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A abordagem humanista: a Teoria das Relações Humanas Universidade Federal do Cariri- UFCA Prof. Dr. Marcus Vinicius de Oliveira Brasil Abordagem Humanista A Teoria das Relações Humanas: Preocupa-se em analisar o trabalho e a adaptação do trabalhador ao trabalho. Análise das características humanas que cada tarefa exige do seu executante e a seleção científica dos empregados baseada nessas características, por meio de testes psicológicos. Adaptação do trabalho ao trabalhador. Voltada aos aspectos individuais e sociais do trabalho, que predominam sobre os aspectos produtivos. Estudos da personalidade do trabalhador e do gerente, motivação, liderança e relações interpessoais (CHIAVENATO, 2003; MAXIMIANO, 2007). Quadro 1- Comparação entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas Teoria Clássica: Trata a organização como máquina. Enfatiza as tarefas ou a tecnologia. Inspirada em sistemas de engenharia. Autoridade centralizada. Linhas claras de autoridade. Especialização e competência técnica. Acentuada divisão do trabalho. Confiança nas regras e regulamentos. Clara separação entre linha e staff. Teoria das Relações Humanas: Trata a organização como grupos humanos. Enfatiza as pessoas e grupos sociais. Inspirada em sistemas de psicologia. Delegação de autoridade. Autonomia dos empregados. Confiança e abertura. Ênfase nas relações entre pessoas. Confiança nas pessoas. Dinâmica grupal e interpessoal. Fonte: Chiavenato (2003, p. 110) Teoria Clássica vs. Teoria das Relações Humanas Quadro 2- A Civilização Industrializada e o Homem. O trabalho é uma atividade tipicamente grupal. O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de um grupo social. A tarefa básica da Administração é formar uma elite de administradores capaz de compreender as pessoas e de comunicar através de chefes democráticos, persuasivos e simpáticos. O ser humano é motivado pela necessidade de “estar junto”, de ser reconhecido e de receber adequada comunicação. Fonte: Chiavenato (2003) A Industrialização e o Homem A partir da experiência de Hawthorne (E. Mayo). Ocorre como um movimento contrário à Teoria Clássica da Administração (CHIAVENATO, 2003; MAXIMIANO, 2007). Principais autores: Elton Mayo 1933- Experiência de Hawthorne; e Kurt Lewin 1935- Teoria de Campo Dinâmico (CHIAVENATO, 2003; MAXIMIANO, 2007). Abordagem Humanista Hug Munsterberg 1911- Psicologia Aplicada nas organizações (testes de seleção); Mary Parker Follet 1920- Introduziu a corrente psicológica na Administração; 5 A Experiência de Elton Mayo na fábrica de Hawthorne (Western Electric Company). A Teoria das Relações Humanas enfatiza as pessoas enquanto parte da organização. Buscou-se analisar questões como fadiga, acidentes de trabalho, turnover, e o efeito das condições de trabalho sobre a produtividade. Fases: Fase 1: intensidade de iluminação – reconhecimento do fator psicológico; Fase 2: grupo experimental (condições de trabalho modificadas- períodos de descanso, lanches, redução no horário de trabalho)/ grupo de controle (trabalho em condições constantes)– reconhecimento de fatores grupais (liderança, objetivos comuns, equipe), (CHIAVENATO, 2003); Escola de Relações Humanas 6 1 Fases (Experiência de Hawthorne- Continuação...) : Fase 3: programa de entrevistas (buscando conhecer as atitudes e sentimentos dos empregados, ouvir suas opiniões sobre os supervisores e sugestões sobre o trabalho)– organização informal- mecanismos de punição e lealdade grupal. Fase 4: Os salários só podiam ser maiores se a produção total aumentasse (observação do grupo experimental), punição simbólica para estabilizar a produção. Confirmação das hipóteses sobre a coexistência da organização formal com a informal (CHIAVENATO, 2003). Escola de Relações Humanas 7 1 Escola de Relações Humanas Conclusões da experiência de Hawthorne: Produtividade resulta da integração social. Grupo prepondera sobre indivíduo. Recompensas e punições sociais. Grupos informais. Relações humanas. Importância do conteúdo do cargo. Aspectos emocionais da organização (CHIAVENATO, 2003). 