Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HEMATOPOISE A MO é o órgão produtor das células sanguíneas. A com atividade hematopoiética é a MO vermelha (pelo grande n° de hemácias e precursores eritróides), já o restante dos ossos contém a MO amarela (preenchida por tecido adiposo). Até os 5 anos de idade, a MO de todos os ossos participam desse processo e, depois, ocorre uma substituição da MO vermelha pela MO amarela nos ossos longos, porém tem potencial para voltar a produzir células sanguíneas por certos estímulos. Na idade adulta, só os ossos da pelve, o esterno, do crânio, dos arcos costais, das vértebras e das epífises femorais e umerais conseguem gerar células sanguíneas. Célula-tronco (totipotente): ● 1 única célula origina todos os elementos do sangue (hemácias, plaquetas e leucócitos), sendo a única célula progenitora de todas as linhagens celulares. ● Presente em pequena quantidade na MO, mas se reproduz quando necessário e dá início a um processo de diferenciação em linhagens celulares hematológicas: ● Linhagem Mielóide: Linhagem eritroide-megacariocítica: Forma hemácias e plaquetas. Precursor eritroide-megacariocítico: Origina os eritroblastos e os megacarioblastos. -Eritroblasto: Origina o eritrócito (hemácia). -Megacarioblasto: Origina o megacariócito (plaquetas no citoplasma), sendo a maior célula da MO. Linhagem granulocítica-monocítica: Forma granulócitos e monócitos. Precursor granulocítico-monocítico: Origina os mieloblastos e os monoblastos. -Mieloblasto: Origina neutrófilo, eosinófilo ou basófilo (granulócitos). -Monoblasto: Origina o monócito (macrófago circulante). ● Linhagem Linfóide: -Precursor B: Origina linfócitos B. Maturação final na própria MO. - Precursor T: Origina linfócitos T. Maturação final no timo. Os linfócitos maduros (B e T) irão se concentrar nos tecidos linfóides (linfonodos, baço e MALT). Unidades formados de colônias: À medida que os precursores se diferenciam, se comprometem com a formação de uma certa linhagem hematopoiética. Interleucinas (IL)/Fatores Estimuladores de Colônia (CSF): Principais mediadores da hematopoiese, específicos para cada linhagem celular. ● Eritropoetina: Substância peptídica produzida nos rins (90%) e no fígado (10%), em resposta à hipóxia tecidual. É um hormônio regulador da produção de hemácias, estimulando os progenitores eritróides a formar mais eritroblastos na MO. ● GM-CSF: CFU de granulócitos e monócitos, produzido pelos macrófagos, fibroblastos e células endoteliais dos diversos tecidos do corpo, em resposta à inflamação. Estimula a formação de mieloblastos e monoblastos, aumentando a produção de neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos. MEIA-VIDA DOS ELEMENTOS MADUROS DO SANGUE: Possuem uma vida limitada, sendo constantemente repostos, conforme a necessidade. Hemácias: 120 dias Plaquetas: 7-10 dias Granulócitos: 6-8 horas Linfócitos: meses a anos ERITROPOIESE LOCAL DE PRODUÇÃO DE CÉLULAS VERMELHAS DE ACORDO COM A EVOLUÇÃO: 1as semanas de vida embrionária: Saco vitelínico. 