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DOENÇAS TRANSMITIDAS OU CAUSADAS POR CARRAPATOS · Os carrapatos são parte de um grupo de ectoparasitas, que causam danos aos seres humanos de forma direta (hematogafia) e indiretamente. Além disso, são seres responsáveis por grandes problemas a muitos animais domésticos e outros como bovinos e equinos. · Carrapatos são artrópodes pertencentes a classe Arachnida (aranhas, escorpiões, ácaros e carrapatos), todos são ectoparasitas sugadores de sangue (hematofagia) e as famílias mais importantes para medicina humana e veterinária são Argasidae (têm predileção por aves) e Ixodidae (são os carrapatos duros, muito importantes na medicina humana). Lembrando que não precisamos saber as espécies dos carrapatos! · A ação direta dos carrapatos nos humanos se dá pelo contato desse parasita diretamente com o ser humano, lesando a pele da pessoa, inoculando saliva e desencadeando processos alérgicos. Já a ação indireta, se dá pela veiculação de patógenos, como as bactérias. · Os carrapatos são responsáveis por dermatites, paralisias e pela transmissão de doenças ao homem e aos animais domésticos e silvestres. · Os carrapatos que estudaremos não são específicos dos seres humanos, eles têm tropismo por outros animais. O trânsito em locais com animais parasitados por carrapatos e a proximidade dos humanos com animais domésticos, por exemplo, ampliam as chances desse parasito chegar ao ser humano. FAMÍLIA IXODIDAE · Os carrapatos da família Ixodidae têm tropismo por animais de sangue quente, como gatos, cães, seres humanos, aves, mamíferos, repteis, cobra... por conta de seus termorreceptores que são capazes de perceber a temperatura. Eles possuem um aparelho bucal com qulíceras para abrir a pele, palpos que se assemelham a antenas e são responsáveis por perceber a temperatura do local para o animal saber onde picar e hipostômio, que “prende” o carrapato à pele. · Inicialmente, o carrapato fêmeo e o macho têm o mesmo tamanho, mas ao alcançar a fase adulta, a fêmea fica cheia de ovos em seu interior, então ela acaba ficando bem maior por estar engurgitada. · Ciclo biológico do Ixodidae monoxênico (envolve apenas 1 hospedeiro): o macho e a fêmea copulam estando no hospedeiro, como um boi. A fêmea fica cheia de ovos e depois sai do animal e cai no solo e morre logo depois de depositar os ovos no solo (cerca de 3 mil). Dos ovos, saem larvas, que se transformam em ninfas e sobrem no boi, onde se tornam adultos e dão continuidade ao ciclo. · MACHO TEM O ESCUDO DORSAL GRANDE. · Ciclo biológico do ixodídeo heteroxênico (é o mais comum e têm maior potencial a causar patologias ao ser humano): carrapatos em animais silvestres se reproduzem, a fêmea vai para o solo, a larva vai para outro hospedeiro silvestre ou doméstico. Existe a possibilidade de haver a transmissão transovariana de alguns patógenos, quando uma fêmea do carrapato se alimenta do sangue de um animal contaminado, cai no solo e deposita seus ovos, e todos eles terão esse patógeno ao “nascer” (isso ocorre com a febre maculosa). Já a transmissão transestadial ocorre de um estágio para outro, quando a fêmea não adquire o patógeno, mas a larva adquire um patógeno depois de nascer. Em alguns casos, ao se transformar em ninfa e perder seu exoesqueleto, a larva acaba eliminando esse patógeno, mas não ocorre nesse caso. DOENÇAS CAUSADAS POR CARRAPATOS · Dermatite: forte ação irritativa local e uma resposta inflamatória, além de hiperemia e edema. Pode causar muita dor em algumas pessoas. O carrapato fura a pele e fica se alimentando, e quanto maior o tempo ele ficar lá, mais irritação será causada na pele. · Para remover o carrapato, é sugerido que se faça de forma vertical (puxar para cima), para evitar que o hipostômio fique na pele da pessoa e cause ainda mais irritação na pele. · Paralisia por picada de carrapato: toxicose ou paralisia motora flácida ascendente. Associada a um quadro tóxico generalizado, temperatura elevada, parestesia, dificuldade de deambulação, perda da tonicidade muscular, perturbações da deglutição e da respiração. A pessoa entra nesse quadro de intoxicação grave por conta das substâncias