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DIGESTÓRIO PÂNCREAS - ANATOMIA - O pâncreas é uma glândula acessória da digestão, alongada, retroperitoneal, situada sobrejacente e transversalmente aos corpos das vértebras LI e L II (o nível do plano transpilórico) na parede posterior do abdome. - Situa-se atrás do estômago, entre o duodeno à direita e o baço à esquerda. O pâncreas produz: • Secreção exócrina (suco pancreático produzido pelas células acinares) que é liberada no duodeno através dos ductos pancreáticos principal e acessório; • Secreções endócrinas (glucagon e insulina, produzidos pelas ilhotas pancreáticas [de Langerhans]) que passam para o sangue. - Para fins descritivos, o pâncreas é dividido em cabeça, colo, corpo e cauda. - A cabeça do pâncreas é a curvatura em forma de C do duodeno à direita dos vasos mesentéricos superiores logo abaixo do plano transpilórico. Está firmemente fixada à face medial das partes descendente e horizontal do duodeno. O processo uncinado, uma projeção da parte inferior da cabeça do pâncreas, estende-se medialmente para a esquerda, posteriormente à AMS. A cabeça do pâncreas está apoiada posteriormente na VCI, artéria e veia renais direitas, e veia renal esquerda. Em seu trajeto para se abrir na parte descendente do duodeno, o ducto colédoco situa-se em um sulco na face posterossuperior da cabeça ou está inserido em sua substância. O colo do pâncreas está situado sobre os vasos mesentéricos superiores, que deixam um sulco em sua face posterior. A face anterior do colo, coberta por peritônio, está situada adjacente ao piloro do estômago. A VMS une- se à veia esplênica posterior ao colo para formar a veia porta. - O corpo é o prosseguimento do colo e situa-se à esquerda dos vasos mesentéricos superiores, passando sobre a aorta e a vértebra L II, logo acima do plano transpilórico e posteriormente à bolsa omental. A face anterior do corpo do pâncreas é coberta por peritônio, está situada no assoalho da bolsa omental e forma parte do leito do estômago. A face posterior do corpo do pâncreas não tem peritônio e está em contato com a aorta, AMS, glândula suprarrenal esquerda, rim esquerdo e vasos renais esquerdos. - Cauda: anterior ao rim esquerdo, relativamente móvel. - Ducto pancreático principal: começa na cauda e atravessa o parênquima até a cabeça e tem relação intima com o ducto colédoco que se unem para formar a ampola hepatopancreática (VATER), QUE SE ABRE NO DUODENO, no cume da papila maior do duodeno. - Músculo esfíncter do ducto pancreático (parte terminal do ducto), músculo esfíncter do ducto colédoco e esfíncter da ampola hepatopancreática (de Oddi) – Músculo liso – controle do fluxo de bile e suco pancreático e impedem o refluxo. - O ducto pancreático acessório abre-se no duodeno no cume da papila menor do duodeno. Em geral, o ducto acessório comunica-se com o ducto pancreático principal. Em alguns casos, o ducto pancreático principal é menor do que o ducto pancreático acessório e pode não haver conexão entre os dois. Nesses casos, o ducto acessório compensa o fluxo de suco. PÂNCREAS – VASCULARIZAÇÃO - Tronco celíaco gera as artérias gástrica esquerda (sem relação), esplênica (origina pancreática dorsal, magna, caudal e inferior – corpo e cauda) e hepática comum (gera hepática própria e gastroduodenal – que gera pancreáticoduodenal superior anterior e posterior). - artéria Mesentérica superior – gastroduodenal inferior anterior e posterior. - Veias pancreáticoduodenal, mesentérica supeior e esplênica drenam para a veia porta que drena para a veia cava inferior. - Os vasos linfáticos acompanham os vasos sanguíneos. A maioria termina nos linfonodos pancreaticoesplênicos, situados ao longo da artéria esplênica. Alguns vasos terminam nos linfonodos pilóricos. Os vasos eferentes desses linfonodos drenam para os linfonodos mesentéricos superiores ou para os linfonodos celíacos através dos linfonodos hepáticos. PÂNCREAS – INERVAÇÃO - Parassimpático: nervo esplâncnico, gânglio celíaco e nervo vago. Secretomotoras, porém a secreção pancreática é mediada principalmente por secretina e colecistocinina (secretados pelas células do duodeno sob o estímulo do conteúdo estomacal. - Simpático: T5-T9 (tóraco-lombar). PÂNCREAS - HISTOLOGIA - O pâncreas exócrino é uma glândula serosa, parecido com a parótida. As unidades secretoras apresentam formato piramidal acinoso, o TC periacinoso é escasso. - As células secretoras serosas do ácino produzem os precursores das enzimas digestivas secretadas no pâncreas. o ducto intercalar é a porção inicial e se inicia dentro do ácino. No interior do ácino estão as células centroacinosas. 1) Células Acinosas: - Basofilia no citoplasma e grânulos de zimogênio na região apical (acidófilo). Muito RER devido a intensa atividade. Apical apresenta microvilosidades e os grânulos de zimogenios são liberados por exocitose. 2) Células centroacinosas: - início do sistema ductal do pâncreas exócrino, citoplasma fino (típico de célula pavimentosa). A unidade estrutural do ácino e as células centroacinosas assemelham-se a um pequeno balão (o ácino), dentro do qual foi introduzido um canudo (o ducto intercalar). 3) Grânulos de zimogênio: - mais em jejum, proezimas digestivas (inativas). 4) Enzimas pancreáticas: - Endopeptidades proteolíticas (tripsinogênio, quimiotripsinogênio) e exopeptidases proteolíticas (procarboxipeptidade, proaminopeptidase) – Digerem por meio de clivagem de ligações peptídicas internas (endopeptidases) ou aminoácidos terminais. - Enzimas amilolíticas (alfa-amilase) cliva ligações glicosídicas. - Lipases – cliva ligações éster de TG produzindo AGL. Arthur Rodrigues | @arthurnamedicina - Enzimas nucleolíticas (desoxirribonuclease e ribonuclease) digerem os ácidos nucleicos, produzindo mononucleotídios. Obs: são ativadas apenas quando alcançam o lúmen do intestino delgado. No início, a atividade proteolítica das enzimas enteroquinases no glicocálice das microvilosidades das células absortivas intestinais converte o tripsinogênio em tripsina, uma enzima proteolítica potente. Em seguida, a tripsina catalisa a conversão das outras enzimas inativas, bem como a digestão de proteínas no quimo. 5) Sistema Ductal: - Os ductos intercalares são curtos e drenam para os ductos coletores intralobulares > drena para os ductos interlobulares maiores, que são revestidos por um epitélio colunar baixo no qual podem ser encontradas células enteroendócrinas e células caliciformes ocasionais > ducto pancreático principal, que percorre todo o comprimento da glândula paralelamente a seu eixo longo. Um segundo ducto grande, o ducto pancreático acessório, origina-se na cabeça do pâncreas. Os ductos intercalares adicionam bicarbonato e água à secreção exócrina. O pâncreas secreta cerca de 1ℓ de líquido por dia, aproximadamente igual ao volume inicial da secreção biliar hepática. Enquanto a bile é concentrada na vesícula biliar, todo o volume da secreção pancreática é liberado no duodeno. Enquanto os ácinos secretam um pequeno volume de líquido rico em proteínas, as células dos ductos intercalares secretam um grande volume de líquido rico em sódio e bicarbonato. O bicarbonato serve para neutralizar a acidez do quimo que entra no duodeno a partir do estômago e também para estabelecer o pH ideal para a atividade das principais enzimas pancreáticas. CONTROLE DA SECREÇÃO PANCREÁTICA - Secretina: