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1 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ DEFINIÇÃO: • Hepatomegalia → fígado aumentado • Esplenomegalia → baço aumentado ➢ Existem algumas situações clínicas que causam o aumento do fígado ou do baço, ou de ambos (hepatoesplenomegalia) ➢ Atenção → nem sempre o que se palpa no exame do abdômen corresponde ao aumento do fígado ou do baço • Ou seja, quando se está palpando o fígado ou o baço no exame físico, não necessariamente esses órgãos estarão com tamanho aumentado, pois existem algumas situações clínicas que podem rechaçar/desviar essas vísceras anteriormente ou posteriormente, fazendo com que elas fiquem facilmente palpáveis, como: ▪ Tumores de Retroperitônio ▪ Ptose Hepática → o fígado encontra-se deslocado para baixo, permitindo sua palpação, devido a, por exemplo, um enfisema pulmonar ▪ Ptose Esplênica ▪ Situações em que existe uma hiperinsuflação pulmonar (Ex: quadro asmático grave) → o rebaixamento do diafragma empurra a víscera para baixo, fazendo com que ela seja mais palpável ▪ Em algumas faixas etárias é comum a palpação do fígado e do baço → assim, o ideal é acompanhar uma tabela que traz os valores normais do tamanho desses órgãos para cada idade ✓ Para medir o tamanho do fígado → faz-se a percussão da borda superior até a borda inferior do órgão, na linha hemiclavicular direita, apresentando macicez ✓ Exemplos: o Em crianças com até de 6 meses de idade → quando se começa a percutir o fígado a partir do 5º espaço intercostal (borda superior), a maioria dessas crianças apresentará um fígado palpável até 3,5cm abaixo do rebordo costal direito (borda inferior) o Em crianças com 6 meses a 2 anos de idade → a distância de 3,5cm do rebordo costal (borda inferior) vai diminuindo, caindo para 2,5 cm o Em crianças entre 2 e 10 anos → tem-se uma borda inferior correspondendo a até 2cm do rebordo costal direito ✓ Também é comum a palpação do baço, principalmente nos lactentes. Porém, não é tão comum de ser palpado em crianças maiores e adolescentes ➢ Esses são os casos em que não se tem uma situação clínica que faz com que as vísceras estejam rechaçadas e, em relação à faixa etária, a palpação da víscera está fora dos padrões de normalidade esperados ➢ Existem várias situações clínicas que podem levar ao aumento do fígado e/ou do baço ➢ As causas mais comuns de hepatoesplenomegalia na infância são benignas e transitórias, correspondendo aos processos inflamatórios e infecciosos ➢ Existem situações clínicas mais complexas e mais graves, nas quais a hepatoesplenomegalia pode ser uma manifestação inicial. Assim, quando se demora a diagnosticar essas doenças, acaba- se comprometendo o prognóstico do paciente ➢ MECANISMOS RESPONSÁVEIS PELAS HEPATOESPLENOMEGALIAS: • Podem haver situações que levem a (ao): ▪ Aumento do número de células (hiperplasia) ▪ Aumento do tamanho das células (hipertrofia): ✓ Existem alguns erros inatos do metabolismo que causam o aumento de algum metabólito → assim, ocorre o aumento de algum elemento que está se depositando nesses órgãos, mas devido a uma falha enzimática ✓ Exemplo: mucopolissacaridoses e lipidoses ▪ Expansão do leito vascular das vísceras → pois o fígado e o baço são muito vascularizados ✓ Exemplo: Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) → pode-se encontrar uma hepatomegalia dolorosa, pela distensão súbita da capsula hepática devido ao quadro de congestão cardiocirculatória ▪ Invasão de células estranhas: ✓ Exemplo: Leucemias • O fígado e o baço são órgãos que fazem parte do sistema reticuloendotelial e linfoide. Assim, qualquer processo que possa provocar um quadro de inflamação pode levar ao aumento do fígado e do baço, e esse aumento pode variar de leve a mais grave, a depender da gravidade do processo inflamatório → assim, doenças neoplásicas, infeciosas (que são as mais comuns) ou autoimunes podem levar ao aumento do fígado e do baço • No período fetal, o fígado e o baço eram órgãos hematopoiéticos. Assim, nessas condições, a depender da gravidade de algum quadro de anemia, pode-se recrutar essas células, resgatando essa atividade hematopoiética e fazendo com que essas vísceras aumentem. Esse aumento varia de acordo com a gravidade do quadro ▪ Exemplo: Anemia Ferropriva → pode-se ter o aumento do fígado e do baço. Porém, geralmente, é um aumento muito sutil/leve ▪ Exemplo: Anemia Hemolítica (como a Talassemia) → é muito provável que se encontre uma grande esplenomegalia e graus variados de hepatomegalia • Outras situações que podem causar o aumento transitório do fígado: ▪ Processos infeciosos no fígado ▪ Abscesso amebiano ➢ PRINCIPAIS CAUSAS DE HEPATOESPLENOMEGALIAS: • Existem várias situações que podem causar (Ex: processo inflamatório, anemia, congestão, neoplasia...) 2 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto • As mais comuns são os processos infecciosos e inflamatórios benignos e transitórios ▪ Porém, diante do quadro clínico do paciente, também deve-se pensar em outras possibilidades diagnósticas ➢ Para que se saiba a causa da hepatoesplenomegalia é essencial se atentar aos demais sintomas que o paciente está apresentando e levar em consideração que o aumento dessas vísceras é apenas um detalhe da doença CAUSAS DE HEPATOESPLENOMEGALIAS ➢ INFECCIOSAS: • Virais: ▪ Vírus Epstein-Barr (EBV) ▪ Citomegalovírus (CMV) ▪ Hepatites ▪ HIV ▪ Rubéola • Bacterianas: ▪ Salmonelose ▪ Brucelose ▪ Tuberculose ▪ Endocardite • Parasitárias: ▪ Malária ▪ Esquistossomose ▪ Tripanossomíase ▪ Toxoplasmose ▪ Leishmaniose ▪ Toxocaríase ▪ Abscesso amebiano • Fúngicas: ▪ Blastomicose ▪ Histoplasmose ▪ Candidíase ➢ NEOPLÁSICAS: • Tumores hepáticos primários • Leucemia • Linfomas • Neuroblastoma • Tumor de Wilms • Hemangiomas ➢ DOENÇAS INFLAMATÓRIAS: • Colagenoses: ▪ Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) ▪ Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) • Sarcoidose • Hipersensibilidade química ou medicamentosa • Hepatites crônicas ➢ DOENÇAS HEMATOLÓGICAS: • Anemias hemolíticas • Anemias ferroprivas ➢ DOENÇAS DE DEPÓSITO: • Por lipídios • Por glicogênio • Galactosemia • Mucopolissacaridose • Deficiência de alfa-1-antitripsina ➢ DOENÇAS QUE CURSAM COM HIPERTENSÃO PORTA: • Trombose de veia porta • Fibrose hepática congênita • Hepatites • Esquistossomose • Pericardite constritiva • Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) • Síndrome de Budd-Chiari AVALIAÇÃO DA CRIANÇA COM HEPATOESPLENOMEGALIA ➢ IDADE: • No período neonatal: ▪ O fígado é palpável até 3,5 cm do rebordo costal (limite inferior), podendo ser normal ou não → deve-se levar em consideração o fato de a criança apresentar ou não um quadro clínico compatível com alguma doença ▪ Causas mais comuns de hepatoesplenomegalia no período neonatal → pode-se associar o quadro a algumas situações patológicas, como: ✓ Anemia hemolítica ✓ Processos infecciosos (Ex: infecções congênitas) ✓ Sepse • A medida em que a criança vai envelhecendo: ▪ Principais causas de hepatoesplenomegalias → são as infecções virais e bacterianas ▪ Alguns estudos mostram que: ✓ Principal causa de hepatoesplenomegalia febril no lactente → são as Infecções do Trato Urinário (ITU) o Não são grandes hepatoesplenomegalias, mas existe um aumento dessas vísceras nas ITUs ▪ Também causam aumento do fígado e do baço: ✓ Anemia ferropriva ✓ Parasitoses intestinais ✓ Desnutrição ➢ FORMAS DE APRESENTAÇÃO: • Aparecimento súbito da hepatoesplenomegalia: ▪ Geralmente, está associado a um processo congestivo ou Tóxico • Apresentação mais insidiosa/lenta: ▪ Geralmente, as doenças autoimunes, neoplasias e doenças de depósito estão associadas a esse aparecimento mais insidioso dashepatoesplenomegalias • Apresentações Febris: ▪ Em sua maioria, essas hepatoesplenomegalias são decorrentes de processos infecciosos e doenças inflamatórias (Ex: Doenças Autoimunes) • Apresentações não Febris: ▪ Estão mais associadas a anemias, desnutrição energético-proteica, hipertensão portal e erros inatos do metabolismo, por exemplo 3 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto • Atenção → nem sempre se consegue distinguir quando essa hepatoesplenomegalia teve início, pois é um achado do exame físico. Assim, geralmente, o que faz os pais procurarem o médico é a presença de algum sinal ou sintoma que vem associado a esse aumento desses órgãos ➢ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ASSOCIADAS → ajudam no diagnóstico, falando mais a favor de uma ou outra patologia • Febre → a presença ou não de febre auxilia a adicionar e descartar possíveis causas: ▪ Sem febre → Ex: anemias, desnutrição, hipertensão portal e erros inatos do metabolismo ▪ Com febre → Ex: processos infecciosos e inflamatórios • Anemia: ▪ Se a anemia for hemolítica a condução do diagnóstico é diferente • Icterícia: ▪ Deve-se saber se é às custas de bilirrubina direta ou indireta: ✓ Hepatoesplenomegalia + aumento de bilirrubina direta → o paciente apresenta algum grau de colestase ✓ Hepatoesplenomegalia + aumento de bilirrubina indireta → provavelmente, tem-se um processo hemolítico associado • Adenomegalias: ▪ Podem aparecer em qualquer doença inflamatória, devendo-se associar aos demais sintomas apresentados e aos achados do exame físico para que se direcione o diagnóstico ▪ São muito comuns nos processos infecciosos, autoimunes, neoplásicos e nas intoxicações • Manifestações Hemorrágicas: ▪ Podem acontecer desde situações onde se tem um quadro de uma doença que leva a uma pancitopenia e a uma plaquetopenia, levando a sangramento, até as situações em que se tem uma insuficiência hepática. Dessa forma, o direcionamento para o diagnóstico depende muito das demais manifestações do paciente • Acometimento Articular (Ex: Artralgia, Artrite...): ▪ Pode-se encontrar frequentemente nas doenças autoimunes, neoplásicas e infecciosas (artrites reativas) • Acometimento Respiratório: ▪ Exemplo: paciente com Pneumonia → esse indivíduo apresenta um quadro infeccioso, podendo haver um aumento transitório do fígado e/ou do baço. Após o tratamento, esse aumento vai regredindo ▪ Outros quadros que podem levar à hepatoesplenomegalia: ✓ Tuberculose ✓ Fibrose cística • Acometimento Cardiovascular → exemplos: ▪ Situações em que se tem uma Congestão Cardiocirculatória importante ▪ Processos infecciosos (Ex: endocardite infecciosa) • Ascite: ▪ Quando se tem hipertensão portal • Outras alterações ➢ EXPOSIÇÃO A MEDICAMENTOS OU AGENTES HEPATOTÓXICOS: • Geralmente, a hepatotoxicidade regride após a suspensão da medicação • Exemplos: ▪ Medicamentos usados para tuberculose → podem elevar o AST e o ALT, com aumento do fígado ➢ DADOS EPIDEMIOLÓGICOS: • Exemplo: Paciente que tem contato com gato e apresenta hepatoesplenomegalia e adenomegalias em região cervical → pensar em uma possível Toxoplasmose • Exemplo: Criança que estava em uma zona endêmica para Calazar e apresenta um quadro de hepatoesplenomegalia febril e pancitopenia → pensar em possível quadro de Calazar • Exemplo: Criança que toma banho de rio com frequência e apresenta hepatoesplenomegalia → pensar em uma possível Esquistossomose ➢ ANTECEDENTES FAMILIARES E PESSOAIS: • Perguntar, por exemplo, se há história familiar de: ▪ Anemias hemolíticas ▪ Doença falciforme ▪ Talassemia ▪ Fibrose cística ➢ EXAME FÍSICO: • Deve-se analisar a presença de sinais associados, como: ▪ Icterícia ▪ Palidez ▪ Problema articular (Ex: artralgia, artrite) ▪ Linfadenomegalias... ➢ AVALIAÇÃO LABORATORIAL INICIAL → quando a criança apresenta uma hepatoesplenomegalia a esclarecer e não se consegue, pelos sinais e sintomas que ela apresenta ou pelo fato de o quadro ser oligo ou assintomático, pensar em um possível diagnóstico. Assim, de forma geral, a solicitação dos seguintes exames pode nortear e nos fazer pensar em algum tipo de doença: • Hemograma e Reticulócitos: ▪ Avaliar presença de anemias e das outras séries sanguíneas ▪ Analisar como se encontra a resposta medular, pela presença de reticulocitose ou reticulopenia • Enzimas Hepatocelulares → AST/TGO e ALT/TGP • Sumário de Urina • Urocultura • Sorologias para as síndromes mono-like: ▪ Mononucleose ▪ Toxoplasmose ▪ Citomegalovírus... • Ultrassonografia (USG) de Abdômen ➢ OUTROS EXAMES COMPLEMENTARES: • PPD → para avaliar infecção pelo Mycobacterium tuberculosis • Hemocultura 4 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto • Teste de Suor • Mielograma • Biópsia Hepática, Ganglionar e Esplênica • Radiografia de Ossos Longos ➢ Não existe um padrão de avaliação das hepatoesplenomegalias. Assim, os exames são solicitados de acordo com o quadro clínico