqueles com múltiplos episódios 
agudos, para a cronicidade da fibrose do órgão. Um 
fator importante para a dor na pancreatite crônica é a 
lesão dos nervos nociceptivos. Além desse mecanismo 
neural, o aumento da pressão no interior do órgão, a 
isquemia associada, a obstrução do ducto pancreático 
e a formação de um pseudocisto podem causar dor. O 
sintoma mais comum de pancreatite crônica é a dor 
abdominal, que pode ser episódica ou constante, e em 
geral, é sentida no epigástrio com irradiação para as 
costas, podendo ocorrer náuseas e vômitos quando o 
quadro de dor é bastante severo. Até 5 % dos pacientes 
não têm dor, apresentando, em vez disso, insuficiência 
pancreática exócrina (esteatorreia e perda de peso) ou 
endócrina (diabetes). Os sintomas e o próprio quadro de 
pancreatite crônica tendem a ser progressivas ao longo 
do tempo, mesmo que a sua causa seja removida. A 
maioria dos pacientes apresentará, inicialmente, um 
episódio de pancreatite aguda, mas logo depois 
desenvolverá evidências de pancreatite crônica após 
repetições do quadro; entretanto, alguns indivíduos 
podem apresentar evidências de fibrose e inflamação 
crônica já na primeira manifestação de pancreatite 
aguda, indicando uma tendência para o 
desenvolvimento de pancreatite crônica. 
BILE 
- Uma das muitas funções do fígado é a de secretar a 
bile, que varia de 600 ml/dia a 1.000. A bile possui duas 
importantes funções: (1) possui papel essencial na 
digestão e absorção de lipídeos no intestino delgado 
devido à presença dos ácidos biliares que: (a) ajudam 
a emulsificar grandes partículas de gordura, reduzidas, 
então, a partículas diminutas, e (b) ajudam na absorção 
dos produtos finais dos lipídeos através da formação de 
micelas. E (2) a bile serve como meio de excreção de 
diversos produtos do sangue, com destaque para a 
bilirrubina, produto final da degradação da 
hemoglobina e o colesterol em excesso. 
- A formação da bile começa nos hepatócitos, que 
transportam ativamente solutos para os canalículos 
biliares através de suas membranas apicais. é uma 
solução micelar na qual os principais solutos são os 
ácidos biliares, a fosfatidilcolina e o colesterol em uma 
proporção aproximada de 10:3:1. A secreção desses 
solutos direciona o movimento simultâneo de água e 
eletrólitos através das junções oclusivas que ligam os 
hepatócitos adjacentes para formar a bile canalicular. 
A maior parte do fluxo biliar é direcionada pela 
secreção dos ácidos biliares através da membrana 
apical dos hepatócitos por meio de um transportador de 
adenosina trifosfatase (ATPase) conhecido como 
bomba de exportação de sais biliares (BESB). A 
composição pode ser modificada à medida que esse 
líquido flui através dos dúctulos biliares (resultando na 
bile hepática), e ainda ocorre uma nova modificação 
no armazenamento na vesícula biliar (bile da vesícula 
biliar). Finalmente, a bile torna-se uma solução 
concentrada de detergentes biológicos que auxiliam na 
solubilização dos produtos da digestão de lipídeos no 
ambiente aquoso do lúmen intestinal, aumentando a 
taxa em que os lipídeos são transferidos para a superfície 
epitelial absortiva. Esse processo serve também como 
um meio pelo qual os produtos de resíduos metabólicos 
são exportados do corpo. 
A formação da bile ocorre em três etapas discretas: 
1. o hepatócito secreta ativamente a bile no canalículo. 
2. Na segunda etapa, os ductos intra e extra-hepáticos 
não somente transportam a bile, mas também secretam 
dentro desta um fluido rico em água e HCO3–. Estas duas 
primeiras etapas podem produzir ∼900 mL/dia da 
denominada bile hepática. 
3. Na terceira etapa, no período entre as refeições, 
aproximadamente metade da bile hepática é desviada 
para a vesícula biliar, que armazena a bile e remove 
água e sais da mesma de maneira isosmótica → O 
resultado deste processo é a concentração em 10 a 20 
vezes dos solutos-chave remanescentes na bile — tais 
como, sais biliares, bilirrubina, colesterol e lecitina. Os 
500 mL/dia de bile que chegam ao duodeno através da 
ampola de Vater correspondem a uma mistura da bile 
hepa ́tica relativamente “dilui ́da” e da bile vesicular 
“concentrada”. 
