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Análise dos crimes contra a honra - Artigos JusBrasil

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14/05/2015 Análise dos crimes contra a honra | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188045708/analise-dos-crimes-contra-a-honra?print=true 1/18
Análise dos crimes contra a honra
Por Camila Daun
Publicado por Camila Daun - 18 horas atrás
1. Calúnia (art. 138)
“Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.”.
O crime de Calúnia está contido no Capítulo V do Código Penal, que trata dos Crimes contra a Honra.
Bem Jurídico: É a honra objetiva, ou seja, a reputação, o conceito que os outros fazem a respeito da
pessoa.
A doutrina divide em duas as espécies de honra: a honra objetiva e a subjetiva. A honra objetiva está
relacionada ao que os outros pensam do indivíduo, é a reputação; e a honra subjetiva é o sentimento de
amor próprio do ser, como o indivíduo se considera perante si mesmo.
Lorencini: Honra, por sua vez, significa tanto o valor moral íntimo do homem como a estima dos outros, a
consideração social, o bom nome, a boa fama, enfim, o sentimento ou consciência da própria dignidade
pessoal refletida na consideração dos outro e no sentimento da própria pessoa.
Envolve a chamada honra subjetiva, aquela que tem por objeto a autoestima do próprio indivíduo, e a honra
objetiva, consistente na forma pela qual o indivíduo é encarado por seus pares e na sociedade. E a
imagem é a representação dos atributos físicos de alguém ou algo por intermédio de fotografias,
desenhos, meios televisivos, enfim, refere-se a todo aspecto físico da pessoa passível de percepção
visual.
Então, se por causa da calúnia a pessoa entrou em depressão ou se será encaminhada à terapia, esse
fato é secundário. Pode até considerado como uma consequência do crime para a dosimetria da pena,
mas o abalo da honra subjetiva, por si só, não configura a calúnia.
JusBrasil - Artigos
14 de maio de 2015
14/05/2015 Análise dos crimes contra a honra | Artigos JusBrasil
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Por exemplo, se o Lucas afirma que a Patrícia de apropria do dinheiro de seus clientes diretamente para
ela, não haverá calúnia, pois a honra objetiva não foi abalada, inexistindo dano direto à reputação da
Patrícia.
Se não houve lesão nem intenção de lesionar a reputação da vítima, por mais que todos os elementos
estejam preenchidos, não se configura o crime porque não houve lesão ao bem jurídico.
Tipo Objetivo: Imputar falsamente fato definido como crime.
IMPUTAR – Atribuir.
FATO – Acontecimento histórico determinado.
Para que haja calúnia é preciso que o agente narre um acontecimento, discriminando (falsamente) a
conduta da vítima como uma conduta criminosa. Assim, não configura calúnia meramente indicar que a
Patrícia é uma estelionatária (atribuição de qualidade negativa), mas configurará se Lucas narrar que
Patrícia em determinada ocasião, tomou, se apropriou indebitamente, dos bens de um de seus clientes.
Se ele afirmar que a Patrícia pega o dinheiro dos clientes para entrar com ação, mas nunca entra, tendo
efetuado isso várias vezes.
A atribuição de qualidade negativa ou a opinião negativa configuram, eventualmente, injúria e não calúnia.
Quando a pessoa simplesmente atribui um adjetivo à vítima, ainda que este adjetivo tenha caráter
criminoso, não haverá calúnia. Como no exemplo anterior, quando o Lucas diz que a Patrícia é uma
estelionatária, que é o adjetivo utilizado para as pessoas que cometem o crime de estelionato, previsto no
art. 171 do CP, não há calúnia, mas sim injúria.
Para que haja calúnia é preciso que o ator narre um fato, por mínimo que seja, ainda que sem riqueza de
detalhes. Uma vez em que mesmo que o autor narre o acontecimento histórico de forma vaga, discorre
sobre um fato e este pode ser calunioso.
DEFINIDO COMO CRIME – É preciso que o fato seja penalmente tipificado como crime.
A atribuição de fato desabonador ou tipificado como contravenção penal caracteriza difamação.
Se o Giovani disser que a Patrícia mantém relacionamentos extraconjugais, cometerá difamação, pois o
adultério pode ser considerado um fato desabonador, mas, certamente, não é um crime. Ou ainda, se o
Giovani disser que a Patrícia opera uma banca de jogos de azar, que ela trabalha como bicheira para
complementar sua renda, etc., considerando que isso é mentira, o crime praticado seria difamação, pois o
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Jogo do Bicho é contravenção penal e não um crime no sentido técnico da palavra.