do paciente CASO CLÍNICO 1 – MONONUCLEOSE INFECCIOSA CASO CLÍNICO 1 Paciente do sexo feminino, 13 anos, branca, trazida ao PA com história de febre e odinofagia há sete dias. Há três dias, procurou assistência médica, onde foi prescrita Amoxicilina, que, segundo a genitora, desencadeou reação alérgica, o que levou a sua suspensão. Ao exame: hipertrofia e hiperemia tonsilar, com exsudato esbranquiçado; presença de linfonodomegalias em cadeias cervicais posteriores bilateralmente, móveis, não aderidas aos planos; esplenomegalia com baço palpável a 2cm do Rebordo Costal Esquerdo (RCE) e fígado palpável a 3cm do Rebordo Costal Direito (RCD). ➢ Hipótese Diagnóstica: • Mononucleose Infecciosa → pois é uma criança que tem um quadro de Faringoamigdalite, hepatoesplenomegalia, febre e que faz uso de um derivado da penicilina e evolui com exantema (reação alérgica) ▪ É uma infecção pelo Vírus Epstein-Barr (EBV) ➢ Exames Complementares: • Hemograma: ▪ Linfócitos (40%) ▪ Segmentados (35%) ▪ Atípicos (12%) → na mononucleose a atipia linfocitária é superior a 10% ▪ Bastões (4%) • Leucograma → 20.000 • Sorologia para Vírus Epstein-Barr (EBV): ▪ IgG positivo e IgM positivo DISCUSSÃO SOBRE O CASO ➢ Nas síndromes mono-like, muitas vezes, quando o paciente vai ao serviço médico a febre já tem cessado, mas o quadro de hepatoesplenomegalia persiste por algumas semanas ➢ Adenomegalias Reacionais: • Tem as seguintes características: ▪ Localização → cervical posterior ▪ Bilateralidade ▪ Móveis e não aderidas aos planos profundos • Não são adenomegalias que indicam a realização de biópsia ganglionar ➢ Adenomegalias Suspeitas: • Deve-se levar a consideração de estarem relacionadas a malignidade • Características: ▪ Localização → supraclavicular (principalmente), epitroclear ou poplítea ▪ Consistência pétrea ▪ Coalescência de linfonodos ▪ Adesão aos planos profundos • Essas adenomegalias necessitam de Biópsia Ganglionar ➢ Adenomegalias que, independentemente de suas características, estão levando a sintomas constitucionais exuberantes: • Exemplos de Sintomas constitucionais: ▪ Perda ponderal ▪ Sudorese noturna ▪ Febre arrastada • Nesses casos, deve-se pensar em um processo neoplásico, devendo-se realizar a Biópsia Ganglionar CASO CLÍNICO 2 – LEISHMANIOSE VISCERAL CASO CLÍNICO 2 Paciente do sexo masculino, 3 anos, natural e procedente de Cajazeiras-PB, admitido com história de febre intermitente há 2 meses, aferida, variando de 38,5 a 39°C. Pai relata também adinamia e hiporexia. Nega outras queixas. Não faz uso crônico de medicações. Antecedentes: gestação sem intercorrências, parto a termo, Peso ao Nascer (PN) = 2.750g, sem intercorrências no período neonatal. Antecedentes Pessoais: teve Varicela há 1 ano. Relata internaçãoprévia por diarreia e vômitos há 18 meses. Nega cirurgias e hemotransfusões. Vacinas atualizadas. Antecedentes Familiares: pai saudável. Mae com Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Nega outras doenças na família. Hábitos de vida e moradia: reside em zona rural, casa de alvenaria, com fossa séptica, energia elétrica e água encanada. Afirma presença de cães e gatos na vizinhança. Nega banho em açude. Ao exame físico: hipocorado (+++/4+), anictérico, febril. Fígado a 3cm do rebordo costal direito e baço ao nível da cicatriz umbilical. Sem outras alterações ➢ Conduta: • Diante do quadro, pode-se pensar em uma série de doenças, nas quais as infecciosas são as mais comuns • Criança hipocorada → pode-se solicitar o Hemograma para avaliar os níveis de hemoglobina e se há anemia • Avaliar presença de reticulocitose ou reticulopenia → pois fornece uma noção de produção medular • Quadro de febre arrastada → deve-se solicitar: ▪ Urocultura e Sumário de Urina ▪ Sorologias para Mono-like ▪ Sorologia para Calazar (devido ao dado epidemiológico de contato com animais) ▪ Raio-x de tórax ➢ Exames Complementares: • Hemograma: ▪ Hemoglobina = 6mg/dL ✓ Como a criança tem 3 anos de idade, para o normal, o mínimo de Hemoglobina seria 11,5 mg/dL ▪ Leucócitos → 2.500 ✓ O mínimo normal para a idade do paciente seria 4.500 a 5.000 ▪ Segmentados → 54% 5 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto ▪ Linfócitos → 35% ▪ Bastões → 2% ▪ Plaquetas → 50.000 ✓ O normal para a idade do paciente seria de 150.000 a 450.000 ▪ Resultado do Hemograma → Pancitopenia (Anemia + leucopenia + plaquetopenia) • Reticulócitos → 0,5% ▪ O paciente apresenta uma reticulocitopenia • Sorologias Mono-like (EBV, CMV e Toxoplasmose) → negativas • Sorologia para Calazar → Positiva • Hemoculturas → negativa • Uroculura → negativa • USG abdominal → hepatoesplenomegalia uniforme, sem outras alterações • Mielograma → presença de leishmanias ▪ O quadro do paciente, associado aos achados nos demais exames, faz com que se tenha uma indicação formal para a realização do Mielograma, pois vê-se que a medula não está respondendo e todas as linhagens celulares estão diminuídas. Dessa forma, é essencial investigar o que está acontecendo com a medula do paciente ▪ A sorologia tem uma relação de especificidade e sensibilidade altas em relação ao quadro clínico e ao mielograma ➢ Hipóteses Diagnósticas: • Paciente com febre prolongada de origem indeterminada, palidez cutaneomucosa e hepatoesplenomegalia, com desproporção entre o aumento do baço e do fígado (o aumento do baço é bem maior). Além disso, segundo os dados epidemiológicos, o paciente apresenta cães e gatos na vizinhança. Em relação aos exames, o paciente tem pancitopenia e reticulocitopenia ▪ Diante desse quadro, existem doenças que se tornam muito prováveis, como: ✓ Calazar ✓ Alguns quadros de leucemia... • O paciente apresenta Leishmaniose Visceral → achados que confirmam o diagnóstico: ▪ Quadro clínico ▪ Dados epidemiológicos ▪ Sorologia para Calazar positiva ▪ Mielograma acusando presença de leishmanias DISCUSSÃO SOBRE O CASO ➢ EXAMES COMPLEMENTARES: • Reticulócitos: ▪ Os reticulócitos norteiam a investigação clínica, pois são as hemácias jovens, fornecendo informações sobre como anda a produção medular ▪ Anemia + Reticulocitopenia (diminuição do número de reticulócitos) → tem-se alguma condição clínica que também está levando a uma diminuição das hemácias na medula ✓ Possíveis causas: o Anemia carencial grave (Ex: ferropriva, megalobástica) o Acometimento