- A formação da bile pelos hepatócitos requer a 
secreção ativa e dependente de gasto de energia de 
solutos orgânicos e inorgânicos para dentro do lúmen 
canalicular, seguida da passagem passiva de água. 
Esse movimento de água através das junções de 
oclusão entre os hepatócitos carrega outros solutos pelo 
arraste por água. Mais abaixo na árvore biliar (i.e., nos 
ductos e na vesícula biliar), onde os poros das junções 
de oclusão são bem menores, o arraste pela água já 
não é tão significativo. O transporte de água para o 
canalículo segue tanto a via paracelular quanto a via 
transcelular → A membrana canicular expressa (AQP8). 
Em condições basais, a AQP8 é predominantemente 
expressa em vesículas intracelulares, porém quando há 
um estímulo por um secretagogo que ativa a via do 
AMPc, esta redistribui-se para um domínio canicular, 
aumentando a permeabilidade da membrana apical à 
água. 
COMPOSIÇÃO DA BILE 
- A bile hepática e a bile vesicular são secreções 
complexas, isosmóticas em relação ao plasma (∼300 
mOsmol/L) e constituídas de água, eletrólitos 
inorgânicos e uma variedade de solutos orgânicos, 
incluindo a bilirrubina, colesterol, ácidos graxos e 
fosfolipídeos. O cátion predominantemente presente na 
bile é o Na+ e os principais ânions inorgânicos são o Cl– 
e o HCO3–. 
- Solutos cuja presença na bile é funcionalmente 
importante incluem ácidos biliares das micelas, 
fosfolipídeos e IgA. Os fosfolipídeos da bile ajudam a 
solubilizar o colesterol, assim como a diminuir os efeitos 
citotóxicos de outros ácidos biliares nos hepatócitos e 
nas células dos ductos biliares. A IgA inibe o crescimento 
bacteriano na bile. Diversos hormônios, atuando 
principalmente através da via do AMPc, regulam a 
atividade secretória dos colangiócitos. Receptores de 
secretina são expressos na membrana apical dos 
colangiócitos, o que explica porque a secretina produz 
colerese rica em água — isto é, produz uma bile rica em 
HCO3– (alcalina), porém com os ácidos biliares diluídos. 
Da mesma maneira, os hormônios glucagon e peptídeo 
intestinal vasoativo (VIP) também produzem uma 
colerese rica em HCO3– nos ductos biliares. Estes 
hormônios aumentam a [AMPc]i e assim estimulam os 
canais apicais para Cl– e o trocador Cl-HCO3. Um canal 
para Cl– ativado por Ca2+ também é expressona 
membrana apical. O hormônio somatostatina inibe o 
fluxo biliar por reduzir a [AMPc]i, um efeito oposto ao 
produzido pela secretina. 
- A inibição do fluxo biliar induzida pela somastatina 
ocorre tanto pelo aumento da reabsorção de fluidos 
pelos ductos biliares quanto pela inibição da secreção 
de fluido rico em HCO3– pelo ducto. Além disso, à 
medida que a Bile se move para fora dos Canalículos, 
ela é transferida aos Dúctulos Biliares menores por meio 
dos Canais de Hering. 
- Os Dúctulos Biliares são revestidos por Colangiócitos 
(Células Epiteliais Colunares especializadas em 
modificar a composição da Bile). As Junções Firmes que 
unem os Colangiócitos são menos permeáveis do que 
as que unem os Hepatócitos. As Junções são Livremente 
Permeáveis à água e Seletivamente Permeáveis aos 
Eletrólitos e Impermeáveis aos Solutos maiores. Em 
virtude de sua Permeabilidade à água, a Bile torna-se 
Isotônica, e denomina-se bile ductular. A Estimulação 
Hormonal dos Colangiócitos também ativa a Inserção 
Apical de Canais de Água de aqp, que contribuem 
ainda mais para a diluição da Bile. Os Dúctulos também 
servem para recuperar Solutos que foram filtrados para 
a Bile nos Canalículos Permeáveis. Em particular, a 
Glicose é Ativamente Reabsorvida e retorna à Corrente 
Sanguínea. 