é um Hormônio Polipeptídico que estimula as Células Ductais a secretar um grande volume de líquido com uma elevada concentração de HCO3 – porém pouco ou nenhum Conteúdo Enzimático; • Colecistocinina (CCK): Hormônio Polipeptídico que faz com que as Células Acinosas secretem suas Pró- Enzimas. A ação coordenada dos dois Hormônios resulta na secreção no Duodeno de um grande volume deLíquido Alcalino rico em Enzimas; • Inervação Autônoma: Simpáticas (Fluxo Sanguíneo). As Fibras Parassimpáticas (atividade das Células Acinosas, bem como das Células Centroacinosas). VESÍCULA BILIAR - ANATOMIA - A vesícula biliar apresenta de 7 a 10 cm de comprimento, situa-se na fossa da vesícula biliar, região na face visceral do fígado, mais precisamente na junção das porções direita e esquerda do fígado. Apresenta íntima relação com o duodeno. É um derivado secundário do intestino anterior embrionário. consegue armazenar até 50 ml de bile. O peritônio circunda completamente o fundo da vesícula biliar e une seu corpo e colo ao fígado. A face hepática da vesícula biliar fixa-se ao fígado por tecido conjuntivo da cápsula fibrosa do fígado. A vesícula biliar se divide em três porções: • Fundo: extremidade larga e arredondada do órgão que geralmente se projeta a partir da Margem Inferior do Fígado na extremidade da 9ª Cartilagem Costal Direita na Linha Hemiclavicular; • Corpo: parte principal, que toca a Face Visceral do Fígado, o Colo Transverso e a Parte Superior do Duodeno; • Colo: extremidade estreita e afilada, oposta ao fundo e voltada para a porta do Fígado; normalmente faz uma curva em forma de S e se une ao Ducto Cístico. - O ducto cístico (3 a 4 cm de comprimento) une o colo ao ducto hepático comum. A túnica mucosa do colo forma a prega espiral (válvula espiral) - abertura do ducto cístico. Assim, a bile é facilmente desviada para a vesícula biliar quando a extremidade distal do ducto colédoco é fechada pelo músculo esfíncter do ducto colédoco e/ou músculo esfíncter da ampola hepatopancreática; ou a bile passa ao duodeno mediante a contração da vesícula biliar. Essa prega também oferece resistência adicional ao esvaziamento súbito da bile quando há o aumento súbito da pressão intrabdominal, como nos atos de espirrar ou tossir. O ducto cístico segue entre as lâminas do omento menor, geralmente paralelo ao ducto hepático comum, ao qual se une para formar o ducto colédoco. - O ducto colédoco (ducto biliar comum) se forma na margem livre do omento menor pela união entre os ductos cístico e ducto hepático comum. Seu comprimento varia de 5 a 15 cm, dependendo do local onde ocorre essa união. O ducto colédoco realiza um trajeto descendente posteriormente à parte superior do duodeno e se situa em um sulco na face posterior da cabeça do pâncreas. No lado esquerdo da parte descendente do duodeno, o ducto colédoco entra em contato com o ducto pancreático. Esses ductos seguem obliquamente através da parede dessa parte do duodeno, onde se unem para formar uma dilatação, a ampola hepatopancreática, que se abre através da papila maior. O músculo circular ao redor da extremidade distal do ducto colédoco é mais espesso para formar o músculo esfíncter do ducto colédoco (l. Ductus choledochus). VESICULA BILIAR - VASCULARIZAÇÃO - Arterial: provém da artéria cística (ramo da artéria hepática direita (entre o ducto hepático comum, cístico e a face visceral do fígado – trígono cisto-hepático). - Venosa: colo e ducto cístico (veias císticas – entram no fígado e drenam pela veia porta). Fundo e corpo – sinusóides hepáticos (leito capilar) – sistema porta adicional. VESICULA BILIAR – INERVAÇÃO - Parassimpático: plexo celíaco, vago, frênico direito. (Contraçoes da vesícula e relaxamento dos esfíncteres na ampola hepatopancreática – mediado por CCK). VESÍCULA BILIAR - HISTOLOGIA - A vesícula biliar é uma bolsa cega que se liga ao ducto cístico, por onde, através deste, recebe a bile do ducto hepático. A vesícula biliar é capaz de armazenar e remover cerca de 90% de água da bile, o que resulta em um aumento de até 10 vezes da concentração de sais biliares, colesterol e bilirrubina. Os hormônios secretados pelas células enteroendócrinas do intestino delgado em resposta às refeições gordurosas que alcançam a porção proximal do duodeno estimulam a contração do músculo liso da vesícula biliar. Devido à essas contrações, a bile é lançada no ducto biliar comum, transportando-a ao duodeno. • Túnica mucosa: quando vazia ou parcialmente cheia, a vesícula biliar tem numerosas pregas mucosas profundas. A superfície mucosa consiste em epitélio simples colunar, onde as células epiteliais colunares altas exibem: o microvilosidades na superfície apical, Complexos juncionais na superfície apical que reúnem células adjacentes e formam uma barreira, lúmen e o compartimento intercelular; Mitocôndrias concentradas no citoplasma basal e apical; o Pregas laterais complexas. - Epitélio: se assemelham aos enterócitos. Na membrana basal conteém NaKAtpase; na apical vesículas secretoras. - Lâmina Própria: capilares fenestrados, venular, sem vasos linfáticos. Algumas vezes aparecem células secretoras de muco. - Muscular da mucosa > Submucosa > Muscular: externa e interna; - Túnica adventícia: camada espessa de TC Denso, contém vaos, linfáticos, nervos aotonômicos (plexo mioentérico). - O TC é rico em fibras elásticas e tecido adiposo. Além disso, os divertículos profundos da mucosa, denominados seios de rokitansky-aschoff, algumas vezes estendemse através da muscular externa. Acredita-se que eles prenunciem alterações patológicas e se desenvolvam como resultado de hiperplasia (crescimento excessivo das células) e herniação das células epiteliais através da muscular externa. Além disso, bactérias podem se acumular nesses seios, causando inflamação crônica que é um fator de risco para a formação de cálculos biliares. SUCO PANCREÁTICO - O pâncreas exócrino se organiza de modo semelhante às glândulas salivares. O ácino é o fundo cego do sistema ductal, revestido pelas células acinares que secretam a porção enzimática. Os ductos são revestidos pelas células epiteliais ductais, as quais se estendem para uma região especial de células centroacinares no ácino. As células centroacinares e as células ductais secretam o componente que contém hco3. O volume da secreção pancreática oscila em torno de 1,2 litros/ 24 horas, estando o seu ph 8,2. (1) secreção hidrelática, rica em água, eletrólitos, hco3 - e na+ ; (2) secreção ectabólica, que contém enzimas digestivas. As secreções do pâncreas são quantitativamente as maiores contribuintes para a digestão enzimática. O pâncreas fornece as substâncias que regulam a ação ou a secreção (ou ambas) de outros produtos pancreáticos, bem como água e íons de bicarbonato. Este último produto pancreático está envolvido na neutralização do ácido gástrico de modo que o lúmen do intestino delgado apresente um pH próximo de 7. Esse aspecto é importante, pois as enzimas pancreáticas são inativadas por acidez, e também porque a neutralização do ácido gástrico reduz a possibilidade de que a mucosa do intestino delgado seja lesada. O pâncreas é o maior supridor dos íons de bicarbonato, embora os ductos biliares e as células epiteliais duodenais também contribuam. O pâncreas apresenta uma estrutura que consiste em ductos e ácinos. As células acinares pancreáticas revestem as extremidades cegas de