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Alcance de controle: conceitos, elementos e aplicabilidade prática Universidade Federal do Cariri- UFCA Prof. Dr. Marcus Vinicius de Oliveira Brasil Definição de Amplitude de Controle Amplitude de controle, também denominada amplitude administrativa ou ainda amplitude de supervisão, refere-se ao número de subordinados que um chefe pode supervisionar pessoalmente, de maneira efetiva e adequada (OLIVEIRA, 2006, p. 199). Exemplos iniciais: o conselho de Jetro à Móises (Êx 18:13-24),e o exército de Genghis Khan. Por volta do ano 1500 a.C., O conselho do sacerdote Jetro ao seu genro Moisés. Êx 18:13-24. 13. No dia seguinte assentou-se Moisés para julgar o povo; e o povo estava em pé junto de Moisés desde a manhã até a tarde. 14. Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo; perguntou: Que é isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, permanencendo todo o povo junto de ti desde a manhã até a tarde? 15. Respondeu Moisés a seu sogro: É porque o povo vem a mim para consultar a Deus. 16. Quando eles têm alguma questão, vêm a mim; e eu julgo entre um e o outro e lhes declaro os estatutos de Deus e as suas leis. 17. O sogro de Moisés, porém, lhe replicou: Não é bom o que fazes. 18. Certamente desfalecerás, assim como tu, como este povo que está contigo; sê tu pelo povo diante de Deus, e levas tu as causas a Deus; 19. Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e seja Deus contigo: porque isto te é pesado demais; tu só não o podes fazer. 20. Esinar-lhes-ás os estatutos e as leis, e lhes mostrarás o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer. 21. Além disto, procurarás dentro o povo homens de capacidade, tementes a Deus, homens verazes, que aborreçam a avareza, e o porás sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta, e chefes de dez; 22. E julguem eles o povo em todo o tempo. Que a ti tragam toda a causa grave, mas toda a causa pequena eles mesmo a julguem; assim mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo. 23. Se isto fizeres, e Deus to mandar, poderás então subsistir; assim também todo este povo irá em paz para o seu lugar. 24. E Moisés deu ouvido à voz do seu sogro, e fez tudo quanto este lhe dissera; (Êx 18:13-24, ARC) Por volta de 1.200 d.C. na Mongólia nasceu Genghis Khan -São citados como exemplos originários do alcance de controle, o exército de Genghis Khan, organizado em grupos de 10, dirigidos por um líder; cada grupo de 10 líderes chefiado por outro nível de líder, e cada grupo desses 10 liderados comandados por outra pessoa, e assim sucessivamente (OLIVEIRA, 2006). 2 Os Elementos da Administração (Científica) segundo Urwick: Investigação. Previsão. Planejamento. Organização. Coordenação. Comando. Controle (CHIAVENATO, 2003). Os Elementos da Administração (Científica) segundo Gullick (POSDCORB) Planejamento (planning). Organização (organizing). Assessoria (staffing). Direção (directing). Coordenação (coordinating). Informação (reporting). Orçamento (budgeting), (CHIAVENATO, 2003) Princípios de Administração p/ Urwick: Princípio da especialização. Princípio da autoridade. Princípio da amplitude administrativa (span of control). 4. Princípio da definição (CHIAVENATO, 2003). Princípio da especialização. Cada pessoa deve exercer uma só função, o que determina uma divisão especializada do trabalho. Esse princípio dá origem à organização de linha, à de staff e à funcional. Princípio da autoridade. Deve haver uma linha de autoridade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos, desde o topo da organização até cada indivíduo de base. Princípio da amplitude administrativa (span of control). Cada superior deve ter um certo número de subordinados. O superior tem pessoas para supervisionar, bem como as relações entre as pessoas que supervisionam. O número ótimo de subordinados varia segundo o nível e a natureza dos cargos, a complexidade do trabalho e o preparo dos subordinados. Princípio da definição. Os deveres, autoridade e responsabilidade de cada cargo e suas relações com os outros cargos devem ser definidos por escrito e comunicado a todos (CHIAVENATO , 2003, p. 88) 5 Princípio do Alcance do Controle Procura focalizar o número de subordinados que um administrador pode dirigir eficientemente. Esse número não é fixo, dependendo de diversas considerações básicas, aplicáveis ao trabalho a ser feito, à qualidade da administração, ao nível do executivo, à intensidade de supervisão exercida e à capacidade dos subordinados (CURY, 2013, p. 159). Fatores que influenciam a Amplitude de Controle Administrativa as habilidades pessoais do chefe em lidar com subordinados; o nível de capacitação profissional do chefe; a habilidade dos subordinados em se relacionar com as pessoas; o nível de capacitação profissional dos subordinados; o grau de delegação de autoridade