- Os Solutos Úteis, como a Glicose e os Aminoácidos são 
recuperados pela atividade de Transportadores 
Específicos dos Colangiócitos. Os íons Cl- da Bile 
também são trocados por íons HCO3- , o que torna a Bile 
levemente Alcalina e reduz o risco de precipitação do 
Ca+2. 
- A Glutationa é quebrada na superfície dos 
Colangiócitos, até seus Aminoácidos Constituintes, pela 
Enzima γ-Glutamiltranspeptidase (GGT), localizada na 
Membrana Apical, e esses produtos são reabsorvidos. 
Esta Enzima foi identificada como Marcador Sérico de 
Lesão dos Colangiócitos. A Recaptação de Glicose e de 
Aminoácidos é provavelmente importante para impedir 
a Proliferação Bacteriana excessiva na Árvore Biliar, o 
que limita a disponibilidade de nutrientes aos 
microrganismos. A Proliferação Excessiva de Bactérias 
nos Dúctulos Biliares tem consequências 
potencialmente graves, visto que as Enzimas 
Bacterianas são capazes de Desconjugar a Bilirrubina, 
gerando um produto que pode formar um sal altamente 
insolúvel com o Ca+2 presente na Bile. 
Modificação da bile nos Ductulos 
Os colangiócitos que 
revestem os dúctulos 
biliares são designados 
especificamente para 
modificar a composição 
da bile. 
•Os solutos úteis (p. ex., 
glicose e aminoácidos) 
são recuperados pela 
atividade de 
transportadores 
específicos. 
•Os íons cloreto na bile 
também são trocados 
por íons HCO3-, tornando 
a bile ligeiramente 
alcalina e reduzindo o 
risco de precipitação de 
Ca++. 
•A glutationa é 
decomposta na 
superfície dos 
colangiócitos em seus 
aminoácidos constituintes pela enzima y-glutamil 
transpeptidase (GGT), e os produtos são reabsorvidos. 
- Em conjunto com a ingestão de uma refeição, a bile 
também é diluída nesse local em resposta a hormônios 
como a secretina, que aumenta a secreção de HCO3- 
e estimula a inserção de canais de água (aquaporinas) 
na membrana apical dos colangiócitos. Desse modo, o 
fluxo biliar aumenta durante o período pós-prandial, 
quando os ácidos biliares são necessários para ajudar na 
assimilação dos lipídeos. 
CIRCULAÇÃO 
- Pela circulação êntero-hepática, os ácidos biliares 
conjugados que foram reabsorvidos ativamente → 
passam através do sangue portal de volta para os 
hepatócitos, onde são eficientemente captados pelos 
transportadores basolaterais que podem ser 
dependentes ou independentes de Na+ (A captação 
basolateral de ácidos biliares para dentro do hepatócito 
é um processo complexo que envolve transportadores 
dependentes de Na+ (NTPC) e transportadores 
independentes de Na+ (OATPs), assim como difusão não 
iônica de ácidos biliares não conjugados). De modo 
semelhante, os ácidos biliares que são desconjugados 
no cólon retornam também para os hepatócitos → onde 
são reconjugados para serem secretados na bile. Assim, 
é produzida uma reserva de ácidos biliares primários e 
secundários, e a síntese diária corresponde a uma 
pequena parte que escapa da captação e é perdida 
nas fezes. A única exceção a essa regra é o ácido 
litocólico, que preferencialmente passa por sulfatação 
no hepatócito, em vez de ser conjugado com a glicina 
ou a taurina. A maior parte dos conjugados sulfatados é 
eliminada do corpo após cada refeição, pois esses 
conjugados não são substratos para o asbt, evitando, 
assim, o acúmulo de moléculas potencialmente tóxicas; 
ABSORÇÃO DOS ÁCIDOS E SAIS BILIARES 
- A maior parte da bile secretada no duodeno encontra-
se na forma conjugada. Muito pouco desses sais biliares 
é reabsorvido no trato intestinal até que estes alcancem 
a porção terminal do íleo, processo este que permite 
que os sais biliares permaneçam em altas 
concentrações ao longo da maior parte do intestino 
delgado, onde estes podem participar da digestão e 
absorção de lipídeos. No entanto, a circulação êntero-
hepática necessita eventualmente recuperar 95% ou 
mais destes sais biliares secretados. Uma parte dessa 
absorção de ácidos biliares pelo intestino é passiva e 
ocorre ao longo de todo o intestino delgado e do cólon. 
