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Alice Bastos Lactente sibilante Definição É quando um lactente apresenta sibilância contínua por 1 mês ou apresenta 3 ou mais episódios no último ano. Epidemiologia No Brasil, a prevalência da sibilância alguma vez, no primeiro ano de vida, oscilou entre 27,1% e 63,6%, a de sibilância recorrente entre 11,8% e 36,3%; Entre os lactentes com sibilância recorrente foram observadas as maiores taxas de morbidade; A frequência de idas ao serviço de urgência em decorrência de sibilância oscila entre 17,3% e 45%, e a de hospitalização por sibilância entre 3,8% e 17,6%. Fisiopatologia Existem diversos fatores anatômicos e funcionais que favorecem o aparecimento da sibilância em lactentes, dentre eles: → Menor calibre da via aérea (por isso, obstrui mais facilmente, gerando o sibilo); → Maior resistência das vias aéreas periféricas; → Maior complacência da caixa torácica; → Recolhimento elástico mais eficiente; → Inserção mais horizontalizada do diafragma; → Menor quantidade de poros de Kohn e canais de Lambert: permitem a circulação de ar entre os alvéolos, fazendo a ventilação colateral entre os tecidos pulmonares adjacentes; Existem diversos mecanismos que podem levar ao quadro de sibilância: → Redução do calibre dos brônquios: em decorrência de broncoespasmo, edema de mucosa ou anomalia brônquica congênita; → Compressões extrínsecas: adenomegalias e tumores; → Obstrução dinâmica das vias aéreas: traqueomalácia; → Obstruções intraluminais: corpo estranho e secreção; Fatores de risco Sexo masculino: os meninos possuem uma via aérea de menor calibre na infância e maior tendência à alergia e hiperresponsividade brônquica; Antecedentes pessoas e familiares de atopia; Etnia: em países desenvolvidos, as maiores prevalências e morbidades de sibilância e asma ocorrem entre crianças negras; Sensibilização precoce a alérgenos; Tabagismo materno ativo ou passivo: o tabagismo materno durante a gestação altera o desenvolvimento pulmonar fetal, e lactentes cujas mães fumaram durante a gestação, apresentam diminuição da função pulmonar e maior risco de sibilância; Infecções respiratórias por vírus: principalmente infecção pelo VSR no 1° ano de vida; Contato com animais de estimação; Prematuridade e baixo peso ao nascer: há uma alteração no desenvolvimento das vias aéreas e a função pulmonar é comprometida; Uso de oxigênio no período neonatal: quando utilizado em excesso no período neonatal, leva a produção excessiva de radicais livres que lesam o pulmão, levando ao desenvolvimento inadequado, que cursa com menores vias aéreas e mais facilmente obstruídas; Uso de antibióticos e paracetamol no período neonatal; Aspiração de conteúdo alimentar. Quadro clínico Os principais sintomas apresentados pelo lactente sibilante são: → Tosse: seca ou produtiva; → Dificuldade de respirar; → Chiado no peito; Ao exame físico: Alice Bastos → Ausculta pulmonar: sibilos (em geral, é expiratório); • Se houver secreção, é possível auscultar estertores; • Em alguns casos, a ausculta pode ser normal; → Desconforto respiratório; • Batimento de asa de nariz; • Tiragem subdiafragmática e intercostal. IMPORTANTE! Alguns pacientes podem apresentar sinais de dermatite atópica: pele seca, áspera, presença de liquenificação e pápulas ou placas eritematosas pruriginosas em face, couro cabeludo e pregas poplíteas e antecubitais. Diagnóstico É clínico; Não há necessidade de exames complementares na crise de sibilância; → Em geral, são feitos em casos mais graves. Exames complementares Radiografia de tórax: tem utilidade na detecção de malformações, infecções e outras doenças menos comuns; Testes alérgicos: como o sistema imunológico é imaturo nessas crianças, a dosagem de IgE específica ou os testes cutâneos para aeroalérgenos são menos acurados em lactentes e pré-escolares, embora sejam indicados; Testes de função pulmonar: classificam-se em: → Exames que não exigem cooperação ativa, como a técnica de diluição de hélio e a medida da resistência das vias aéreas por técnica do interruptor são disponíveis via de regra, para fins de pesquisa; → Testes convencionais são também possíveis de realizar em pré-escolares com algumas modificações de técnica; Exames complementares invasivos, como a tomografia computadorizada de tórax de alta resolução, broncoscopia com lavado broncoalveolar e biópsia pulmonar podem ser úteis nos casos onde a avaliação inicial é inconclusiva e/ou as manifestações de doença são graves. Tratamento O lactente sibilante deve ter tratamento específico de acordo com a etiologia, no entanto, quando não se consegue um diagnóstico etiológico, o tratamento deve ser fundamentado do mesmo modo que na asma; Sibilantes intermitentes deverão utilizar beta agonistas pela via inalatória apenas nas crises até a melhora dos sintomas (1-7 dias); Sibilantes persistentes deverão receber beta-agonistas nas crises e antagonista de leucotrieno ou corticosteroide inalatório de forma contínua por pelo menos 3 meses; → Montelucaste de sódio é o antileucotrieno de escolha (4 mg/dia em pacientes de 6 meses até 5 anos); O uso de corticoide inalatório é a primeira linha para o controle dos sintomas em qualquer faixa etária; → Se houver falha do tratamento após 6 semanas de uso do corticoide, deve-se realizar uma reavaliação clínica, e encaminha; → Caso não haja benefício, o corticoide deve ser interrompido. Medidas de controle ambiental As seguintes orientações são importantes: → Evitar contato com mofo, poeira, bichos de pelúcia, fumaça, poluição e cheiros fortes; → Manter a casa limpa e arejada; → Preferir passar pano úmido nos móveis e no chão, evitando varrer ou espanar; → Forrar o colchão e o travesseiro com material impermeável; → Trocar a roupa de cama 2 vezes por semana; → Se possível, evitar creches nos 2 primeiros anos de vida. Profilaxia A principal medida de profilaxia é o aleitamento materno exclusivo até o 6° mês; Evitar aglomerações; Alice Bastos Evitar visita de familiares doentes (principalmente criança pré-escolar); Vacinação anual anti-influenza 6 meses a 5 anos; Palivizumabe (anticorpo monoclonal contra o VSR): 5 doses mensais na sazonalidade; → Em casos de prematuros < 29 semanas de idade gestacional até 1 ano de vida; → Lactentes com cardiopatia congênita com comprometimento hemodinâmico em uso de tratamento até os 2 anos; → Lactentes com displasia broncopulmonar em uso de tratamento até os 2 anos.
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