existente; o grau de utilização de assessores; o grau de interdependência das unidades organizacionais; e o nível de similaridade das atividades dos subordinados; Quadro 1- Fatores que influenciam a Amplitude de Controle Administrativa Fonte: Oliveira (2006) Todos os fatores apontados por Oliveira (2006): os deveres pessoais do chefe; as habilidades pessoais do chefe em lidar com subordinados; o nível de capacitação profissional do chefe; o nível de mutação da empresa perante o ambiente; o nível de estabilidade interna da empresa; A habilidade dos subordinados em se relacionar com as pessoas; o nível de capacitação profissional dos subordinados; o grau de delegação de autoridade existente; o grau de utilização de assessores; o nível de motivação existente; o nível e o tipo de liderança existente; o grau de interdependência das unidades organizacionais; o nível de similaridade das atividades dos subordinados; o nível e tipo de controle exercido; o nível e o tipo de coordenação exercida; a existência de restrições pessoais à amplitude de controle; o nível de clareza, comunicação e aceitação dos objetivos; e o nível de definição, simplicidade e repetitividade das atividades dos subordinados. 7 Número ideal de subordinados Para todas as autoridades superiores, o número ideal de subordinados é de 4. No entanto, nos níveis inferiores da organização, o número pode ser de 8 a 12. O alcance de controle é um dos postulados básicos da organização formal (CURY, 2013). Número ideal de subordinados Existem tarefas repetitivas, rotineiras e mesuráveis, possivelmente um homem possa comandar numerosos operários, mas isso não é possível, em casos de trabalho diversificado e de qualidade com pessoas dispersas. Nessa situação, um homem poderá supervisionar somente a poucos (CURY, 2013). Número ideal de subordinados No pensamento de Urwick (1943), no livro Elementos de Administração, o alcance de controle aparece como subsidiário da delegação. Ou seja, nenhum chefe pode supervisionar diretamente o trabalho de mais do que 5, ou no máximo, 6 subordinados, cujo o trabalho guardem relação entre si (CURY, 2013). Razão: os supervisionados não são somente indivíduos, senão permutações e combinações de relações entre eles. Enquanto, o primeiro aumenta em progressão aritmética, cada vez que se adicionar um subordinado a mais, as relações aumentam em progressão geométrica. 10 Número ideal de subordinados Litterer (1970, p.97) “apresenta duas recomendações básicas: que sejam usadas todas as relações possíveis e que o chefe esteja envolvido no supervisionamento de todas essas relações”. Teoria de Graicunas O consultor Graicunas propõe sua teoria sobre a amplitude de controle, analisando o problema das relações entre os supervisores e os subordinados, que originou a fórmula matemática que ressalta que o crescimento geométrico da complexidade de se administrar se eleva à medida que aumenta o número de subordinados (CURY, 2013). Teoria de Graicunas Apesar de não ser consensual, a Teoria de Graicunas fundamenta-se na identificação de 3 tipos diferentes de combinação entre superiores e subordinados: Relações simples diretas; Relações cruzadas; e Relações grupais diretas (CURY, 2013). Relações simples diretas São as relações entre o superior e seus subordinados diretos (CURY, 2013). Por exemplo, se A tem 3 subordinados B, C e D, existem (n=3) relações simples diretas: a=n As relações simples diretas são as que “todo superior” diariamente “mantém com seus auxiliares imediatos”, e são, obviamente, correspondentes ao número de subordinados supervisionados (CURY, 2013). 14 Relações cruzadas As relações cruzadas permitem a comunicação entre subordinados de superior comum (CURY, 2013). No caso de A e dos seus 3 subordinados B, C e D, as relações aparecem num total de 6, assim: B a C; B a D; C a B; C a D; D a B; D a C. A formula aplicável seria, então, nesse caso: b= n (n-1) Relações grupais diretas São as relações entre o “superior” e cada uma das possíveis combinações de “subordinados”. Sendo assim, um superior pode dirigir-se a um de seus subordinados ou as várias combinações deles (CURY, 2013). No exemplo, A tem 3 subordinados, as relações são: com B na presença de C, com B na presença de D, com B na presença de CD; com C na presença de B, com C na presença de D, com C na presença de BD; com D na presença de B, com D na presença de C, com D na presença de BC; Haverá um total de 9 relações grupais diretas, com a seguinte formula, onde n é o número de pessoas subordinadas, o número de relações grupais diretas é igual a: c= n (2n-1 -1) Juntando tudo Analisando as relações simples diretas, cruzadas, e grupais diretas, Graicunas elaborou uma fórmula, para dar o número de todos os possíveis tipos de relações que o administrador alcançaria (CURY, 2013): f= n (2n-1 + n-1) Onde n é igual ao número de subordinados, o número total