2° trimestre da gestação: Fígado (principal); Baço; Linfonodo. Final da gestação: Medula óssea (MO). Em certas patologias, a produção de células hematológicas volta a ser extramedular (eritropoiese extramedular), como doenças hemolíticas e mielofibrose intensa. LINHAGEM ERITRÓIDE: (1) Pró-eritroblasto: 1a célula da MO da série eritróide. Cromatina descondensada e citoplasma azulado (basófilo). ● Diferenciação e Maturação: -Condensação da cromatina nuclear (maturação do núcleo); - Hemoglobinização do citoplasma (avermelhado - eosinofílico). (2) Eritroblasto basofílico (3) Eritroblasto policromatofílico (4) Eritroblasto ortocromático (“hemácia nucleada”) (5) Reticulócito: ● Diferenciação e Maturação: -Expulsão do núcleo; -Formação de retículos basofílicos (azulado) no citoplasma por ribossomos (ricos em RNA); -Desaparecendo dos ribossomos 1 dia após a saída do reticulócito da MO. (5) Eritrócito (Hemácia): Célula eritróide madura (anucleada) Hemoglobina :Tem como função primordial carrear oxigênio (O²) para os tecidos. É sintetizada na mitocôndria das células da linhagem eritróide, desde o pró-eritroblasto até o reticulócito. Estrutura: 4 cadeias polipeptídicas (Globinas) + 4 Heme (4 protoporfirina + 1Fe²). Globina: Alfa; Beta; Gama; Delta. Grupo Heme: 4 anéis aromáticos (1Protoporfirina) + 1Fe² (ferroso). Capaz de ligar a 1O² (1Hb se liga a 4O² pelos 4 Heme). ● 2 Succinilcolina (ciclo de Krebs) + 2 Glicina = 4 Ácido Aminolevulínico (ALA) = Protoporfirina HEMOGLOBINA NO ADULTO NORMAL: Hemoglobina A1 (97%): 2 cadeias Alfa e 2 cadeias Beta. Hemoglobina A2 (2%): 2 cadeias Alfa e 2 cadeias Delta. Hemoglobina F (1%): 2 cadeias Alfa e 2 cadeias Gama METABOLISMO DO FeRRO Ferro corporal total: ● Homem: 50 mg/kg ● Mulher: 35 mg/kg ARMAZENAMENTO DE FERRO: Mucosa intestinal; Macrófagos do baço e da MO. Os 3 armazenadores são proteínas capazes de ligar o ferro, tanto no LEC quanto no LIC. Fe²-Heme (70-75%) Fe²-Ferritina e Fe²-Hemossiderina (25%) Fe²-Transferrina (2%) APOFERRITINA: Sintetizada pelo fígado (reagente de fase aguda). Armazena os átomos de ferro. FERRITINA: Apoferritina + Ferro. Principal armazenadora de ferro. A ferritina sérica é proporcional às reservas de ferro corporal. Ferritina Sérica: 20-200 ng/ml. 1 ng/ml equivale a 10 mg de ferro armazenado. ● Homem (média): 125 ng/ml ● Mulher (média): 55 ng/ml HEMOSSIDERINA: Derivado da ferritina após proteólise por enzimas lisossomais, sendo também uma armazenadora de ferro, porém de liberação muito mais lenta. TRANSFERRINA: Sintetizada pelo fígado responsável pelo transporte do ferro no plasma, agindo como um link entre os principais depósitos teciduais do metal e a linhagem eritróide da MO. Cineticamente muito ativa, renovando-se a cada 3-4 horas. Ciclo: O duodeno e o jejuno proximal são as regiões intestinais responsáveis pela absorção de todo o ferro alimentar (≤ 50% absorvido). Não há mecanismo fisiológico para regular a excreção do ferro, porém a ingestão excessiva pode levar a sobrecarga deletéria. FATORES DA ABSORÇÃO DE FERRO: Tipo de alimento com ferro e de outros alimentos que podem influenciar a absorção de ferro e das necessidades do organismo. FORMAS DE FERRO DA DIETA: Ferro heme (origem animal): O heme (protoporfirina + Fe²) é absorvido (30% do ferro heme ingerido). Ferro não heme (origem vegetal): O íon ferroso (Fe²) é absorvido (10% do ferro não heme ingerido). Ferro livre: Extremamente tóxico, pois catalisa a formação de radicais livres, levando ao dano celular. A capacidade do ferro de doar e receber elétrons pela conversão de íons ferrosos (2+) em férricos (3+) o torna um componente fundamental dos anéis porfirínicos transportadores de O² da Hb e mioglobina, além dos citocromos e de outras enzimas vitais. A absorção do ferro não heme é influenciada pelo pH gástrico e pela composição