8 2 Abordagem Humanística: O trabalho é uma atividade tipicamente grupal: a produção é influenciada mais que pelas normas do grupo e pelos incentivos salariais e materiais; O operário não reage como indivíduo isolado mas como membro de um grupo social; Formar uma elite capaz de compreender e de comunicar ao grupo as necessidades da empresa; Formar uma elite capaz de recobrar a cooperação dos indivíduos; O ser humano é motivado pela necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecido”, de receber adequada comunicação; A organização é uma unidade social, porquanto, congrega indivíduos que desejam e influenciam seu meio (CHIAVENATO, 2003). Abordagem Humanista Organização Industrial Função econômica: Produzir bens ou serviços Função social: Dar satisfações aos seus participantes Equilíbrio externo Equilíbrio interno Figura 1- Funções básicas da organização industrial de Roethlisberger e Dickson Fonte: Chiavenato (2003, p. 109) Roethlisberger e Dickson foram dois relatores da pesquisa de Hawthorne. A função social antecipou os estudos de responsabilidade social. 9 Teoria das Relações Humanas: 1- Trata a organização como grupos de pessoas; 2- Enfatiza as pessoas e a colaboração humana; 3- Inspirada em sistemas de Psicologia; 4- Reconhece “o Homem Social”; 5- Prioriza a confiança e a abertura; 6- Enfatiza as relações entre as pessoas; 7- Promove a dinâmica grupal e interpessoal (CHIAVENATO, 2003). Abordagem Humanista Teoria de Campo de Lewin: Equação: C = f (P, M) – O comportamento da pessoa é o resultado da interação entre a pessoa e o meio ambiente a qual está inserida. C = Comportamento; f = Função; P = Pessoa; M = Meio Ambiente. CONCEITO DE MUDANÇA: é a transição de uma situação para outra diferente ou a passagem de um estado para outro diferente. Ocorre em um campo dinâmico de forças que atua em vários sentidos (CHIAVENATO,2003). Escola de Relações Humanas Segundo Chiavenato (2003, p. 132), Kurt Lewin “introduziu o conceito de equilíbrio ‘quase-estacionário’ nos processos grupais para significar o campo de forças existentes dentro dos grupos e que conduzem a processos de auto-regulação e manutenção de equilibrio”. Teoria de Campo de Lewin: O comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes (Lewin); Esses fatos coexistentes têm o caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação com as demais partes (Lewin); Esse campo dinâmico é o espaço de vida que contém a pessoa e o seu ambiente psicológico. 11 Figura 2- O processo de mudança de Lewin Velhas ideias e práticas são derretidas, abandonadas e desaprendidas Novas ideias e práticas são exercitadas e aprendidas Novas ideias e práticas são incorporadas definitivamente ao comportamento Identificação Internalização Suporte Reforço Descongelamento Mudança Recongelamento Fonte: Chiavenato (2003, p. 375) Escola de Relações Humanas Figura 3- O campo de forças que atuam no processo de mudança Forças Positivas (apoio e suporte) Forças Negativas (oposição e resistência) Forças positivas à mudança são maiores do que as forças negativas Forças negativas à mudança são maiores do que as forças positivas Velha Situação Tentativa de mudança bem-sucedida Tentativa de mudança mal-sucedida Nova Situação Nova Situação Fonte: Chiavenato (2003, p. 376) Escola de Relações Humanas Níveis/Estágios de Motivação Abordagem Humanista A motivação procura explicar por que as pessoas se comportam de certa maneira. As necessidades humanas básicas são fisiológicas, psicológicas e de auto-realização. Necessidades fisiológicas - relacionadas a sobrevivência do indivíduo. Nível mais baixo. Necessidades psicológicas - relacionadas aos desejos do indivíduo. Nível médio. São elas: - Necessidade de segurança íntima; - Necessidade de participação (Mayo); - Necessidade de autoconfiança; - Necessidade de afeição. Necessidades de auto-realização: Relacionadas a educação e da cultura da pessoa. Nível mais elevado (CHIAVENATO, 2003). Figura 4: Etapas do Ciclo Motivacional resultando em satisfação da necessidade Abordagem Humanista Satisfação Equilíbrio Estímulo ou incentivo Necessidade Tensão Comportamento ou ação Fonte: Chiavenato (2003, p. 119) 15 Figura 5: Níveis do Moral e as Atitudes Resultantes Fonte: Chiavenato (2003, p. 121) Abordagem Humanista