E ainda, se o fato imputado for imoral, ou que, de alguma forma ruim atinja a honra objetiva da pessoa,
mas não constituir um crime, não haverá calúnia. Como ser acusado de se prostituir, por exemplo, não
constitui crime, por mais aversivo, desabonador, que seja. O fato desabonador, então é um fato que não é
contravenção nem crime, nem mero atributo negativo, e sim a atribuição de um fato imoral, desonroso,
não penalmente tipificado.
FALSAMENTE – É necessário que a imputação não corresponda a verdade. Caso contrário, se suposta
vítima de calúnia realmente tiver cometido o crime a ela imputado, não haverá crime de calúnia contra o
seu imputador, sua conduta será atípica. Pois o direito à privacidade não acoberta o direito de cometer
crimes nessa privacidade.
Haverá denunciação caluniosa se o agente imputar falsamente fato definido como crime ou contravenção
penal, dando origem a instauração de investigação policial ou processo judicial. Então, se o agente não
se limita a agredir a honra da vítima, mas imputa a ela esse crime para uma autoridade policial e a vítima
passa a ser investigada ou processada, haverá denunciação caluniosa.
Se o agente imputa falsamente um fato definido como crime ou contravenção penal, movimentando a
máquina do judiciário, existirá denunciação caluniosa, que é mais grave que a calúnia por ser um crime
contra a Administração da Justiça, de ação penal pública, nos termos do art. 339 do CP. Neste caso, a
vítima poderia ingressar com a queixa crime de calúnia, e, no curso do processo se comprovar que houve
na realidade uma denunciação caluniosa.
Como a denunciação é um crime de ação penal pública, se o juiz desclassificar a calúnia para
denunciação caluniosa haverá ilegitimidade de parte o processo será extinto, e o MP denunciará o
caluniador se assim julgar necessário, dando início a um novo processo judicial. Se há certeza de que
houve denunciação caluniosa e não calúnia, o melhor seria informar diretamente o MP, sob o risco de
atingir o prazo prescricional. Ressaltando que o próprio MP pode ser denunciado por denunciação
caluniosa.
A denunciação caluniosa diferencia-se da comunicação falsa de crime. A primeira é a imputação do crime
a uma pessoa específica, como aconteceria se a Patrícia relatasse a uma autoridade policial que o Daniel
a batera; a outra acontece quando a imputação é a uma pessoa indeterminada, se a Patrícia comunicar
que ela foi roubada, sendo que em verdade não foi, por exemplo.
Tipo Subjetivo: É o dolo, ou seja, a consciência e vontade de imputar falsamente fato definido como crime.
É necessário que a pessoa tenha consciência e vontade de imputar todas as elementares do tipo: 1)
falsamente; 2) fato; 3) definido como crime. Se uma das elementares do tipo não integrar o dolo do autor,
não haverá calúnia.
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O dolo pode ser direto ou eventual. O dolo eventual nos casos de calúnia acontece quando a pessoa não
tem certeza de que o fato imputado éfalso, e decide divulgá-lo mesmo assim, com a intensão de abalar a
honra objetiva da vítima.
Não há previsão da forma culposa.
Se o agente desconhece a falsidade da imputação, haverá erro de tipo. E como a calúnia não prevê a
forma culposa, a conduta será atípica.
Imaginem que Alvim imputa fato definido como crime a Chuck, sem saber que sua acusação é falsa,
imputando-lhe o fato por achar ser verdadeiro. Objetivamente, estão presentes os elementos da calúnia,
pois o agente imputou falsamente um fato definido como crime, mas subjetivamente não, uma vez em que
o agente acreditava ser o fato verdadeiro. É a idéia de erro de tipo, que exclui o dolo e, como a calúnia
não prevê a forma culposa, a conduta se torna atípica.
Além do dolo, é necessária a intenção específica de prejudicar a honra objetiva da vítima (elemento
subjetivo especial). Se não houver, a conduta será atípica. Tanto o dolo direto quanto o eventual
dependem desse elemento especial.
Se a Patrícia, com clara intenção de piada “animus jocandi”, diz que o Daniel bate na namorada, está
imputando falsamente fato definido como crime, está imputando a ele a prática de uma lesão corporal,
dolosamente, ou seja, com consciência de imputar falsamente um fato definido como crime, mas não há
crime, pois sua intenção não era de denegrir, e sim de brincar.
Sujeito Ativo: Qualquer Pessoa.