dos alimentos, sendo que um pH ácido promove a conversão do Fe³ em Fe², aumentando a sua absorção. O ácido ascórbico (vitamina C) é um importante estimulante da absorção dos sais de ferro. A proteína derivada da carne também aumenta a capacidade de absorção dos sais de ferro. Várias substâncias alimentares (derivadas de cereais, compostos fenólicos, fosfato, minerais) inibem a absorção devido às suas propriedades quelantes. Absorvido pelas células da mucosa intestinal. Pode ser incorporado pela ferritina nas células da mucosa e ser transportado pelos enterócitos para um transportador na membrana basolateral (ferroportina), ligando-se, depois, à transferrina plasmática. (1) O ferro na forma férrica (Fe³) sofre redução para a forma ferrosa (Fe²) pela ferriredutase. (2) O ferro heme e não heme atravessam a membrana apical das criptas intestinais pelo transportador DMT-1. (3) O ferro pode se incorpora a ferritina nas células da mucosa intestinal ou ser transportado pela ferroportina através da membrana basolateral para se ligar à transferrina (de acordo com as necessidades corporais ou se não, permanece na célula e é descartado pela descamação e renovação celular). (4) O complexo Ferro-Transferrina(2fe²) é captado pelos precursores eritróides pelo receptor de transferrina (em grande quantidade), sendo que a eritropoiese normal prossegue até que haja deficiência de Ferro-Transferrina. Os níveis de transferrina, receptores de transferrina e ferritina são regulados pelas proteínas reguladoras de ferro IRP-1 e IRP-2. (5) A hepcidina, hormônio sintetizado no fígado, é capaz de se ligar à ferroportina, inibindo o transporte de ferro pela membrana basolateral do enterócito para o plasma. A hipóxia inibe a sua síntese, mas o ferro e citocinas inflamatórias a estimulam. (6) Medula òssea: A transferrina plasmática ligada ao ferro atinge receptores nas membranas dos eritroblastos, onde se dissociam do complexo (exocitose da transferrina para ser reutilizada + ferro incorporado pelos progenitores eritróides). O ferro IC pode ser: ● Armazenado pela ferritina. ● Armazenado pela mitocôndria para formar o complexo Protoporfirina-Ferro (Heme), circulando às hemácias por até 120 dias. (7) Baço: Quando as hemácias se tornam senis, são fagocitadas por macrófagos nos sinusóides esplênicos: ● Rompem a MP das hemácias e moléculas de Hb (globina + heme). ●O heme sofre a ação da heme-oxigenase (ferro + biliverdina). ● O ferro reciclado nos macrófagos esplênicos pode ser: -Estocado pela ferritina e hemossiderina dos próprios macrófagos (Ferro-Ferritina ou Ferro-Hemossiderina). -Liberado no plasma, ligando-se à transferrina e novamente captado pelos eritroblastos da MO (Ferro-Transferrina). ANEMIA FeRROPRIVA DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA: É a diminuição da Hb abaixo do normal para idade e sexo (< 13,5 g/dL em homens, < 11,5 g/dL em mulheres, < 11 g/dL de 2 anos até a puberdade e < 14 g/dl em RN). A quantidade Hb dos eritrócitos (CHCM) é determinada pela produção coordenada da proteína globina, do anel porfirínico do heme e pela disponibilidade de ferro.A deficiência de um desses causa anemia hipocrômica e/ou microcítica. A deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia no mundo inteiro. Até 10% da população mundial apresentam anemia ferropriva.A prevalência de deficiência de ferro entre crianças < 5 anos no Brasil aumentou de 20,9% para 24,1% em < 2 anos e 29,4% nas mulheres férteis. O Brasil tem mais casos na região Norte e Centro-Oeste. Maior prevalência em países subdesenvolvidos FISIOPATOLOGIA: A depleção dos estoques corporais de ferro precede a anemia ferropriva. DEPLEÇÃO DOS ESTOQUES DE FERRO: Balanço negativo de ferro, mobilizado dos estoques no sistema reticuloendotelial, de forma sustentada, caminhando para o esgotamento dessas reservas.O ferro sérico, saturação de transferrina e o TIBIC ainda conseguem ser mantidos normais, tendo apenas uma queda progressiva nos níveis de ferritina sérica e no ferro corado no aspirado/biópsia de MO. ERITROPOESE INEFICAZ: Ausência de ferro corável na MO e valor “mínimo” da ferritina sérica (< 15 ng/ml). De forma progressiva, Ferro sérico cai (< 60 µg/dl) + TIBC aumenta + Saturação de transferrina cai (< 20%). Há distúrbio na capacidade proliferativa da MO traduzido por discreta anemia normocítica e normocrômica com Hb 10-12 g/dl (anemia leve). Algumas hemácias se tornam microcíticas, surgindo os primeiros indícios de anisocitose no sangue periférico. ANEMIA FERROPRIVA: Ferritina persistentemente baixa (< 15 ng/ml) + Ferro sérico baixo (< 30 µg/dl) + Saturação da transferrina baixa (< 15%) + Microcitose (Hb 8-10 g/dl) + Hipocromia + Poiquilocitose (anemia grave). Quando a Hb < 8 g/dl, a MO está “cheia” e com diminuição na relação mieloide/eritroide, devido à hiperplasia eritróide (tentativa “desesperada” da MO de recuperar o déficit hematológico). ETIOLOGIA Balanço negativo do ferro corporal: Quando todo o estoque de ferro é consumido. Defeitos na absorção de ferro: Gastrectomia subtotal; Doença celíaca; Gastrite atrófica. Ingestão insuficiente de ferro: Mais em populações carentes. São necessários 8 anos para que um homem adulto desenvolva (refeição ocidental média é de 6 mg de ferro). Apenas dietas < 1-2 mg/dia falham têm ingestão inadequada. Gestação: A mulher tem uma perda média elevada de ferro de 4 mg/dia. Pelo aumento da massa de hemácias típico da gestação. Pela transferência de 300 mg ao feto e perda sanguínea no parto. Hipermenorréia: Uma das causas mais comuns (perda > 80 ml em cada ciclo). Hemodiálise e exames de sangue frequentes= Vermes: Ancilostomídeos (Necatur americanus e Ancylostoma duodenale), que habitam o duodeno, aderidos por ventosas à mucosa duodenal, alimentando-se de sangue. Perda sanguínea crônica pelo TGI: A causa mais comum é a hemorroida, seguida pela doença péptica ulcerosa e câncer de cólon. Todo paciente > 50 anos com anemia ferropriva deve ser submetido a uma colonoscopia. Mais comum em países desenvolvidos. Crianças: ● A anemia ferropriva é a mais comum em crianças (50%). ● A criança que nasceu a termo, com peso normal, apresenta estoque até os 6 meses (< 6 meses não ocorre anemia). ● O aleitamento materno exclusivo é recomendado até 6 meses, pois, mesmo com pouco ferro, a sua absorção é excelente (50%). ● Em prematuros e crianças com baixo peso ao nascer, há pouco estoque de ferro e maior velocidade de crescimento da massa hemoglobínica no 1° ano de vida, necessitando de maior aporte diário de ferro (< 6 meses com maior chance de desenvolver anemia ferropriva). ● Entre 6-24 meses, é o período mais propenso à anemia ferropriva, pois há (1) pico de crescimento da criança, necessitando de mais ferro; (2) esgotamento dos estoques do nascimento; (3) desmame sem suplemento de ferro e sem fórmulas ou alimentos enriquecidos. QC Há depleção de ferro acentuada em pacientes assintomáticos. 