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Constitucional - Controle de Constitucionalidade I
Humanas / Sociais
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1. DOUTRINA (RESUMO) 1.1. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1.1.1. INTRODUÇÃO Trata-se de um dos temas mais sensíveis em toda teoria da constituição, pois envolve em profundidade a questão democrática. Em nosso ordenamento, a jurisdição constitucional é exercida por todos os órgãos jurisdicionais na via incidental (casos concretos), e possui ampla gama de legitimados na via concentrada, os quais podem deflagrar processo objetivo com eficácia erga omnes perante o Supremo Tribunal Federal. O ponto sensível do exercício da jurisdição constitucional é que, por intermédio da declaração de inconstitucionalidade, quem não é eleito se arvora no poder de afastar as decisões tomadas pela maioria, pelos representantes do povo. É o que parte da doutrina coloca como ‘’dificuldade contra-marjoritária’’. Tal discussão foi importante para o desenvolvimento da teoria constitucional, sobretudo na origem histórica do controle de constitucionalidade. Em verdade, o controle de constitucionalidade encontra justificativa democrática importante, pois é instrumento de proteção das minorias. Democracia não se resume ao governo das maiorias, sobretudo porque são essencialmente transitórias, sendo o respeito às decisões majoritárias apenas um dos aspectos da democracia, que encontra limites nos direitos das minorias. O princípio majoritário não justifica a opressão das minorias e o desrespeito a direitos fundamentais, bem como aos preceitos indicados na Lei maior. Se a Constituição é o elemento normativo central do ordenamento jurídico em virtude da imposição de limites e obrigações ao Estado, os atos que contrariam a Constituição não podem ter validade. Por derradeiro, o próprio Constituinte originário estabelece mecanismos de controle dos atos normativos, de maneira explícita e implícita. A rigidez constitucional, inferida da existência de um processo legislativo mais oneroso para alteração da constituição em relação ao processo legislativo ordinário, indica a supremacia formal da constituição. A atribuição de competência a um órgão (STF) para zelar pela higidez constitucional faz pressupor a existência de um escalonamento normativo, ocupando a Constituição o ápice do ordenamento jurídico, como vislumbrou Kelsen. A Constituição é a norma que dá validade a todos os outros atos normativos. Daí decorre um princípio essencial para a compreensão do controle de constitucionalidade: O Princípio da Supremacia da Constituição que, nos dizeres do Professor José Afonso da Silva, é a “pedra angular, em que assenta o edifício do moderno direito político’’. É a Constituição que define competências, limites e estruturas do poder político, repartindo poderes e atribuições. Estabelece diretrizes de atuação, deveres de prestação e principalmente direitos fundamentais, logo todo ato do poder público deve ser compatível com o que dispõe a Constituição, pois há uma supremacia desta. Desse princípio, resulta o da compatibilidade vertical das normas da ordenação jurídica de um país, no sentido de que as normas de grau inferior somente valerão se forem compatíveis com as normas de grau superior, que é a Constituição. As que não forem compatíveis com ela são inválidas, pois a incompatibilidade vertical resolve-se em favor das normas de grau mais elevado, que funcionam como fundamento de validade das inferiores. Aqui reside o cerne do controle de Constitucionalidade. IMPORTANTE: Princípio da Contemporaneidade - O texto constitucional em vigor é o parâmetro para o controle de constitucionalidade, ainda que alterado durante o curso da ação impugnativa. O STF NÃO admite a figura da constitucionalidade superveniente, aqui entendida como a possibilidade de uma lei ou ato normativo inconstitucional ao tempo da sua edição seja convalidado a partir da edição de novo texto constitucional. ATENÇÃO! A alteração do parâmetro constitucional não prejudica o conhecimento da ADI. A ideia é evitar que uma lei que era inconstitucional ao tempo de sua edição seja convalidada. STF. Plenário. ADI 145/CE. Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/06/2018 (Info 907). Segue a ementa do julgado para uma melhor elucidação do tema: Ação Direta de Inconstitucionalidade. AMB. Lei nº 12.398/98Paraná. Decreto estadual nº 721/99. Edição da EC nº 41/03. Substancial alteração do parâmetro de controle. Não ocorrência de prejuízo. Superação da jurisprudência da Corte acerca da matéria. Contribuição dos inativos. Inconstitucionalidade sob a EC nº 20/98. Precedentes. 1. Em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura da constitucionalidade superveniente. Mais relevante do que a atualidade do parâmetro de controle é a constatação de que a inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a dispositivos da Constituição Federal que não se encontram mais em vigor. Caso contrário, ficaria sensivelmente enfraquecida a própria regra que proíbe a convalidação. 2. A jurisdição constitucional brasileira não deve deixar às instâncias ordinárias a solução de problemas que podem, de maneira mais eficiente, eficaz e segura, ser resolvidos em sede de controle concentrado de normas. 3. A Lei estadual nº 12.398/98, que criou a contribuição dos inativos no Estado do Paraná, por ser inconstitucional ao tempo de sua edição, não poderia ser convalidada pela Emenda Constitucional nº 41/03. E, se a norma não foi convalidada, isso significa que a sua inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a dispositivos da Constituição Federal que não se encontram mais em vigor, alterados que foram pela Emenda Constitucional nº 41/03. Superada a preliminar de prejudicialidade da ação, fixando o entendimento de, analisada a situação concreta, não se assentar o prejuízo das ações em curso, para evitar situações em que uma lei que nasceu claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos, uma vez revogada as medidas cautelares concedidas já há dez anos. 4. No mérito, é pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que é inconstitucional a incidência, sob a égide da EC nº 20/98, de contribuição previdenciária sobre os proventos dos servidores públicos inativos e dos pensionistas, como previu a Lei nº 12.398/98, do Estado do Paraná (cf. ADI nº 2.010/DFMC, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 12/4/02; e RE nº 408.824/RS-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Eros Grau, DJ de 25/4/08). 5. É igualmente inconstitucional a incidência, sobre os proventos de inativos e pensionistas, de contribuição compulsória para o custeio de serviços médico-hospitalares (cf. RE nº 346.797/RS-AgR, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, Primeira Turma, DJ de 28/11/03; ADI nº 1.920/BA-MC, Relator o Ministro Nelson Jobim, DJ de 20/9/02). 6. Declaração de inconstitucionalidade por arrastamento das normas impugnadas do decreto regulamentar, em virtude da relação de dependência com a lei impugnada. Precedentes. 7. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente. (ADI 2158, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 15/09/2010, DJe-247 DIVULG 15-12-2010 PUBLIC 16-12-2010 EMENT VOL-02452-01 PP-00010 RTJ VOL-00219-01 PP-00143 RT v. 100, n. 906, 2011, p. 410-426 RSJADV abr., 2011, p. 40-49) A lei ou ato normativo será então o OBJETO de controle, e terá a compatibilidade com a Constituição sindicada no controle. Fundamento - O que fundamenta o controle de constitucionalidade é o princípio da supremacia da constituição (norma de validade de todo o sistema) e da rigidez constitucional. Supremacia material: a Constituição possui conteúdo superior ao das demais leis. Toda a Constituição é dotada de supremacia material. Supremacia formal: atributo específico das Constituições rígidas e se manifesta na superioridade hierárquica das normas constitucionais em relação às demais normas produzidas