Sujeito Passivo: Qualquer Pessoa.
A calúnia é imputar falsamente a alguém um fato definido como crime, e a pessoa que sofre a agressão à
honra tem que ter a possibilidade de ter cometido, em tese, o crime a ela imputado. Por exemplo, não
haveria calúnia se o Daniel tivesse sido acusado de ter cometido um aborto do artigo 124, um auto-aborto,
visto que não é conhecida a gravidez do homem e ele não teria como cometer o crime nesses moldes.
A responsabilidade penal da Pessoa Jurídica é questionável e excepcional, por isso só pode existir
quando houver previsão expressa na Constituição. A CF/88 tem dois artigos falando sobre a
responsabilidade penal da pessoa jurídica, um trata dos crimes contra a ordem econômica, art. 173, § 3º,
e o outro trata dos crimes ambientais, art. 225.
Ambos os artigos necessitam de regulamentação infraconstitucional. Só que os crimes contra a ordem
econômica nunca foram regulamentados, inexistindo lei infraconstitucional que trate da sua aplicação e
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incidência. Portanto, quando se acusa uma empresa de concorrência desleal, sonegação, propaganda
enganosa, lavagem de dinheiro, etc., a acusação não é contra a pessoa jurídica, e sim contra as pessoas
físicas diretamente responsáveis. A pessoa jurídica não é responsável criminalmente por esses crimes.
No caso dos crimes ambientais, existe uma lei que regulamenta a responsabilidade penal da Pessoa
Jurídica, estabelecendo pena, progressão de regime, condutas prazos e etc. Então, hoje em dia, a pessoa
jurídica só responde por um tipo de crime, os crimes ambientais. Em todos os outros casos, a PJ pode
ser veículo para a prática de um crime, mas não figurará como réu da ação penal.
A PJ pode somente ser responsabilizada por crimes ambientais. Desta forma, somente haverá calúnia
quando for imputado à Pessoa Jurídica um crime ambiental.
Prevalece que a PJ só pode ser vítima de calúnia quando lhe for imputado um crime ambiental. Quando for
imputada outra conduta, ex. Sonegação fiscal, ficará configurado contra a pessoa jurídica crime de
difamação.
Imaginem que a Patrícia impute a empresa Zara de utilizar trabalho escravo na confecção de seus
produtos. Para as pessoas físicas envolvidas, a utilização de trabalho escravo configura crime, e essas
podem ser processadas criminalmente por isso, podendo, assim, ser alvo de calúnia nesse sentido.
A Zara não comete crime de trabalho escravo. A imputação dessa conduta à PJ pode abalar sua honra,
por ser um fato desabonado e imoral, mas não será calúnia porque não é um crime que a pessoa jurídica
Zara possa cometer. Haverá difamação.
A lei considera atípica a calúnia contra os mortos. Nesse caso, no entanto, o sujeito passivo não será o
próprio morto, mas o detentor do direito violado com o crime, os sucessores, o cônjuge, etc.
Consumação: Consuma-se quando a calúnia chegar ao conhecimento de terceiro.
Imputar exige uma comunicação, o que implica em fazer chegar uma notícia ao conhecimento de terceiro.
Por isso, o crime de calúnia se consuma quando o fato falsamente imputado como crime chega a
conhecimento de terceiro.
Como o bem jurídico da Calúnia é a honra objetiva, não há como caluniar a pessoa para ela mesma.
Ainda que a Patrícia diga ao Daniel que ele bate na namorada e ele fique chateado, ou até mesmo
deprimido, não haverá calúnia, pois não houve dano à honra objetiva dele. É preciso que o autor tenha
declarado o fato a outra pessoa, que não a vítima da calúnia.
Trata-se de crime formal que se consuma com a mera conduta, independentemente da ocorrência do
resultado visado, ou seja, o prejuízo à honra objetiva. Os crimes formais se consumam com a conduta,
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precisando de um resultado para se concretizar.
É preciso que o agente tenha imputado o fato para que esteja consumada a calúnia, mas não é preciso
que ele alcance o resultado visado, até porque o resultado é de difícil comprovação, pois não há como
comprovar em quanto a honra da pessoa foi abalada. Se se comprovar que o resultado foi extremamente
importante para o crime, ele pode ser incorporado na quantificação da pena base, mas não influi na
consumação do crime.
Quando praticado de forma unissubsistente, em um ato indivisível, não admite tentativa. Ex.: Calúnia
verbal faceaface. Já quando praticada de forma plurissubsistente, por vários atos, admite a tentativa. Ex.:
de forma escrita, como uma carta extraviada.
