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License-529700-96056-0-3 1 CONCEITO E EVOLUÇÃO O termo gestão de carreira passou a ser utilizado na década de 1980 e trouxe em sua bagagem o conceito de que a pessoa é responsável pelo desenvolvimento de sua carreira. Até as décadas de 1960 e 1970, as organizações eram as responsáveis pelo desenvolvimento da carreira da pessoa. A necessidade de redução de custos organizacionais levou à eliminação gradativa e redução drástica dos benefícios de aprendizagem, treinamento e desenvolvimento oferecidos pelas empresas, sendo menos oneroso buscar profissionais já desenvolvidos no mercado ao invés de formá-los internamente. Os indivíduos, portanto, passaram a buscar seu aprimoramento profissional de acordo com os seus interesses pessoais e também por meio da avaliação do mercado, com o objetivo de promover seu crescimento diante das necessidades pessoais e das demandas impostas. Se considerarmos que compete à pessoa desenvolver sua carreira, teremos o conceito de que carreira é uma sequência única de atitudes e comportamentos, relacionados ao conhecimento do indivíduo, e associada às suas experiências de trabalho e de atividades durante a vida. AS EMPRESAS SÃO UM DOS COMPONENTES, UM DOS POSSÍVEIS ESPAÇOS, EM QUE A PESSOA PODERÁ DESENVOLVER SUA CARREIRA, SE ASSIM DESEJAR, PORÉM NÃO É MAIS O ÚNICO LOCAL ONDE ESSE DESENVOLVIMENTO SE DARÁ. License-529700-96056-0-3 2 SIGNIFICADO DE CARREIRA Você sabe dizer o que significa ter uma carreira? Saiba que é a partir desse entendimento que você direciona seu crescimento profissional. É preciso, portanto, compreender seu entendimento de carreira, para então poder direcioná-la. Uma carreira possui vários significados distintos, os quais estão intrinsicamente ligados ao contexto social e organizacional. De acordo com Veloso e Dutra (2010), é possível entender carreira sob quatro significados distintos. Acompanhe! Avanço: a compreensão popular pressupõe crescimento vertical hierárquico ascendente dentro da organização. Profissão: na visão tradicionalista e popular, entendemos como carreira apenas as profissões capazes de representar status e que de tempos em tempos renovam essa posição (por exemplo, médicos, professores, enfermeiros e funcionários públicos). Sequência de trabalhos durante a vida: essa é uma visão comportamental, em que o tipo de ocupação não é relevante. A relevância está na pessoa, em sua história e na sequência de posições que ela ocupou, independentemente do nível ou tipo de trabalho. Série de experiências referentes às funções ocupadas durante a vida: sob a visão da ciência comportamental, carreira é a forma como a pessoa experimentou a série de trabalhos e as atividades que construíram sua história laboral. License-529700-96056-0-3 3 O SIGNIFICADO DE CARREIRA DEPENDERÁ DO ENTENDIMENTO INDIVIDUAL, ORGANIZACIONAL E SOCIAL. TIPOS E COMPREENSÃO DE CARREIRA Há dois tipos principais de carreira, e é a partir deles que as pessoas compreendem a carreira. Não tradicional: também denominada de carreira sem fronteiras, voltada à visão subjetiva quando a ênfase é dada à sequência de trabalhos durante a vida e a série de experiências referentes às funções ocupadas durante a vida. Tradicional: conhecida como carreira organizacional, voltada à visão objetiva quando baseada no avanço e na profissão, esta última impregnada de juízo de valor, ou seja, ser um médico cardiologista é ter uma profissão mais reconhecida e importante socialmente do que ser um médico dermatologista ou homeopata. Educação Trabalho Voluntários Aprendizado Pessoal Trabalhos realizados 5 4 3 2 1 0 Analítica Independente Introspectiva Persistente Planejadora Controladora Idealista Irônica Atenciosa Diplomática Persuasiva Engraçada An alí tic a Ind ep en de nt e Int ro sp ec tiv a Pe rsi ste nt e Pla ne jad or a Co nt ro lad or a Ide ali sta Irô nic a At en cio sa Di plo m áti ca Pe rsu as iva En gr aç ad a License-529700-96056-0-3 4 Ambos os profissionais são importantes para a sociedade. As sociedades, entretanto, são diferentes entre si, alterando-se de região para região, bairro para bairro e desenvolvendo valores que lhes são peculiares. São as particularidades de cada sociedade e sua cultura que irão torná-las diferentes das outras, e é também a partir dessas diferenças sociais que os profissionais se movimentam e fazem suas escolhas de carreira. Entenda que a mesma dinâmica acontece com as organizações. Estas são sistemas sociais que desenvolvem cultura de acordo com os princípios de seus fundadores e setor no qual atuam. Logo, a compreensão de carreira a ser adotada é aquela que melhor se adequa às condições individuais, sociais e organizacionais do ambiente em que a pessoa se encontra. A CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO ENTENDE QUE TODAS AS EXPERIÊNCIAS DE UMA PESSOA SÃO RELEVANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA, INCLUSIVE AQUELAS OBTIDAS FORA DO AMBIENTE DE TRABALHO. Educação Trabalho Voluntários Aprendizado Pessoal Trabalhos realizados Educação Trabalho Voluntários Aprendizado Pessoal Trabalhos realizados License-529700-96056-0-3 1 CONCEITO E EVOLUÇÃO O termo gestão de carreira passou a ser utilizado na década de 1980 e trouxe em sua bagagem o conceito de que a pessoa é responsável pelo desenvolvimento de sua carreira. Até as décadas de 1960 e 1970, as organizações eram as responsáveis pelo desenvolvimento da carreira da pessoa. A necessidade de redução de custos organizacionais levou à eliminação gradativa e redução drástica dos benefícios de aprendizagem, treinamento e desenvolvimento oferecidos pelas empresas, sendo menos oneroso buscar profissionais já desenvolvidos no mercado ao invés de formá-los internamente. Os indivíduos, portanto, passaram a buscar seu aprimoramento profissional de acordo com os seus interesses pessoais e também por meio da avaliação do mercado, com o objetivo de promover seu crescimento diante das necessidades pessoais e das demandas impostas. Se considerarmos que compete à pessoa desenvolver sua carreira, teremos o conceito de que carreira é uma sequência única de atitudes e comportamentos, relacionados ao conhecimento do indivíduo, e associada às suas experiências de trabalho e de atividades durante a vida. AS EMPRESAS SÃO UM DOS COMPONENTES, UM DOS POSSÍVEIS ESPAÇOS, EM QUE A PESSOA PODERÁ DESENVOLVER SUA CARREIRA, SE ASSIM DESEJAR, PORÉM NÃO É MAIS O ÚNICO LOCAL ONDE ESSE DESENVOLVIMENTO SE DARÁ. License-529700-96056-0-3 2 SIGNIFICADO DE CARREIRA Você sabe dizer o que significa ter uma carreira? Saiba que é a partir desse entendimento que você direciona seu crescimento profissional. É preciso, portanto, compreender seu entendimento de carreira, para então poder direcioná-la. Uma carreira possui vários significados distintos, os quais estão intrinsicamente ligados ao contexto social e organizacional. De acordo com Veloso e Dutra (2010), é possível entender carreira sob quatro significados distintos. Acompanhe! Avanço: a compreensão popular pressupõe crescimento vertical hierárquico ascendente dentro da organização. Profissão: na visão tradicionalista e popular, entendemos como carreira apenas as profissões capazes de representar status e que de tempos em tempos renovam essa posição (por exemplo, médicos, professores, enfermeiros e funcionários públicos). Sequência de trabalhos durante a vida: essa é uma visão comportamental, em que o tipo de ocupação não é relevante. A relevância está na pessoa, em sua história e na sequência de posições que ela ocupou, independentemente do nível ou tipo de trabalho. Série de experiências referentes às funções ocupadas durante a vida: sob a visão da ciência comportamental, carreira é a forma como a pessoa experimentou a série de trabalhos e as atividades que construíram sua história laboral. License-529700-96056-0-3 3 O SIGNIFICADO DE CARREIRA DEPENDERÁDO ENTENDIMENTO INDIVIDUAL, ORGANIZACIONAL E SOCIAL. TIPOS E COMPREENSÃO DE CARREIRA Há dois tipos principais de carreira, e é a partir deles que as pessoas compreendem a carreira. Não tradicional: também denominada de carreira sem fronteiras, voltada à visão subjetiva quando a ênfase é dada à sequência de trabalhos durante a vida e a série de experiências referentes às funções ocupadas durante a vida. Tradicional: conhecida como carreira organizacional, voltada à visão objetiva quando baseada no avanço e na profissão, esta última impregnada de juízo de valor, ou seja, ser um médico cardiologista é ter uma profissão mais reconhecida e importante socialmente do que ser um médico dermatologista ou homeopata. Educação Trabalho Voluntários Aprendizado Pessoal Trabalhos realizados 5 4 3 2 1 0 Analítica Independente Introspectiva Persistente Planejadora Controladora Idealista Irônica Atenciosa Diplomática Persuasiva Engraçada An alí tic a Ind ep en de nt e Int ro sp ec tiv a Pe rsi ste nt e Pla ne jad or a Co nt ro lad or a Ide ali sta Irô nic a At en cio sa Di plo m áti ca Pe rsu as iva En gr aç ad a License-529700-96056-0-3 4 Ambos os profissionais são importantes para a sociedade. As sociedades, entretanto, são diferentes entre si, alterando-se de região para região, bairro para bairro e desenvolvendo valores que lhes são peculiares. São as particularidades de cada sociedade e sua cultura que irão torná-las diferentes das outras, e é também a partir dessas diferenças sociais que os profissionais se movimentam e fazem suas escolhas de carreira. Entenda que a mesma dinâmica acontece com as organizações. Estas são sistemas sociais que desenvolvem cultura de acordo com os princípios de seus fundadores e setor no qual atuam. Logo, a compreensão de carreira a ser adotada é aquela que melhor se adequa às condições individuais, sociais e