Não obstante, o principal componente responsável pela 
absorção de ácidos biliares é ativo e ocorre apenas na 
porção terminal do íleo. 
- A absorção passiva de ácidos biliares ocorre ao longo 
de todo o intestino delgado e cólon, mas é menos 
intensiva do que a absorção ativa. Os mecanismos de 
captação de ácidos biliares através da membrana 
apical consistem em difusão iônica ou difusão não 
iônica → Assim, os ácidos biliares não conjugados 
encontram-se na melhor forma para serem absorvidos 
por difusão não iônica, seguidos dos ácidos biliares 
conjugados à glicina e então dos ácidos biliares 
conjugados à taurina (Dentre estes ácidos biliares não 
conjugados, os ácidos biliares mais lipofílicos, como o 
quenodesoxicolato e o desoxicolato, difundem-se de 
maneira mais eficiente através da membrana apical do 
que os ácidos biliares hidrofílicos, como o ácido cólico.) 
- A absorção ativa de ácidos biliares no intestino ocorre 
estritamente na porção terminal do íleo. Este processo 
ativo absorve preferencialmente os sais biliares 
conjugados carregados negativamente — a forma que 
não é bem absorvida pelo mecanismo de difusão 
passiva. O transportador dependente de Na+ 
responsável pela etapa apical da absorção ativa é 
conhecido como o cotransportador Na/sais biliares, 
ASBT (SLC10A2), relativamente semelhante ao NTCP 
hepático. Uma vez que os sais biliares entram nos 
enterócitos do íleo através de sua membrana apical, 
eles deixam o enterócito através de sua membrana 
basolateral pelo transportador de solutos orgânicos 
(Ostα/Ostβ); 
Outros Componentes da Bile 
- Transporte de colesterol pela membrana canalicular → 
mediado por transporte ativo → transportadores ABC G5 
e ABC G8. 
- Transporte de fosfatidilcolina → transporte ativo → 
transportador da família ABC denominado proteína 
resistente a vários medicamentos do tipo 3 (MDR3). 
- Transporte de água e outros solutos pela via paracelular 
→ Ca++, glicose, glutationa, aminoácidos e ureia → são 
arrastados para o lumen canalicular em concentrações 
próximas a do plasma. 
- Bilirrubina conjugada, vários cátions e ânions orgânicos 
que se originam de metabolitos endógenos e 
xenobióticos → são secretados na bile através da 
membrana apical do hepatócito. 
Papel da vesícula biliar 
- A bile entra nos ductos e é conduzida para o intestino. 
Entretanto, no período entre as refeições, o fluxo é 
bloqueado pela constrição do esfíncter de Oddi e então 
a bile é redirecionada para a vesícula biliar. Os sais 
biliares e determinados componentes da bile são 
concentradosem até 20 vezes dentro do lúmen da 
vesícula biliar, pois são deixados para trás durante a 
absorção isotônica de NaCl e NaHCO3 pelo epitélio de 
vazamento da vesícula biliar. A etapa apical da 
captação de NaCl é eletroneutra e mediada pela 
atividade concomitante dos trocadores Na-H e Cl-
HCO3. Na membrana basolateral, o Na+ deixa a célula 
através da bomba para Na-K, enquanto o Cl– 
provavelmente deixa a célula por canais para Cl–. 
- Tanto a água quanto o HCO3– movem-se 
passivamente do lúmen para o sangue através das 
junções de oclusão, que são bastante permeáveis. A 
água também pode mover-se através da célula. O 
transporte resultante é isotônico, e deixa para trás a bile 
vesicular que também é isotônica, mas apresenta uma 
alta concentração de sais biliares, K+ e Ca2+. O 
transporte de fluidos e eletrólitos resultante através do 
epitélio da vesícula biliar ocorre sob regulação 
hormonal. Tanto o PIV (secretado pelos neurônios que 
inervam a vesícula biliar) quanto a serotonina inibem a 
absorção de fluidos e eletrólitos. Contrariamente, o 
bloqueio αadrenérgico da secreção de PIV aumenta a 
absorção de fluidos. Apesar de a vesícula biliar 
reabsorver o NaCl através da atividade concomitante 
dos trocadores Na-H e do Cl-HCO3 expressos na 
membrana apical, o resultado final é a secreção de íons 
H+. Essa ação neutraliza o HCO3– e acidifica a bile. A 
secreção de H+ pela vesícula biliar protona o conteúdo 
intraluminal. Essa ação aumenta bastante a solubilidade 
de sais de cálcio presentes na bile e reduz a 
precipitação de sais de cálcio e a formação de cálculos 
vesiculares. 