O fato de ser um crime formal não seria, a priori, um impedimento para a tentativa. Por exemplo, a
extorsão mediante sequestro é um crime formal e se consuma com o sequestro, independentemente da
obtenção da vantagem. Se o agente tenta sequestrar a vítima e não consegue há tentativa.
O entendimento amplamente majoritário é de que quando a calúnia é auferida verbalmente e faceaface,
não admite tentativa, porque não tem como interromper essa conduta. Ou a pessoa já disse o suficiente
para configurar o crime, ou a interrupção impede o início dos atos executórios, e a conduta.
Imputar é um ato de comunicação, para que o Alvim impute uma conduta a Belquior é necessário que o
processo de comunicação tenha sido iniciado, se o agente for interrompido antes de iniciar a prática do
processo de comunicação, está em atos preparatórios e não houve tentativa.
Imaginem que alguém piche o muro da Patrícia dizendo que ela trai o marido com os alunos. Ao pichar, o
agente fez um ato de comunicação, pois não exige mais nada para ser efetivado, basta que alguém veja.
Se a Patrícia ver antes de qualquer outra pessoa e pintar o muro, de modo a apagar a pichação, houve
uma tentativa de calúnia, pois houve um início de execução que não se concretizou por motivos alheios à
vontade do agente.
Conduta Equiparada: Incorre nas mesmas penas quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
A conduta equiparada sempre depende de uma conduta principal. Se o Lucas disser à Patrícia que a
Thaís matou o namorado dela e a Patrícia, sabendo ser mentira, divulga esse fato, também comete
calúnia. Ambos são condenados por calúnia.
Nessa figura só se admite o dolo direto. Uma vez que o agente deve ter certeza da falsidade da
imputação.O fabricante da calúnia pode agir com dolo direto ou eventual. Mas quem repassa a notícia sem ter
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certeza da sua veracidade não será punido. Isso indica que o legislador considerou menos grave repassar
uma notícia criminosa falsa do que criar esse fato.
Exceção da Verdade: É a oportunidade processual do ofensor provar que a imputação é verdadeira. O
acolhimento da exceção da verdade implica na atipicidade da calúnia.
Imaginem que a Thais acusa a Patrícia de roubar o dinheiro dos seus clientes, que ela está enriquecendo
às custas de seus clientes, e a Patrícia ingressa com ação penal contra ela. A Patrícia figurará como
querelante, que é a vítima da calúnia, e a Thais como querelada, que é a autora da calúnia.
Só que a Thais pode tentar provar que o que ela disse é verdade. Sendo a falsidade um dos elementos do
tipo, quando se prova verdadeira a imputação realizada, não há calúnia. Se a Thais conseguir provar a
existência do crime imputado à Patrícia, será absolvida do crime pela atipicidade da calúnia.
A exceção da verdade é admitida, como regra, no crime de calúnia, salvo em três situações:
Quando o ofendido já foi absolvido irrecorrivelmente do crime imputado.
Quando a pessoa já foi absolvida do crime ao qual é acusada de cometer, não faz sentido possibilitar que
se reabra a discussão e a pessoa que imputou a calúnia tente provar que a pessoa caluniada realmente
cometeu o crime.
Quando o crime imputado é de ação privada e ainda não houve condenação definitiva.
A ideia é de que se o crime é de ação penal privada, quem tem interesse em prova-lo é a vítima, a
legitimidade é da vítima em uma ação própria e não do imputador da calúnia. Se a sentença condenatória
for definitiva cabe a exceção, senão, não.
Quando o ofendido é Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro.
Então, ainda que a Patrícia acusar a Dilma de corrupção e a Dilma resolva processá-la por calúnia,
mesmo que a Patrícia possua abundante documentação comprovando a corrupção, ela não poderá utilizar
essa documentação para se defender por ter imputado o crime à Presidente.
1. Difamação (art. 139)
“Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”.
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‘Bem Jurídico – É a honra objetiva, ou seja, a reputação da vítima.
Tipo Objetivo – Imputar fato ofensivo à reputação.
FATO – Acontecimento histórico. A mera atribuição de qualidade negativa constitui injúria.
OFENSIVO À REPUTAÇÃO – Qualquer conduta considerada vexatória, imoral, ou socialmente reprovável,
desde que não seja crime.
Não se exige que a imputação seja falsa. Ainda que o fato imputado seja verdade, se for vexatório haverá
crime de difamação, pois a única coisa que se exige na difamação é que a imputação abale a reputação
da vítima.