1- Sinais e sintomas da anemia ferropriva: ● Instalação insidiosa: Astenia (fadiga, indisposição); Insônia; Palpitações; Cefaleia. ● Coronariopatas (angina pectoris). ● Cardiopatas (IC). ● Pneumopatas (dispneia) . ● Cerebrovasculopatas (rebaixamento da consciência). ● Exame físico: Palidez cutâneo-mucosa + Sopro sistólico de “hiperfluxo” + Hemorragias retinianas (anemia grave). Sinais e sintomas da ferropenia: ● Glossite (ardência e língua despapilada), e/ou Queilite angular (lesão nos ângulos da boca). ● Unhas quebradiças + Coiloníquia (unhas em colher), em casos avançados. ● Escleras podem estar azuladas. ● Esplenomegalia de pequena monta (15%). ● Perversão do apetite (pica ou parorexia), desejo de comer alimentos de baixo valor nutricional, como amido, gelo e terra, sendo um sintoma clássico e específico. ● Síndrome de Plummer-Vinson: Disfagia devido à formação de uma membrana fibrosa na junção entre a hipofaringe e o exôfago, sendo mais comum em mulheres idosas. ● A produção de IL-1 e IL-2 e o poder bactericida dos neutrófilos estão afetados pela depleção da lactoferrina leucocitária. ● Crianças: Anorexia; Irritabilidade; Diminuição do desenvolvimento psicomotor DIAGNÓSTICO HEMOGRAMA: Na 1a fase, temos uma anemia leve a moderada, com índices hematimétricos normais (normocítica normocrômica). Na 2a fase, a anemia torna-se moderada a grave (microcítica e depois hipocrômica). Hb: 4-11 g/dl VCM: 53-93 fL CHCM: 22-31 g/dl Trombocitose: 500.000-600.000/mm³ Leucometria normal. RDW: > 14% Índice de produção reticulocitária normal (anemia hipoproliferativa): AF se associa frequentemente à AM, podendo ter um VCM microcítico ou macrocítico, na dependência de qual carência é mais grave (VCM normal e RDW alto, sugere a coexistência de ambas). VCM distingue a AF de outras formas de anemia. FERRO SÉRICO: Quantidade de ferro circulante ligado à transferrina. Normal = 50-150 μg/dL. < 30 mg/dL. FERRITINA SÉRICA: É o teste indicado para documentar a deficiência de ferro (1° parâmetro a se alterar na AF). Normal = 50-500 ng/ml (Homem: 100 μg/L / Mulher: 30 μg/L). < 15 ng/ml AF + ADC = 20-60 ng/ml. CAPACIDADE TOTAL DE LIGAÇÃO DO FERRO (TIBC): Medida indireta da transferrina circulante. Normal = 300-360 μg/dL. > 400 mg/dl Aumento da produção de transferrina em resposta à carência de ferro). SATURAÇÃO DA TRANSFERRINA: Percentual de receptoresde Ferro-Transferrina circulante saturados. Normal = 30-40% < 15% > 50% indica quantidade desproporcional de Ferro-Transferrina em tecidos não eritróides (normal = 1/3 dos sítios de ligação de ferro da transferrina ocupados). Se a “massa total de transferrina” também aumenta, a saturação não sofre variações.Na ADC, 10-20%. HEMATOSCOPIA: A anemia ferropriva é a que mais se relaciona à anisopoiquilocitose. 1a fase: Anisocitose e/ou Microcitose e Hipocromia. 2a fase: Poiquilocitose (hemácias em forma de charuto e micrócitos bizarros). ASPIRADO DE MO (MIELOGRAMA): Exame de maior acurácia para o diagnóstico da anemia ferropriva (apenas em casos duvidosos).Avalia os estoques de ferro (1-4+) das células reticuloendoteliais. Por convenção, esses estoques são graduados numa escala de 1 a 4+.Um aumento dos depósitos de ferro é frequente em (1) pacientes submetidos a transfusões periódicas; (2) anemia de doença crônica. A análise do ferro medular pode diferenciar entre AF e ADC quando os níveis