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Constitucional - Controle de Constitucionalidade I
Humanas / Sociais
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no ordenamento jurídico. ATENÇÃO! SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO (MARCELO NOVELINO) A supremacia da constituição pode ser referida em sentido material ou formal. Por estabelecerem os direitos e garantias fundamentais, a estrutura do Estado e a organização dos poderes, afirma-se que as constituições possuem uma supremacia de conteúdo em relação às leis. A supremacia material seria, portanto, corolário do objeto clássico de todas as constituições por trazerem em si os fundamentos do Estado de Direito. Com as revoluções liberais, responsáveis por introduzir o modelo moderno de constituição (escrita, formal e dotada de rigidez), surge a ideia de supremacia formal como atributo exclusivo das constituições rígidas. No plano dogmático, esta se traduz na superioridade hierárquica de suas normas em relação a todas as demais espécies normativas, as quais só serão válidas quando produzidas em consonância com a forma e/ou o conteúdo constitucionalmente determinados. A supremacia da constituição impõe a compatibilidade vertical das normas do ordenamento jurídico, fiscalizada por órgãos encarregados de impedir a criação ou manutenção de atos normativos em desacordo como seu fundamento de validade. Em síntese, são condições para que haja efetivo controle de constitucionalidade: 1) a existência de uma Constituição rígida; 2) a atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade. 1.1.2. SISTEMA AUSTRÍACO VS. SISTEMA NORTE-AMERICANO DOS EFEITOS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE – UM BREVE HISTÓRICO Um dos primeiros registros do controle de constitucionalidade do qual se tem notícia se deu na Inglaterra, quando um juiz inglês chamado Lord Edward Coke julgou um caso chamado Bonham´s Case. Neste caso, a parte estava invocando uma norma que previa que o juiz ficava com metade das multas que aplicasse. Coke entendeu que esta norma conflitava com os princípios da "Commom Law" e deixou de aplicá-la. Curiosamente, este tipo de controle não foi aceito na Inglaterra, que até hoje não possui controle de constitucionalidade sistematicamente estabelecido, embora a doutrina aponte uma tendência contemporânea de introdução do controle entre os ingleses. O que é relevante para nosso esforço inicial é que essa experiência influenciou os americanos. A principal obra da teoria política americana, o Federalista, no n° 78, fala do controle de constitucionalidade, afirmando que se a Constituição é uma norma superior, não se pode aplicar leis incompatíveis com ela, tendo como precedente o caso inglês. Nos EUA, o primeiro caso noticiado deu-se em 1798 (Calder vs. Bull) no qual se afastou uma lei estadual, mas não se desenvolveu a teoria do controle de constitucionalidade. Ela se desenvolveu de fato no caso Marbury vs. Madison, que passou à história como o primeiro caso de controle de constitucionalidade, julgado pelo juiz Marshall em 1803 (bastante cobrado em provas). O Juiz entendeu que a Lei que atribuía competência para a Suprema Corte julgar o caso seria inconstitucional. Para tanto, buscou elementos na teoria do controle de constitucionalidade para afastar a aplicabilidade do “Judiciary Act”, por conflitar com a norma fundamental. Desta forma, reconheceu a todos juízes o poder de afastar a aplicação de leis inconstitucionais, pois estas seriam nulas desde a origem, lançando as bases do controle difuso, concreto e incidental, que é a matriz norte-americana. Mesmo nos EUA isto gerou intensa polêmica entre os juristas da época, mas acabou se consolidando. Fora do país, em especial entre os europeus, aquilo era visto como uma completa excentricidade, pois ainda estava bastante em voga a ideia de Rousseau, para quem a lei era a expressão da vontade geral, o que a tornaria insindicável por órgãos sem representatividade popular. Na Europa o controle de constitucionalidade só vai surgir em 1920, nas Constituições da Áustria e da Tchecoslováquia por influência do Hans Kelsen. Kelsen entendia que, em sendo a Constituição norma superior, deveria haver controle de constitucionalidade, mas este não caberia ao Judiciário, e sim ao legislador negativo (órgão legislativo encarregado de retirar do ordenamento as normas inconstitucionais). Na visão de Kelsen, o dever de controlar a constitucionalidade de Leis cabe a uma Corte Constitucional, que atuaria como legislador negativo. A eficácia da decisão seria então prospectiva, daí surge o modelo concentrado, pela via principal. O grande avanço da teoria do controle de constitucionalidade na Europa se deu no pós-segunda guerra, diante da constatação de que a barbárie promovida neste período foi perpetrada sob o manto da Lei, razão pela qual se revelou imprescindível o controle. Em resumo: Sistema Austríaco (Kelsen) - Teoria da Anulabilidade. Nesse caso, aCPF: 396. declaração de inconstitucionalidade não retroage. Características: i) a decisão tem eficácia constitutiva; ii) o vício de inconstitucionalidade é aferido no plano da eficácia (por regra); iii) a decisão produz efeitos ex nunc (por regra); iv) a lei inconstitucional é ato anulável; e v) a lei provisoriamente válida produz efeitos até que haja sua anulação. Sistema Norte-Americano (Marshall) - Teoria da Nulidade. O que se declara é a nulidade da norma (provimento declaratório). A norma declarada inconstitucional é inválida, ou seja, existe, mas não é válida. Características: i) a decisão tem eficácia declaratória; ii) o vício de inconstitucionalidade é aferido no plano da validade (por regra); e iii) a decisão retroage até a criação da lei (efeito ex tunc). OBSERVAÇÃO: O Brasil, por regra, adota o sistema Norte-Americano, no que se refere à teoria da nulidade (os atos normativos inconstitucionais são nulos e a declaração de inconstitucionalidade tem efeito ex tunc), mas a previsão da possibilidade de modulação dos efeitos constitui uma exceção. A modulação é prevista em Lei, e recentemente o Supremo reafirmou sua jurisprudência no sentido de que é possível que a modulação e seus limites sejam declarados de ofício, pelo próprio STF. Convivem no nosso sistema o controle concentrado, perante o STF, e o controle difuso, na via incidental, podendo todos os órgãos jurisdicionais exercerem o controle de constitucionalidade. Neste aspecto, nosso sistema pode ser tido como híbrido. Outro ponto a se destacar é que a modulação dos efeitos é admitida não apenas no âmbito do controle concentrado, mas também no controle difuso à luz do princípio da segurança jurídica, do princípio da confiança, da ética jurídica, da boa-fé, os quais são ponderados em aparente conflito com a Supremacia Formal da Constituição, suavizando o dogma da nulidade. Destaca-se que a aplicação sem reservas da retroatividade pode abalar a higidez constitucional e o estado de direito de forma severa, sendo a modulação dos efeitos antídoto eficaz em face de tais situações. 1.1.3. SISTEMA POLÍTICO VS. SISTEMA JURISDICIONAL DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Sistema Político (Francês) - Nesse sistema o controle de constitucionalidade não é realizado pelo Poder Judiciário. Na França, berço desse modelo de controle, é um órgão político de composição plural, o Conselho Constitucional, que é competente para sindicar a constitucionalidade de projetos de lei, dando-se de forma preventiva. Se a lei não for questionada ou se o Conselho a entender constitucional, após promulgada ninguém mais poderá suscitar sua inconstitucionalidade. Ocorre que menos de dez por cento das leis é questionada, gerando uma grande quantidade de leis inconstitucionais em vigor, razão pela qual há uma tendência de revisão desse modelo na França. Por esta razão, parte da doutrina entende que o controle político é caracterizado