um sistema ductal ramificado que eventualmente é esvaziado para o ducto pancreático principal e dessa região para o intestino delgado sob controle do esfíncter de Oddi. A secreção primária ocorre nos ácinos e é, então, modificada quando passa pelos ductos pancreáticos. Em geral, as células acinares suprem os componentes orgânicos do suco pancreático na secreção primária, cuja composição iônica é comparável à do plasma, enquanto os ductos diluem e alcalinizam o suco pancreático ao mesmo tempo em que reabsorvem íons cloreto. - Os principais componentes do suco pancreático, estão listados no Quadro. Essa lista também resume as funções dos produtos secretores do pâncreas. Muitas das enzimas sãoinativas (importante na prevenção da digestão do próprio pâncreas). Secreção Acinar - Mediado Por CCk Enzimas Pancreáticas - digestão de carboidratos, proteínas, lipídios, fibras e nucleotídeos. As mais importantes são a tripsina, a quimotripsina e a carboxipolipeptidase, sendo a mais abundante desse grupo a tripsina. Tanto a tripsina quanto a quimotripsina hidrolisam proteínas a peptídeos de tamanhos variados, sem levar à liberação de aminoácidos individuais. Entretanto, a carboxipolipeptidase cliva alguns peptídeos até aminoácidos individuais, completando assim a digestão de algumas proteínas até aminoácidos. digestão de carboidratos - amilase pancreática, que hidrolisa amidos, glicogênio e outros carboidratos (exceto celulose), para formar dissacarídeos e trissacarídeos. gorduras - (01) a lipase pancreática, capaz de hidrolisar gorduras neutras a ácidos graxos e monoglicerídeos; (02) a colesterol esterase, que hidrolisa ésteres de colesterol; (03) e a fosfolipase A2, que cliva os ácidos graxos presentes na estrutura dos fosfolipídios. Quando intetizadas, são inativas, denominadas tripsinogênio, quimotripsinogênio e procarboxipolipeptidase, ativadas só no intestino. O tripsinogênio é ativado pela enzima denominada enterocinase, quando o quimo entra em contato com a mucosa. Além disso, o tripsinogênio pode ser ativado por processo autocatalítico pela própria tripsina já formada pela ação da enterocinase; semelhantemente, o quimotripsinogênio e a procarboxipolipeptidase são clivadas para suas formas ativas também pela tripsina. O ácino produz INIBIDOR DE TRIPSINA. Essa substância é formada no citoplasma das células glandulares e inativa a tripsina ainda nas células secretoras, tanto nos ácinos como nos ductos pancreáticos. As enzimas proelastases, por sua vez, são convertidas em elastases que, então, digerem as fibras da proteína elastina abundante nas carnes. Enzimas Pancreáticas - Síntese 1. São sintetizadas com um Peptídeo Sinalizador em sua Extremidade N-terminal, que as direciona para o Complexo de Golgi e a Via Secretora e que presumivelmente impede o acesso dessas Proteínas potencialmente nocivas ao Citosol da célula; 2. As várias Proteínas Pancreáticas estão misturadas dentro do Grânulo de Zimogênio, e as proporções relativas que são liberadas refletem, em geral, as taxas relativas de síntese inicial; 3. A longo prazo, a taxa de síntese de classes específicas de Enzimas pode ser regulada em resposta a alterações na dieta. Por exemplo, um aumento na proporção de calorias supridas por Carboidratos irá resultar finalmente na expressão aumentada da Amilase Pancreática em relação às Enzimas Pancreáticas Totais. Essa resposta é mediada pela Insulina; 4. Ocorrem alterações correspondentes nas Enzimas Hidrolíticas responsáveis pela Digestão de cada uma das principais classes de nutrientes. A inibição a curto prazo da Secreção Pancreática relacionada com nutrientes também pode ocorrer em caso de Hiperglicemia, ou quando são infundidos Aminoácidos Livres no plasma; 5. Após uma refeição, as Enzimas Pancreáticas são então rapidamente ressintetizadas e novamente acondicionadas em Grânulos, um processo que leva, ao todo, menos de uma hora, deixando a Célula pronta para responder à próxima refeição. SECREÇÃO DUCTULAR - O suco pancreático consiste em uma solução isotônica que contém NA+, CL-, K+ E HCO3-. na+ e k+ são equivalentes às do plasma, mas as concentrações de CL- E HCO3 - variam de acordo com a intensidade de fluxo pancreático. Quando o pâncreas é estimulado a secretar quantidades abundantes de suco pancreático, a concentração de íons bicarbonato pode aumentar e atingir um valor aproximadamente cinco vezes maior do que a concentração desses íons no plasma. Desse modo, o suco pancreático se torna alcalino (7,6 a 8,2) e serve para neutralizar o quimo (evita úlceras). As células centroacinares e as ductais produzem a secreção aquosa inicial, que é isotônica e contém NA+, K+, CL− e HCO3−. - Os ductos do pâncreas podem ser considerados como o braço efetor de um sistema regulador de pH (detectores) destinado a responder ao ácido luminal no intestino delgado e a secretar apenas bicarbonato suficiente para restaurar a neutralidade do pH; As etapas básicas do mecanismo celular da secreção da solução de íons bicarbonato nos ductos pancreáticos são as seguintes: 1) O dióxido de carbono se difunde para as células, a partir do sangue no polo basolateral e, sob influência da anidrase carbônica, se combina com a água para formar o ácido carbônico que vira íons bicarbonato e íons hidrogênio. O hidrogênio é reciclado no próprio polo basolateral por meio de um trocador sódio- hidrogênio tipo 1 e/ou tipo 4 (NHE-1 e NHE-4), para manter a eletronegatividade celular constante e o gradiente de concentração de sódio baixo. Esse gradiente é auxiliado por uma “bomba de sódio e pota ́ssio” (Na- KATPase) presente na membrana basolateral, que bombeia 3 íons sódio para o sangue e capta 2 íons potássio para o interior de célula. 2) Outros íons bicarbonato são captados da corrente sanguínea por um cotransportador basolateral de sódio/bicarbonato pancreático (pNBC1), que aproveita a baixa concentração de sódio intracelular e aumenta o influxo desse íon para a célula acinar, fornecendo energia suficiente para o simporte de íons bicarbonato para o interior da célula concomitante à entrada de sódio no interior da célula acinar. Esse sódio, por sua vez, passa para o ducto pancreático por difusão simples (auxiliando na formação final de bicarbonato de sódio) ou é “bombeado” de volta para a corrente sangui ́nea pela Na-KATPase, a qual mantém o gradiente de concentração de sódio celular baixo e favorável para a sua posterior trocar com o íon hidrogênio (NHE-1 e NHE- 4) e bicarbonato (pNBC1). 3) Na membrana apical ou luminal da célula acinar, ocorre a difusão de cloreto do meio intracelular para o lúmen do ducto pancreático, a partir do canal de cloreto CFTR (canal de cloreto regulador da condutância transmembrânica da fibrose cística). O cloreto, quando transportado para o meio extracelular, rapidamente penetra novamente na célula através de um trocador de cloreto-bicarbonato, denominado SLC26a6. Assim, ocorre o movimento de dois íons bicarbonato para o ducto pancreático em troca da entrada do cloreto na célula, fazendo assim o movimento iônico de entrada do cloreto na composição do suco pancreático. 