organizacionais do ambiente em que a pessoa se encontra. A CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO ENTENDE QUE TODAS AS EXPERIÊNCIAS DE UMA PESSOA SÃO RELEVANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA, INCLUSIVE AQUELAS OBTIDAS FORA DO AMBIENTE DE TRABALHO. Educação Trabalho Voluntários Aprendizado Pessoal Trabalhos realizados Educação Trabalho Voluntários Aprendizado Pessoal Trabalhos realizados License-529700-96010-0-5 CARREIRA ORGANIZACIONAL E CARREIRA SEM FRONTEIRAS Você sabe de que forma ocorreu a transformação do significado de carreira? Com certeza já possui alguma ideia sobre o assunto. Para responder a essa questão com sucesso, continue atento à leitura desta unidade! DESAFIOS PARA A ELABORAÇÃO DE PLANO DE CARREIRA Há algumas décadas, as organizações buscam harmonizar os objetivos das empresas e as necessidades pessoais de seus colaboradores. Uma ação complicada, pois, na maioria das vezes, os interesses pessoais do colaborador são incompatíveis com as necessidades e objetivos da organização. Por exemplo: um colaborador que, quando solteiro, prolongava seu período de trabalho e fazia viagens constantes para a organização, após o casamento e a chegada dos filhos não desejará mais ficar ausente de casa por longo período. Outro exemplo: organizações que exigem escolaridade superior ou especialização, mas que não permitem aos colaboradores readequarem seu horário enquanto participam do curso, ou que ao final do curso não tenham vagas disponíveis para promover os profissionais. Ao considerar esses exemplos, podemos notar que há dificuldade em compatibilizar interesses pessoais com interesses da organização, e essa dificuldade é potencializada quando se trata de gestão de carreira, pois, para que ela seja desenvolvida, é primordial que sejam compatíveis tanto as possibilidades de crescimento oferecidas pelas organizações quanto os projetos de desenvolvimento profissional do trabalhador. License-529700-96010-0-5 O DESAFIO DO PLANO DE CARREIRA É MANTER COMPATÍVEIS OS INTERESSES PESSOAIS E AS NECESSIDADES ORGANIZACIONAIS POR MEIO DO REALINHAMENTO EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CARREIRA Os primeiros estudos referentes ao comportamento humano nas organizações, os quais incluíam questões motivacionais e de liderança, foram realizados no período pós Segunda Guerra Mundial (DUTRA, 2010), voltados à economia industrial. Nesse período, as organizações eram administradas com base nas Teorias Clássica e Neoclássica, adotando um modelo de gestão burocrática com níveis hierárquicos rígidos e atuando em uma economia estável. Neste contexto se firmaram as teorias tradicionais de gestão de carreira, também conhecidas como carreira organizacional. Tais teorias proclamavam a inércia do trabalhador em relação ao seu desenvolvimento profissional, uma vez que este deveria se desenvolver unicamente de acordo com os interesses das empresas. Nas décadas de 1970 e 1980, surgiu uma nova economia e com ela a desaceleração do crescimento das empresas. A consequência foi uma redução nos empregos, que obrigou as pessoas a ingressarem em outras organizações e pôs fim à era da carreira organizacional. O surgimento de uma nova economia impôs uma nova forma de administrar os negócios. É necessário ser flexível para ser competitivo. A noção de flexibilidade se impõe também aos trabalhadores, que cada vez menos serão amparados pelas fronteiras organizacionais e que necessitam planejar suas carreiras de forma proativa e independente. Porém, afirmar que as mudanças de comportamento de carreira surgem somente em resposta às mudanças organizacionais, pode resultar em uma visão simplista. A crescente consciência dos trabalhadores sobre suas necessidades pessoais, independentes das organizações, também devem ser consideradas. License-529700-96010-0-5 Alcançar a competitividade torna-se crucial para atuar em um mercado aberto, o que implica em aprender continuadamente (organização e sociedade), repensando o conhecimento local, tecnologia e qualificação dos trabalhadores. FLEXIBILIDADE PASSA A SER A PALAVRA DE ORDEM, ASSUMINDO ALTO GRAU DE IMPORTÂNCIA, POIS CONCEDE ÀS EMPRESAS E PESSOAS MAIOR COMPETITIVIDADE NO MERCADO EM QUE ATUAM. O MOVIMENTO INTERCOMPANHIA E A IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE CARREIRA A redução do tamanho das empresas, associada à necessidade de ampliar o conhecimento das organizações acerca de novos mercados, ascende o movimento intercompanhia. Em outras palavras, a transição de colaboradores entre companhias diferentes as transformam em organizações sem fronteiras. Surge o movimento intercompanhia. Entenda que o movimento intercompanhia foi impulsionado por três fatores: as necessidades pessoais dos trabalhadores; das organizações; e da nova economia, que, globalizada, ampliou o mercado e trouxe a concorrência externa para as empresas, aumentando sua necessidade de ser competitiva e flexível. Mas pense bem: seria possível processar tamanha mudança de forma rápida e assertiva em uma grande companhia de modelo hierárquico rígido? É certo que não. Dessa forma, essas grandes empresas continuam a influenciar o pensamento das pessoas quanto ao emprego e quanto às suas carreiras. License-529700-96010-0-5 Longe dos portões de proteção paternalistas das organizações que até então proveram a ascensão profissional com base em um modelo administrativo burocrático e lento, os trabalhadores são compelidos a buscarem emprego em outras companhias, “interrompendo” sua carreira. Observe, porém, que a mudança de emprego não significa propriamente interrupção da carreira, uma vez que não denota estagnação e desperdício de aprendizagem, mas sim em adaptação e continuidade da aprendizagem. É perfeitamente normal que, ao sair de uma empresa, um trabalhador seja admitido em outra e possaaté ser promovido em cargo e salário. O inverso também é possível. Essas possibilidades dependerão claramente das condições da economia e do mercado/setor econômico de atuação da organização naquele exato momento. É com base na situação de necessidade mútua de renovação e atendimento de interesses pessoais e organizacionais que se desenvolve a teoria de carreira sem fronteiras. A carreira sem fronteiras é uma oposição à carreira organizacional (teorias tradicionais), pois atende aos preceitos das mudanças sociais e da nova economia, adotando um estilo flexível, dinâmico e diversificado de aprendizagem para a pessoa e também para as organizações. Você sabe como identificar se está diante de uma carreira organizacional ou uma carreira sem fronteiras? É possível identificá-la pela forma como ela se apresenta. De acordo com Veloso e Dutra (2010), a visão tradicional e não tradicional da carreira apresentam características distintas. Observe a seguir. CARREIRA TRADICIONAL CARREIRA NÃO TRADICIONAL Empreendedorismo corporativo que é opcional. Não é importante para o desenvolvimento da carreira. O seu movimento ocorre entre empregadores distintos. Exemplo: o promotor que também é professor universitário. O empreendedorismo e o empreendedorismo corporativo são competências muito valorizadas no mercado, independentemente de a pessoa ter ou não um vínculo de trabalho. Empregados são parte da organização, enquanto clientes e fornecedores estão à parte (fora das fronteiras organizacionais). Possibilita a comercialização do trabalho de forma autônoma ou complementar. Exemplo: o médico que trabalha em posto de saúde e também em sua clínica. License-529700-96010-0-5 A carreira organizacional é engessada pelas condições impostas ao trabalhador pela organização, o qual se vê compelido a cumprir com as determinações da empresa a fim de alcançar crescimento hierárquico. Um exemplo desse modelo de carreira são aquelas existentes em instituições bancárias, governamentais e empresas de grande porte. A visão não tradicional e subjetiva da carreira sem fronteiras é flexível, adaptável às mudanças. Permite à pessoa transitar livremente no mercado de trabalho, agregando novas experiências profissionais. De acordo com Veloso e Dutra (2010, p. 25), a gestão da carreira sem fronteiras “é permeada pelo papel da pessoa no planejamento da sua vida profissional e pelo papel da organização em sua responsabilidade em definir um sistema de gestão de carreira”. No desenvolvimento da carreira, a empresa dirige e predetermina as estruturas de carreira sem a participação do trabalhador. É sustentada por networks, ou informações externas. Exemplo: corretor de imóveis. A proatividade da pessoa em relação à própria carreira aguça o olhar para o conhecimento multidisciplinar, experimentando formas novas de fazer as coisas e também novos desafios. As organizações ofertam empregos para a vida toda. A pessoa rejeita ofertas de carreira por motivos pessoais ou familiares. Exemplo: proposta de mudança de país, afastamento dos familiares. Empresas e pessoas são interdependentes. Alterações na organização resultam em alterações na carreira da pessoa. O profissional deve estar atento a investir em sua empregabilidade e a desenvolver- se por iniciativa própria, competências estas muito valorizadas pelo mercado e que devem se ajustar ao seu perfil. Na economia, os empregos são gerados por grandes empresas. Houve quebra das tradicionais fronteiras de carreira organizacional. Exemplo: profissionais de alto nível que se engajam em comunidades. Ambiente estático e estável. A interpretação ou percepção do indivíduo conduz a um futuro sem fronteiras, desconsiderando os obstáculos estruturais. Exemplo: o Físico que faz experimentos em um laboratório improvisado na garagem. Profissionais buscam novas formas de trabalho e novos tipos de vínculo profissional. License-529700-96010-0-5 A PESSOA SE APROPRIA