É preciso que o autor impute um fato à vítima, acusando-a de ter cometido algo vexatório, como uma
contravenção penal, um fato desabonador ou imoral. Por exemplo, a Patrícia fala em sala de aula que o
Lucas está usando calcinha, e que ela sabe porque viu quando ele saia do banheiro. O fato de o Lucas
estar ou não usando calcinha não é crime, mas é uma afirmação que mancha a reputação dele, e, por
isso, há difamação.
A ideia é de que as pessoas precisam de um âmbito mínimo de intimidade, na qual todos possam viver
suas fantasias, ser elas mesmas, sem medo de que as outras pessoas venham a conhecer aquela
intimidade.
Como a difamação não diz respeito a fatos criminosos, o direito à intimidade prevalece sobre o direito ao
conhecimento público daqueles fatos. E, por isso, eles não podem ser divulgados nem quando
verdadeiros.
Tipo Subjetivo: É o dolo. Não há previsão de forma culposa.
Exige-se o elemento subjetivo especial consistente na intenção de prejudicar a honra objetiva da vítima.
Aqui, o elemento subjetivo é mais importante do que na calúnia, porque nesta o fato imputado tem que
ser necessariamente mentira, o que já demonstra má-fé do autor do crime. Já na difamação, como o fato
pode ser falso ou verdadeiro, sobretudo quando for verdadeiro é importante que o elemento subjetivo exista
para configurar a má-fé, a intenção de prejudicar a vítima.
Por exemplo, Patrícia flagra o marido de sua amiga com outra mulher, saindo de um motel, e conta para
ela. Objetivamente é difamação, pois é um fato que faz parte da intimidade dele. E está presente o
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elemento subjetivo quando a Patrícia conta à amiga, considerando que ela o fez para abalar a reputação
do marido perante sua esposa.
Se não houver essa intenção, como, por exemplo, no caso do “animus jocandi” ou “animo narrandi”, estará
excluído o tipo.
Nós vimos que quando é imputado à PJ um fato desabonador que não constitua crime ambiental, como o
trabalho escravo, caracterizaria difamação. Assim, se um jornalista descobre que a Zara utiliza trabalho
escravo em sua produção e divulga isso, objetivamente ele estaria cometendo difamação. Mas como a
intenção dele não é de destruir a reputação da empresa, mas informar a sociedade desse fato relevante, a
conduta dele não será tipificada.
Pela difamação não exigir que os fatos imputados sejam falsos, em contrapartida, ela exige que se prove
com mais ênfase essa intenção de prejudicar diretamente a honra da pessoa.
‘Sujeito Ativo – Qualquer pessoa.
‘Sujeito Passivo – Qualquer pessoa, inclusive a Pessoa Jurídica.
‘Consumação – Consuma-se quando chegar ao conhecimento de terceiros a informação.
Trata-se de crime formal que não exige o resultado, ou seja, o efetivo prejuízo à honra objetiva da vítima.
Só admite tentativa quando praticado de forma plurissubsistente.
Exceção da Verdade – Em regra, a difamação não admite exceção da verdade, salvo em uma situação:
Quando o ofendido é funcionário público e a ofensa diz respeito ao exercício da função.
Via de regra, como a difamação não exige que o alegado pelo autor seja falso, não existe vantagem
nenhuma de que se prove a veracidade dos fatos proferidos. A única exceção diz respeito ao funcionário
público e a ofensa diz respeito à função exercida por ele, pois considera-se que essa informação é
importante.
Imaginem que uma aluna, com a intenção de vingar-se de uma nota baixa proferida pelo professor,
começou a contar para os outros estudantes que ele mantinha relacionamento extraconjugal com outras
pessoas. Ele é professor de uma universidade pública. Nesse caso, não admite exceção da verdade, pois
a ofensa não tinha nada a ver com a função por ele exercida, mas tão somente com a vida privada dele.
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Caso a aluna dissesse que ele fazia orgias com os alunos do sexo masculino e isso interferia na notas
das alunas, há interesse público na veracidade dessa informação, justamente porque diz respeito à função
de professor exercida por ele.
1. Injúria (art. 140)
“Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.”.
Bem Jurídico – Trata-se da honra subjetiva, ou seja, o sentimento de autoestima da vítima.
Tipo Objetivo – Ofender a dignidade e o decoro.
Os doutrinadores antigos distinguiam a dignidade do decoro afirmando que este tem cunho sexual,enquanto a dignidade reúne todos os outros atributos. Chamar uma mulher de prostituta seria ofender o
decoro e de burra ofender a dignidade. Mas hoje em dia essa distinção não é levada a sério.