4) O movimento dos íons sódio e bicarbonato do sangue para o ducto cria um gradiente de pressão osmótica que causa fluxo paracelular de água, para o ducto pancreático, formando uma solução quase isosmótica. - O bicarbonato de sódio do suco pancreático, ao entrar em contato com o ácido clorídrico, realiza uma reação cujos produtos são o cloreto de sódio e o ácido carbônico. O AC carbônico se dissocia em CO2 e água: o CO2 é transferido para o sangue e expelido pelos pulmões, deixando uma solução neutra de cloreto de sódio no duodeno > o conteúdo ácido vindo do estômago para o duodeno é neutralizado, de maneira que a atividade digestiva peptídica dos sucos gástricos no duodeno seja imediatamente bloqueada. FASES DA SECREÇÃO PANCREÁTICA - A secreção pancreática ocorre em três fases: a fase cefálica, a fase gástrica e a fase intestinal. Suas características são as seguintes: (01) durante as fases cefálica e gástrica, as secreções possuem pequeno volume de água e íons bicarbonato e elevadas concentrações de enzimas digestivas, refletindo a estimulação predominante das células acinares sobre as células do ducto pancreático, sendo que essa estimulação por estímulo vagal colinérgico durante a fase cefálica e dos reflexos vagovagais ativados pela distensão gástrica na fase gástrica; (02) durante afase intestinal, por outro lado, a secreção dos ductos é fortemente ativada, resultando na produção de grandes volumes de suco pancreáticos ricos em água e bicarbonato de sódio e com concentrações menores de enzimas digestivas, embora elas estejam em quantidades ainda maiores durante a fase intestinal. Regulação - Quatro estímulos básicos: (01) a acetilcolina (5-HT), liberada pelo nervo vago parassimpático e por outros nervos colinérgicos para o sistema nervoso entérico (S.N.E); 02) a colecistocinina (CCK), secretada pela mucosa duodenal e do jejuno superior, quando o alimento entra no intestino delgado; (03) a secretina, também secretada pelas mucosas duodenal e jejunal, quando alimentos muito ácidos entram no intestino delgado (04) e a gastrina, liberada em grandes quantidades durante a Fase Gástrica de Secreção Gástrica, Também estimula mais as Células Ductais; Os dois primeiros estímulos (Ach e CCK) estimulam as células acinares do pâncreas, levando à produção de grande quantidade de enzimas, mas com quantidade relativamente pequena de água e bicarbonato que vão com as enzimas; sem a água, a maior parte das enzimas ficam armazenadas temporariamente nos ácinos; secretina, em contrapartida, estimula a secreção de grandes volumes de solução aquosa de bicarbonato de sódio pelo epitélio do ducto pancreático, compondo assim o suco pancreático final; - Quando todos os diferentes estímulos agem ao mesmo tempo, a secreção total é bem maior do que a soma das secreções causadas por cada um deles separadamente. Por isso, considera-se que os diversos estímulos agem de maneira “potencializadora” da secreção pancrea ́tica, a qual normalmente resulta de efeitos combinados de múltiplos estímulos básicos, e não apenas de um só. Esse fator é evidenciado pelas porcentagens relativas de suco pancreático liberado durante as fases cefálica e gástrica (cerca de 20- 30%), em que a liberação de acetilcolina é predominante (5- HT), e na fase intestinal, onde há liberação concomitante de 5-HT, CCK e secretina, correspondendo à cerca de 70-80% da secreção pancreática total. Processo de Secreção de HCO3- - No nível celular, a secretina estimula as células epiteliais a secretar bicarbonato no lúmen ductular, com a água seguindo através da via paracelular para manter o equilíbrio osmótico. A secretina aumenta o monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) nas células ductulares, e desse modo abre os canais de Cl do regulador da condutância transmembrana na fibrose cística (CFTR) e causa um fluxo de Cl- no lúmen do ducto. Posteriormente, esse processo direciona (estimula) a atividade de um antiporte adjacente que troca os íons de cloreto por bicarbonato. O CFTR é também permeável ao bicarbonato. Portanto, o processo de secreção de bicarbonato depende do CFTR, que fornece uma explicação para os defeitos na função pancreática observados na doença da fibrose cística, na qual o CFTR sofre mutações. - O bicarbonato necessário vem de duas fontes: Uma parte é levada através da membrana basolateral das células epiteliais ductais por meio do transportador NBC- 1 (cotransportador [simporte] de sódio/bicarbonato do tipo 1). É importante recordar que o processo de secreção gástrica ácida resulta maré alcalina, que servem como fonte do bicarbonato a ser secretado pelo pâncreas. Entretanto, o bicarbonato também pode ser gerado na região intracelular por meio da atividade da enzima anidrase carbônica. O efeito final é o movimento de para o lúmen, aumentando, assim, o pH e o volume do suco pancreático. As células do ducto que contribuem com o componente líquido e o bicarbonato de sódio no suco pancreático. - Os eventos de transporte da membrana que ocorrem na secreção de íons pelos ductos são impulsionados, predominantemente, pela via de sinalização celular da adenilil-ciclase e do AMPc, que fosforila o canal de cloreto regulador da condutância transmembrânica da fibrose cística (CFTR), localizado na membrana apical dessa célula. Esse canal possibilita o efluxo de íons cloreto, os quais podem ser trocados por bicarbonato através de um trocador apical de cloreto-bicarbonato (SLC26a6), promovendo assim o movimento de íons bicarbonato dentro do lúmen dos ductos. O principal secretagogo que atua nessa via é a secretina que, através do aumento do AMPc intracelular, fosforila os canais CFTR e causa o mecanismo de efluxo de bicarbonato; Pancreatite - Os distúrbios inflamatórios do pâncreas variam quanto à gravidade - de doenças moderadas autolimitadas a processos amplamente destrutivos que representam risco de morte - e estão associados a déficits que podem ser triviais e passageiros ou sérios e permanentes. - Na pancreatite aguda, a função pode voltar ao normal se a causa subjacente da inflamação for removida. A pancreatite crônica, em contraste, é definida pela destruição irreversível do parênquima pancreático exócrino. AGUDA - A Pancreatite Aguda (PA) é um processo inflamatório súbito (agudo) e etiologia variada, geralmente acompanhado de comprometimento sistêmico. Conceitua-se pela possibilidade de restituição do pâncreas e recuperação clínica do paciente, se a causa da agressão à glândula for removida. O evento que dá início ao processo está relacionado a uma agressão direta da glândula, geralmente por deficiência na drenagem e escoamento do suco pancreático. Ocorre, uma auto-digestão da glândula pelas enzimas pancreáticas. - Achados: dor abdominal, náuseas e vômitos. a dor abdominal geralmente com início no epigástrio, com irradiação para a região dorsal. Em geral, o exame físico revela taquicardia; hipotensão, taquipneia, dispneia e febre são vistos nos casos mais graves, sendo que confusão, delírio e coma podem estar presentes. Sensibilidade à palpação, sendo possível ver reação de defesa nos casos mais extremos. Pode-se observar a macicez à percussão nos campos pulmonares inferiores na presença de derrame pleural. Achados clínicos mais raros, como a presença de equimoses em flancos (sinal de Grey-Turner) ou em região periumbilical (sinal de Cullen), resultam do extravasamento de fluidos e sangue do retroperitônio para essas regiões. A icterícia também pode estar presente se houver obstrução biliar por um cálculo. Tipicamente, o quadro é acompanhado por elevação dos níveis séricos de amilase e lipase e pela evidência radiológica de inflamação, edema e/ou necrose do órgão. Aparentemente, após surto agudo de pancreatite, há recuperação completa da estrutura e da função pancreática. Entretanto, quando o dano celular é importante, pode haver evolução para a inflamação crônica e fibrose, características típicas da pancreatite crônica. - Causas: As principais causas de pancreatite aguda são: (01) litíase biliar; (02) álcool e tabagismo; (03) drogas, toxinas e fatores metabólicos; (04) obstrução do ducto pancreático; (05) infecções e pancreatite autoimune; (06) herança genética; (07) e causas idiopáticas. Em detalhes, a etiologia da pancreatite aguda é descrita a seguir: 1) Litíase Biliar: obstrução transitória do ducto pancreático é o evento iniciador da pancreatite aguda biliar; apenas 5% dos pacientes com litíase biliar irão desenvolver pancreatite. 