DE SEUS CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIAS PESSOAIS E DESENVOLVE SUA CARREIRA DE ACORDO COM SEUS INTERESSES. AS ORGANIZAÇÕES TÊM COMO DESAFIO DESENVOLVER UM PROCESSO DE CARREIRA QUE CONCILIE OS INTERESSES DA PESSOA COM SUAS NECESSIDADES E OBJETIVOS. License-529700-96010-0-5 CARREIRA ORGANIZACIONAL E CARREIRA SEM FRONTEIRAS Você sabe de que forma ocorreu a transformação do significado de carreira? Com certeza já possui alguma ideia sobre o assunto. Para responder a essa questão com sucesso, continue atento à leitura desta unidade! DESAFIOS PARA A ELABORAÇÃO DE PLANO DE CARREIRA Há algumas décadas, as organizações buscam harmonizar os objetivos das empresas e as necessidades pessoais de seus colaboradores. Uma ação complicada, pois, na maioria das vezes, os interesses pessoais do colaborador são incompatíveis com as necessidades e objetivos da organização. Por exemplo: um colaborador que, quando solteiro, prolongava seu período de trabalho e fazia viagens constantes para a organização, após o casamento e a chegada dos filhos não desejará mais ficar ausente de casa por longo período. Outro exemplo: organizações que exigem escolaridade superior ou especialização, mas que não permitem aos colaboradores readequarem seu horário enquanto participam do curso, ou que ao final do curso não tenham vagas disponíveis para promover os profissionais. Ao considerar esses exemplos, podemos notar que há dificuldade em compatibilizar interesses pessoais com interesses da organização, e essa dificuldade é potencializada quando se trata de gestão de carreira, pois, para que ela seja desenvolvida, é primordial que sejam compatíveis tanto as possibilidades de crescimento oferecidas pelas organizações quanto os projetos de desenvolvimento profissional do trabalhador. License-529700-96010-0-5 O DESAFIO DO PLANO DE CARREIRA É MANTER COMPATÍVEIS OS INTERESSES PESSOAIS E AS NECESSIDADES ORGANIZACIONAIS POR MEIO DO REALINHAMENTO EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CARREIRA Os primeiros estudos referentes ao comportamento humano nas organizações, os quais incluíam questões motivacionais e de liderança, foram realizados no período pós Segunda Guerra Mundial (DUTRA, 2010), voltados à economia industrial. Nesse período, as organizações eram administradas com base nas Teorias Clássica e Neoclássica, adotando um modelo de gestão burocrática com níveis hierárquicos rígidos e atuando em uma economia estável. Neste contexto se firmaram as teorias tradicionais de gestão de carreira, também conhecidas como carreira organizacional. Tais teorias proclamavam a inércia do trabalhador em relação ao seu desenvolvimento profissional, uma vez que este deveria se desenvolver unicamente de acordo com os interesses das empresas. Nas décadas de 1970 e 1980, surgiu uma nova economia e com ela a desaceleração do crescimento das empresas. A consequência foi uma redução nos empregos, que obrigou as pessoas a ingressarem em outras organizações e pôs fim à era da carreira organizacional. O surgimento de uma nova economia impôs uma nova forma de administrar os negócios. É necessário ser flexível para ser competitivo. A noção de flexibilidade se impõe também aos trabalhadores, que cada vez menos serão amparados pelas fronteiras organizacionais e que necessitam planejar suas carreiras de forma proativa e independente. Porém, afirmar que as mudanças de comportamento de carreira surgem somente em resposta às mudanças organizacionais, pode resultar em uma visão simplista. A crescente consciência dos trabalhadores sobre suas necessidades pessoais, independentes das organizações, também devem ser consideradas. License-529700-96010-0-5 Alcançar a competitividade torna-se crucial para atuar em um mercado aberto, o que implica emaprender continuadamente (organização e sociedade), repensando o conhecimento local, tecnologia e qualificação dos trabalhadores. FLEXIBILIDADE PASSA A SER A PALAVRA DE ORDEM, ASSUMINDO ALTO GRAU DE IMPORTÂNCIA, POIS CONCEDE ÀS EMPRESAS E PESSOAS MAIOR COMPETITIVIDADE NO MERCADO EM QUE ATUAM. O MOVIMENTO INTERCOMPANHIA E A IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE CARREIRA A redução do tamanho das empresas, associada à necessidade de ampliar o conhecimento das organizações acerca de novos mercados, ascende o movimento intercompanhia. Em outras palavras, a transição de colaboradores entre companhias diferentes as transformam em organizações sem fronteiras. Surge o movimento intercompanhia. Entenda que o movimento intercompanhia foi impulsionado por três fatores: as necessidades pessoais dos trabalhadores; das organizações; e da nova economia, que, globalizada, ampliou o mercado e trouxe a concorrência externa para as empresas, aumentando sua necessidade de ser competitiva e flexível. Mas pense bem: seria possível processar tamanha mudança de forma rápida e assertiva em uma grande companhia de modelo hierárquico rígido? É certo que não. Dessa forma, essas grandes empresas continuam a influenciar o pensamento das pessoas quanto ao emprego e quanto às suas carreiras. License-529700-96010-0-5 Longe dos portões de proteção paternalistas das organizações que até então proveram a ascensão profissional com base em um modelo administrativo burocrático e lento, os trabalhadores são compelidos a buscarem emprego em outras companhias, “interrompendo” sua carreira. Observe, porém, que a mudança de emprego não significa propriamente interrupção da carreira, uma vez que não denota estagnação e desperdício de aprendizagem, mas sim em adaptação e continuidade da aprendizagem. É perfeitamente normal que, ao sair de uma empresa, um trabalhador seja admitido em outra e possa até ser promovido em cargo e salário. O inverso também é possível. Essas possibilidades dependerão claramente das condições da economia e do mercado/setor econômico de atuação da organização naquele exato momento. É com base na situação de necessidade mútua de renovação e atendimento de interesses pessoais e organizacionais que se desenvolve a teoria de carreira sem fronteiras. A carreira sem fronteiras é uma oposição à carreira organizacional (teorias tradicionais), pois atende aos preceitos das mudanças sociais e da nova economia, adotando um estilo flexível, dinâmico e diversificado de aprendizagem para a pessoa e também para as organizações. Você sabe como identificar se está diante de uma carreira organizacional ou uma carreira sem fronteiras? É possível identificá-la pela forma como ela se apresenta. De acordo com Veloso e Dutra (2010), a visão tradicional e não tradicional da carreira apresentam características distintas. Observe a seguir. CARREIRA TRADICIONAL CARREIRA NÃO TRADICIONAL Empreendedorismo corporativo que é opcional. Não é importante para o desenvolvimento da carreira. O seu movimento ocorre entre empregadores distintos. Exemplo: o promotor que também é professor universitário. O empreendedorismo e o empreendedorismo corporativo são competências muito valorizadas no mercado, independentemente de a pessoa ter ou não um vínculo de trabalho. Empregados são parte da organização, enquanto clientes e fornecedores estão à parte (fora das fronteiras organizacionais). Possibilita a comercialização do trabalho de forma autônoma ou complementar. Exemplo: o médico que trabalha em posto de saúde e também em sua clínica. License-529700-96010-0-5 A carreira organizacional é engessada pelas condições impostas ao trabalhador pela organização, o qual se vê compelido a cumprir com as determinações da empresa a fim de alcançar crescimento hierárquico. Um exemplo desse modelo de carreira são aquelas existentes em instituições bancárias, governamentais e empresas de grande porte. A visão não tradicional e subjetiva da carreira sem fronteiras é flexível, adaptável às mudanças. Permite à pessoa transitar livremente no mercado de trabalho, agregando novas experiências profissionais. De acordo com Veloso e Dutra (2010, p. 25), a gestão da carreira sem fronteiras “é permeada pelo papel da pessoa no planejamento da sua vida profissional e pelo papel da organização em sua responsabilidade em definir um sistema de gestão de carreira”. No desenvolvimento da carreira, a empresa dirige e predetermina as estruturas de carreira sem a participação do trabalhador. É sustentada por networks, ou informações externas. Exemplo: corretor de imóveis. A proatividade da pessoa em relação à própria carreira aguça o olhar para o conhecimento multidisciplinar, experimentando formas novas de fazer as coisas e também novos desafios. As organizações ofertam empregos para a vida toda. A pessoa rejeita ofertas de carreira por motivos pessoais ou familiares. Exemplo: proposta de mudança de país, afastamento dos familiares. Empresas e pessoas são interdependentes. Alterações na organização resultam em alterações na carreira da pessoa. O profissional deve estar atento a investir em sua empregabilidade e a desenvolver- se por iniciativa própria, competências estas muito valorizadas pelo mercado e que devem se ajustar ao seu perfil. Na economia, os empregos são gerados por grandes empresas. Houve quebra das tradicionais fronteiras de carreira organizacional. Exemplo: profissionais de alto nível que se engajam em comunidades. Ambiente estático e estável. A interpretação ou percepção do indivíduo conduz a um futuro sem fronteiras, desconsiderando os obstáculos estruturais. Exemplo: o Físico que faz experimentos em um laboratório improvisado na garagem. Profissionais buscam novas formas de trabalho e novos tipos de vínculo profissional. License-529700-96010-0-5 A PESSOA SE APROPRIA DE SEUS CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIAS PESSOAIS E DESENVOLVE SUA CARREIRA DE ACORDO COM SEUS INTERESSES. AS ORGANIZAÇÕES TÊM