Moral Elevado Moral Baixo Fanatismo Euforia Atitudes positivas Satisfação Otimismo Cooperação Coesão Colaboração Aceitação dos objetivos Boa vontade Identificação Atitudes negativas Insatisfação Pessimismo Oposição Negação Rejeição dos objetivos Má vontade Resistência Dispersão Disforia Agressão Figura 6: Ciclo Motivacional, Motivação e Atitude Ciclo Motivacional Motivação e Atitude Escola de Relações Humanas EQUILÍBRIO ESTÍMULO NECESSIDADE TENSÃO BARREIRA SATISFAÇÃO FRUSTRAÇÃO / COMPENSAÇÃO MORAL ALTO MORAL BAIXO FANATISMO EUFORIA ATITUDES POSITIVAS SATISFAÇÃO OTIMISMO COOPERAÇÃO IDENTIFICAÇÃO ATITUDES NEGATIVAS INSATISFAÇÃO PESSIMISMO OPOSIÇÃO MÁ VONTADE DISPERSÃO AGRESSÃO COMPORTAMENTO OU AÇÃO Fonte: CHIAVENATO (2003) Liderança A Teoria das Relações Humanas constatou a influência da liderança sobre o comportamento das pessoas; A liderança pode ser visualizada sob diferentes ângulos: Como um fenômeno de influência interpessoal. Como um processo de redução da incerteza de um grupo. Como uma relação funcional entre líder e subordinados. A Liderança (L) como um processo em função do líder (l), dos seguidores (s) e de variáveis da situação (v), onde L=f (l,s,v) (CHIAVENATO, 2003). Figura 7: Teorias sobre Liderança Abordagem Humanista Teorias de Traços de Personalidade Teorias sobre estilo de Liderança Teorias Situacionais de Liderança Características marcantes de personalidade possuídas pelo líder Maneiras e estilos de se comportar adotados pelo líder Adequação do comportamento do líder às circunstâncias da situação Fonte: Chiavenato (2003, p. 123) Traços de Personalidade dos Líderes: Abordagem Humanista Traços físicos, Traços intelectuais, Traços sociais, e Traços relacionados com a tarefa (CHIAVENATO, 2003). Traços de Personalidade dos Líderes Traços físicos: energia, aparência pessoal, estatura e peso; Traços intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança; Traços sociais: cooperação, habilidades interpessoais e habilidade administrativa; Traços relacionados com a tarefa: impulso de realização, persistência e iniciativa (CHIAVENATO, 2003). 20 Teoria sobre Estilos de Liderança Autocrática. Liberal (laissez-faire). Democrática. Líder Subordinados Líder Subordinados Líder Subordinados Autocrática Liberal Democrática Ênfase no líder Ênfase nos subordinados Ênfase nos subordinados e no líder Figura 8: Estilos de Liderança Fonte: Chiavenato (2003, p. 126) Autocrática: O líder centraliza as decisões e impõe suas ordens ao grupo; Liberal (laissez-faire): O líder delega totalmente as decisões ao grupo e deixa-o completamente à vontade e sem controle algum; Democrática: O líder conduz e orienta o grupo e incentiva a participação democrática das pessoas. Na prática os líderes utilizam os três processos de liderança, de acordo com a situação, com as pessoas e com a tarefa a ser executada. O líder, tanto manda cumprir, como consulta seus subordinados antes de tomar uma decisão. A questão principal é saber quando aplicar qual processo, com quem e dentro de que circunstâncias e atividades (CHIAVENATO, 2003, p. 125). 21 Liderança Os três ingredientes principais da Teoria Situacionais de Liderança são: o líder, o grupo, e a situação. A variável situação é a de maior importância na determinação de quem será o líder e o que ele deverá desempenhar (CHIAVENATO, 2003; MAXIMIANO, 2007). As Teorias situacionais da liderança partem do princípio de que não existem um único estilo ou característica de liderança válida para todas e quaisquer situações. Cada tipo de situação requer um tipo de liderança diferente para se alcançar a eficácia dos subordinados. O verdadeiro líder é aquele que é capaz de se ajustar a um grupo em particular de pessoas sob condições extremamente variadas (CHIAVENATO, 2003). 