2) Álcool: mais de 5 anos de ingestão de álcool, com uma média de cinco a oito drinques por dia. dieta rica em gorduras, alterações genéticas e tabagismo. Ao apresentar o primeiro episódio agudo de pancreatite, a maioria dos indivíduos já mostra evidências de pancreatite crônica subjacente. O mecanismo de lesão pancreática pelo álcool provavelmente envolve a associação entre toxicidade direta como causadora do estresse oxidativo e alterações na secreção enzimática desse órgão. O álcool transitoriamente aumenta a secreção pancreática exócrina e a contração do esfíncter de Oddi. O álcooltambém tem efeitos tóxicos diretos sobre as células acinares. 4) Obstrução do Ducto Pancreático: além da litíase biliar e da microlitíase, a obstrução do ducto pancreático por um adenocarcinomaductal, um adenoma ampular ou o carcinoma da ampola de Vater, ou ainda uma neoplasia intraductalmucinosa podem causar pancreatite aguda. 5) Infecções e Pancreatite Autoimune: o Ascaris lumbricoides pode causar pancreatite pela obstrução do ducto pancreático, com a migração dos vermes adultos através da ampola de Vater. CRÔNICA A pancreatite crônica é um processo complexo que implica a presença de fibrose irreversível e permanente, frequentemente com a presença de infiltrado inflamatório mononuclear, lesão nervosa e perda permanente de ácinos, ductos e ilhotas. evolui após episódios de pancreatite aguda, que pode ou não ser de características subclínicas. Múltiplos episódios de inflamação aguda, seja clínica ou subclínica, eventualmente alteram a resposta inflamatória do pâncreas, com evolução para inflamação crônica, ativação das células estreladas pancreáticas e produção de fibrose. Mutações genéticas predispõem à pancreatite crônica, mas essa predisposição está associada à exposição do indivíduo a várias toxinas que precipitam pancreatite aguda, com necrose celular ou apoptose, que pode progredir em alguns indivíduos, particularmente aqueles com múltiplos episódios agudos, para a cronicidade da fibrose do órgão. Um fator importante para a dor na pancreatite crônica é a lesão dos nervos nociceptivos. Além desse mecanismo neural, o aumento da pressão no interior do órgão, a isquemia associada, a obstrução do ducto pancreático e a formação de um pseudocisto podem causar dor. O sintoma mais comum de pancreatite crônica é a dor abdominal, que pode ser episódica ou constante, e em geral, é sentida no epigástrio com irradiação para as costas, podendo ocorrer náuseas e vômitos quando o quadro de dor é bastante severo. Até 5 % dos pacientes não têm dor, apresentando, em vez disso, insuficiência pancreática exócrina (esteatorreia e perda de peso) ou endócrina (diabetes). Os sintomas e o próprio quadro de pancreatite crônica tendem a ser progressivas ao longo do tempo, mesmo que a sua causa seja removida. A maioria dos pacientes apresentará, inicialmente, um episódio de pancreatite aguda, mas logo depois desenvolverá evidências de pancreatite crônica após repetições do quadro; entretanto, alguns indivíduos podem apresentar evidências de fibrose e inflamação crônica já na primeira manifestação de pancreatite aguda, indicando uma tendência para o desenvolvimento de pancreatite crônica. BILE - Uma das muitas funções do fígado é a de secretar a bile, que varia de 600 ml/dia a 1.000. A bile possui duas importantes funções: (1) possui papel essencial na digestão e absorção de lipídeos no intestino delgado devido à presença dos ácidos biliares que: (a) ajudam a emulsificar grandes partículas de gordura, reduzidas, então, a partículas diminutas, e (b) ajudam na absorção dos produtos finais dos lipídeos através da formação de micelas. E (2) a bile serve como meio de excreção de diversos produtos do sangue, com destaque para a bilirrubina, produto final da degradação da hemoglobina e o colesterol em excesso. - A formação da bile começa nos hepatócitos, que transportam ativamente solutos para os canalículos biliares através de suas membranas apicais. é uma solução micelar na qual os principais solutos são os ácidos biliares, a fosfatidilcolina e o colesterol em uma proporção aproximada de 10:3:1. A secreção desses solutos direciona o movimento simultâneo de água e eletrólitos através das junções oclusivas que ligam os hepatócitos adjacentes para formar a bile canalicular. A maior parte do fluxo biliar é direcionada pela secreção dos ácidos biliares através da membrana apical dos hepatócitos por meio de um transportador de adenosina trifosfatase (ATPase) conhecido como bomba de exportação de sais biliares (BESB). A composição pode ser modificada à medida que esse líquido flui através dos dúctulos biliares (resultando na bile hepática), e ainda ocorre uma nova modificação no armazenamento na vesícula biliar (bile da vesícula biliar). Finalmente, a bile torna-se uma solução concentrada de detergentes biológicos que auxiliam na solubilização dos produtos da digestão de lipídeos no ambiente aquoso do lúmen intestinal, aumentando a taxa em que os lipídeos são transferidos para a superfície epitelial absortiva. Esse processo serve também como um meio pelo qual os produtos de resíduos metabólicos são exportados do corpo. A formação da bile ocorre em três etapas discretas: 1. o hepatócito secreta ativamente a bile no canalículo. 2. Na segunda etapa, os ductos intra e extra-hepáticos não somente transportam a bile, mas também secretam dentro desta um fluido rico em água e HCO3–. Estas duas primeiras etapas podem produzir ∼900 mL/dia da denominada bile hepática. 