COMO DESAFIO DESENVOLVER UM PROCESSO DE CARREIRA QUE CONCILIE OS INTERESSES DA PESSOA COM SUAS NECESSIDADES E OBJETIVOS. License-529700-95999-0-5 1 PAPEL DAS PESSOAS EM RELAÇÃO À CARREIRA E MARKETING PESSOAL Você sabe qual papel a pessoa deve desempenhar em relação a sua carreira? E como deve fazer para exercê-lo? Entenda que o primeiro papel é a escolha da carreira, para o qual se deve respeitar seus apelos internos. Sim, deveria. Mas não é assim que a escolha se dá. Há três fatores externos que atuam fortemente nessa escolha: família (atuando de forma positiva ou negativa, direta ou indiretamente, tanto na escolha inicial, quanto nas escolhas futuras para redefinir a carreira); a sociedade (por meio da influência da classe social e particularidades da comunidade); a cultura (por meio do juízo de valor e a atribuição conceitual que se dá às opções de carreira). IDENTIFICAÇÃO DAS ÂNCORAS DE CARREIRA Além dos fatores acima, existem ainda as âncoras de carreira. Segundo Shein (1996, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 7), “a maioria das pessoas não está atenta às suas âncoras até o momento em que são forçadas a fazer escolhas que se relacionam ao autodesenvolvimento, família ou carreira”. As âncoras de carreira possuem atributos voltados às competências desenvolvidas pela pessoa. Saiba que essas competências podem estar relacionadas ao âmbito técnico, gerencial, comportamental, como independência, estabilidade, criatividade empreendedora etc. O reconhecimento dessas competências é relevante para o planejamento da carreira, o qual é composto de três pontos: Autoavaliação: trata-se da identificação das qualidades, interesses e potencial da pessoa; Estabelecimento de objetivos de carreira : reconhecimentode objetivos para a carreira, pautados na autoavaliação, com posterior desenvolvimento de plano realista de carreira; License-529700-95999-0-5 2 Efetivação do plano de carreira : capacitação, experiências profissionais que tornem possível criar oportunidades para competir no mercado de trabalho a fim de alcançar suas metas de carreira. Ao planejar a carreira, é preciso olhar para si. Dessa forma, eliminam-se os desacertos que podem comprometer o seu desenvolvimento. De acordo com Dutra (2010), os conflitos produzidos, quando a escolha da carreira é feita priorizando fatores externos, irão se apresentar de três formas. Acompanhe cada uma delas! Olhar para o futuro: significa olhar para as oportunidades que podem alavancar a carreira e que estão fora das fronteiras das empresas. Referenciar a escolha a partir da organização em que trabalha atualmente, tomando como indicativo o organograma e cargos e salários, é restringir suas oportunidades. Apelos da posição : a proposta de alta remuneração e status, aliada à pressão social e às vantagens de curto prazo, são armadilhas profissionais que escondem os conflitos internos que virão a partir dessa escolha, criando grande sofrimento. Esse sofrimento profissional provoca desgaste de imagem e das relações de trabalho, principalmente quando os valores e princípios da organização não são condizentes com os valores pessoais, e há desprezo dos pontos fortes do profissional. Exemplos: enfrentamento de situações ilegais condenáveis pela sociedade (pagamento de propina, poluição do meio ambiente, sonegação de impostos, alteração de livros fiscais, entre outros) e cargo incompatível com a função (cargo de diretoria com funções de gerência, sem os poderes e tarefas que cabem ao diretor). Falta de foco: quando a posição ocupada não apresenta mais desafios, de tal forma que seu potencial não é totalmente explorado, causando grande desconforto, liberando sentimento de angústia e desorientação. Em um primeiro momento, a pessoa busca ampliar suas atribuições dentro da organização, assumindo responsabilidades maiores e mais complexas. Em um segundo momento, busca a mudança de posição na empresa ou de organização. Enquanto ele busca a saída para essa condição, seu desenvolvimento profissional torna-se lento ou paralisado, em um período médio de dois a cinco anos. License-529700-95999-0-5 3 A ESCOLHA DA CARREIRA DEVE SER FEITA A PARTIR DA PRÓPRIA PESSOA, CONSIDERANDO SUAS APTIDÕES, ASPIRAÇÕES, HABILIDADES, COMPETÊNCIAS E INTERESSES. AÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DA CARREIRA Considere que você paralisou a sua carreira por cinco anos. Que sentimento isso lhe causaria? Certamente sentimentos múltiplos e confusos que atingiriam diretamente sua motivação para o trabalho, certo? É correto dizer que essa motivação poderá ser de tal sorte positiva no sentido de impulsioná-lo a novas saídas. Mas ela tem grande potencial para ser negativa também. Como então eliminar esse risco? Olhe para o seu interior antes de optar por essa ou aquela carreira, ou seja, faça sua escolha a partir da autoavaliação (na autoavaliação é possível perceber os pontos fortes e fracos e, principalmente, trabalhar para eliminar suas fraquezas e tornar os pontos fortes mais visíveis). Além disso, é por meio da autoavaliação que podemos enxergar as ameaças (limitações da carreira) e as possibilidades de mercado e do autoconhecimento. Essa prática é um excelente aliado no momento do planejamento, pois evitará que a pessoa “caia em armadilhas de carreira”, mitigando o risco de aceitar uma função ou cargo que não condiz com seu perfil, habilidade e interesses de crescimento. License-529700-95999-0-5 4 [...] autoavaliação, o autoconhecimento. É a partir daí que devem ser desenvolvidos os objetivos de carreira e o plano de ação para a consecução destes objetivos. Com base neste exercício é que será possível identificar as oportunidades de carreira. Naturalmente, Dutra (2010) estabelece ainda um passo a passo interessante para a edificação de um projeto profissional. Confira a seguir! 1º - Autoconhecimento: é a parte mais importante do projeto. Deve ser estabelecida a partir da análise das realizações – percepção dos pontos fortes, dos valores pessoais – mapeamento feito com base nos parâmetros de Schein (1990); Derr (1988), apud (DUTRA, 2010) e da personalidade (teste de Jung e outros). 2º Conhecimento do mercado: estudar os movimentos mercadológicos dentro e fora da empresa, analisar as opções, tendências, limitações e alternativas. 3º Objetivos de carreira: nessa etapa, deve-se estabelecer os objetivos a partir da própria pessoa. O referencial interno é mais seguro e sofre pouca modificação em termos estruturais (personalidade, valores e habilidades naturais). Ao traçar os objetivos, é importante questionar-se: Como posso estar mais motivado profissionalmente daqui a X anos? Considere na avaliação os fatores familiares, pessoais, sociais, econômicos e financeiros, e todos aqueles que são importantes para você. 4º Estratégias de carreira: após a definição do objetivo, desenvolve- se a estratégia para alcançá-lo. Essa estratégia deve considerar: responsabilidades e atribuições variadas e novas, integração de novas ocupações e áreas de trabalho, tanto dentro como fora da empresa, revisar e/ou reduzir esforços para os quais não há real interesse. License-529700-95999-0-5 5 5º Plano de ação: este plano deverá contemplar objetivos de curto prazo, indicadores de sucesso, fatores críticos e análise de recursos (tempo, dinheiro e capacitação). É importante que o plano de ação seja iniciado somente após o desenvolvimento da estratégia. 6º Checagem do plano e avaliação dos resultados: pode ser desenvolvido utilizando o PDCA (planejar, fazer, checar e agir – plan, do, check e action, em inglês). Avaliação contínua dos resultados, com metas e objetivos fixados de curto prazo e que representados por um padrão essencial (tempo, custo, resultados de curto prazo, entre outros). É necessário que o plano seja coerente com a realidade nos aspectos externos (valores e interesses, demandas das empresas e do ambiente, praticidade, disponibilidade de informações e recursos) e internos (família, interesse pessoal, lazer). O DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE CARREIRA AJUDA A RECONHECER AS ÂNCORAS DE CARREIRA, OS RISCOS E AS OPORTUNIDADES DE MERCADO. License-529700-95999-0-5 6 CONCLUINDO O PLANO DE CARREIRA De posse do projeto profissional, será possível negociar com a organização, sendo necessário observar, segundo Dutra (2010), os seguintes aspectos: 1º - Qual o posicionamento da organização no seu projeto? Ela está dentro ou fora dele? Caso a organização esteja fora do seu projeto, é necessário avaliar as oportunidades fora da empresa. 2º - Você consegue avaliar as oportunidades que a empresa oferece? Nem sempre as empresas conseguem controlar as oportunidades que oferecem. Nesse caso, será preciso obter informações a partir de pessoas com as quais você mantenha relacionamento. 