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Camila Shelly de V. Ramos ARTROPATIAS INDUZIDAS POR CRISTAIS • GOTA →EPIDEMIOLOGIA -Doença articular inflamatória mais comum -Predomina no sexo masculino (7:1 a 9:1) ↳No entanto, esse predomínio diminui com o avanço da idade *após 65 anos -> a distribuição cai para 3:1 ↳Estrógeno -> efeito uricosúrico (aumenta a excreção urinária de ácido úrico) *mulher ´´protegida´´ até a menopausa -> após a menopausa (idade mais avançada, >65 anos) -> predomínio no sexo masculino diminui -Maior incidência ↳No homem -> 30-60 anos ↳Na mulher -> 55-70 anos -Fatores de risco ↳Obesidade (sd metabólica) ↳Consumo de carne vermelha e frutos do mar *alimentos com maior concentração de purina (quando metabolizadas -> formação de ácido úrico) ↳Consumo de bebidas alcoólicas *cerveja tem o maior impacto ↳Consumo de bebidas adoçadas ↳Ingesta de frutose *laranja ↳Uso de AAS em baixas doses ↳Diuréticos *principalmente os tiazídicos →FISIOPATOLOGIA HIPERURICEMIA #não significa que em todo paciente com gota e durante toda a doença o ácido úrico estará elevado #somente uma pequena parcela dos pacientes com hiperuricemia desenvolverá gota 1)CAUSA DA HIPERURICEMIA -Hipoexcreção de ácido úrico #principal causa ↳Pelo rim (70%) ↳Pelo fígado -Produção aumentada de ácido úrico ↳Via degradação da purina 2)HIPERURICEMIA 3)FORMAÇÃO DO CRISTAL DE MONURATO DE SÓDIO -Não depende somente da hiperuricemia -Fatores que predispõe a formação do cristal ↳Hiperuricemia ↳PH reduzido ↳Temperatura reduzida *explicando a predileção da gota pelas extremidades do corpo -> formação de cristais é favorecida por áreas do corpo com menor temperatura 3.1) FORMAÇÃO DO NÚCLEO DO CRISTAL -Material formador do núcleo do cristal ↳Produtos da degradação da cartilagem e sinóvia *explicando a predileção da formação de cristais em tecidos articulares e periarticulares 4)DEPOSIÇÃO DO CRISTAL NOS TECIDOS ARTICULARES/PERIARTICULARES -A simples deposição dos cristais não significa o desenvolvimento da doença gota ↳Para isso é necessário inflamação Camila Shelly de V. Ramos 5)FAGOCITOSE DOS CRISTAIS POR MACRÓFAGOS/MONÓCITOS 6)COESTIMULAÇÃO DE RECEPTORES INFLAMATÓRIOS DO MACRÓFAGO -Receptores toll like (moléculas de superfície nas células de defesa) ↳TLR2 e TLR4 7)ESTIMULAÇÃO DE RECEPTORES TOLL LIKE DO MACRÓFAGO -Por ácidos graxos livres circulantes ↳Então em situações em que há grande quantidade de ácidos graxos livres circulantes (alto consumo de bebida alcoolica, churrasco) -> maior estimulação de receptores -> inflamação -> crise aguda de gota 8)ATIVAÇÃO DA INFLAMAÇÃO → CRISE DE GOTA -Principal mecanismo de ativação da inflamação ↳Liberação da citocina IL-B (principal citocina) -Desencadeamento da crise aguda de gota 9)CONTENSÃO DO PROCESSO INFLAMATÓRIO -> CRISE AUTOLIMITADA -Migração de vários neutrófilo para o local ↳Para tentar bloquear o processo inflamatório -> neutrófilos começam a morrer + liberação de citocinas não inflamatórias -> formação de rede constituída pelo DNA dos neutrófilos que morreram -> contensão do processo inflamatório (bloqueio dos mediadores inflamatórios) OBS:FORMAÇÃO DE TOFOS X CRONICIDADE -Gota