- Os cálculos vesiculares comumente encontrados na 
vesícula biliar possuem um ou diversos sais de cálcio, 
incluindo carbonato, bilirrubinato, fosfato e ácidos 
graxos. A solubilidade de cada um desses compostos 
aumenta significativamente quando ocorre 
acidificação da bile. A vesícula é um saco muscular 
revestido com células epiteliais de alta resistência. 
Durante o armazenamento na vesícula biliar, a bile 
torna-se concentrada devido à reabsorção ativa de íons 
de sódio em troca de prótons (H+), e os ácidos biliares, 
como os principais ânions, são grandes demais para sair 
através das junções oclusivas do epitélio da vesícula 
biliar. 
- No entanto, embora a concentração de ácidos biliares 
possa aumentar em mais de 10 vezes, a bile permanece 
isotônica porque cada micela age como uma única 
partícula osmoticamente ativa. Quaisquer monômeros 
adicionais de ácido biliar que se tornam disponíveis em 
consequência da concentração são incorporados 
imediatamente às micelas mistas preexistentes. Esse fato 
reduz também em algum grau o risco de precipitação 
de colesterol na bile. Entretanto, o colesterol apresenta-
se supersaturado na bile de muitos adultos, 
normalmente com a precipitação sendo inibida pela 
presença de proteínas antinucleantes. 
- O armazenamento prolongado de bile aumenta a 
probabilidade da ocorrência de nucleação, uma boa 
razão para não pular o café da manhã, o que talvez 
possa explicar o motivo pelo qual os distúrbios da 
vesícula biliar são relativamente prevalentes entre os 
humanos. A secreção de muco pelas células do epitélio 
vesicular resulta na formação de um gel polimérico que 
protege a superfície apical do epitélio vesicular dos 
efeitos potencialmente tóxicos dos sais biliares. No 
entanto, a síntese excessiva de mucina pode ser 
deletéria. Por exemplo, em modelos animais de 
colelitíase de colesterol (i.e., formação de cálculos 
vesicais compostos de colesterol), um aumento 
pronunciado da secreção de mucina precede a 
formação de cristais e dos cálculos 
REGULAÇÃO DA LIBERAÇÃO 
- A bile é secretada pela vesícula biliar em resposta aos 
sinais que simultaneamente relaxam o esfíncter de Oddi 
e contraem a musculatura lisa que envolve 
externamente o epitélio da vesícula biliar. Um mediador 
fundamental dessa resposta é a colecistocinina. Além 
disso, é provável que os reflexos neurais intrínsecos e as 
vias vagais, algumas estimuladas pela capacidade da 
colecistocinina em se ligar aos aferentes vagais, 
contribuam também para a contração da vesícula 
biliar. O resultado final é a ejeção de bile concentrada 
para o lúmen do duodeno. Desse modo, quando não 
forem mais necessários, os ácidos são recuperados e 
reintroduzidos na circulação êntero-hepática para 
iniciar o ciclo novamente. No entanto, os outros 
componentes da bile são amplamente eliminados nas 
fezes, possibilitando, assim, a sua excreção do corpo. 
Obs.: Esvaziamento da Vesícula Biliar e o Papel 
Estimulador da Colecistocinina (CCK): o Epitélio é 
sustentado por Músculo Liso, o qual pode alterar o 
calibre do Lúmen da Vesícula Biliar, dependendo da 
presença de Estímulos Neuro-Humorais. Quando o 
alimento começa a ser digerido no Trato Gastrointestinal 
Superior, a Vesícula Biliar começa a se esvaziar, 
especialmente sob a presença de alimentos gordurosos 
no Duodeno cerca de 30 minutos após o início da 
Refeição. O esvaziamento da Vesícula Biliar se dá por 
Contrações Rítmicas da sua Musculatura Lisa aliada ao 
relaxamento do Esfíncter de Oddi, que controla a 
entrada do Ducto Biliar Comum no Duodeno. 