medular específico (Ex: aplasia medular, leucemia, infestação parasitária à nível de medula) ▪ Anemia + Reticulocitose (aumento do número de reticulócitos) → significa que a medula está tentando compensar alguma perda ✓ Possíveis causas: o Hemorragia aguda o Hemólise → assim, nas anemias hemolíticas tem-se uma reticulocitose o Sequestro esplênico ➢ Pancitopenia Febril + Reticulocitopenia + Hepatoesplenomegalia: • Os principais diagnósticos são: ▪ Calazar → é o principal quadro infeccioso ▪ Leucemia aguda → quando se pensa em quadros neoplásicos mais comuns, as leucemias são as principais CASO CLÍNICO 3 – FIBROSE CÍSTICA + PNEUMONIA CASO CLÍNICO 3 Paciente do sexo feminino, 10 anos, procedente de Serra Negra-RN, admitida com história de tosse crônica (é asmática, segundo a mãe), com piora nos últimos oito dias, acompanhada de febre e dispneia progressiva. Afirma dor abdominal desde o início do quadro. Nega outras queixas. Em uso de GH há 5 meses, por baixa estatura (faz seguimento clínico com endocrinopediatra). Faz uso também de medicação inalatória para controle da asma. Antecedentes: mãe G2P2 (2 gestações e 2 partos). Parto a termo, sem intercorrências. Apgar 8/9. Peso ao Nascer (PN) = 3.800g. nega intercorrência no período neonatal. Antecedentes Pessoais: paciente com história de asma, com várias internações por “bronquite”. Antecedentes Familiares: mãe diabética e pai com hipertensão. Hábitos de vida e moradia: mora em zona urbana, com saneamento básico. Nega contato com animais. Sem fumantes em domicílio. Exame Físico: encontra-se com Estado Geral Regular (EGR), taquidispneica, hipocorada (+/4+), afebril. - Aparelho Respiratório (AR) → Murmúrio Vesicular Normal (MVN) com creptos em base de Hemitórax Direito (HTD) - Abdômen → flácido, com fígado a 3cm do Rebordo Costal Direito (RCD) e baço a 3cm do Rebordo Costal Esquerdo (RCE). - Ext → bem perfundidas; baqueteamento digital. - Sem outras alterações ➢ Hipóteses Diagnósticas: • Paciente com quadro asmático crônico, mas que nos últimos 8 dias teve uma agudização do quadro, acompanhado de febre e dispneia • Apresentou várias internações, o que significa que houveram várias agudizações do quadro asmático 6 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto • Diagnóstico sindrômico → trata-se de um quadro respiratório crônico, com agudizações, em uma criança com baixa estatura, baqueteamento digital e hepatoesplenomegalia ▪ A princípio, a criança era tratada como apresentando uma asma de difícil controle, com agudizações recorrentes. Porém, quando se tem uma criança com um quadro respiratório com agudizações recorrentes e uma má resposta ao tratamento, deve-se pensar também em hipóteses diagnósticas alternativas, como: ✓ Situações que cursam com imunodeficiência ✓ Fibrose cística... • Atualmente, a criança apresentou-se no consultório com uma agudização do quadro, com febre, dor abdominal, dispneia e piora da tosse → assim, nesse momento atual, a hipótese diagnóstica principal é uma pneumonia ➢ Conduta → tendo-se como hipótese diagnóstica principal uma pneumonia, solicitou-se os seguintes exames e obteve-se os seguintes resultados: • Radiografia de Tórax → Broncopneumonia em base direita ▪ Opacidades e sinais sugestivos de bronquiectasias em lobos superiores → esses achados são associados a resquícios das outras intercorrências agudas que a criança apresentou anteriormente • Hemograma: ▪ Hemoglobina = 9 mg/dL → Anemia ▪ Leucócitos = 20.000 → Leucocitose com desvio à esquerda ▪ Segmentados = 40% ▪ Linfócitos = 30% ▪ Bastões = 10% ▪ Linfócitos Atípicos = 2% ▪ Plaquetas = 600.000 → Plaquetose ✓ Principais causas de Plaquetose (aumento do número de plaquetas) na faixa etária pediátrica: o Processo infeccioso o Anemia ferropriva o Uso de medicações ▪ Atenção → não haveria necessidade de uma investigação adicional, pois o quadro infeccioso atual (Pneumonia) justificaria esses achados • Proteína C Reativa (PCR) → 90 (alto) • AST → 35 (normal) • ALT → 40 (normal) • PPD → não reator (houve investigação para tuberculose, mesmo o quadro da criança não sendo muito sugestivo para a doença)• Pesquisa de BK no escarro → negativa • Tomografia de Tórax → foi solicitada devido ao histórico das “bronquites” de repetição ▪ Resultado → bronquiectasias císticas e espessamento das paredes brônquicas, com sinais de impactação mucoide ✓ Esses achados são bastante característicos de Fibrose Cística • Teste do suor → não disponível no serviço • Pesquisa da mutação da DFS08 → positiva ▪ É a mutação mais comum de ocorrer em quadros de Fibrose Cística • Sorologia para HIV → negativa ▪ Foi solicitada por entrar no diagnóstico das imunodeficiências • Dosagem de Imunoglobulinas → normais ▪ Foi solicitada pensando-se em uma possível imunodeficiência ➢ Diagnóstico: • A criança não apresenta asma! → nos casos em que o paciente apresenta suspeita de asma e inicia-se o tratamento correto, mas o paciente não apresenta melhora alguma do quadro, com agudização de repetição, deve-se pensar também em outros diagnósticos alternativos • O verdadeiro diagnóstico é uma Fibrose Cística → características que auxiliaram no diagnóstico: ▪ Achados da Tomografia de Tórax, que são específicos da doença ▪ Positivação da mutação do DFS08 • O quadro atual trata-se de uma Pneumonia • Em relação à baixa estatura → a endocrinopediatra provavelmente atribuiu ao uso recorrente de corticoide oral para retirar das crises asmáticas, justificando a baixa estatura e o início do GH. Porém, o que realmente explica essa baixa estatura é a fibrose cística FIBROSE CÍSTICA ➢ Existem várias mutações relacionadas à fibrose cística, mas a principal é a mutação da DFS08 ➢ Patologia: • Ocorre uma alteração dos canais iônicos, havendo mudanças no transporte de NaCl e água. Dessa forma, tem- se uma secreção extremamente espessa, que é responsável por ocasionar os processos infecciosos ➢ Quadro clínico: • Quadro clássico da fibrose cística: ▪ Quadro respiratório crônico ▪ Criança mal nutrida ▪ Pneumonias de repetição ▪ Diarreia crônica → devido à insuficiência pancreática exócrina e à obstrução dos ductos pancreáticos • Porém, o espectro de apresentação clínica da doença é muito amplo. Assim, existem quadros de fibrose cística que são diagnosticados mais tardiamente ➢ Quadros respiratórios crônicos