avançada, crônica = crises agudas + tofos gotosos + processo inflamatório residual ↳Tofos = aglomerado de cristais + células da imunidade inata e adaptativa *responsável por uma produção quase que constante de inflamação -> ativação osteoclastos + osteoblastos ↳Processo inflamatório residual = mesmo ao fim da crise aguda, dor se mantém →QUADRO CLÍNICO ✓ CRISE AGUDA DA GOTA -Artrite intensa -Monoarticular no início ↳Crise inicial geralmente acomete a 1° MTF (50% dos casos) ↳Inflamação muito grande -> extrapola limites da articulação -> pode se confundir com celulite -Pico de dor com 4-12h de duração (aguda) -Resolução da crise em 3-14 dias -Pode ser acompanhada de febre e calafrios ✓ HISTÓRIA NATURAL Crise aguda -> período intercrítico assintomático (meses, anos) -> recorrência da crise (bebedeira, churrasco) -Com a progressão da doença ↳Duração do período intercrítico diminui *maior quantidade de deposição de cristais ↳Avanço de mono para oligo/poliarticular Camila Shelly de V. Ramos ↳Evolução da gota intercrítica aguda para gota crônica *3 meses ou mais de 20 anos ✓ GOTA CRÔNICA -Tofos gotosos ↳Nem sempre presentes ↳Podem apresentar ´´pontinhos brancos´´ *ajuda na diferenciação de nódulos reumatoides ↳Responsável por inflamação remanescente -Acometimento poliarticular -Presença de deformidades -Período intercrítico não é mais assintomático OBS:ESTÁGIOS DA GOTA →EXAMES ✓ LABORATORIAIS ÁCIDO ÚRICO SÉRICO -Hiperuricemia ↳Ácido úrico sérico >6,8 mg/dL ↳Pode estar transitoriamente ausente *principalmente nas crises #dosagem de ácido úrico baixa não exclui gota PROVAS INFLAMATÓRIAS -VHS e PCR elevados nas crises HEMOGRAMA -Leucocitose GLICEMIA -Glicemia elevada (geralmente) ↳Relacionada com a sd metabólica PERFIL LIPÍDICO -Colesterol elevado (geralmente) ↳Relacionada com a sd metabólica ✓ PUNÇÃO ARTICULAR/ARTROCENTESE + ANÁLISE DO LÍQUIDO SINOVIAL (PADRÃO OURO) -Locais de punção ↳Articulação ↳Bursa -Coleta do líquido sinovial -> visualização no microscópio com luz polarizada -> ↳Cristais de urato *em formato de agulha com forte birrefringência negativa *dependendo do eixo em que o compensador esteja -> variação de cor do cristal (paralelo ao eixo do compensador = amarelo; azul) ✓ US (EXAME SUBSIDIÁRIO PARA DIAGNÓSTICO) -Achados na articulação ↳Sinal do duplo contorno = linha hiperecoica detectada na superfície da cartilagem examinada (cristais) Camila Shelly de V. Ramos -Visualização do tofo ✓ TC DE DUPLA ENERGIA (EXAME SUBSIDIÁRIO PARA DIAGNÓSTICO) -Atribui uma cor específica para o tecido que deseja visualizar ✓ RX NA GOTA CRÔNICA →TRATAMENTO ✓ NA CRISE -AINE ↳Evitar em: paciente com insuficiência renal, doença cardíaca, úlcera péptica ↳Qual? Naproxeno (500mg de 12/12h por 5 dias) -Colchicina ↳Dose de ataque? 