3. Na terceira etapa, no período entre as refeições, aproximadamente metade da bile hepática é desviada para a vesícula biliar, que armazena a bile e remove água e sais da mesma de maneira isosmótica → O resultado deste processo é a concentração em 10 a 20 vezes dos solutos-chave remanescentes na bile — tais como, sais biliares, bilirrubina, colesterol e lecitina. Os 500 mL/dia de bile que chegam ao duodeno através da ampola de Vater correspondem a uma mistura da bile hepa ́tica relativamente “dilui ́da” e da bile vesicular “concentrada”. - A formação da bile pelos hepatócitos requer a secreção ativa e dependente de gasto de energia de solutos orgânicos e inorgânicos para dentro do lúmen canalicular, seguida da passagem passiva de água. Esse movimento de água através das junções de oclusão entre os hepatócitos carrega outros solutos pelo arraste por água. Mais abaixo na árvore biliar (i.e., nos ductos e na vesícula biliar), onde os poros das junções de oclusão são bem menores, o arraste pela água já não é tão significativo. O transporte de água para o canalículo segue tanto a via paracelular quanto a via transcelular → A membrana canicular expressa (AQP8). Em condições basais, a AQP8 é predominantemente expressa em vesículas intracelulares, porém quando há um estímulo por um secretagogo que ativa a via do AMPc, esta redistribui-se para um domínio canicular, aumentando a permeabilidade da membrana apical à água. COMPOSIÇÃO DA BILE - A bile hepática e a bile vesicular são secreções complexas, isosmóticas em relação ao plasma (∼300 mOsmol/L) e constituídas de água, eletrólitos inorgânicos e uma variedade de solutos orgânicos, incluindo a bilirrubina, colesterol, ácidos graxos e fosfolipídeos. O cátion predominantemente presente na bile é o Na+ e os principais ânions inorgânicos são o Cl– e o HCO3–. - Solutos cuja presença na bile é funcionalmente importante incluem ácidos biliares das micelas, fosfolipídeos e IgA. Os fosfolipídeos da bile ajudam a solubilizar o colesterol, assim como a diminuir os efeitos citotóxicos de outros ácidos biliares nos hepatócitos e nas células dos ductos biliares. A IgA inibe o crescimento bacteriano na bile. Diversos hormônios, atuando principalmente através da via do AMPc, regulam a atividade secretória dos colangiócitos. Receptores de secretina são expressos na membrana apical dos colangiócitos, o que explica porque a secretina produz colerese rica em água — isto é, produz uma bile rica em HCO3– (alcalina), porém com os ácidos biliares diluídos. Da mesma maneira, os hormônios glucagon e peptídeo intestinal vasoativo (VIP) também produzem uma colerese rica em HCO3– nos ductos biliares. Estes hormônios aumentam a [AMPc]i e assim estimulam os canais apicais para Cl– e o trocador Cl-HCO3. Um canal para Cl– ativado por Ca2+ também é expressona membrana apical. O hormônio somatostatina inibe o fluxo biliar por reduzir a [AMPc]i, um efeito oposto ao produzido pela secretina. - A inibição do fluxo biliar induzida pela somastatina ocorre tanto pelo aumento da reabsorção de fluidos pelos ductos biliares quanto pela inibição da secreção de fluido rico em HCO3– pelo ducto. Além disso, à medida que a Bile se move para fora dos Canalículos, ela é transferida aos Dúctulos Biliares menores por meio dos Canais de Hering. - Os Dúctulos Biliares são revestidos por Colangiócitos (Células Epiteliais Colunares especializadas em modificar a composição da Bile). As Junções Firmes que unem os Colangiócitos são menos permeáveis do que as que unem os Hepatócitos. As Junções são Livremente Permeáveis à água e Seletivamente Permeáveis aos Eletrólitos e Impermeáveis aos Solutos maiores. Em virtude de sua Permeabilidade à água, a Bile torna-se Isotônica, e denomina-se bile ductular. A Estimulação Hormonal dos Colangiócitos também ativa a Inserção Apical de Canais de Água de aqp, que contribuem ainda mais para a diluição da Bile. Os Dúctulos também servem para recuperar Solutos que foram filtrados para a Bile nos Canalículos Permeáveis. Em particular, a Glicose é Ativamente Reabsorvida e retorna à Corrente Sanguínea. - Os Solutos Úteis, como a Glicose e os Aminoácidos são recuperados pela atividade de Transportadores Específicos dos Colangiócitos. Os íons Cl- da Bile também são trocados por íons HCO3- , o que torna a Bile levemente Alcalina e reduz o risco de precipitação do Ca+2. - A Glutationa é quebrada na superfície dos Colangiócitos, até seus Aminoácidos Constituintes, pela Enzima γ-Glutamiltranspeptidase (GGT), localizada na Membrana Apical, e esses produtos são reabsorvidos. Esta Enzima foi identificada como Marcador Sérico de Lesão dos Colangiócitos. A Recaptação de Glicose e de Aminoácidos é provavelmente importante para impedir a Proliferação Bacteriana excessiva na Árvore Biliar, o que limita a disponibilidade de nutrientes aos microrganismos. A Proliferação Excessiva de Bactérias nos Dúctulos Biliares tem consequências potencialmente graves, visto que as Enzimas Bacterianas são capazes de Desconjugar a Bilirrubina, gerando um produto que pode formar um sal altamente insolúvel com o Ca+2 presente na Bile. Modificação da bile nos Ductulos Os colangiócitos que revestem os dúctulos biliares são designados especificamente para modificar a composição da bile. •Os solutos úteis (p. ex., glicose e aminoácidos) são recuperados pela atividade de transportadores específicos. •Os íons cloreto na bile também são trocados por íons HCO3-, tornando a bile ligeiramente alcalina e reduzindo o risco de precipitação de Ca++. •A glutationa é decomposta na superfície dos colangiócitos em seus aminoácidos constituintes pela enzima y-glutamil transpeptidase (GGT), e os produtos são reabsorvidos. - Em conjunto com a ingestão de uma refeição, a bile também é diluída nesse local em resposta a hormônios como a secretina, que aumenta a secreção de HCO3- e estimula a inserção de canais de água (aquaporinas) na membrana apical dos colangiócitos. Desse modo, o fluxo biliar aumenta durante o período pós-prandial, quando os ácidos biliares são necessários para ajudar na assimilação dos lipídeos. CIRCULAÇÃO - Pela circulação êntero-hepática, os ácidos biliares conjugados que foram reabsorvidos ativamente → passam através do sangue portal de volta para os hepatócitos, onde são eficientemente captados pelos transportadores basolaterais que podem ser dependentes ou independentes de Na+ (A captação basolateral de ácidos biliares para dentro do hepatócito é um processo complexo que envolve transportadores dependentes de Na+ (NTPC) e transportadores independentes de Na+ (OATPs), assim como difusão não iônica de ácidos biliares não conjugados). De modo semelhante, os ácidos biliares que são desconjugados no cólon retornam também para os hepatócitos → onde são reconjugados para serem secretados na bile. Assim, é produzida uma reserva de ácidos biliares primários e secundários, e a síntese diária corresponde a uma pequena parte que escapa da captação e é perdida nas fezes. A única exceção a essa regra é o ácido litocólico, que preferencialmente passa por sulfatação no hepatócito, em vez de ser conjugado com a glicina ou a taurina. A maior parte dos conjugados sulfatados é eliminada do corpo após cada refeição, pois esses conjugados não são substratos para o asbt, evitando, assim, o acúmulo de moléculas potencialmente tóxicas; ABSORÇÃO DOS ÁCIDOS E SAIS BILIARES - A maior parte da bile secretada no duodeno encontra- se na forma conjugada. Muito pouco desses sais biliares é reabsorvido no trato intestinal até que estes alcancem a porção terminal do íleo, processo este que permite que os sais biliares permaneçam em altas concentrações ao longo da maior parte do intestino delgado, onde estes podem participar da digestão e absorção de lipídeos. No entanto, a circulação êntero- hepática necessita eventualmente recuperar 95% ou mais destes sais biliares secretados. Uma parte dessa absorção de ácidos biliares pelo intestino é passiva e ocorre ao longo de todo o intestino delgado e do cólon. Não obstante, o principal componente responsável pela absorção de ácidos biliares é ativo e ocorre apenas na porção terminal do íleo. - A absorção passiva de ácidos biliares ocorre ao longo de todo o intestino delgado e cólon, mas é menos intensiva do que a absorção ativa. Os mecanismos de captação de ácidos biliares através da membrana apical consistem em difusão iônica ou difusão não iônica → Assim, os ácidos biliares não conjugados encontram-se na melhor forma para serem