de ferritina forem inconclusivos. DOSAGEM DA PROTEÍNA RECEPTORA DE TRANSFERRINA (TRP): Refletem a massa medular eritróide total. Normal = 4-9 µg/L. Na AF, a TRP aumenta apenas após a grande depleção dos depósitos de ferro. PROTOPORFIRINA LIVRE ERITROCITÁRIA (FEP): Intermediário da síntese do Heme. Normal < 30 µg/dl. > 100 µg/dl pela deficiência de ferro, acumulando-se nas hemácias. A FEP também encontra-se aumentada na intoxicação por chumbo. TRATAMENTO Consiste na restauração das reservas de ferro do organismo com sulfato ferroso.A terapia dietética não tem valor algum, devido à baixa biodisponibilidade do ferro nos alimentos. FERRO ORAL (SULFATO FERROSO): Indicado para AF devido a subnutrição ou carências alimentares, por hemorragias, síndromes ferropênicas latentes e moderadas. Também usado na suplementação alimentar em situações como gravidez, amamentação, fases de crescimento rápido, em recém nascidos com baixo peso e bebês alimentados com mamadeiras. Adm 60 mg de ferro elementar (300 mg de sulfato ferroso) 3-4x/dia (sulfato ferroso = 5x ferro elementa), com o estômago vazio 1-2h antes das refeições, de preferência associado à vitamina C. Efeitos colaterais GI (15-20%): Náuseas; Vômitos; Desconforto epigástrico; Diarréia. Ameniza colocando Fe nos alimentos ou gluconato de ferro. Contraindicação: Anemias com acúmulo ou incapacidade de utilização do ferro (hemocromatose, hepatopatia aguda, anemia falciforme, hemolítica, sideroacréstica, anemias do chumbo, talassemia, anemias por tumores ou infecções, associadas à leucemia). Pelo menos 6 meses de reposição são suficientes para corrigir anemia e repor os depósitos de ferro (em crianças, 3-4 meses). Resposta: Contagem de reticulócitos alta (5-10 dias) + Hb e hematócrito aumenta em 2 semanas, normalizando em 2 meses + Ferritina > 50 ng/ml. FERRO PARENTERAL (glutamato férrico de sódio): Indicações: (1) síndromes de má absorção duodenojejunal; (2) intolerância às preparações orais; (3) anemia ferropriva refratária ao ferro VO; (4) necessidade de reposição imediata de ferro. Adm IV de 125 mg de glutamato férrico de sódio por 10 min é a forma preferida devido à baixa incidência de reações adversas. A dose total requerida é diretamente proporcional ao déficit de ferro na Hb, somado à quantidade necessária para repor os estoques de ferro (1.000 mg no homem e 600 mg na mulher). Déficit de ferro da Hb: (15 - Hb) x peso (kg) x 2,3. Déficit de ferro da Hb + Déficit de estoque (dose total do ferro parenteral): ● (15 - Hb) x peso (kg) x 2,3 + 1.000 (no homem) ● (15 - Hb) x peso (kg) x 2,3 + 600 (na mulher) Um esquema muito comum em centros de hemodiálise é a adm de 100 mg de ferro parenteral 1x/semana por dez semanas consecutivas. Doses de até 100 mg podem ser adm IM sem riscos. TRANSPLANTE DE HEMÁCIAS: Terapia transfusional reservada para indivíduos com sintomas de anemia, instabilidade cardiovascular e perda contínua e excessiva de sangue, e para os que necessitam de intervenção imediata. AUSÊNCIA DE RESPOSTA À TERAPIA: TMPRSS6 é uma serina-protease transmembrana do tipo II que suprime a produção de hepcidina. Mutações da TMPRSS6 esporádicos ou familiares cursam com níveis urinários elevados de hepcidina, comprometendo a absorção de ferro e reciclagem.Leva à anemia ferropriva de ferro refratário (IRIDA), somente em pacientes responsivos ao ferro adm via parenteral pelo uso anormal de ferro. Dibe B. Ayoub
Compartilhar