1mg seguido por mais 0,5mg uma hora depois ↳Evitar em: paciente com insuficiência renal ou hepática, em uso de claritromicina, cetoconazol ou ciclosporina -Corticosteroide ↳Quais? *comprimido -> Prednisolona (30mg/dia VO por 5 dias) *injetável -> Triancinolona (dose depende da articulação) ↳Evitar em: diabéticos e em paciente na vigência de infecção #pode haver associação desses medicamentos, dependendo do paciente ✓ DA HIPERURICEMIA -Indicações -Droga de escolha? Alopurinol (inibe síntese de ácido úrico) ↳Por mais que não ajude na resolução da crise, pode ser usado durante a crise (visando evitar crises futuras) ↳Sempre começar com doses baixas *doses altas no início -> grande oscilação do nível sérico de ácido úrico -> crises ↳Objetivo do tratamento? Ácido úrico <6mg/dL *daí a importância da dosagem de ácido úrico -Outras drogas ↳Uricosúricos (benzbromarona)= aumentam excreção renal de ácido úrico Camila Shelly de V. Ramos *podem ser usados em caso de ineficácia ou intolerância ao alopurinol *é importante sempre manter boa hidratação para diminuir risco de urolitíase OBS:MEDICAMENTOS NÃO DISPONÍVEIS NO BR ✓ NÃO FARMACOLÓGICOS -Na crise aguda ↳Compressas com gelo no local e repouso -A longo prazo ↳Mudança no estilo de vida direcionada a combater os fatores de risco *álcool, carne vermelha, sd metabólica • DOENÇA POR DEPOSIÇÃO DE PIROFOSFATO DE CÁLCIO (DPFC) →CONCEITO -Acometimento articular causado por cristais de pirofosfato de cálcio →EPIDEMIOLOGIA -Prevalência de 4-7% da população adulta ↳Baseadaprincipalmente na condrocalcinose incidental -Prevalência aumenta com a idade ↳Rara antes dos 60 anos -Fatores de risco ↳Trauma articular →PATOGÊNESE 1)FORMAÇÃO DE CRISTAIS DE PIROFOSFATO DE CÁLCIO -Aonde se formam? Tecido cartilaginoso -Como se formam? Condrócitos produzem pirofosfato inorgânico -> criação de complexos com cálcio 2)INTERAÇÃO DOS MACRÓFAGOS COM OS CRISTAIS 3)ATIVAÇÃO DO INFLAMASSOMA (NRLP3) -Inflamação -> crise 4)EFEITO CATABÓLICO DO CRITAL -Os cristais possuem efeito catabólico direto nos condrócito e sinoviócitos -> produção de metaloproteinases e prostaglandinas -> destruição da matriz cartilaginosa →QUADRO CLÍNICO ✓ ARTRITE AGUDA (PSEUDOGOTA) -Tipicamente monoarticular ↳As vezes oligoarticular -Local de acometimento ↳Joelho (principal) ↳Punho -Acometimento da 1° MTF é raro -Febre e sintomas constitucionais são comuns -Crise pode durar semanas a meses ✓ ARTRITE CRÔNICA (OSTEOARTRITE LIKE) -Mais agressiva que OA comum -Quadro mecânico crônico com crises de intensa inflamação intermitentes -Envolvimento de articulações não acometidas pela AO comum, como ombros/punhos/MCF -Inflamação mais sistêmica -> aumento de VHS, PCR ↳Diferenciando da OA que possui quando de inflamação mais localizado -> não há aumento de VHS, PCR ✓ ARTRITE REUMATOIDE (AR – LIKE) -Bem menos comum que AO-like -Geralmente menos simétrica que a AR Camila Shelly de V. Ramos ✓ APRESENTAÇÕES MENOS COMUNS →EXAMES COMPLEMENTARES ✓ ARTROCENTESE COM ANÁLISE DE LÍQUIDO SINOVIAL (PADRÃO OURO) -Coleta do líquido sinovial -> visualização no microscópio com luz polarizada -> ↳Cristais de PFC ↳Cristais rombóides positivamente birrefringentes ✓ RX -Achados ↳Calcificação da cartilagem, meniscos ↳Diminuição do espaço intra articular, esclerose →DOENÇAS ASSOCIADAS →TRATAMENTO -Para artrite aguda ↳Preferência por injeção intraarticular de corticoide *devido ao acometimento principalmente de idosos ↳Colchicina ↳AINE = última opção -Para artrite crônica Camila Shelly de V. Ramos
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