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@NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 1 SEMIOLOGIA 2 NEUROIMAGEM 1- CRÂNIO: Para a avaliação neurológica, a radiografia de crânio não apresenta quase nenhuma utilidade, evidenciando na grande maioria das vezes, apenas as fraturas. A Ultrassonografia neurológica, embora pouco conhecida para este fim, apresenta vantagens em alguns casos. Na imagem abaixo, temos uma visão sagital com doppler e uma visão coronal. A calota craniana é o maior obstáculo e, por isso, este tipo de exame só é possível de ser realizado em crianças que possuem as fontanelas ainda abertas (muito usado em UTIs Neonatais pois os prematuros são muito suscetíveis a hemorragias cerebrais) – USG Transfontanela. A Tomografia (TC) é o principal método para avaliação por imagem do encéfalo. Da esquerda pra direita: corte de uma peça anatômica, TC com foco na diferenciação das substancias branca e cinzenta e TC com foco nos giros e sulcos cerebrais. A TC é um método baseado em diferença de densidades. Dessa forma, como a substância branca é rica em mielina (e mielina é constituída de lipídio), a densidade da substância branca é menor e, por isso, hipodensa (+ escura) em relação à substância cinzenta (+ branca). Já os líquidos, como o LCR (líquor), possuem densidade menor ainda e coloração preta, como evidenciado pela imagem a seguir, com foco nos sulcos e giros preenchidos por LCR. Tendo em mente a apresentação do líquor na TC, podemos inferir, por conseguinte, que em casos de hemorragias subaracnóideas, esses espaços estarão preenchidos por sangue que é mais denso que o líquor. A imagem acima ilustra o conceito de Janela na TC, que consiste em recursos computacionais que permitem que após a obtenção das imagens a escala de cinzas seja modificada afim de facilitar a diferenciação entre certas estruturas conforme a necessidade. Na imagem à esquerda, realizada sem contraste, podemos ver o parênquima cerebral com um hematoma (Janela de parênquima) e na imagem à direita, a escala de cinza modificada para a avaliação óssea (Janela Óssea) – evidenciando linhas de fratura e descontinuidade óssea. @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 2 SEMIOLOGIA 2 Abaixo, temos sequências diferentes de cortes axiais de RM. À esquerda T1 ( líquor fica preto) e à direita T2 (líquor fica branco). Diferentemente da TC e seu janelamento, na RM essas sequências são obtidas em momentos diferentes, o que torna o exame mais longo e mais complexo. A imagem abaixo mostra uma lesão expansiva à esquerda, que faz um desvio das estruturas da linha média com compressão do ventrículo lateral. Note que em T2 (direita), o líquor fica branco e a lesão expansiva tem um hiperssinal maior ainda em (fica mais branca que o líquor). Já a sequencia à esquerda, se trata de uma sequência T1 feita após contraste evidencia que o contraste chega à periferia da lesão, de forma irregular (indicando que se trata de um cisto com septações), mas não chega ao centro (demonstrando que o centro da lesão não é vascularizado). O contraste é utilizado para delimitar as estruturas e permitir sua análise mais detalhada. Na imagem acima, a primeira mostra uma RM antes do contraste, com certa distorção do parênquima cerebral possibilitando apenas a identificação da compressão posterior do ventrículo direito, sem evidenciar detalhes da lesão em si. Quando realizamos o contraste, torna-se possível a análise mais detalhada da lesão. Uma lesão expansiva, com realce difuso e homogêneo comprimindo as estruturas adjacentes, aspectos muito comuns aos meningiomas. Outra comparação sem contraste e contraste, agora com uma lesão de caráter cístico em que não seria possível identificar tal característica sem o uso do contraste. A seguir, uma comparação entre uma TC e uma RM, ambas com contraste, mostrando uma lesão com realce periférico, de aspecto irregular e componente cístico central em ambas as imagens. Na TC o contraste se chama contraste iodado (um contraste de densidade) e na RM é o gadolíneo axial coronal sagital @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 3 SEMIOLOGIA 2 (uma substãncia que reage com o campo magnético da RM). A diferença é que a RM e o contraste de gadolíneo permitem maior diferenciação dos tecidos. CASOS CLÍNICOS: CASO 1: Paciente hemiplégico à direita, chegou ao PS cerca de 12 horas após início dos sintomas. Note que na imagem à direita (uma TC normal) há diferenciação normal entre a substância branca e cinzenta Já na imagem à esquerda, há uma perda da diferenciação na região de irrigação da artéria cerebral média, com diminuição da densidade (mais escuro) aspecto característico de AVC Isquêmico (sob isquemia, o encéfalo se liquefaz = densidade diminui) Na RM (imagem a seguir), podemos ver a evolução do processo isquêmico, demonstrado pela extensa área hiperdensa correspondente