de relações (f) de todos os tipos no exemplo dado seria de 18 relações (3+6+9). Exemplos baseados na Teoria de Graicunas Númerode Subordinados Número de Relações 1 1 2 6 3 18 4 44 5 100 6 222 7 490 8 1.080 9 2.376 10 5.210 11 11.374 12 24.708 Tabela 1: Relações possíveis pela fórmula de Graicunas Fonte: Oliveira (2006, p. 202) Reflexões sobre a Teoria de Graicunas Apesar da lógica da Teoria de Graicunas, é necessário um diagnóstico organizacional (CURY, 2013). De acordo com Oliveira (2006, p. 202) “é necessário reconhecer que os problemas básicos dizem respeito à frequência e à intensidade dessas operações”. A prática gerencial tem demonstrado que a redução dos níveis hierárquicos é, quase sempre, bastante conveniente para a melhoria do processo decisório nas organizações (OLIVEIRA, 2006). É importante notar que: A amplitude de controle é maior nos níveis hierárquicos inferiores. Logo, a medida que uma pessoa sobe numa estrutura organizacional, sua amplitude de controle torna-se menor. Entretanto, ocorre também que, no mesmo nível hierárquico, haverá considerável variação na amplitude de controle. De qualquer forma, existe relação entre amplitude de controle e níveis hierárquicos, pois, quanto maior o número de subordinados por chefe, menor será o número de níveis hierárquicos, e vice-versa (OLIVEIRA, 2006). Níveis Hierárquicos Figura 1: Algumas situações de níveis hierárquicos Fonte: OLIVEIRA (2006, p. 203) Figura 2- Organização Alongada e Achatada Organização “Alta” Organização “Achatada” Fonte: Chiavenato (2006) A amplitude de controle inadequada pode causar alguns problemas A- Número de subordinados maior do que a amplitude de controle, os problemas são: perda de controle; desmotivação; ineficiência nas comunicações; decisões demoradas e mal estruturadas; e queda no nível de qualidade do trabalho (OLIVEIRA, 2006). A amplitude de controle inadequada pode causar alguns problemas B- Número de subordinados menor do que a amplitude de controle: capacidade ociosa do chefe; custos administrativos maiores; falta de delegação; desmotivação; e pouco desenvolvimento dos subordinados (OLIVEIRA, 2006). Níveis Hierárquicos “Níveis hierárquicos representam o conjunto de cargos na empresa com um mesmo nível de autoridade [...] quanto maior a amplitude de controle, menor o número de níveis hierárquicos na empresa” (OLIVEIRA, 2006, p.203). Princípio da especialização. “Cada pessoa deve exercer uma só função, o que determina uma divisão especializada do trabalho. Esse princípio dá origem à organização de linha, à de staff e à funcional”. (CHIAVENATO, 2003, p. 88 ). Especialização Vertical: Especialização Horizontal: Níveis Hierárquicos Departamentos Especialização Fonte: Chiavenato (2006) Figura 3: Especialização Vertical vs. Especialização Horizontal Tipos de organização: 01) Linear; 02) Funcional; 03) Linha-Staff (CHIAVENATO, 2003). 27 Organização Linear Figura 4- Organização Linear Fonte: Elaboração própria (2015) 28 Organização Funcional Figura 5- Organização Funcional Fonte: Elaboração própria (2015) 29 Organização Linha-Staff Figura 6- Organização Linha-Staff Fonte: Elaboração própria (2015) 30 Figura 7- Características da Linha e do Staff Aspectos Papel Principal Atuação Tipo de Atividade Responsabilidade Exemplo Staff É quem assessora É quem dá consultoria e assistência Recomendação Alternativas Trabalho de gabinete Pelo planejamento e pelas sugestões Gerente de Staff Linha É quem decide É quem cuida da execução Comando Ação Trabalho de campo Pela operação e pelos resultados Gerente de Departamento Fonte: Chiavenato (2006, p. 195) Questões para debate Com base na empresa que você trabalha, fazer uma análise de amplitude de controle de seu chefe, e de sua própria, caso ocupe, também, cargo de chefia. Debater, tendo como base uma empresa de seu conhecimento, a melhor maneira de realizar uma análise estruturada dos níveis hierárquicos existentes (OLIVEIRA, 2006, p. 204). Referências CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da Administração. 7.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 634p. CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. 8. ed. rev. e ampl. 8. reimpr. São Paulo: Atlas, 2013. GRAICUNAS, A. V. Relationships in organization: In GULLICK, L.; URWICK, L. F. Papers on the science of administration. New York: Institute of Public Administration, 1937. GULLICK, L. Notes on the theory of organization. In: GULLICK, L.; URWICK, L. F. Papers on the science of administration. New York: Institute of Public Administration, 1937. LITTERER, J.A. Análise das organizações. São Paulo: Atlas, 1970. OLIVEIRA, D. de P. R. de. Sistemas, Organização e Métodos: uma abordagem gerencial. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2006. URWICK, L. F. The Elements of Administration. London: Pitman, 1943.
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