3º - Quais são as exigências da organização para a posição desejada? É preciso saber se é possível atender aos quesitos da empresa e se ela atende aos seus. 4º - Você está seguro quanto as suas prioridades de desenvolvimento de carreira? Para negociar carreira, é preciso estar seguro de suas escolhas e saber o que quer. PARA PLANEJAR A CARREIRA, É PRECISO OLHAR PARA SI. DESSA FORMA, ELIMINAMOS OS DESACERTOS QUE PODEM COMPROMETER O DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA. License-529700-95999-0-5 1 PAPEL DAS PESSOAS EM RELAÇÃO À CARREIRA E MARKETING PESSOAL Você sabe qual papel a pessoa deve desempenhar em relação a sua carreira? E como deve fazer para exercê-lo? Entenda que o primeiro papel é a escolha da carreira, para o qual se deve respeitar seus apelos internos. Sim, deveria. Mas não é assim que a escolha se dá.Há três fatores externos que atuam fortemente nessa escolha: família (atuando de forma positiva ou negativa, direta ou indiretamente, tanto na escolha inicial, quanto nas escolhas futuras para redefinir a carreira); a sociedade (por meio da influência da classe social e particularidades da comunidade); a cultura (por meio do juízo de valor e a atribuição conceitual que se dá às opções de carreira). IDENTIFICAÇÃO DAS ÂNCORAS DE CARREIRA Além dos fatores acima, existem ainda as âncoras de carreira. Segundo Shein (1996, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 7), “a maioria das pessoas não está atenta às suas âncoras até o momento em que são forçadas a fazer escolhas que se relacionam ao autodesenvolvimento, família ou carreira”. As âncoras de carreira possuem atributos voltados às competências desenvolvidas pela pessoa. Saiba que essas competências podem estar relacionadas ao âmbito técnico, gerencial, comportamental, como independência, estabilidade, criatividade empreendedora etc. O reconhecimento dessas competências é relevante para o planejamento da carreira, o qual é composto de três pontos: Autoavaliação: trata-se da identificação das qualidades, interesses e potencial da pessoa; Estabelecimento de objetivos de carreira : reconhecimento de objetivos para a carreira, pautados na autoavaliação, com posterior desenvolvimento de plano realista de carreira; License-529700-95999-0-5 2 Efetivação do plano de carreira : capacitação, experiências profissionais que tornem possível criar oportunidades para competir no mercado de trabalho a fim de alcançar suas metas de carreira. Ao planejar a carreira, é preciso olhar para si. Dessa forma, eliminam-se os desacertos que podem comprometer o seu desenvolvimento. De acordo com Dutra (2010), os conflitos produzidos, quando a escolha da carreira é feita priorizando fatores externos, irão se apresentar de três formas. Acompanhe cada uma delas! Olhar para o futuro: significa olhar para as oportunidades que podem alavancar a carreira e que estão fora das fronteiras das empresas. Referenciar a escolha a partir da organização em que trabalha atualmente, tomando como indicativo o organograma e cargos e salários, é restringir suas oportunidades. Apelos da posição : a proposta de alta remuneração e status, aliada à pressão social e às vantagens de curto prazo, são armadilhas profissionais que escondem os conflitos internos que virão a partir dessa escolha, criando grande sofrimento. Esse sofrimento profissional provoca desgaste de imagem e das relações de trabalho, principalmente quando os valores e princípios da organização não são condizentes com os valores pessoais, e há desprezo dos pontos fortes do profissional. Exemplos: enfrentamento de situações ilegais condenáveis pela sociedade (pagamento de propina, poluição do meio ambiente, sonegação de impostos, alteração de livros fiscais, entre outros) e cargo incompatível com a função (cargo de diretoria com funções de gerência, sem os poderes e tarefas que cabem ao diretor). Falta de foco: quando a posição ocupada não apresenta mais desafios, de tal forma que seu potencial não é totalmente explorado, causando grande desconforto, liberando sentimento de angústia e desorientação. Em um primeiro momento, a pessoa busca ampliar suas atribuições dentro da organização, assumindo responsabilidades maiores e mais complexas. Em um segundo momento, busca a mudança de posição na empresa ou de organização. Enquanto ele busca a saída para essa condição, seu desenvolvimento profissional torna-se lento ou paralisado, em um período médio de dois a cinco anos. License-529700-95999-0-5 3 A ESCOLHA DA CARREIRA DEVE SER FEITA A PARTIR DA PRÓPRIA PESSOA, CONSIDERANDO SUAS APTIDÕES, ASPIRAÇÕES, HABILIDADES, COMPETÊNCIAS E INTERESSES. AÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DA CARREIRA Considere que você paralisou a sua carreira por cinco anos. Que sentimento isso lhe causaria? Certamente sentimentos múltiplos e confusos que atingiriam diretamente sua motivação para o trabalho, certo? É correto dizer que essa motivação poderá ser de tal sorte positiva no sentido de impulsioná-lo a novas saídas. Mas ela tem grande potencial para ser negativa também. Como então eliminar esse risco? Olhe para o seu interior antes de optar por essa ou aquela carreira, ou seja, faça sua escolha a partir da autoavaliação (na autoavaliação é possível perceber os pontos fortes e fracos e, principalmente, trabalhar para eliminar suas fraquezas e tornar os pontos fortes mais visíveis). Além disso, é por meio da autoavaliação que podemos enxergar as ameaças (limitações da carreira) e as possibilidades de mercado e do autoconhecimento. Essa prática é um excelente aliado no momento do planejamento, pois evitará que a pessoa “caia em armadilhas de carreira”, mitigando o risco de aceitar uma função ou cargo que não condiz com seu perfil, habilidade e interesses de crescimento. License-529700-95999-0-5 4 [...] autoavaliação, o autoconhecimento. É a partir daí que devem ser desenvolvidos os objetivos de carreira e o plano de ação para a consecução destes objetivos. Com base neste exercício é que será possível identificar as oportunidades de carreira. Naturalmente, Dutra (2010) estabelece ainda um passo a passo interessante para a edificação de um projeto profissional. Confira a seguir! 1º - Autoconhecimento: é a parte mais importante do projeto. Deve ser estabelecida a partir da análise das realizações – percepção dos pontos fortes, dos valores pessoais – mapeamento feito com base nos parâmetros de Schein (1990); Derr (1988), apud (DUTRA, 2010) e da personalidade (teste de Jung e outros). 2º Conhecimento do mercado: estudar os movimentos mercadológicos dentro e fora da empresa, analisar as opções, tendências, limitações e alternativas. 3º Objetivos de carreira: nessa etapa, deve-se estabelecer os objetivos a partir da própria pessoa. O referencial interno é mais seguro e sofre pouca modificação em termos estruturais (personalidade, valores e habilidades naturais). Ao traçar os objetivos, é importante questionar-se: Como posso estar mais motivado profissionalmente daqui a X anos? Considere na avaliação os fatores familiares, pessoais, sociais, econômicos e financeiros, e todos aqueles que são importantes para você. 4º Estratégias de carreira: após a definição do objetivo, desenvolve- se a estratégia para alcançá-lo. Essa estratégia deve considerar: responsabilidades e atribuições variadas e novas, integração de novas ocupações e áreas de trabalho, tanto dentro como fora da empresa, revisar e/ou reduzir esforços para os quais não há real interesse. License-529700-95999-0-5 5 5º Plano de ação: este plano deverá contemplar objetivos de curto prazo, indicadores de sucesso, fatores críticos e análise de recursos (tempo, dinheiro e capacitação). É importante que o plano de ação seja iniciado somente após o desenvolvimento da estratégia. 6º Checagem do plano e avaliação dos resultados: pode ser desenvolvido utilizando o PDCA (planejar, fazer, checar e agir – plan, do, check e action, em inglês). Avaliação contínua dos resultados, com metas e objetivos fixados de curto prazo e que representados por um padrão essencial (tempo, custo, resultados de curto prazo, entre outros). É necessário que o plano seja coerente com a realidade nos aspectos externos (valores e interesses, demandas das empresas e do ambiente, praticidade, disponibilidade de informações e recursos) e internos (família, interesse pessoal, lazer). O DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE CARREIRA AJUDA A RECONHECER AS ÂNCORAS DE CARREIRA, OS RISCOS E AS OPORTUNIDADES DE MERCADO. License-529700-95999-0-5 6 CONCLUINDO O PLANO DE CARREIRA De posse do projeto profissional, será possível negociar com a organização, sendo necessário observar, segundoDutra (2010), os seguintes aspectos: 1º - Qual o posicionamento da organização no seu projeto? Ela está dentro ou fora dele? Caso a organização esteja fora do seu projeto, é necessário avaliar as oportunidades fora da empresa. 2º - Você consegue avaliar as oportunidades que a empresa oferece? Nem sempre as empresas conseguem controlar as oportunidades que oferecem. Nesse caso, será preciso obter informações a partir de pessoas com as quais você mantenha relacionamento. 3º - Quais são as exigências da organização para a posição desejada? É preciso saber se é possível atender aos quesitos da empresa e se ela atende aos seus. 4º - Você está seguro quanto as suas prioridades de desenvolvimento de carreira? Para negociar carreira, é preciso estar seguro de suas escolhas e saber o que quer. PARA PLANEJAR A CARREIRA, É PRECISO OLHAR PARA SI. DESSA FORMA, ELIMINAMOS OS DESACERTOS QUE PODEM COMPROMETER O DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA. License-431262-96057-0-4 1 TRANSIÇÃO DE CARREIRA E ÂNCORAS DE CARREIRA Desde o início do século XXI, profissionais discutem e participam, intensamente, do processo de transição de carreira, uma mudança profunda no âmbito profissional e pessoal que muitas vezes causa sentimentos como angústia, incerteza e insegurança. E você, saberia dizer por que a transição causa sofrimento em algumas situações? Por que as pessoas decidem passar de uma carreira para outra? Ou ainda, por que desenvolvemos novos laços sociais, arduamente construídos, e gradualmente os desfazemos? Dutra (2010, p. 103) define transição de carreira quando uma “pessoa efetua um movimento em sua carreira que implica em assumir uma nova identidade profissional”, algo diferente de uma mudança de função ou um novo desafio profissional. Por exemplo: deixar a carreira de advogado para empreender no ramo de alimentos. Ficou curioso? Vale a pena prosseguir! PRINCIPAIS MOTIVOS PARA A TRANSIÇÃO DE CARREIRA A fim de entendermos os motivos que levam uma pessoa a reinventar sua carreira profissional, é preciso saber como