com agudizações + hepatoesplenomegalia: • Deve-se pensar em outros diagnósticos, como: ▪ Doenças ciliares ▪ Fibrose cística ▪ Imunodeficiência ▪ Tuberculose (a depender do tipo e do tempo de doença) 7 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto CASO CLÍNICO 4 – ANEMIA HEMOLÍTICA CASO CLÍNICO 4 Paciente de 10 anos, negra, natural e procedente de Queimadas-PB, internada com quadro de dor intensa em abdômen e topografia de coluna lombossacra, há 24 horas. Há 3 dias com quadro de febre e rinorreia. Nega queixas urinárias e gastrointestinais. Antecedentes: Mãe G3P2A0 (3ª gestação, 2 partos e sem abortos). Gestação sem intercorrências. Parto eutócico, a termo. Mãe não sabe informar peso ao nascer ou APGAR. Sem problemas no período neonatal. Antecedentes Pessoais: afirma internação prévia por artrite. Já fez vários tratamentos para anemia. Antecedentes Familiares: mãe, pai e irão saudáveis. Tia falecida aos 30 anos de “anemia” Hábitos de vida e moradia: mora em zona rural, sem saneamento básico, 3 cômodos para 5 pessoas. Afirma contato com vários animais (cães, cabras, gatos). Afirma banho de açude. Exame Físico: Estado Geral Regular (EGR), fácies de dor, hipocorada (++/4+), eupneica, afebril, ictérica (++/4+). - Aparelho Cardiovascular e Respiratório → sem alterações - Abdômen → plano, flácido, doloroso difusamente à palpação profunda; fígado a 3cm do Rebordo Costal Direito (RCD). Sem esplenomegalia ➢ Hipóteses Diagnósticas • O que chama atenção no quadro da paciente: ▪ É uma criança que, no atual momento, apresenta um quadro de Infecção das Vias Aéreas Superiores (IVAS), devido a presença de febre e rinorreia, e desenvolveu uma dor em abdômen e topografia lombossacra ▪ Além disso, há uma história crônica de anemia, que é refratária ao tratamento → nesse caso, como não há resposta ao tratamento, não se deve, por exemplo, insistir em um diagnóstico de anemia ferropriva, devendo-se, então, pensar em diagnósticos alternativos ▪ Teve internação prévia por artrite, tem história familiar de tia que faleceu por “anemia” e é negra ▪ Ao exame físico encontra-se ictérica e hipocorada → provavelmente há uma anemia associada ▪ Fígado palpável e baço não palpável ➢ Conduta: • Diante do quadro, deve-se primeiramente avaliar a gravidade da anemia, se tem reticulocitose ou reticulocitopenia e saber também se a icterícia é às custas de bilirrubina direta ou indireta • Exames solicitados e seus respectivos resultados: ▪ Hemograma: ✓ Hemoglobina = 6 mg/dL → Anemia o O normal seria uma hemoglobina de 12mg/dL ✓ Leucócitos = 5000 ✓ Plaquetas = 300.000 ▪ Reticulócitos = 8,5% → reticulocitose ▪ Bilirrubina Direta (BD) → 0,2 (normal) ✓ Quando aumentada indica icterícia colestática ▪ Bilirrubina Indireta (BI) → 3,5 (assim, a icterícia é às custas de Bilirrubina Indireta) ✓ Dessa forma, não é uma icterícia colestática ✓ Quando se tem bilirrubina indireta aumentada, deve-se pensar em hemólise ▪ USG de Abdômen → fígado aumentado, com ecotextura normal. Baço atrófico, com áreas de fibrose ➢ Diagnóstico: • A paciente apresenta uma Anemia + Reticulocitose: ▪ Isso significa que a medula da criança está tentando compensar alguma perda. Assim, pode-se pensar nas seguintes causas: ✓ Hemorragia aguda ✓ Anemia hemolítica → a bilirrubina indireta está aumentada, devendo-se pensar em hemólise ✓ Sequestro esplênico → no caso da paciente, pode-se descartar essa hipótese, pois não há esplenomegalia • Diagnóstico Sindrômico → diante das informações, do quadro clínico, do exame físico e dos exames complementares, tem-se as seguintes características: ▪ Paciente negra, com história anterior de “artrite” e que está novamente com uma crise álgica desencadeada por um quadro de IVAS ▪ Apresenta uma anemia refratária ▪ No momento, apresenta características de Anemia Hemolítica: ✓ Hemoglobina baixa ✓ Reticulocitose ✓ Aumento de bilirrubina indireta ✓ DHL aumentado → não está presente no quadro, mas é característico da anemia hemolítica o Desidrogenase Lática (DHL) → é um marcador de lesão celular que, se tivesse sido solicitado no caso da paciente, teria resultados elevados • Diante do diagnóstico sindrômico, deve-se pensar nas anemias hemolíticas que justificam a presença da crise álgica e a morte precoce da tia da paciente, por exemplo • A paciente, na verdade, apresenta uma Anemia Hemolítica, com quadro muito sugestivo de Doença Falciforme. Dessa forma, para confirmação do diagnóstico, solicitou-se: ▪ Eletroforese de Hemoglobina → compatível com doença falciforme • Essa criança, já com 10 anos de idade, sem grandes intercorrências da doença, apresenta um quadro benigno, pois ela ainda apresentava uma alta persistência de Hemoglobinas Fetais → dessa forma, é uma doença falciforme com persistência da hemoglobina fetal ▪ A hemoglobina fetal funciona como um protetor contra as crises de falcização • A presença do baço atrofiado se deve ao fato de que, como a paciente já tem mais de 4 anos de idade, ocorreu a autoesplenectomia característica da doença falciforme 8 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto ANEMIAS HEMOLÍTICAS ➢ Epidemiologia: • São mais frequentes na raça negra • Pode haver história familiar da doença ➢ Características da Anemia Hemolítica: • Hemoglobina baixa • Reticulocitose → significa que a medula está tentando compensar alguma perda • Bilirrubina indireta aumentada • DHL aumentada ➢ Tipos de Anemias Hemolíticas: • Anemias por defeito de membrana: ▪Esferocitose Hereditária • Hemoglobinopatias (aparecem mais tardiamente) → começam a se manifestar clinicamente após o 5º ou 6º mês de vida, pois antes desse período as crianças apresentam um alto índice de Hemoglobina Fetal (HbF). Assim, a doença só aparece, sendo clinicamente demonstrada, quando a HbF vai sedo substituída pela hemoglobina patológica ou não. Dessa forma, na maioria dos casos, crianças com hemoglobinopatias são totalmente assintomáticas até os 6 meses de vida ▪ Doenças Falciformes: ✓ Nos primeiros 3 a 4 anos de vida o baço do paciente vai sofrendo crises oclusivas, pois as hemácias afoiçadas tem uma série de alterações físico-químicas que ocasionam um alto grau de adesão entre elas e favorecem a adesão endotelial, com ativação de cascata inflamatória de coagulação. Assim, isso favorece a formação de microtrombos, principalmente