absorvidos por difusão não iônica, seguidos dos ácidos biliares conjugados à glicina e então dos ácidos biliares conjugados à taurina (Dentre estes ácidos biliares não conjugados, os ácidos biliares mais lipofílicos, como o quenodesoxicolato e o desoxicolato, difundem-se de maneira mais eficiente através da membrana apical do que os ácidos biliares hidrofílicos, como o ácido cólico.) - A absorção ativa de ácidos biliares no intestino ocorre estritamente na porção terminal do íleo. Este processo ativo absorve preferencialmente os sais biliares conjugados carregados negativamente — a forma que não é bem absorvida pelo mecanismo de difusão passiva. O transportador dependente de Na+ responsável pela etapa apical da absorção ativa é conhecido como o cotransportador Na/sais biliares, ASBT (SLC10A2), relativamente semelhante ao NTCP hepático. Uma vez que os sais biliares entram nos enterócitos do íleo através de sua membrana apical, eles deixam o enterócito através de sua membrana basolateral pelo transportador de solutos orgânicos (Ostα/Ostβ); Outros Componentes da Bile - Transporte de colesterol pela membrana canalicular → mediado por transporte ativo → transportadores ABC G5 e ABC G8. - Transporte de fosfatidilcolina → transporte ativo → transportador da família ABC denominado proteína resistente a vários medicamentos do tipo 3 (MDR3). - Transporte de água e outros solutos pela via paracelular → Ca++, glicose, glutationa, aminoácidos e ureia → são arrastados para o lumen canalicular em concentrações próximas a do plasma. - Bilirrubina conjugada, vários cátions e ânions orgânicos que se originam de metabolitos endógenos e xenobióticos → são secretados na bile através da membrana apical do hepatócito. Papel da vesícula biliar - A bile entra nos ductos e é conduzida para o intestino. Entretanto, no período entre as refeições, o fluxo é bloqueado pela constrição do esfíncter de Oddi e então a bile é redirecionada para a vesícula biliar. Os sais biliares e determinados componentes da bile são concentradosem até 20 vezes dentro do lúmen da vesícula biliar, pois são deixados para trás durante a absorção isotônica de NaCl e NaHCO3 pelo epitélio de vazamento da vesícula biliar. A etapa apical da captação de NaCl é eletroneutra e mediada pela atividade concomitante dos trocadores Na-H e Cl- HCO3. Na membrana basolateral, o Na+ deixa a célula através da bomba para Na-K, enquanto o Cl– provavelmente deixa a célula por canais para Cl–. - Tanto a água quanto o HCO3– movem-se passivamente do lúmen para o sangue através das junções de oclusão, que são bastante permeáveis. A água também pode mover-se através da célula. O transporte resultante é isotônico, e deixa para trás a bile vesicular que também é isotônica, mas apresenta uma alta concentração de sais biliares, K+ e Ca2+. O transporte de fluidos e eletrólitos resultante através do epitélio da vesícula biliar ocorre sob regulação hormonal. Tanto o PIV (secretado pelos neurônios que inervam a vesícula biliar) quanto a serotonina inibem a absorção de fluidos e eletrólitos. Contrariamente, o bloqueio αadrenérgico da secreção de PIV aumenta a absorção de fluidos. Apesar de a vesícula biliar reabsorver o NaCl através da atividade concomitante dos trocadores Na-H e do Cl-HCO3 expressos na membrana apical, o resultado final é a secreção de íons H+. Essa ação neutraliza o HCO3– e acidifica a bile. A secreção de H+ pela vesícula biliar protona o conteúdo intraluminal. Essa ação aumenta bastante a solubilidade de sais de cálcio presentes na bile e reduz a precipitação de sais de cálcio e a formação de cálculos vesiculares. - Os cálculos vesiculares comumente encontrados na vesícula biliar possuem um ou diversos sais de cálcio, incluindo carbonato, bilirrubinato, fosfato e ácidos graxos. A solubilidade de cada um desses compostos aumenta significativamente quando ocorre acidificação da bile. A vesícula é um saco muscular revestido com células epiteliais de alta resistência. Durante o armazenamento na vesícula biliar, a bile torna-se concentrada devido à reabsorção ativa de íons de sódio em troca de prótons (H+), e os ácidos biliares, como os principais ânions, são grandes demais para sair através das junções oclusivas do epitélio da vesícula biliar. - No entanto, embora a concentração de ácidos biliares possa aumentar em mais de 10 vezes, a bile permanece isotônica porque cada micela age como uma única partícula osmoticamente ativa. Quaisquer monômeros adicionais de ácido biliar que se tornam disponíveis em consequência da concentração são incorporados imediatamente às micelas mistas preexistentes. Esse fato reduz também em algum grau o risco de precipitação de colesterol na bile. Entretanto, o colesterol apresenta- se supersaturado na bile de muitos adultos, normalmente com a precipitação sendo inibida pela presença de proteínas antinucleantes. - O armazenamento prolongado de bile aumenta a probabilidade da ocorrência de nucleação, uma boa razão para não pular o café da manhã, o que talvez possa explicar o motivo pelo qual os distúrbios da vesícula biliar são relativamente prevalentes entre os humanos. A secreção de muco pelas células do epitélio vesicular resulta na formação de um gel polimérico que protege a superfície apical do epitélio vesicular dos efeitos potencialmente tóxicos dos sais biliares. No entanto, a síntese excessiva de mucina pode ser deletéria. Por exemplo, em modelos animais de colelitíase de colesterol (i.e., formação de cálculos vesicais compostos de colesterol), um aumento pronunciado da secreção de mucina precede a formação de cristais e dos cálculos REGULAÇÃO DA LIBERAÇÃO - A bile é secretada pela vesícula biliar em resposta aos sinais que simultaneamente relaxam o esfíncter de Oddi e contraem a musculatura lisa que envolve externamente o epitélio da vesícula biliar. Um mediador fundamental dessa resposta é a colecistocinina. Além disso, é provável que os reflexos neurais intrínsecos e as vias vagais, algumas estimuladas pela capacidade da colecistocinina em se ligar aos aferentes vagais, contribuam também para a contração da vesícula biliar. O resultado final é a ejeção de bile concentrada para o lúmen do duodeno. Desse modo, quando não forem mais necessários, os ácidos são recuperados e reintroduzidos na circulação êntero-hepática para iniciar o ciclo novamente. No entanto, os outros componentes da bile são amplamente eliminados nas fezes, possibilitando, assim, a sua excreção do corpo. Obs.: Esvaziamento da Vesícula Biliar e o Papel Estimulador da Colecistocinina (CCK): o Epitélio é sustentado por Músculo Liso, o qual pode alterar o calibre do Lúmen da Vesícula Biliar, dependendo da presença de Estímulos Neuro-Humorais. Quando o alimento começa a ser digerido no Trato Gastrointestinal Superior, a Vesícula Biliar começa a se esvaziar, especialmente sob a presença de alimentos gordurosos no Duodeno cerca de 30 minutos após o início da Refeição. O esvaziamento da Vesícula Biliar se dá por Contrações Rítmicas da sua Musculatura Lisa aliada ao relaxamento do Esfíncter de Oddi, que controla a entrada do Ducto Biliar Comum no Duodeno. - Colecistocinina (CCK): constitui o estímulo mais potente para a contração da Vesícula Biliar. O estímulo principal de liberação da Colecistocinina é a presença de: (1) Ácidos Graxos de Cadeia Longa e (2) Proleoses e Peptonas na Mucosa Duodenal. Acredita-se, também, que