essa transição acontece. Para Louis (1980, apud VELOSO; DUTRA, 2010), a passagem de uma carreira para outra pode ocorrer de forma objetiva, quando é percebida socialmente, ou subjetiva, a partir da percepção individual do antes e depois da decisão, incluindo como a situação é percebida pela pessoa que está em transição de carreira. A transição de carreira pode também ser vista como um processo. Conforme propõe Quishida (2007, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 107), sob a ótica operacional, a transição é um processo marcado por três estágios: Carreira: entrada, avanço, reavaliação, reforço e nova entrada, precedida por uma ruptura do estágio anterior; Pessoa: pré-transição, crescente descontentamento, crise, redirecionamento e reestabilização; Percepção das mudanças comportamentais : na natureza da tarefa, nos relacionamentos e autoconceito profissional. License-431262-96057-0-4 2 Considerando os estágios do processo de transição de carreira, não é possível reconhecer um padrão único, sendo assim, as pessoas vivenciam esse processo de forma diferente. Portanto, ao observar os estágios, podemos notar que, em geral, os motivos são de duas ordens. Por questões pessoais (fator interno): quando a decisão implica em enfrentar novos desafios de trabalho. Exemplo: frustrações com o cargo e a função, esgotamento e insatisfação com a empresa, decepção com a carreira, fazer uso de talento ou aptidão ainda não explorado, entre outros. Por necessidade de adaptação a uma nova situação (fator externo): inerentes à vontade da pessoa. Exemplo: questões sociais, econômicas, tecnológicas, perda de emprego, proposta de mudança no trabalho, entre outros. Temos de perceber também que a transição de carreira não é um processo simples, ao contrário, é complexo. O ponto de partida dessa experiência são as experiências vivenciadas profissionalmente, tanto as positivas, quanto as negativas. Note que, durante a transição, não há efetivamente a mudança, o que há é uma preparação. Nesse processo, a pessoa passará por diversas situações, e a mais importante delas é a passagem da antiga identidade profissional, adquirida por meio da carreira atual, para a nova. A TRANSIÇÃO DE CARREIRA É O PERÍODO NECESSÁRIO PARA AS PESSOAS PROCESSAREM AS MUDANÇAS E A NOVA IDENTIDADE PROFISSIONAL. License-431262-96057-0-4 3 PARA ENTENDER A IDENTIDADE PROFISSIONAL A identidade profissional é o reconhecimento da pessoa com a função e o cargo que ela ocupa. Normalmente, acontece no momento da escolha da profissão ou da carreira inicial. Uma pessoa que possui uma atividade técnica/funcional e assume uma função gerencial, por exemplo, deve assumir as responsabilidades do novo cargo e tomar decisões a partir de uma visão mais organizacional e menos operacional, alterando assim sua identidade profissional e incorporando-se ao novo papel assumido. Note que há pessoas que não conseguem realizar essa alteração e, mesmo tendo de efetuar atividades gerenciais, comportam-se como técnicos. Para essas pessoas, a transição é temporária ou até mesmo complementar e, ao final de um período, quando se encerra uma situação de necessidade, elas retornam ao ponto de origem, ou seja, reassumem a identidade profissional anterior. Você deve perceber que, dependendo da forma como essa transição é administrada, mudanças na identidade profissional podem acarretar também em problemas para a organização e para a pessoa, uma vez que suas decisões penderam para o lado técnico em detrimento do gerencial, principalmente quando a pessoa não deseja desenvolver competência gerencial ou simplesmente por não possuir esse perfil. De acordo com Ibarra (2004, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 114), reconfigurar a identidade profissional não é algo simples, pois ela foi construída, gradualmente, ao longo dos anos e de forma inconsciente, sendo assim não é possível que essa reconfiguração seja feita de forma planejada e tão pouco por autorreflexão. Para realizar a reconfiguração da identidade profissional é, portanto, imprescindível a ação da pessoa de forma direta. É um experimento por tentativa e erro. Para o autor, a fim de testar uma nova identidade profissional, é necessário que a pessoa frequente outros grupos distintos daquele com que costumeiramente convivia. Essa atitude é importante para que a pessoa reafirme seu senso de pertencimento e reforce as características compatíveis com a nova identidade. License-431262-96057-0-4 4 NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UMA NOVA IDENTIDADE PROFISSIONAL, É IMPRESCINDÍVEL A AÇÃO DA PESSOA DE FORMA DIRETA. RECONFIGURAÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL A reconfiguração da identidade profissional é a constatação, o resultado da transição. Para Louis (1980, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 107), é possível constatar a passagem de uma carreira para outra a partir da identificação e da análise de cinco tipos de transição entre funções. Confira a seguir, no Quadro 1, os tipos de transição de carreira entre funções. Tipo de transição Análise Exemplo Entrada e reentrada na carreira Entrada não caracteriza transição, como não há registro anterior, é uma construção de identidade. Reentrada é a reconstrução de uma identidade profissional. Recém-formados, donas de casa. Intracompanhia É transição somente se houver atribuição de atividades e responsabilidades diferentes daquelas assumidas anteriormente. Mudanças entre os departamentos dentro da organização. (tarefas, tecnologia e local físico). Intercompanhia É rara a transição de carreira quando se troca de empresa. É difícil uma organização contratar uma pessoa para assumir atividades e responsabilidades de natureza diferente da assumida anteriormente. Movimento voluntário entreas companhias, em funções parecidas, desemprego. License-431262-96057-0-4 5 Interprofissão É considerada reconfiguração da identidade profissional somente quando a pessoa já consolidou uma identidade profissional e está mudando. Não é válida para recém- formados. Dentista que se torna advogado, empregado que se torna empresário. Saída A aposentadoria formal é uma transição. O afastamento de três a seis meses não produz uma reconstrução de identidade profissional. Afastamento temporário, aposentadoria. A partir do Quadro 1, você pode identificar qual é a situação atual da sua carreira. Caso deseje, inicie um pequeno rascunho dos seus passos e procure prever a sua condição para o futuro. É possível que você não se identifique. Nesse caso, veja se na organização na qual você trabalha existe a prática de carreira paralela, comumente conhecida como carreira em Y, e a partir daí trace seu escopo. A seguir, vamos estudar e entender melhor sobre carreira paralela. SER COMPLEXO NÃO SIGNIFICA DIFICULDADE. A TRANSIÇÃO DE CARREIRA É COMPLEXA, POIS É NECESSÁRIO QUE A PESSOA TENHA ALGUMA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL, SEJA RECONHECIDA NO AMBIENTE EM QUE ATUA E TENHA AS COMPETÊNCIAS PARA EXECUTAR ATIVIDADES QUE INCLUAM MÚLTIPLOS FATORES. O RESULTADO SERÁ, IMPRETERIVELMENTE, A TROCA DA IDENTIDADE PROFISSIONAL.PESSOA DE FORMA DIRETA. License-431262-96057-0-4 1 TRANSIÇÃO DE CARREIRA E ÂNCORAS DE CARREIRA Desde o início do século XXI, profissionais discutem e participam, intensamente, do processo de transição de carreira, uma mudança profunda no âmbito profissional e pessoal que muitas vezes causa sentimentos como angústia, incerteza e insegurança. E você, saberia dizer por que a transição causa sofrimento em algumas situações? Por que as pessoas decidem passar de uma carreira para outra? Ou ainda, por que desenvolvemos novos laços sociais, arduamente construídos, e gradualmente os desfazemos? Dutra (2010, p. 103) define transição de carreira quando uma “pessoa efetua um movimento em sua carreira que implica em assumir uma nova identidade profissional”, algo diferente de uma mudança de função ou um novo desafio profissional. Por exemplo: deixar a carreira de advogado para empreender no ramo de alimentos. Ficou curioso? Vale a pena prosseguir! PRINCIPAIS MOTIVOS PARA A TRANSIÇÃO DE CARREIRA A fim de entendermos os motivos que levam uma pessoa a reinventar sua carreira profissional, é preciso saber como essa transição acontece. Para Louis (1980, apud VELOSO; DUTRA, 2010), a passagem de uma carreira para outra pode ocorrer de forma objetiva, quando é percebida socialmente, ou subjetiva, a partir da percepção individual do antes e depois da decisão, incluindo como a situação é percebida pela pessoa que está em transição de carreira. A transição de carreira pode também ser vista como um processo. Conforme propõe Quishida (2007, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 107), sob a ótica operacional, a transição é um processo marcado por três estágios: Carreira: entrada, avanço, reavaliação, reforço e nova entrada, precedida por uma ruptura do estágio anterior; Pessoa: pré-transição, crescente descontentamento, crise, redirecionamento e reestabilização; Percepção das mudanças comportamentais : na natureza da tarefa, nos relacionamentos e autoconceito profissional. License-431262-96057-0-4 2 Considerando os estágios do processo de transição de carreira, não é possível reconhecer um padrão único, sendo assim, as pessoas vivenciam esse processo de forma diferente. Portanto, ao observar os estágios, podemos notar que, em geral, os motivos são de duas ordens. Por questões pessoais (fator interno): quando a decisão implica em enfrentar novos desafios de trabalho. Exemplo: frustrações com o cargo e a função, esgotamento e insatisfação com a empresa, decepção com a carreira, fazer uso de talento ou aptidão ainda não explorado, entre outros. Por necessidade de adaptação a uma nova