tóxicas presentes na saliva (anestésico, anticoagulante...) do carrapato. É uma reação alérgica grave, que pode ocorrer com seres humanos e animais como cães e bois. · Gen. Rhipicephalus · Gen. Amblyomma · Doenças: *Doenças com registros no Brasil. · Febre maculosa brasileira* · Neorriquetsiose ou febre riquetsial · Doença de Lyme* · Febre recorrente · Erlichioses · Anaplasmose · Babesiose · Febre maculosa: é uma riquetsiose causada pela bactéria gram negativa Rickettsia rickettssi, que invade as células endoteliais. Também é chamada febre das montanhas rochosas, tifo exentemático, riquetsiose púrpura, febre púrpura e doença do carrapato. No Brasil, existem muitos registros nas regiões sudeste e sul. O quadro abaixo mostra a distribuição dos casos da doença no Brasil, onde podemos ver que a maioria dos casos foram em SP, MG e RJ. Ou seja, 71% dos casos ocorreram no Sudeste. · Por isso, é importante se atender a esse problema nas regiões endêmicas, pois essa doença pode causar morte com a demora de um diagnóstico adequado e tratamento. É importante frisar que os casos estão aumentando cada vez mais! · O homem é infectado por essa doença através da picada do carrapato Amblyomma cajennense, que possui um ciclo vital heteróxeno (passa em vários hospedeiros para amadurecer). Além disso, esse carrapato é extremamente resistente e pode realizar um processo de polixevia, ou seja, pode parasitar animais de sangue quente (endotérmicos) domésticos e silvestres, animais ectotérmicos na ausência dos de sangue quente (répteis e anfíbios) e na ausência de ambos, parasitam invertebrados (como caracóis e lesmas). · Fenomeno de reativação das riquetsias: o carrapato precisa estar aderido ao ser humano por pelo menos 4hrs para transmitir a febre maculosa. O carrapato vai sugar o sangue do humano, o carrapato já esta contaminado, vai perfurar e formar o canal alimentar. Então começa a sugar o sangue, entra e vai pro trato digestório do carrapato, se o carrapato estiver contaminado, o sangue vai para o interior dele, vai encontrar as bactérias do trato digestório do carrapato. Em contato com o sangue, as bactérias são ativadas. PE normal acontecer o regurgitamento do sangue contaminado com as bactérias. ASPECTOS CLÍNICOS · Doença multisistêmica – causa quadros muitos distintos, por isso precisamos nos atentar à história do paciente para facilitar o diagnóstico · Sintomas precoces (até o 2º dia) – febre alta, perturbações do TGI (vômito e diarreia), cefaleia, dores musculares, prostração, mucosas hiperêmicas e/ou hemorrágicas, lesões cutâneas e formação de trombos · Sintomas entre o 3º e 4º dias – surgimento de exantema nas extremidades (punho e tornozelos), passando para a palma das mãos, a planta dos pés e irradicação para outras partes do corpo, formação de máculas róseas, de limite irregular e presença de petéquias vermelhas que não desaparecem por pressão digital DIAGNÓSTICO CLÍNICO (ANAMNESE) · Contato com animais · Presença de lesões causadas pela picada do carrapato · Presença do carrapato no paciente · Paciente esteve em área endêmica para FMB DIAGNÓSTICO LABORATORIAL · Hemograma – leucopenia seguida por leucocitose · Identificação específica – reação sorológica por fixação de complementos e imunofluorescência TRATAMENTO · Uso de ATBs de amplo espectro · Tetraciclinas · Cloranfenicol · Doxiciclina · Eritromicina Doença de Lyme: é uma borreliose causada por uma bactéria espiroqueta (Borrelia burgdorferi). Tem distribuição na América, Ásia e Europa. ASPECTOS CLÍNICOS DA DOENÇA DE LYME · Primeira fase (cutânea) – formação de eritema crônico migratório, presença de mácula ou pápula avermelhada e expansão para forma anular. Outros sintomas incluem febre, mal-estar, fadiga, cefaleia, mialgias e rigidez na nuca · Segunda fase (semanas ou meses depois) – alterações neurológicas, quadro clínico de meningite e alterações cardíacas · Terceira fase – dor e edemasdas grandes articulações (principalmente nos joelhos) e artrite crônica DIAGNÓSTICO · Cultura das bactérias · Testes de imunofluorescência indireta TRATAMENTO · Doxiciclina · Eritromicina · Amoxicilina
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