a ação da CCK seja mediada indiretamente, mediada pelo efeito desse Hormônio sobre os Nervos que suprem a Vesícula Biliar, bem como sobre Aferentes Vagais que são provenientes do Duodeno e que coordenam o esvaziamento da Vesícula Biliar com a presença de nutrientes no Lu ́men Intestinal; - Acetilcolina (ACh): a Vesícula Biliar também é estimulada, com menor intensidade, por Fibras Nervosas Secretoras de Acetilcolina, provenientes de Ramos do Nervo Vago e do Sistema Nervoso Entérico. As Células Musculares Lisas expressam Receptores Colinérgicos, que respondem a ̀ Acetilcolina (ACh) liberada. Armazenamento - Efeitos sobre a composição da bile: a bile hepática que surge dos ductos biliares é isotônica em relação ao plasma, sendo o na+ seu principal cátion, e o clseu principal ânion. Os ácidos biliares costumam estar presentes numa concentração de cerca de 30 a 50 mm; existem pequenas quantidades de k+ e ca+2 e cerca de 20 a 50 mm de hco3 - . Após seu armazenamento na vesícula biliar, a água é removida do lúmen, e a concentração de ácidos biliares é aumentada em cerca de 10x, enquanto as concentrações de cl- e de hco3 - diminuem de modo acentuado. Por outro lado, as concentrações de todos os cátions na bile aumentam, embora em menor grau do que as dos ácidos biliares, indicando que os cátions também estão sujeitos à absorção efetiva pelo epitélio da vesícula biliar. - A concentração de íons ca+2 , aumenta de maneira desproporcional em comparação com a do na+ e do k+ , devido ao fenômeno conhecido como equilíbrio de gibbsdonnan, em que os cátions bivalentes são retidos de modo mais intenso em determinado compartimento contendo proteínas do que os ânions monovalentes. Apesar do acentuado aumento na soma de ânions e cátions durante o armazenamento da bile pela vesícula biliar, a bile permanece isotônica. Como isso é possível? A resposta encontra-se no fato de que a maior parte das moléculas de ácidos biliares está fisicamente na forma de micelas mistas, que também contêm colesterol e fosfatidilcolina. Uma vez alcançada a concentração micelar crítica (cmc), a concentração monomérica de ácidos biliares não se modifica. Qualquer molécula adicional de ácido biliar é imediatamente incorporada nas micelas existentes. METABOLISMO DA BILIRRUBINA - A bilirrubina tem origem na degradação do heme presente em algumas proteínas, como: Hemoglobina: 70-80%da bilirrubina produzida diariamente (250 a 400 mg em adultos); Mioglobina; Cytocromos, entre outras. - O aumento na sua produção acontece em maior turnover de glóbulos vermelhos, como na Hemólise intravascular. - A molécula do heme é constituída por quatro anéis pirrólicos ligados por pontes de carbono e um átomo central de ferro. A bilirrubina é gerada a partir da degradação do heme, sendo mediada por dois grupos de enzimas: Heme oxigenasse e Biliverdina redutase. A heme oxigenase está presente em altas concentrações nas: Células do sistema retículo-endotelial do baço e Células de Kupffer. - Essa enzima catalisa a reação de abertura do anel e, assim há liberação de: 1 molécula de CO que será excretada pela via pulmonar, 1 átomo de ferro que será reutilizado e, finalmente, com a formação da molécula de biliverdina, que será transformada em bilirrubina pela ação da enzima biliverdina redutase > transforma em Bilirrubina IXa que é conjugada. - A bilirrubina não-conjugada formada vai para o plasma onde se liga fortemente à molécula de albumina. Nos sinusoides hepáticos, o complexo bilirrubina-albumina dissocia-se, a molécula de bilirrubina entra por difusão facilitada (a favor de um gradiente de concentração, sem o consumo de energia) e a albumina retorna à circulação sistêmica. Esse processo é bidirecional. No interior da célula, a bilirrubina se liga a GSTs (glutationa-S-transferases). Esse complexo reduz o efluxo da bilirrubina internalizada, aumentando sua concentração no interior da célula. CURIOSIDADE! Algumas drogas interferem na entrada da bilirrubina no hepatócito, como: Rifampicina; e Contrastes utilizados para colecistografia. - Em cirróticos, a bilirrubina produzida no baço pode chegar ao fígado por colaterais portossistêmicos. Além disso, o endotélio fenestrado dos sinusóides, pode perder sua fenestração, criando uma barreira entre o plasma e os hepatócitos, resultando no aumento da concentração da bilirrubina não-conjugada. A conjugação da bilirrubina com os resíduos glicosídicos ocorre pela ação da UGT (bilirrubinaUDP-glucoronosil- transferase), Enzima encontrada em maior concentração no fígado, mas também nas células do túbulo renal e nos enterócitos. A partir do momento em que a bilirrubina é conjugada pela ação da UGT, torna- se solúvel em água, podendo ser eliminada pela: Urina e Bile. - Diglicoronide de bilirrubina é o pigmento predominante na bile do adulto normal, representando mais de 80% do pigmento total. CURIOSIDADE! Fatores que inibem o complexo bilirrubinaUGT podem ser secretados no leite materno, causando a “icterícia do leite materno”. A deficiência de bilirrubina-UGT pode ser observada em neonatos, nas hepatites crônicas e em certos erros inatos do metabolismo, como na síndrome de Gilbert e na síndrome de Crigler- Najjar tipos I e II. - A excreção da bilirrubina conjugada ocorre através da membrana dos canalículos biliares, contra um gradiente de concentração, envolvendo transporte ativo. Há quatro transportadores canaliculares, sendo o mais importante o Transportador multiespecífico de ânions orgânicos (cMOAT). A excreção da bilirrubina conjugada está prejudicada em condições adquiridas, como: Hepatites virais ou alcoólicas; e colestase da gestação. E em situações congênitas, como: Síndrome de Dubin-Johnson; Síndrome de Rotor; e Colestase intra- hepática benigna recorrente. DEGRADAÇÃO NO TRATO GI O pigmento biliar aparece na bile, predominantemente, na sua forma conjugada (> 98%). A bilirrubina conjugada é solúvel em água e não é absorvida através do epitélio do intestino delgado. Já a molécula não-conjugada é reabsorvida, participando da circulação êntero- hepática. - No cólon, as bactérias reduzem a molécula de bilirrubina, formando o urobilinogênio, dando a coloração característica das fezes. A!! Nas situações em que há obstrução completa do trato biliar ou colestase intra-hepática severa, as fezes adquirem coloração esbranquiçada. O urobilinogênio e seus derivados são absorvidos no intestino, participando da circulação êntero-hepática. - Eventualmente, são excretados na urina e nas fezes. No plasma, a bilirrubina conjugada corresponde a 4%. Porém, essa relação pode se alterar em algumas doenças, como: - Erros inatos na conjugação da bilirrubina: porcentagem de bilirrubina direta diminui; - Obstrução biliar ou doença hepatocelular: bilirrubina conjugada e não-conjugada estão aumentadas no plasma; - Icterícia hemolítica: da bilirrubina total, porém mantém a proporção de bilirrubina não-conjugada > a conjugada. Toxicidade da bilirrubina - A bilirrubina não-conjugada é tóxica para células e suas organelas. - Por isso, há alguns mecanismos fisiológicos protetores, como: Ligação à albumina plasmática; Rápida entrada da molécula no hepatócito, sua conjugação e seu clearance pelo fígado. Porém, quando sua concentração aumenta muito, principalmente em neonatos, começam a surgir evidências de danos no SNC, como encefalopatia severa.
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