- Colecistocinina (CCK): constitui o estímulo mais 
potente para a contração da Vesícula Biliar. O estímulo 
principal de liberação da Colecistocinina é a presença 
de: (1) Ácidos Graxos de Cadeia Longa e (2) Proleoses e 
Peptonas na Mucosa Duodenal. Acredita-se, também, 
que a ação da CCK seja mediada indiretamente, 
mediada pelo efeito desse Hormônio sobre os Nervos 
que suprem a Vesícula Biliar, bem como sobre Aferentes 
Vagais que são provenientes do Duodeno e que 
coordenam o esvaziamento da Vesícula Biliar com a 
presença de nutrientes no Lu ́men Intestinal; 
- Acetilcolina (ACh): a Vesícula Biliar também é 
estimulada, com menor intensidade, por Fibras Nervosas 
Secretoras de Acetilcolina, provenientes de Ramos do 
Nervo Vago e do Sistema Nervoso Entérico. As Células 
Musculares Lisas expressam Receptores Colinérgicos, 
que respondem a ̀ Acetilcolina (ACh) liberada. 
Armazenamento 
- Efeitos sobre a composição da bile: a bile hepática que 
surge dos ductos biliares é isotônica em relação ao 
plasma, sendo o na+ seu principal cátion, e o clseu 
principal ânion. Os ácidos biliares costumam estar 
presentes numa concentração de cerca de 30 a 50 mm; 
existem pequenas quantidades de k+ e ca+2 e cerca de 
20 a 50 mm de hco3 - . Após seu armazenamento na 
vesícula biliar, a água é removida do lúmen, e a 
concentração de ácidos biliares é aumentada em 
cerca de 10x, enquanto as concentrações de cl- e de 
hco3 - diminuem de modo acentuado. Por outro lado, 
as concentrações de todos os cátions na bile 
aumentam, embora em menor grau do que as dos 
ácidos biliares, indicando que os cátions também estão 
sujeitos à absorção efetiva pelo epitélio da vesícula 
biliar. 
- A concentração de íons ca+2 , aumenta de maneira 
desproporcional em comparação com a do na+ e do 
k+ , devido ao fenômeno conhecido como equilíbrio de 
gibbsdonnan, em que os cátions bivalentes são retidos 
de modo mais intenso em determinado compartimento 
contendo proteínas do que os ânions monovalentes. 
Apesar do acentuado aumento na soma de ânions e 
cátions durante o armazenamento da bile pela vesícula 
biliar, a bile permanece isotônica. Como isso é possível? 
A resposta encontra-se no fato de que a maior parte das 
moléculas de ácidos biliares está fisicamente na forma 
de micelas mistas, que também contêm colesterol e 
fosfatidilcolina. Uma vez alcançada a concentração 
micelar crítica (cmc), a concentração monomérica de 
ácidos biliares não se modifica. Qualquer molécula 
adicional de ácido biliar é imediatamente incorporada 
nas micelas existentes. 
METABOLISMO DA BILIRRUBINA 
- A bilirrubina tem origem na degradação do heme 
presente em algumas proteínas, como: 
 Hemoglobina: 70-80%da bilirrubina produzida 
diariamente (250 a 400 mg em adultos); 
 Mioglobina; 
 Cytocromos, entre outras. 
- O aumento na sua produção acontece em maior 
turnover de glóbulos vermelhos, como na Hemólise 
intravascular. 
- A molécula do heme é constituída por quatro anéis 
pirrólicos ligados por pontes de carbono e um átomo 
central de ferro. A bilirrubina é gerada a partir da 
degradação do heme, sendo mediada por dois grupos 
de enzimas: Heme oxigenasse e Biliverdina redutase. A 
heme oxigenase está presente em altas concentrações 
nas: Células do sistema retículo-endotelial do baço e 
Células de Kupffer. 
- Essa enzima catalisa a reação de abertura do anel e, 
assim há liberação de: 1 molécula de CO que será 
excretada pela via pulmonar, 1 átomo de ferro que será 
reutilizado e, finalmente, com a formação da molécula 
de biliverdina, que será transformada em bilirrubina pela 
ação da enzima biliverdina redutase > transforma em 
Bilirrubina IXa que é conjugada. 
- A bilirrubina não-conjugada formada vai para o 
plasma onde se liga fortemente à molécula de 
albumina. Nos sinusoides hepáticos, o complexo 
bilirrubina-albumina dissocia-se, a molécula de 
bilirrubina entra por difusão facilitada (a favor de um 
gradiente de concentração, sem o consumo de 
energia) e a albumina retorna à circulação sistêmica. 