ao território da artéria cerebral média Diagnóstico: Infarto no território da ACM esquerda CASO 2: Paciente hemiplégico à direita, chegou ao PS cerca de 2 horas após início dos sintomas. Podemos até analisar a TC acima com calma, mas não iremos identificar nenhuma alteração, pois existe um tempo para instalação do aspecto do infarto cerebral. Esse paciente chegou ao PS muito precocemente, o que é bom, pois ao associar a história clínica com os achados radiográficos, @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 4 SEMIOLOGIA 2 podemos “inferir” que se trata de um AVC Isquêmico e iniciar o tratamento. CASO 3: Mulher, 50 anos, HAS, hemiparesia E com 1 semana de história. Aréa hiperdensa em região núcleo-capsular direita evidenciando área de AVC Hemorrágico (sangue é hiperdenso na TC) Hemorragia Intracraniana Hipertensiva é bastante comum em pacientes hipertensos de 40-70 anos Diagnóstico diferencial: pacientes usuários de cocaína CASO 4: Pct com história de cefaleia secundária. Cefaleia secundária é uma cefaleia diferente do padrão com o qual o paciente está acostumado, ou o surgimento de cefaleia em paciente que anteriormente não apresentava tal condição Além disso, é uma cefaleia que conseguimos encontrar sua causa No caso da imagem acima, à direita uma imagem normal, em que podemos identificar o sulco lateral ou Fissura Sylviana livres e na imagem à esquerda, a mesma estrutura preenchida por sangue (branco) hemorragia subaracnóidea Tal aspecto é característico de aneurismas cerebrais rotos CASO 5: Paciente com rebaixamento do nível de consciência pós trauma, há 4 horas. Sangramento fora do parênquima cerebral entre o cérebro e a calota craniana = Hematoma Epidural por lesão traumática da artéria meníngea média CASO 6: Homem, 74 anos, dificuldade de marcha e alteração da cognição há 3 semanas. À esquerda, TC evidenciando uma área hipodensa (mas não tão hipodensa quanto o líquido) com aspecto em crescente, se distanciando da calota craniana = @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 5 SEMIOLOGIA 2 deslocamento do córtex, substância branca e linha média para a direita Diferentemente do caso anterior, este apresenta um tempo de evolução maior (quadro crônico), característico de Hematomas Subdurais Rompimento de veias cerebrais por traumas de menor intensidade que sangram mais lentamente, não cursando com repercussões clínicas agudas Família geralmente queixa de demência, mas devemos lembrar que demência não possui tempo de instalação de 3 semanas e, por isso, diante desta queixa devemos realizar a TC de crânio Febre alta há 3 dias e rebaixamento do nível de consciência: a RM do mesmo paciente evidenciou na sequência T1 pós contraste (à esquerda) uma lesão expansivacom realce periférico e componente central cístico líquido (confirmado pelo hiperssinal central em T2). Além disso, há importante edema ao redor da lesão, conferindo a esta um efeito de massa que comprime e desvia as estruturas ao redor. CASO 7: Homem, 46 anos, história de cefaleia há alguns meses, sem outras queixas. Exame neurológico normal. As imagens correspondem a casos diferentes, com topografias diferentes, mas com características semelhantes. Nos casos desses pacientes, as imagens não definem os diagnósticos, mas sim suas histórias clínicas. Dessa forma, o paciente que com febre há 3 dias, apresentava um abscesso cerebral, enquanto o outro possui uma lesão neoplásica. CASO 8: Tanto a TC quanto a RM podem ser utilizadas para avaliação de Hidrocefalia. Elas podem também, auxiliar no diagnóstico etiológico desta condição, como no caso abaixo, em que o paciente possuía um tumor da parte central do encéfalo causando obstrução TC RM pós contraste RM T2 NORMAL Dilatação dos ventrículos @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 6 SEMIOLOGIA 2 dos ventrículos laterais, com apagamento dos sulcos corticais devido à compressão causada pelo acúmulo de líquido (hidrocefalia. No caso abaixo, à direita tem-se um exame normal com vista sagital da linha média e à esquerda, uma grande dilatação ventricular com conteúdo aumentado de líquido, mas com manutenção do tamanho do IV Ventrículo. Quando visto com mais detalhe, podemos ver uma pequena membrana (seta) causando uma estenose do aqueduto e o acúmulo de líquido nos ventrículos. QUANDO PEDIR TC E QUANDO PEDIR RM? Muitas vezes a TC será suficiente para esclarecer o caso e, quando ela não o fizer, teremos a RM para lançar mão. A RM é um exame muito mais demorado, complexo e caro quando comparada à TC. Então: TC: o Avaliação inicial o Exame de escolha na emergência ACi, AVCh, traumas... o Não precisa de tanta cooperação do paciente RM: o Alto custo emaior tempo de realização o Normalmente após TC, para sanar as dúvidas que a mesma não respondeu o Precisa de muita cooperação co paciente ou até sedação
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