na microvasculatura, sendo o leito esplênico muito favorável de ser acometido por esses trombos. Dessa forma, após os 4 anos de idade, esses microtrombos ocasionam áreas de isquemia, com infarto e fibrose, fazendo com que ocorre um processo de autoesplenectomia ✓ Antes dos 3 anos de idade, quando ainda existe uma atividade do baço, é comum que as crianças tenham uma complicação potencialmente fatal, que é o sequestro esplênico o Exemplo: criança, 2 anos de idade, com doença falciforme, baço palpável, diminuição importante da hemoglobina, alta reticulocitose, palidez e, até mesmo, sinais de choque → deve-se pensar na possibilidade de ser um sequestro esplênico ▪ Talassemias • Anemias Hemolíticas Autoimunes • Anemias Hemolíticas por Deficiência Enzimática: ▪ Deficiência de Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD) ➢ Quando se vê um quadro de hemólise (hemoglobina baixa, aumento de DHL, reticulocitose e aumento de bilirrubina indireta) em um lactente jovem (antes dos 5 a 6 meses de vida), deve-se pensar em: • Anemias hemolíticas autoimunes → assim, deve-se solicitar um Coombs Indireto, que dará positivo • Deficiências Enzimáticas → dosar a G6PD • Defeitos de Membrana → faz-se, por exemplo, a Curva de Fragilidade Osmótica para detectar esferocitose ➢ Exemplo de caso clínico: Adolescente, 14 anos, previamente hígida, que apresentou quadro viral e, após, chegou ao pronto- atendimento com astenia e em franca descompensação hemodinâmica (palidez intensa, taquicardia, taquipneia, sopro sistólico...). Assim, provavelmente, ela encontra-se em franca descompensação devido a uma anemia. Dessa forma, solicita-se os exames e vê-se que ela apresenta hemoglobina baixa, leucometria e plaquetas normais, reticulocitose, aumento de DHL e aumento de bilirrubina indireta • Nesses quadros em que o paciente era previamente hígido e apresenta essas manifestações, tem-se uma anemia hemolítica a ser esclarecida: ▪ Primeiramente, pensa-se em uma anemia autoimune que pode ter sido “ativada” pela infecção viral que a paciente apresentou → assim, o primeiro exame a ser solicitado é o Coombs Indireto: ✓ Negativo → investigar outras causas para o quadro ✓ Positivo → investigar sobre as anemias hemolíticas autoimunes ➢ Exemplo de caso clínico: Paciente com quadro de anemia crônica com descompensações frequentes, necessitando de hemoconcentrados, baço aumentado e de grandes dimensões, alterações faciais (Ex: fronte proeminente) → deve-se pensar na possibilidade de uma Talassemia ➢ Atenção → as Anemias Carenciais também podem levar a quadros de hepatoesplenomegalias, mas em dimensões mais discretas que as anemias hemolíticas CASO CLÍNICO 5 – ABSCESSO HEPÁTICO CASO CLÍNICO 5 Paciente do sexo masculino, natural e procedente de Juazeirinho, 4 anos de idade, com quadro de febre há 20 dias, acompanhada de dor abdominal, astenia e hiporexia. Genitora afirma vômitos ocasionais. Nega outras queixas. Antecedentes: mãe G8P5A3. Gestação sem intercorrências. Parto a termo, eutócico. Não soube informar o peso ao nascem e nem o APGAR. Antecedentes Pessoais: fez tratamento com Sulfato Ferroso há 6 meses. Nega internações e outras doenças. Aleitamento materno exclusivo por 3 meses, quando começou a ser alimentado com leite de vaca e sucos. Aos 5 meses, papa salgada. Atualmente, cardápio familiar. Desenvolvimento Neuropsicomotor adequado. Vacinas atualizadas. Antecedentes Familiares: pais e irmãos saudáveis. Tias com Hipertensão. Primo asmático. Hábitos de vida e moradia: mora em zona rural, sem saneamento básico. Contato com animais (cães e gatos). Afirma banho de açude. 9 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto Exame Físico: Estado Geral Regular (EGR), hipoativo, hipocorado (++/4+), eupneico, hidratado, afebril, anictérico. - Aparelho Cardiovascular e Respiratório → sem alterações - Abdômen → Semigloboso, algo tenso. Fígado a 6cm do rebordo costal direito; dor intensa à palpação em hipocôndrio direito. Ponta de baço palpável. ➢ Hipóteses Diagnósticas: • A presença de febre há vários dias (hepatoesplenomegalia febril) e o contexto socioeconômico da criança fazem com que se pense primeiramente em um processo infeccioso, podendo-se pensar em uma etiologia bacteriana ➢ Conduta: • Como a principal hipótese é um processo infeccioso, deve- se solicitar exames que fazem parte da investigação: ▪ Hemograma ▪ Reticulócitos ▪ Culturas ▪ Sorologias ▪ Imagem abdominal → devido á dor intensa em hipocôndrio direito ➢ Exames Complementares → foram solicitados os exames, obtendo-se os seguintes resultados: • Hemograma: ▪ Hemoglobina = 9,5 mg/dL → Anemia ▪ VCM = 75 ▪ Leucócitos = 25.000 → Leucocitose com desvio à esquerda ▪ Bastões = 15% ▪ Segmentados = 40% ▪ Plaquetas = 600.000 → Plaquetose ▪ Esses resultados obtidos no hemograma são muito comuns de quadros infecciosos de etiologia bacteriana • Proteína C Reativa (PCR) = 95 (alto) → é sugestivo de processo infeccioso bacteriano • USG abdominal → hepatomegalia com imagem sugestiva de abscesso, medindo cerca de 8,7cm x 7,5cm • Hemocultura → infecção por Staphylococcus aureus ➢ Diagnóstico: • Após a associação da clínica com os exames solicitados, viu- se que se tratava de um quadro infeccioso de etiologia bacteriana, mais especificamente um Abscesso Hepático (evidenciado pela USG), o que explica o quadro do paciente ▪ Não é incomum que esses abscessos hepáticos sejam abscessos amebianos ➢ Tratamento: • Antibioticoterapia de amplo espectro (Ex: Cefepima + Metronidazol) • Drenagem do Abscesso CASO CLÍNICO 6 – LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO CASO CLÍNICO 6 Adolescente de 15 anos, sexo feminino, natural e procedente de Campina Grande-PB. Admitida para investigação diagnóstica por quadro de palidez cutaneomucosa progressiva, astenia e febre intermitente há um mês. Afirma dor e limitação funcional em punho e joelho esquerdos. Nega outras queixas. Não tem vida sexual ativa. Antecedentes Pessoais: nega internações prévias. Varicela aos 7 anos. Antecedentes Familiares: desconhece doenças na família. Pais e irmãos saudáveis. Hábitos de vida e moradia: mora em zona urbana, com saneamento básico. Cinco cômodos para três pessoas. Cria um gato. Exame Físico: Estado Geral Regular (EGR), hipocorada (+/4+), eupneica, hidratada, afebril, ictérica (+/4+). - Aparelho Cardiovascular e Respiratório → sem alterações - Abdômen → plano, flácido, com fígado a 2,5cm do rebordo costal direito e ponta do baço palpável. ➢ Hipóteses Diagnósticas: • De acordo com as manifestações clínicas, pode-se ir pensando em: ▪ Palidez cutaneomucosa e astenia → anemia? ▪ Febre ▪ Icterícia ▪ Dor e limitação funcional → pode-se dizer que ela apresenta uma artrite ▪ Anemia + Icterícia → anemia hemolítica? ✓ Nesse caso, deve-se avaliar o hemograma e se essa icterícia é às custas de bilirrubina direta ou indireta • Diagnóstico Sindrômico →anemia + icterícia + febre + artrite ▪ Diante desse quadro, tem-se várias hipóteses diagnósticas, como: ✓ Síndrome mono-like (Ex: CMV, Toxoplasmose) → artrite reativa ✓ Colestase →devido à icterícia ✓ Doença autoimune → que está causando uma anemia hemolítica com artrite e febre ➢ Conduta: • Deve-se primeiramente solicitar exames para que se pense em alguma patologia • Exames Complementares: ▪ Hemograma: ✓ Hemoglobina = 7 mg/dL → Anemia ✓ Hematócrito = 21 ✓ VCM = 110 → hemácias macrocíticas ✓ Leucócitos = 3000 → leucopenia ✓ Plaquetas = 70.000 → plaquetopenia ✓ Assim, o paciente apresenta uma Pancitopenia ▪ Reticulócitos = 9% → Reticulocitose ▪ Desidrogenase Lática (DHL) = 900 (elevado) ▪ Bilirrubina Direta = 0,2 ▪ Bilirrubina Indireta = 2,8 → icterícia às custas de bilirrubina indireta ▪ Provas inflamatórias aumentadas → devido a presença de quadro articular e febre ✓ VHS = 50 ✓ PCR = 70 ▪ Alfa-1-Glicoproteína ácida aumentada 10 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto ▪ Sumário de Urina → 10 hemácias por campo e presença de proteínas (++++) ✓ Presença de Hematúria e Proteinúria → nesse caso, pode-se pensar em alguma glomerulopatia ▪ Urocultura → negativa ▪ Hemocultura → negativa ▪ USG de Abdômen → discreta hepatoesplenomegalia, sem alterações de ecogenicidade do parênquima ▪ Sorologias → todas negativas ✓ Vírus Epstein-Barr (EBV) ✓ Citomegalovírus (CMV) ✓ Toxoplasmose ✓ Hepatites ✓ HIV ▪ Coombs direto positivo ▪ Fator Antinúcleo (FAN) → padrão misto nuclear homogêneo e pontilhado fino (1:640) e C3, C4 e CH50 diminuídos ➢ Diagnóstico: • Anemia Hemolítica → achados que sugerem a presença de anemia hemolítica: ▪ Anemia ▪ Reticulocitose ▪ DHL elevado ▪ Bilirrubina indireta elevada • Pode-se dizer que essa paciente apresenta febre + pancitopenia + anemia hemolítica + artrite a esclarecer + hepatoesplenomegalia + glomerulopatia: ▪ Presença de pancitopenia + reticulocitose → provavelmente, não há acometimento medular ✓ Geralmente, quando existem comprometimento medular, na grande maioria dos casos, tem-se uma reticulopenia ✓ Dessa forma, em um primeiro momento, não se pensa em solicitar um Mielograma para a paciente, pois a sua produção reticulocitária está normal ▪ Diante desses achados, pensa-se mais em alguma doença autoimune → assim, deve-se investigar uma das doenças autoimunes mais comuns no sexo feminino e que curse com as alterações apresentadas pela paciente ✓ Por isso que se solicitou o FAN • Trata-se de um quadro de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), pois, somando-se o quadro clínico e os achados nos exames complementares, essa criança apresenta critérios para o diagnóstico da doença DOENÇAS AUTOIMUNES QUE EVOLUEM COM HEPATOESPLENOMEGALIA ➢ Lúpus Eritematoso Sistêmico → tem-se os critérios Slicc para o diagnóstico • Exemplos de critérios: ▪ Anemia hemolítica ▪ Coombs direto positivo ▪ Glomerulopatia (proteinúria) ▪ Consumo de complemento ▪ FAN positivo ▪ Alterações das séries sanguíneas... • Quando se tem 4 critérios, tendo-se pelo menos 1 clínico e 1 sorológico, já se pode dar o diagnóstico de LES ➢ Artrite Idiopática Juvenil (AIJ): • Exemplo: criança com 4 anos de idade, apresentando quadro febril prolongado, associado a artrite e visceromegalias ➢ Doença de Still: • Pode-se ter também derrames com serosites (Ex: derrame pericárdico, derrames pleural), hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia, exantema cor de salmão (que aparece com a febre)... CASO CLÍNICO 7 - MUCOPOLISSACARIDOSE CASO CLÍNICO 7 Menino de 2 anos, branco, natural e procedente de Boqueirão-PB, encaminhado de UBSF local para investigação diagnóstica. Atualmente, apresenta dificuldade na deambulação. Aos três meses foi notado o aparecimento de giba lombar e peito escavado. Ficou em pé com um ano, mas nunca chegou a andar, fatos que os pais atribuem em parte à diminuição da visão e em parte à rigidez articular. Refere resfriado constante. Ao exame, observa-se fácies grotesco, crânio volumoso, com aumento do diâmetro anteroposterior. Teste proeminente. Ponte nasal achatada, narinas amplas. Lábios espessos, boca entreaberta, língua volumosa e protusa. Dentes pontiagudos e espaçados. Opacificação das córneas. Pescoço curto. Peito escavado. Coluna: cifose dorsolombar acentuada, com giba nessa região. Abdômen globoso, hérnia umbilical bilateral, hepatoesplenomegalia. Dedos das mãos curtos e largos, em flexão. Limitação generalizada da expansibilidade articular com contraturas de flexão nos cotovelos e nos joelhos. Pele: Hipertricose. ➢ Sobre o caso: • Hoje atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, pois só ficou em pé com 1 ano de idade e nunca chegou a andar • O paciente apresenta vários dismorfismos • Erros inatos do metabolismo: ▪ Podem se apresentar de uma forma mais sutil ou mais chamativa, como no caso descrito ▪ Nos pacientes com hepatoesplenomegalias, um dos mecanismos responsáveis pelo aumento dessas vísceras é o acúmulo de metabólitos à nível celular, levando ao aumento dessas células, que geralmente se dá por alguma deficiência enzimática. Dessa forma, é comum que existam: ✓ Alterações oculares ✓ Dismorfismos ✓ Alterações do desenvolvimento neuropsicomotor ✓ Crises convulsivas ✓ Alterações na curva pondero-estatural ✓ Alterações articulares... ➢ Diagnóstico: • Mucopolissacaridose 11 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto CASO CLÍNICO 8 – LINFOMA HODGKIN CASO CLÍNICO 8 Adolescente do sexo masculino, 15 anos, natural e procedente de Patos- PB, admitido para investigação diagnóstica com queixa de febre e adenomegalia cervical há 2 meses. A febre é vespertina, diária (não aferida). Refere também astenia, hiporexia e sudorese noturna desde o início do