Esse processo é bidirecional. No interior da célula, a 
bilirrubina se liga a GSTs (glutationa-S-transferases). Esse 
complexo reduz o efluxo da bilirrubina internalizada, 
aumentando sua concentração no interior da célula. 
CURIOSIDADE! Algumas drogas interferem na entrada da 
bilirrubina no hepatócito, como: Rifampicina; e 
Contrastes utilizados para colecistografia. 
- Em cirróticos, a bilirrubina produzida no baço pode 
chegar ao fígado por colaterais portossistêmicos. Além 
disso, o endotélio fenestrado dos sinusóides, pode 
perder sua fenestração, criando uma barreira entre o 
plasma e os hepatócitos, resultando no aumento da 
concentração da bilirrubina não-conjugada. A 
conjugação da bilirrubina com os resíduos glicosídicos 
ocorre pela ação da UGT (bilirrubinaUDP-glucoronosil-
transferase), Enzima encontrada em maior 
concentração no fígado, mas também nas células do 
túbulo renal e nos enterócitos. A partir do momento em 
que a bilirrubina é conjugada pela ação da UGT, torna-
se solúvel em água, podendo ser eliminada pela: Urina 
e Bile. 
- Diglicoronide de bilirrubina é o pigmento predominante 
na bile do adulto normal, representando mais de 80% do 
pigmento total. 
CURIOSIDADE! Fatores que inibem o complexo 
bilirrubinaUGT podem ser secretados no leite materno, 
causando a “icterícia do leite materno”. A deficiência 
de bilirrubina-UGT pode ser observada em neonatos, nas 
hepatites crônicas e em certos erros inatos do 
metabolismo, como na síndrome de Gilbert e na 
síndrome de Crigler- Najjar tipos I e II. 
- A excreção da bilirrubina conjugada ocorre através da 
membrana dos canalículos biliares, contra um 
gradiente de concentração, envolvendo transporte 
ativo. Há quatro transportadores canaliculares, sendo o 
mais importante o Transportador multiespecífico de 
ânions orgânicos (cMOAT). A excreção da bilirrubina 
conjugada está prejudicada em condições adquiridas, 
como: Hepatites virais ou alcoólicas; e colestase da 
gestação. E em situações congênitas, como: Síndrome 
de Dubin-Johnson; Síndrome de Rotor; e Colestase intra-
hepática benigna recorrente. 
DEGRADAÇÃO NO TRATO GI 
O pigmento biliar aparece na bile, predominantemente, 
na sua forma conjugada (> 98%). A bilirrubina conjugada 
é solúvel em água e não é absorvida através do epitélio 
do intestino delgado. Já a molécula não-conjugada é 
reabsorvida, participando da circulação êntero-
hepática. 
 
- No cólon, as bactérias reduzem a molécula de 
bilirrubina, formando o urobilinogênio, dando a 
coloração característica das fezes. 
A!! Nas situações em que há obstrução completa do 
trato biliar ou colestase intra-hepática severa, as fezes 
adquirem coloração esbranquiçada. O urobilinogênio e 
seus derivados são absorvidos no intestino, participando 
da circulação êntero-hepática. 
- Eventualmente, são excretados na urina e nas fezes. No 
plasma, a bilirrubina conjugada corresponde a 4%. 
Porém, essa relação pode se alterar em algumas 
doenças, como: 
- Erros inatos na 
conjugação da 
bilirrubina: porcentagem 
de bilirrubina direta 
diminui; 
- Obstrução biliar ou 
doença hepatocelular: 
bilirrubina conjugada e 
não-conjugada estão 
aumentadas no plasma; 
- Icterícia hemolítica: da 
bilirrubina total, porém 
mantém a proporção de 
bilirrubina não-conjugada > a conjugada. 
Toxicidade da bilirrubina 
- A bilirrubina não-conjugada é tóxica para células e 
suas organelas. 
- Por isso, há alguns mecanismos fisiológicos protetores, 
como: Ligação à albumina plasmática; Rápida entrada 
da molécula no hepatócito, sua conjugação e seu 
clearance pelo fígado. Porém, quando sua 
concentração aumenta muito, principalmente em 
neonatos, começam a surgir evidências de danos no 
SNC, como encefalopatia severa.

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