situação (fator externo): inerentes à vontade da pessoa. Exemplo: questões sociais, econômicas, tecnológicas, perda de emprego, proposta de mudança no trabalho, entre outros. Temos de perceber também que a transição de carreira não é um processo simples, ao contrário, é complexo. O ponto de partida dessa experiência são as experiências vivenciadas profissionalmente, tanto as positivas, quanto as negativas. Note que, durante a transição, não há efetivamente a mudança, o que há é uma preparação. Nesse processo, a pessoa passará por diversas situações, e a mais importante delas é a passagem da antiga identidade profissional, adquirida por meio da carreira atual, para a nova. A TRANSIÇÃO DE CARREIRA É O PERÍODO NECESSÁRIO PARA AS PESSOAS PROCESSAREM AS MUDANÇAS E A NOVA IDENTIDADE PROFISSIONAL. License-431262-96057-0-4 3 PARA ENTENDER A IDENTIDADE PROFISSIONAL A identidade profissional é o reconhecimento da pessoa com a função e o cargo que ela ocupa. Normalmente, acontece no momento da escolha da profissão ou da carreira inicial. Uma pessoa que possui uma atividade técnica/funcional e assume uma função gerencial, por exemplo, deve assumir as responsabilidades do novo cargo e tomar decisões a partir de uma visão mais organizacional e menos operacional, alterando assim sua identidade profissional e incorporando-se ao novo papel assumido. Note que há pessoas que não conseguem realizar essa alteração e, mesmo tendo de efetuar atividades gerenciais, comportam-se como técnicos. Para essas pessoas, a transição é temporária ou até mesmo complementar e, ao final de um período, quando se encerra uma situação de necessidade, elas retornam ao ponto de origem, ou seja, reassumem a identidade profissional anterior. Você deve perceber que, dependendo da forma como essa transição é administrada, mudanças na identidade profissional podem acarretar também em problemas para a organização e para a pessoa, uma vez que suas decisões penderam para o lado técnico em detrimento do gerencial, principalmente quando a pessoa não deseja desenvolver competência gerencial ou simplesmente por não possuir esse perfil. De acordo com Ibarra (2004, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 114), reconfigurar a identidade profissional não é algo simples, pois ela foi construída, gradualmente, ao longo dos anos e de forma inconsciente, sendo assim não é possível que essa reconfiguração seja feita de forma planejada e tão pouco por autorreflexão. Para realizar a reconfiguração da identidade profissional é, portanto, imprescindível a ação da pessoa de forma direta. É um experimento por tentativa e erro. Para o autor, a fim de testar uma nova identidade profissional, é necessário que a pessoa frequente outros grupos distintos daquele com que costumeiramente convivia. Essa atitude é importante para que a pessoa reafirme seu senso de pertencimento e reforce as características compatíveis com a nova identidade. License-431262-96057-0-4 4 NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UMA NOVA IDENTIDADE PROFISSIONAL, É IMPRESCINDÍVEL A AÇÃO DA PESSOA DE FORMA DIRETA. RECONFIGURAÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL A reconfiguração da identidade profissional é a constatação, o resultado da transição. Para Louis (1980, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 107), é possível constatar a passagem de uma carreira para outra a partir da identificação e da análise de cinco tipos de transição entre funções. Confira a seguir, no Quadro 1, os tipos de transição de carreira entre funções. Tipo de transição Análise Exemplo Entrada e reentrada na carreira Entrada não caracteriza transição, como não há registro anterior, é uma construção de identidade. Reentrada é a reconstrução de uma identidade profissional. Recém-formados, donas de casa. Intracompanhia É transição somente se houver atribuição de atividadese responsabilidades diferentes daquelas assumidas anteriormente. Mudanças entre os departamentos dentro da organização. (tarefas, tecnologia e local físico). Intercompanhia É rara a transição de carreira quando se troca de empresa. É difícil uma organização contratar uma pessoa para assumir atividades e responsabilidades de natureza diferente da assumida anteriormente. Movimento voluntário entre as companhias, em funções parecidas, desemprego. License-431262-96057-0-4 5 Interprofissão É considerada reconfiguração da identidade profissional somente quando a pessoa já consolidou uma identidade profissional e está mudando. Não é válida para recém- formados. Dentista que se torna advogado, empregado que se torna empresário. Saída A aposentadoria formal é uma transição. O afastamento de três a seis meses não produz uma reconstrução de identidade profissional. Afastamento temporário, aposentadoria. A partir do Quadro 1, você pode identificar qual é a situação atual da sua carreira. Caso deseje, inicie um pequeno rascunho dos seus passos e procure prever a sua condição para o futuro. É possível que você não se identifique. Nesse caso, veja se na organização na qual você trabalha existe a prática de carreira paralela, comumente conhecida como carreira em Y, e a partir daí trace seu escopo. A seguir, vamos estudar e entender melhor sobre carreira paralela. SER COMPLEXO NÃO SIGNIFICA DIFICULDADE. A TRANSIÇÃO DE CARREIRA É COMPLEXA, POIS É NECESSÁRIO QUE A PESSOA TENHA ALGUMA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL, SEJA RECONHECIDA NO AMBIENTE EM QUE ATUA E TENHA AS COMPETÊNCIAS PARA EXECUTAR ATIVIDADES QUE INCLUAM MÚLTIPLOS FATORES. O RESULTADO SERÁ, IMPRETERIVELMENTE, A TROCA DA IDENTIDADE PROFISSIONAL.PESSOA DE FORMA DIRETA. License-431262-96908-0-5 PECULIARIDADES, VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA CARREIRA PARALELA Você sabe o que é carreira paralela, ou carreira em Y? É bem provável que sim. Mas, talvez, não com essa nomenclatura. No início da década de 1990, com o avanço da globalização, as organizações se viram diante de intensa concorrência. Rapidamente, elas perceberam que era necessário melhorar sua competitividade, modernizar as plantas, melhorar a tecnologia, aumentar a produtividade, criar valor agregado ao produto, atender à legislação, enquadrar a gestão de qualidade, entre outros. Todos esses itens transformaram as atividades organizacionais em atividades de alta complexidade. Simultaneamente, houve o aumento da demanda por profissionais com especialização técnica ou funcional, o que provocou a necessidade da criação de uma carreira para esses profissionais. Algumas organizações desenvolveram um desenho de carreira que permitia a valorização do profissional técnico e funcional, abrindo a possibilidade de que ele pudesse desenvolver uma carreira gerencial. Esse novo desenho foi denominado carreira paralela. PRECONCEITO DE CARREIRA PARALELA A carreira paralela é definida por Dutra (2010, p. 118) como: (...) uma sequência de posições que uma pessoa pode assumir no interior da organização, orientada em duas direções, uma de natureza técnica e/ou funcional e outra de natureza gerencial, sendo garantidas em ambas as direções o acesso aos maiores níveis de remuneração e de reconhecimento oferecidos pela empresa. Logo, é um processo que garante acesso aos profissionais técnicos e/ou funcionais no mesmo nível das gerências, o que até aquele momento era impossível de acontecer. O desenho utilizado para retratar o desenvolvimento dessa carreira é a letra Y. License-431262-96908-0-5 Você pode estar pensando que a carreira paralela é igual à carreira complementar. Certo? Errado. A carreira complementar é uma escolha do profissional que se vê em condições de atuar de duas formas diferentes no mercado de trabalho, como, por exemplo, um engenheiro químico que atua em uma indústria química durante o dia (carreira principal) e que à noite trabalha como músico (carreira complementar). A carreira paralela é determinada pela organização, desenhada por ela para atender à necessidade interna de desenvolver um profissional técnico e/ou funcional que possa gerenciar profissionais de sua área de origem. É uma alternativa que pode ser usada pelo profissional técnico ou funcional para chegar à carreira gerencial. Além disso, traz a vantagem dos profissionais exercerem a função gerencial sem que seja necessário ocupar posições com as quais não se identifica (identidade profissional). Assim, de acordo com o processo e a intenção da criação da carreira paralela, conclui- se que o conceito de carreira paralela é construído sob a ótica da organização e a ela deve atender, sendo exclusiva e única para cada empresa (DUTRA, 2010). A CARREIRA PARALELA PERMITE A VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL TÉCNICO E FUNCIONAL E CRIA POSSIBILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA CARREIRA GERENCIAL License-431262-96908-0-5 EVOLUÇÃO DO CONCEITO E PECULIARIDADES A partir de 2000, o modelo de carreira paralela rompeu as fronteiras das indústrias e passou a ser adotado por organizações de prestação de serviços e, sequencialmente, por diferentes setores da economia. Com a popularização da carreira paralela, houve uma acentuação de alguns problemas decorrentes do uso desse modelo. São questões complexas que envolvem temas subjetivos (sentimentos, ressentimentos, desconfiança, descrédito, desrespeito ao profissional, entre outros) e objetivos (alocação do profissional por promoção, profissional de função gerencial atuando em área técnica e ou funcional, realocação de gerentes em função técnica e ou gerencial, diferença dos benefícios e remuneração para gerente administrativo e gerente técnico ou funcional – formado pela carreira paralela). Acreditar que a implantação do modelo de carreira paralela será a solução para harmonizar as