OFENDER – Trata-se de crime de forma livre que pode ser praticado por palavras, gestos, ruídos,
expressões, ou por omissão.
Um exemplo clássico é mostrar o dedo do meio ao outro. É importante destacar que este não é
considerado um ato obsceno, o dedo continua a ser apenas um dedo e o fato de estar sozinho não o
transforma em nada obsceno. Mas evidentemente, é um gesto que culturalmente tem um viés ofensivo.
Hungria dá como exemplo de injúria por ruídos imitar o zurro de um asno durante uma aula, imitar sons
de flatulência durante uma palestra, etc. O Dudu Nobre foi vítima de uma injúria da comissária de bordo
do avião em que se encontrava, ela começou a emitir sons de macacos perante ele, se referindo a ele
como se ele fosse um animal.
Um exemplo de injúria por expressão facial se dá quando alguém finge que está vomitando ou faz uma
cara de horror quando o outro passa perto. Até mesmo por omissão se pode humilhar uma pessoa,
imagine que a Patrícia está respondendo solicitamente às perguntas de todos durante a aula, mas ignora
completamente a pergunta do Caio, de propósito com o intuito de deixa-lo envergonhado.
Quando a injúria é praticada por palavras, não se confunde com a calúnia e com a difamação, pois não
consiste na imputação de fato, mas, no máximo, na atribuição de qualidade negativa.
Então, simplesmente dar um adjetivo à pessoa, ainda que seja ofensivo à reputação (“Burro”), ainda que
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seja um ato imoral (“Adúltero”) e até criminoso (“Ladrão, Estelionatário”), não constitui calúnia nem
difamação, constituem injúrias.
‘Tipo Subjetivo – É o dolo, ou seja, o intuito e a vontade de ofender. Não há previsão da forme culposa.
O dolo pode ser direto ou eventual e estão intimamente ligados à figura do Bullying, admitindo-se que, no
mínimo, o autor assumiu o risco de ofender a vítima.
Exige-se o elemento subjetivo especial consistente na intenção de abalar a autoestima da vítima.
Quando os homens passam muito tempo sem se ver e se encontram, costumam proferir várias palavras
que em outro contexto seriam ofensivas, mas ali, possuem um tom de brincadeira e, assim, não
constituem injúria.
Há controvérsia sobre a ofensa proferida em estado de embriaguez ou de intensa perturbação emocional.
Discute-se se as ofensas lançadas por pessoas nessas condições possuem a seriedade necessária para
configurar o crime de injúria.
A posição majoritária defende que tais situações não excluem a imputabilidade e, portanto, haverá crime.
E a posição minoritária defende que tais situações podem, no caso concreto, revelarem-se incompatíveis
com a seriedade exigida pelo elemento subjetivo do tipo.
‘Sujeito Ativo – Qualquer pessoa.
‘Sujeito Passivo – Qualquer pessoa, desde que tenha capacidade de entender a ofensa.
Como o crime de injúria é um crime contra a honra subjetiva, o sentimento de autoestima da pessoa, se a
pessoa não tem capacidade de entender a ofensa, não há dano à autoestima, tornando essa calúnia um
crime impossível.
Se você ofender alguém em língua estrangeira, sempre com um sorriso na face, e a pessoa não entender
o idioma, haverá crime impossível, pois a pessoa não tinha meios de ter sua autoestima abalada.
‘Consumação – Consuma-se quando a ofensa chegar ao conhecimento da própria vítima.
Trata-se de crime formal que se consuma independentemente do resultado, ou seja, do efetivo abalo à
honra subjetiva.
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Digamos que alguém adentre a sala de aula, ofenda incessantemente a Patrícia, mas ela não se abala, e
resolva processar mesmo assim, para efeitos didáticos, ela pode, pois não se exige o resultado lesão à
autoestima. É uma injúria consumada.
Só admite tentativa quando praticado de forma plurissubsistente.
Exceção da Verdade – Nunca admite a exceção da verdade.
Perdão Judicial – O juiz poderá deixar de aplicar a pena em duas hipóteses.
“§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.”.
Retorção Imediata – Acontece quando uma pessoa ofende a outra e aquela, no mesmo momento, a
ofende de volta. Por exemplo, se Patrícia ofende Marcos, e este imediatamente a ofende de volta, Marcos
será agraciado com o perdão judicial, pois sua conduta é a reação a uma situação injusta.