22 Liderança Fonte: Chiavenato (2003, p. 127) Figura 9: Continuum de padrões de liderança de Tannenbaum e Schmidt Liderança descentralizada nos subordinados Área de autoridade do administrador Área de liberdade dos subordinados Liderança centralizada no chefe 1 Administrador toma a decisão e comunica 2 Administrador vende sua decisão 3 Administrador apresenta suas ideias e pede perguntas 4 Administrador apresenta sua decisão, tentativa sujeita a modificação 5 Administrador apresenta o problema, recebe sugestões e toma sua decisão 6 Administrador define os limites e pede ao grupo que tome uma decisão 7 Administrador permite que subordinados funcionem dentro de limites definidos por superior Autocrático Consultivo Participativo 23 Liderança Com o desenrolar das experiências de Hawthorne e sobre Liderança, os pesquisadores passaram a concentrar sua atenção nas oportunidades de ouvir e aprender em reuniões de grupo e notar os problemas das comunicações entre grupos nas empresas. A competência do administrador para comunicar-se e relacionar-se deveria ser aperfeiçoada. Com o enfoque das Relações Humanas a imagem social e popular da organização impôs ao administrador novas posturas (CHIAVENATO, 2003). Figura 10: Comunicação Fonte: Chiavenato (2003) Importância da Comunicação: Informações condição de trabalho. Atitudes motivação para o trabalho. Escola de Relações Humanas EMISSOR CÓDIGO RECEPTOR RUÍDO RUÍDO Possibilidade de falhas de comunicação: Assegurar a participação das pessoas dos escalões inferiores na solução dos problemas da empresa. b) Incentivar maior franqueza e confiança entre os indivíduos e os grupos nas empresas. A comunicação é uma atividade administrativa que tem dois propósitos principais: proporcionar informação e compreensão necessária para que as pessoas possam se conduzir nas suas tarefas. proporcionar as atitudes necessárias que promovam a motivação, cooperação e satisfação nos cargos. Estes dois propósitos, juntos, promovem um ambiente que conduz a um espírito de equipe e a um melhor desempenho nas tarefas (CHIAVENATO, 2003, p. 129). 25 Comunicação A comunicação entre chefes e subordinados torna-se peça fundamental na avaliação de desempenho e habilidades, fundamentadas em três pontos: O homem trabalha melhor quando conhece os padrões exigidos pelo seu trabalho. A organização opera com mais eficiência, quando o subordinado e seu chefe têm um entendimento comum das suas atribuições e padrões de desempenho esperado. Cada homem pode ser auxiliado a dar a máxima contribuição e a utilizar o máximo de suas habilidades (CHIAVENATO, 2003). Figura 11- Enfoque manipulativo das Relações Humanas Administração Incentivos Sistema de Padrões de Sociais Comunicações Liderança Grupo Organização Participação Objetivos da Indivíduo Social Informal nas decisões Organização Formal Fonte: Chiavenato (2003, p.138) Apreciação Crítica da Teoria das Relações Humanas Como toda teoria, a das Relações Humanas recebeu diversas críticas, as principais foram: Confronto das Ideias Clássicas; Visão inadequada dos problemas de relações industriais; Limitação no campo experimental; Parcialidade das conclusões; Ênfase nos grupos informais; Concepção romântica e ingênua do operário; e Enfoque manipulativo e demagógico, colocar a organização informal a serviço da organização formal (CHIAVENATO, 2003). Abordagem Humanística Teoria das Relações Humanas Mayo/ Lewin Ênfase nas Pessoas Período: 1930 Princípios: A organização é formada por pessoas O Homem Social Confiança e abertura Dinâmica de grupo Humanizar a Administração Democratizar a Administração Sistema Social Críticas: Visão simplificada do indivíduo Limitação do campo de aplicação Parcialidade nos resultados Enfoque manipulativo das relações humanas Surgem Estudos: Motivação Liderança Redes de Comunicação Figura 12- Resumo da Abordagem Humanística Fonte: Chiavenato (2003); Maximiano (2007). Referências CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da Administração. 7.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 634p. LEWIN, K. A dynamic theory of personality. New York: McGraw-Hill, 1935 LODI, J. B. História da Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 217p. MAYO, E. The Social Problems of an Industrial Civilisation. First Print. Great Britain, 1949. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2004. 521p. ROETHLISBERGER, F. J.; DICKSON, W. A organização e o Trabalhador. São Paulo: Ed. Atlas, 1971. TANNENBAUM, R.; SCHIMIDT, W.H. How to Choose a Leadership Pattern. Havard Business Review. v. 36, mar./abr., 1958.
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