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LESÕES PROLIFERATIVAS O primeiro passo para diagnóstico é a diferenciação de estruturas anatômicas ou alterações da normalidade, como por exemplo, tórus palatino ou mandibular, carúnculas sublinguais, papila parotídea e papilas circunvaladas. Outro ponto importante é saber que lesões de origem reacional e tumoral apresentam-se clinicamente como lesão proliferativa (nódulo ou pápula). Mucocele: Causada pela ruptura de um ducto de glândula salivar que leva ao acúmulo de mucina ou muco no interior dos tecidos moles. Apresenta-se clinicamente como tumefação de tamanho variado, cuja coloração varia pela profundidade da lesão, podendo ser mais azulada se superficial ou normocrômica, se profunda. Comum em lábio inferior. Relata-se recorrência e rompimento com liberação de material viscoso. Diagnostico diferencial de fibroma. Necessário realizar biopsia excisional seguida de exame histopatológico. Recomenda-se a remoção de glândulas salivares menores em torno da região. Rânula: mucocele localizado em assoalho bucal. Extravasamento de origem na glândula sublingual, no ducto da glândula ou em glândulas salivares menores. Tumefação azulada flutuante, que usualmente atinge vários centímetros, podendo causar elevação da língua. Tratamento consiste em remoção ou marsupialização da glândula sublingual. Diagnóstico diferencial de cisto dermoides ou cisto epidérmico. Hiperplasia inflamatória: lesão reacional por trauma de baixa intensidade. Próteses desadaptadas, próteses com câmara de sucção, dentes fraturados e hábitos nocivos (trauma crônico/repetição). Crescimento lento e localização variável. Pode apresentar superfície lisa ou irregular/lobulada, tamanho variável. Necessário exame histopatológico. Conduta de remoção total do tecido hiperplásico junto a analise histológica. Remoção do fator irritante. As lesões a seguir têm maior frequência em gengiva e fazem diagnóstico diferencial entre si. São consideradas lesões reacionais restritas aos tecidos moles e desencadeadas por fatores irritativos crônicos como cálculo, restaurações rugosas e dentes fraturas. Não possuem origem em tecido ósseo. A radiografia pode mostrar material mineralizado, favorecendo o diagnóstico de fibroma ossificante periférico. Diagnóstico das três é por histopatologia. Conduta de remoção total do tecido associado a raspagem e alisamento dos dentes e periósteo. Fibroma ossificante periférico: crescimento de tecido mole com focos de tecido mineralizado no interior. Coloração normocrômica ou pálida. Superfície lisa ou lobulada e pode ser séssil ou pediculada. Consistencia varia de acordo com a proporção de material calcificado no interior da lesão. Em alguns casos é possível perceber o endurecimento à palpação. Radiografia pode apresentar material calcificado no interior. Crescimento lento e pode causar deslocamento de dentes próximos. Granuloma piogênico: crescimento de tecido mole ricamente vascularizado e de coloração avermelhada, superfície friável, podendo ser ulcerada. Lesões antigas possuem maior grau de fibrose, sendo menos avermelhas. Sem alterações radiográficas e deslocamento de dentes. Lesão periférica de células gigantes: idêntica a lesão central de células gigantes. Lesão restrita a gengiva ou rebordo alveolar. Radiograficamente pode haver erosão de tecido ósseo por conta do crescimento da lesão. Superfície lisa lobulada ou ulcerada, geralmente decorrente de algum trauma. Diagnostico diferencial para o granuloma piogênico é extremamente difícil e apenas com base nos achados clínicos. As lesões proliferativas de origem tumoral (neoplasias) se dividem em benignos (crescimento lento e expansivo) e malignos (crescimento rápido e infiltrativo). Os tumores benignos de origem mesenquimal (provenientes de conjuntivo) apresentam semelhanças entre si, sendo diferenciado por exame histopatológico. A conduta é a biopsia excisional da lesão e enviar a peça cirúrgica para exame histopatológico. Recidivas raras. Fibroma: tumor de tecido mole de origem nos fibroblastos. Mais frequente em mucosa jugal. Nódulo liso, bem delimitado, de coloração semelhante à da mucosa adjacente (pode ser mais branca em decorrência de trauma crônico), base séssil ou pediculada. Pacientes negros podem apresentar superfície pigmentada. Lesões não excedem 1,5cm. Lipoma: tumor de tecido mole originário dos adipócitos. Apresenta-se como nódulo séssil ou pediculado, de superfície lisa, mais comum na mucosa jugal e vestíbulo. Lesões superficiais tendem a ser amareladas e as profundas, normocrômicas. Geralmente menos de 3cm de diâmetro. Lesão boia ao colocar em frasco de formol. Linfangioma: Tem origem nos vasos linfáticos. Possui características clinicas muito específicas. Metado dos casos estão presentes no nascimento. Maior frequência nos dois terços anteriores da língua, causando macroglossia A lesão é mal delimitada, superfície pedregosa e de coloração normal ou arroxeada. Se não for possível fechar o diagnóstico clinicamente, a biopsia incisional é indicada. Hemangioma: tem origem nos vasos sanguíneos. Apresenta coloração arroxeada, superfície irregular. Positiva a diascopia/vitropressão. Biopsia não recomendada. Tratamento por escleroterapia, injeção de agentes esclerosantes como oleato de monoetanolamina (Ethamolin®) ou solução hipertônica de glicose. Papiloma: tumor benigno com origem nas células do epitélio de revestimento da mucosa. Desenvolvimento ligado a infecção pelo HPV. Apresenta-se como nódulo exofítico, séssil ou pediculado, com projeções superficiais que podem ser pontudas ou rombas. Coloração de branca a normocrômica. Tratamento por biopsia excisional seguida de exame histopatológico. Costuma ser pequena (5mm) e solitária. Diagnóstico diferencial de condiloma acuminado. Lesões benignas são significativamente mais frequentes, sendo o adenoma pleomórfico a principal delas. Esta apresenta crescimento lento, expansivo e a mucosa recobre a lesão é normocrômica. Entre os tumores malignos, o carcinoma adenoide cístico e o mucoepidermoide são os mais comuns. Em geral, os tumores malignos são lesões de comportamento agressivo, crescimento rápido, infiltrativo, destrutivo, levando ao aparecimento de áreas de ulceração, mobilidade dentária, reabsorção óssea. Entretanto, é possível que tumores malignos de glândula salivar não sigam essa regra. Quando observa-se um nódulo no palato, uma tomografia pode auxiliar a definir o limite da lesão, e se seu crescimento é mais expansivo (indicando tratar-se de um tumor benigno) ou infiltrativo (sugerindo comportamento maligno). Usualmente, frente a uma hipótese de tumores de glândula salivar, devemos planejar uma biópsia incisional.
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