quadro. Tosse seca ocasional, sem dispneia. Antecedentes: mãe G5P5A0. Gestação, parto e período neonatal sem intercorrências. Não soube informar peso ao nascer e Apgar. Antecedentes Pessoais: epilepsia (faz uso de Fenobarbital desde os 10 anos). Nega outras doenças. Antecedentes Familiares: mãe tratando anemia. Pai e irmãos saudáveis. Nega outras doenças na família. Hábitos de vida e moradia: mora em zona urbana, saneamento básico. Nega contato com animais e banhos em açude. Exame Físico: Estado Geral Regular (EGR), orientado, hipocorado (++/4+), eupneico, hidratado, febril, acianótico, emagrecido. - Aparelho Cardiovascular e Respiratório → sem alterações - Abdômen → distendido, hipertimpânico, fígado a 3cm do rebordo costal direito e baço a 3,5cm do rebordo costal esquerdo - Adenomegalias em região cervical; a maior em região cervical inferior esquerda, medindo cerca de 4cm x 4cm, consistência endurecida, aderida aos planos profundos, sem sinais flogísticos. ➢ Exames Complementares: • Hemograma → evidenciando Pancitopenia ▪ Hemoglobina = 8,1 mg/dL → Anemia ▪ Leucócitos = 2.000 → Leucopenia ▪ Plaquetas = 56.000 → Plaquetopenia • Testes Hepáticos: ▪ AST = 42 ▪ ALT = 35 • Sorologias para EBV, CMV, Toxoplasmose e Leishmaniose → negativas • PPD não reator • USG abdominal → hepatoesplenomegalia; ecotextura homogênea • Radiografia de Tórax → alargamento do mediastino ▪ Isso pode ocorrer em determinados quadros neoplásicos • Biópsia de Linfonodo Cervical → presença de células de Reed Sternberg (compatível com Linfoma de Hodgkin, variante de predomínio linfocitário) • Mielograma → presença de células de Reed Sternberg ➢ Sobre o caso: • Hipocorado → anemia? Por isso que se solicita o hemograma • É um caso de adenomegalia + febre + anemia + pancitopenia • O que mais pode nortear nas hipóteses diagnósticas é o aspecto do linfonodo → grande, aderido aos planos profundos, endurecido, em região cervical inferior (é uma localização de alarme)e sem sinais flogísiticos ▪ Nessa situação existe indicação formal para a realização da Biópsia • Hipóteses Diagnósticas: ▪ Linfoma ▪ Tuberculose... ➢ Diagnóstico: • Linfoma Hodgkin: ▪ Nesse caso, diante desse diagnóstico, deve-se fazer um Mielograma, que demonstrou uma invasão das células de Reed Sternberg na medula, o que explica a pancitopenia apresentada pelo paciente CASO CLÍNICO 9 – DOENÇA DE WILSON CASO CLÍNICO 9 Adolescente do sexo feminino, 12 anos, natural e procedente de Caturité-PB, encaminhado do PSF local para o hospital universitário para investigação de hepatoesplenomegalia e icterícia. Antecedentes: mãe G3P3A0. Nasceu de parto eutócico, sem intercorrências. Peso ao nascer = 3.100g. Antecedentes Pessoais: nega patologias. Vacinas atualizadas. Antecedentes Familiares: pais e irmãos hígidos. Desconhece doenças na família. Hábitos de vida e moradia: mora em zona rural, casa sem saneamento básico, afirma banho de açude e contato com cães na vizinhança. Exame Físico: Estado Geral Regular (EGR), hipocorada (+/4+), hidratada, afebril, ictérica, eupneica. - Aparelho Respiratório (AR) → Murmúrio Vesicular Normal (MVN), sem Ruídos Adventícios (RA) - Aparelho Cardiovascular (ACV) → Ritmo Cardíaco Regular (RCR) em 2 Tempos (2T), Bulhas Cardíacas Normofonéticas (BCNF), sem sopros. Frequência Cardíaca (FC) = 120bpm. - Abdômen → SG, com fígado endurecido e palpável a 4cm do rebordo costal direito e baço palpável a 6cm do rebordo costal esquerdo - Ext → sem edema - Sistema Nervoso → sem alterações ➢ Exames Complementares: • Hemograma → indica Pancitopenia ▪ Hemoglobina = 9,6 mg/dL → anemia ▪ Leucócitos = 3.500 → leucopenia ▪ Plaquetas = 50.000 → plaquetopenia • Reticulócitos aumentados → Reticulocitose • Enzimas hepáticas → aumentadas em relação ao limite superior da normalidade ▪ AST = 500 ▪ ALT = 220 • Bilirrubina Indireta = 0,3 • Bilirrubina Direta = 1,5 → icterícia às custas de bilirrubina direta ▪ Indica um quadro de colestase, podendo haver alguma hepatopatia que justifique essa e as demais alterações • Indicam disfunção hepática: ▪ Tempo de Protrombina (TP) = 24s (alargamento do TP) ▪ INR = 2,5 (aumentado) • Albumina = 2,5 mg/dL (baixa) 12 HEPATOESPLENOMEGALIAS NA INFÂNCIA Gizelle Felinto ➢ Sobre o caso: • No exame físico, o que chama a atenção é a consistência endurecida do fígado, o que nos faz pensar em uma hepatopatia crônica • De acordo com os exames complementares → pancitopenia + reticulocitose + icterícia às custas de bilirrubina direta • Provavelmente a paciente apresenta um quadro de hepatopatia crônica → se o fígado já dor cirrótico, acaba levando a um quadro de hipertensão portal, causando uma esplenomegalia. Assim, esse aumento do baço pode levar também a um hiperesplenismo, que leva a períodos de pancitopenia e reticulocitose • A elevação das enzimas hepáticas, da bilirrubina direta, do INR e do TP e a albumina baixa → indicam que o paciente tem insuficiência hepática • Assim, esse quadro entra no diagnóstico diferencial das hepatopatias, que vão desde causas virais, metabólicas e parasitárias até causas infecciosas ➢ Conduta: • Para a investigação das hepatopatias, solicitou-se: ▪ Sorologias → todas negativas ✓ Toxoplasmose ✓ Citomegalovírus (CMV) ✓ Vírus Epstein-Barr (EBV) ✓ Leptospirose ✓ Leishmania ✓ Hepatites A, B e C ▪ USG Abdominal → moderada hepatoesplenomegalia com sinais de cirrose hepática e hipertensão porta • Pensando-se nas seguintes patologias, solicitou-se (muitas vezes, essas doenças podem se apresentar de formas muito semelhantes, por isso a importância de diferenciá-las com os exames): ▪ Esquistossomose → poderia ser pensada, mas o quadro não é sugestivo ✓ Parasitológico de Fezes (Lutz e Kato-Katz) → negativo ✓ Biópsia retal ou hepática → é o padrão-ouro para o diagnóstico de esquistossomose ▪ Doença de Wilson: ✓ Ceruloplasmina sérica baixa ✓ Cobre urinário → aumentado ✓ Exame de fundo de olho → sem alterações o Serve para analisar a presença ou não do anel de Kayser-Fleischer (acúmulo de cobre no olho) ▪ Deficiência de Alfa-1-Antitripsina: ✓ Dosagem de Alfa-1-Antitripsina → normal ▪ Hepatite Autoimune: ✓ Fator Antinúcleo (FAN) → negativo ✓ Anticorpo antimúsculo liso → negativo ✓ ALKM-1 → negativo ✓ Antimitocôndria → negativo ➢ Diagnóstico: • Doença de Wilson
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