necessidades da organização e das pessoas especializadas é uma aposta arriscada e equivocada (DUTRA, 2010). No Brasil, a carreira paralela apresenta-se em forma de Y, e isso se explica da seguinte forma: a carreira paralela possui uma base comum (técnico ou funcional e gerencial), o que lhe permite alocar pessoas de ambas as áreas, sendo que o especialista poderá optar em permanecer técnico ou funcional, ou ainda migrar para a área gerencial. Além disso, a formação em Y legitima a posição e as condições de diálogo entre o braço técnico ou funcional e o braço gerencial. É de acordo com o formato em Y que a carreira paralela apresenta suas peculiaridades. Conforme Dutra (2010, p. 121), a carreira paralela “está dividida em três partes: base, braço técnico ou funcional e braço gerencial”. O Quadro 2 permite uma melhor visualização dessas partes. Vamos conferir? License-431262-96908-0-5 As informações do Quadro 2 referenciam as propriedades da carreira paralela, relacionando-as com os itens necessários para a operacionalidade desse modelo, mas poderão assumir um caráter limitador ou criar problemas futuros. Características Operacionalidade na organização Base : Profissional de natureza técnica ou funcional. Representado pelo período do início da carreira até o momento em que opta por permanecer no braço técnico/funcional ou braço gerencial. A extensão da carreira dependerá da estratégia da organização. No organograma, as posições disponíveis atenderão às pressões de mercado. Braço técnico ou funcional A empresa deve manter a estratégia de equidade para a remuneração e os benefícios, tanto para o braço técnico/funcional, quanto para o braço gerencial. As posições podem ser assimétricas em relação ao braço gerencial. É preciso que a organização amplie os horizontes do profissional, a fim de evitar que o profissional técnico/funcional abandone essa área, abrindo condições para queele possa ocupar um cargo de vice-presidência, por exemplo. Braço gerencial É preciso que haja equilíbrio entre a formação gerencial e as vagas disponíveis na organização. As posições gerenciais ofertadas ao técnico/funcional devem ser compatíveis com outros postos gerenciais. Além disso, o programa de remuneração deve ser bem definido. License-431262-96908-0-5 A CARREIRA PARALELA CARREGA UMA VANTAGEM, POIS É POSSÍVEL EXERCER A FUNÇÃO GERENCIAL SEM QUE PARA ISSO SEJA NECESSÁRIO OCUPAR POSIÇÕES COM AS QUAIS NÃO SE IDENTIFICA (IDENTIDADE PROFISSIONAL). LIMITADORES Os limitadores, ou problemas, são gerados por falhas na elaboração da carreira paralela. Eles acompanham a implantação do processo e marcam presença na sua consolidação. Os mais comuns encontrados nesse modelo de carreira são: ausência de equidade, responsável por gerar sensação de perda para os dois lados (braço técnico/funcional e braço gerencial); falta de igualdade entre as posições alcançadas pelo braço técnico/ funcional e o braço gerencial; indefinição dos critérios de ascensão (não são transparentes e iguais, gerando sentimentos de injustiça e ressentimentos); falta de clareza na informação repassada pelas lideranças para que os profissionais possam optar de forma segura. Em relação à carreira paralela, há pontos que merecem ser seriamente pensados: • Criação de uma trajetória multidisciplinar (técnica, administrativa, logística e outros) a partir de uma única estrutura de carreira; • Diversidade organizacional: maior flexibilidade, com a criação de espaços para o crescimento do profissional especialista de alto nível e também para a área técnica, ponto importante para enfrentar o aumento da complexidade técnica organizacional; • Estímulo à formação de equipes multidisciplinares e igualdade entre as trajetórias diferentes, introduzindo pessoas com diferentes habilidades e especialidades para o ambiente organizacional. Essa forma de carreira melhora a performance da organização que, com um time multidisciplinar, aumenta suas possibilidades competitivas e melhora o entendimento das complexidades do mercado atual. License-431262-96908-0-5 Esse modelo de carreira também traz vantagens para a pessoa, tais como: aumenta as opções profissionais, permite investir de forma segura na trajetória de carreira e possibilita a mudança da trajetória a qualquer tempo. Essas vantagens são um chamativo para os profissionais técnicos/funcionais, pois eles se sentem atraídos por posições gerenciais. Essa atração é explicada por Schein (1996, apud VELOSO; DUTRA, 2010, p. 7-8), que define âncoras de carreira como a “descrição do conjunto de atitudes autopercebidas, valores necessidades, e talentos que são desenvolvidos com o passar do tempo e formam guias e direções”. ] A ORGANIZAÇÃO DEVE ELABORAR O PLANO DE CARREIRA DE FORMA CUIDADOSA E ATENTA, A FIM DE EVITAR A CRIAÇÃO DE LIMITADORES. License-431262-96908-0-5 PECULIARIDADES, VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA CARREIRA PARALELA Você sabe o que é carreira paralela, ou carreira em Y? É bem provável que sim. Mas, talvez, não com essa nomenclatura. No início da década de 1990, com o avanço da globalização, as organizações se viram diante de intensa concorrência. Rapidamente, elas perceberam que era necessário melhorar sua competitividade, modernizar as plantas, melhorar a tecnologia, aumentar a produtividade, criar valor agregado ao produto, atender à legislação, enquadrar a gestão de qualidade, entre outros. Todos esses itens transformaram as atividades organizacionais em atividades de alta complexidade. Simultaneamente, houve o aumento da demanda por profissionais com especialização técnica ou funcional, o que provocou a necessidade da criação de uma carreira para esses profissionais. Algumas organizações desenvolveram um desenho de carreira que permitia a valorização do profissional técnico e funcional, abrindo a possibilidade de que ele pudesse desenvolver uma carreira gerencial. Esse novo desenho foi denominado carreira paralela. PRECONCEITO DE CARREIRA PARALELA A carreira paralela é definida por Dutra (2010, p. 118) como: (...) uma sequência de posições que uma pessoa pode assumir no interior da organização, orientada em duas direções, uma de natureza técnica e/ou funcional e outra de natureza gerencial, sendo garantidas em ambas as direções o acesso aos maiores níveis de remuneração e de reconhecimento oferecidos pela empresa. Logo, é um processo que garante acesso aos profissionais técnicos e/ou funcionais no mesmo nível das gerências, o que até aquele momento era impossível de acontecer. O desenho utilizado para retratar o desenvolvimento dessa carreira é a letra Y. License-431262-96908-0-5 Você pode estar pensando que a carreira paralela é igual à carreira complementar. Certo? Errado. A carreira complementar é uma escolha do profissional que se vê em condições de atuar de duas formas diferentes no mercado de trabalho, como, por exemplo, um engenheiro químico que atua em uma indústria química durante o dia (carreira principal) e que à noite trabalha como músico (carreira complementar). A carreira paralela é determinada pela organização, desenhada por ela para atender à necessidade interna de desenvolver um profissional técnico e/ou funcional que possa gerenciar profissionais de sua área de origem. É uma alternativa que pode ser usada pelo profissional técnico ou funcional para chegar à carreira gerencial. Além disso, traz a vantagem dos profissionais exercerem a função gerencial sem que seja necessário ocupar posições com as quais não se identifica (identidade profissional). Assim, de acordo com o processo e a intenção da criação da carreira paralela, conclui- se que o conceito de carreira paralela é construído sob a ótica da organização e a ela deve atender, sendo exclusiva e única para cada empresa (DUTRA, 2010). A CARREIRA PARALELA PERMITE A VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL TÉCNICO E FUNCIONAL E CRIA POSSIBILIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA CARREIRA GERENCIAL License-431262-96908-0-5 EVOLUÇÃO DO CONCEITO E PECULIARIDADES A partir de 2000, o modelo de carreira paralela rompeu as fronteiras das indústrias e passou a ser adotado por organizações de prestação de serviços e, sequencialmente, por diferentes setores da economia. Com a popularização da carreira paralela, houve uma acentuação de alguns problemas decorrentes do uso desse modelo. São questões complexas que envolvem temas subjetivos (sentimentos, ressentimentos, desconfiança, descrédito, desrespeito ao profissional, entre outros) e objetivos (alocação do profissional por promoção, profissional de função gerencial atuando em área técnica e ou funcional, realocação de gerentes em função técnica e ou gerencial, diferença dos benefícios e remuneração para gerente administrativo e gerente técnico ou funcional – formado pela carreira paralela). Acreditar que a implantação do modelo de carreira paralela será a solução para harmonizar as necessidades da organização e das pessoas especializadas é uma aposta arriscada e equivocada (DUTRA, 2010). No Brasil, a carreira paralela apresenta-se em forma de Y, e isso se explica da seguinte forma: a carreira paralela possui uma base comum (técnico ou funcional e gerencial), o que lhe permite alocar pessoas de ambas as áreas, sendo que o especialista poderá optar em permanecer técnico ou funcional, ou ainda migrar para a área gerencial. Além disso, a formação em Y legitima a posição e as condições de diálogo entre o braço técnico ou funcional e o braço gerencial. É de acordo com o formato em Y que a carreira paralela apresenta suas peculiaridades. Conforme Dutra (2010, p. 121), a carreira paralela “está dividida em três partes: base, braço técnico ou funcional e braço gerencial”.
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