Em caso de injusta provocação da vítima – Imaginem que alguém provoque, que a pessoa fique batendo
na cadeira da pessoa da frente sem parar, se essa pessoa da frente injuriar a outra, receberá o perdão
judicial, porque sua conduta foi motivada pela injusta provocação da vítima.
Injúria Real
“§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio
empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.”.
Trata-se de forma qualificada de injúria. Ocorre sempre que, para ofender, o agente utiliza violência, ou
vias de fato, que, pela sua natureza, ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes.
A injúria real é a injúria que se serve de uma forma física de expressão.
Vias de fato constitui contravenção penal que consiste na aplicação de força física que não resulte em
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lesão. Ex.: Bufetada que deixe a vermelhidão no local atingido.
Violência, no sentido utilizado pelo artigo, constitui a força física que provoque lesão.
Tanto a lesão quanto às vias de fato são condutas autônomas que constituem injúria real quando forem
proferidas com o objetivo específico de ofender, humilhar. Um exemplo disso aconteceu em uma
universidade no interior de São Paulo, intitulada de “Rodeio das Gordas”, que consistia em montar as
gordas e verificar quem conseguia ficar mais tempo em cima delas como se elas fossem gado, com a
evidente intenção de humilhar.
Quando a injúria real for praticada com violência, as penas referentes à lesão corporal serão somadas.
Quando a injúria real for praticada com vias de fato, a contravenção penal das vias de fato fica absorvida
pela injúria real e o autor é punido apenas por injúria real, nos termos do art. 140 do CP.
Mas quando for praticada com violência, por determinação do próprio código, o agente será punido por
ambos os crimes, o legislador impõe o concurso material de crimes, mediante a soma das penas da
injúria real e da lesão decorrente dela.
Injúria Preconceituosa
“§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa.”.
Trata-se de hipótese de injúria qualificada em que, para ofender, são utilizados elementos de raça, cor,
etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou deficiente.
Quando para ofender uma pessoa determinada o agente utiliza elementos de raça, cor, etnia, religião,
origem, condição de pessoa idosa ou deficiente, existe uma injúria qualificada.
Trata-se de rol taxativo, de forma que a ofensa que utilize outros elementos consistirá em injúria simples.
Essa lei foi inspirada nos ditames europeus, onde os problemasde xenofobia são graves e amplamente
propagados, mas no Brasil, não faz muito sentido, dificilmente se encontra uma ofensa contra uma etnia,
ou algo do tipo.
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Agora, as ofensas referentes à classe social, opção sexual, representação estética, amplamente
propagadas no Brasil, não constituem injúria qualificada, mas apenas injúria simples.
A injúria qualificada difere do crime de racismo, pois nela a intenção é ofender uma pessoa determinada.
No racismo, a intenção é induzir, incitar, ou praticar discriminação em relação a toda uma categoria de
pessoas (Raça, cor, etnia, religião, ou procedência nacional – Lei nº 7.716/89).
Ofender uma pessoa determinada, ainda que se referisse a toda a raça dessa pessoa, se o escopo é
ofender àquela pessoa há injúria preconceituosa e não racismo. Seria racismo, por exemplo, culpar os
judeus por todo o ocorrido durante o holocausto.
A diferença desse induzir, incitar ou praticar a discriminação do racismo e a injúria, é que esta tem como
sujeito passivo uma pessoa determinada, a utilização desses meios é para ofender pessoas determinadas.
Imaginem que a Patrícia obste a entrada de todos os alunos negros, chineses e judeus em sua aula.
Nesse caso, haverá racismo. Mas se ela barrar uma pessoa específica e justificar utilizando critérios de
raça, etc., haverá injúria qualificada.
É importante destacar que se ela barrasse todas as pessoas gordas, pobres ou homossexuais, de
frequentar a sua aula, incitando a discriminação, sua conduta seria atípica, posto que não é abrangida
nem pelo racismo, nem pela injúria.
Ainda que a pessoa se sinta pessoalmente ofendida, como a discriminação não foi dirigida a uma pessoa
específica, mas a toda a classe de pessoas com aquelas características, não há crime, pois a injúria
exige que a ofensa seja proferida para ofender uma pessoa específica.
O entendimento majoritário é de que a injúria real e a preconceituosa não admitem o perdão judicial,
porque muito mais grave, salvo se a retorção for do mesmo tipo da injúria sofrida. Ou seja, se a pessoa
sofreu uma injúria real e imediatamente a retorce, ensejaria no perdão judicial.
1. Disposições Gerais dos Crimes contra a Honra (art. 141 a 145).
As disposições gerais abrangem os três crimes contra a honra: a calúnia, a difamação e a injúria.
Causas de Aumento de Pena
“Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
cometido:
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I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
em dobro.”.
A pena é aumentada em 1/3 quando o crime for praticado contra o Presidente da República, ou contra
chefe de governo estrangeiro; contra funcionário público, em razão da função; na presença de várias
pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria; ou, ainda, quando o
crime for praticado contra pessoa maior de 60 anos ou portador de deficiência, salvo no crime de injúria
(na injúria essa circunstância já é uma qualificadora).
E a pena será aplicada em dobro quando praticada mediante paga ou promessa de recompensa.
Quando houver mais de uma causa de aumento, o juiz poderá aplicar somente a que mais aumente.
Causas de Exclusão de Crime
“Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção
de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá
publicidade.”.
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Pela letra da lei, percebe-se que as causas de exclusão do crime se aplicam apenas à difamação e à
injúria, e não se aplicam à calúnia. Se a conduta constituir calúnia, o crime existe de qualquer jeito.
Quando a conduta do agente constituir difamação ou injúria e ele estiver respaldado por uma das
hipóteses do art. 142, não haverá crime, pois exclui-se a tipicidade.
No caso do inciso II, a crítica é contra a exposição artística da pessoa e não a ela como ser, então essa
crítica não pode ser considerada injuriosa ou difamatória, salvo se houver inequívoca intenção de ofender a
pessoa do artista.
Haverá uma sentença de absolvição.
Retratação
“Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
isento de pena.”.
Trata-se de causa de exclusão da punibilidade decorrente do ato de desdizer o que foi dito. No caso da
retratação, o crime existiu, mas foi-lhe retirada a punibilidade.
Na calúnia e na difamação, a retratação pode ser feita até a sentença extingue a punibilidade.
Caberá apenas nos crimes em que for imputado um fato à vítima, então, só será possível quando a
conduta for tipificada como difamação ou calúnia.
Não cabe na injúria.
Imaginem que um sujeito na iminência de ser condenado desdiz o que imputou à vítima. Haverá retratação
e o crime existirá, mas não será punível, pois extinta a punibilidade.
A retratação independe de aceitação da vítima.
Mesmo que a vítima não queria, se o juiz considerar que a retratação foi cabal e suficiente para recompor
a honra objetiva da vítima, que é o bem jurídico lesado, o crime não será punível.
A retratação é como se fosse uma reparação objetiva do dano, por isso, independe do sentimento da
vítima em relação a ela.
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Haverá declaração de extinção da punibilidade, que não é uma absolvição, o processo é arquivado.
Pedido de Explicações em Juízo
“Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as
dá satisfatórias, responde pela ofensa.”.
É válido para todos os crimes contra a honra.
Quando as frases ou expressões utilizadas pelo autor do crime forem dúbias, quem sentiu-se ofendido
pode, antes de ingressar com a queixa-crime, pedir explicações em juízo.
O pedido de explicações em juízo é um procedimento cautelar de colheita da prova para futuramente, se
for o caso, a vítima ingressar com a queixa-crime. É um instrumento de colheita de prova.
Imaginem que alguém diga que a Patrícia é uma excelente advogada, honestíssima com os clientes, e a
Bruna faça uma cara feia para a afirmação, de maneira duvidosa. Somente com a careta da Bruna não se
poderá ingressar com a queixa-crime, por isso é interessante pedir explicações sobre a expressão facial
dúbia dela para que esta sirva como prova.
O pedido de explicações não é obrigatório e ele tem sempre como objetivo clarear as informações dúbias,permitindo que a ação penal seja mais consistente.
Ação Penal
“Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput
do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo,
bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.”.
A regra é que os crimes contra a honra sejam crimes de ação penal privada, mas existem exceções, nas
quais a ação penal será pública.
Quando houver lesão corporal (Injúria Real com violência, art. 140, § 2º) a ação penal passa a ser pública
incondicionada.
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Quando o crime for cometido contra a honra do Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro
(art. 141, I) a ação penal será pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
Quando o crime for cometido contra funcionário público em razão da função (art. 141, II, e Súmula 714 do
STF) a legitimidade é concorrente, podendo a ação penal ser pública condicionada à representação da
vítima ao MP, quanto privada, mediante queixa-crime.
Quando se verificar a Injúria Preconceituosa (art. 140, § 3º) a ação penal será pública condicionada à
representação.
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