Buscar

Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa - Artigos JusBrasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 1/13
Análise dos crimes contra a liberdade e do crime
de rixa
Por Camila Daun
Publicado por Camila Daun - 18 horas atrás
Crimes contra a Liberdade
O capítulo VI do Título I da Parte Especial do Código Penal trata dos Crimes contra a Liberdade. Os
crimes contra a liberdade tem três seções: Crimes contra a Liberdade Pessoal, Crimes contra a
Inviolabilidade de Domicílio, Crimes contra a Inviolabilidade de Correspondência.
Em abril de 2013 foi incluído na seção dos Crimes contra a Inviolabilidade de Correspondência a violação
de computadores.
São quatro crimes contra a liberdade pessoal: o constrangimento ilegal, a ameaça, o sequestro e a
redução à condição análoga a de escravo.
1. Ameaça (art. 147).
“Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-
lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.”.
‘Bem Jurídico – É a liberdade psíquica da vítima.
Imaginem que um juiz federal que acabou de condenar quatro pessoas é ameaçado de morte. Cada
atividade dele estará restrita ao medo de que a ameaça se concretize. O medo tolhe a liberdade psíquica
do indivíduo e, por isso, é o bem jurídico protegido pela ameaça.
O grande problema da ameaça é a angústia que a promessa do mal gera. É uma lesão à tranquilidade.
JusBrasil - Artigos
14 de maio de 2015
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 2/13
Tipo Objetivo – Ameaçar alguém de um mal injusto e grave por meio de palavras, gestos, ou outro meio
simbólico.
Trata-se de crime de forma livre que pode ser praticado por qualquer modo, desde que idôneo a causar
temor.
A ameaça pode ser feita com palavras, expressões, gestos, ou mesmo com o silêncio. O outro meio
simbólico que a doutrina trata se refere a uma mensagem que transmita medo à vítima, por exemplo,
encontrar em cima da sua mesa no escritório um passarinho morto, com a cabeça arrancada.
Não é necessário que o agente tenha a intenção ou a possibilidade de concretizar a ameaça, basta que
ela pareça verossímil para a vítima.
Então, se uma pessoa ameaçar fazer uma macumba para a vítima nunca mais arranjar um namorado,
dependerá de como a vítima interpreta essa atividade religiosa. Se a vítima for bastante supersticiosa e
ficar assustada, configura o crime de ameaça.
Ainda que cientificamente não seja comprovável e fosse uma bobagem da vítima em acreditar, o crime não
exige que seja um meio concreto, passível de realização, mas que a ameaça pareça ser possível no
entender da vítima.
O mal ameaçado deve ser injusto. Ameaçar revelar os atos ilícitos praticados por alguém não configura o
delito.
Imaginem que um casal tenha praticado um ato ilícito juntos e, para influenciar na partilha dos bens no
processo de separação, o ex-marido ameaça a ex-mulher de delatar isso à autoridade competente. Não
há crime de ameaça, pois ameaçar relatar a uma autoridade pública o cometimento de um ato ilícito não
é um mal injusto.
Juridicamente, a pessoa está se beneficiando de uma conduta ilícita anterior, então não é um mal injusto.
E, como não há mal injusto, não há crime de ameaça.
A ameaça é uma prática que pode ser o crime autônomo de ameaça, do artigo 147, e pode ser elemento
de outros tipos. Em todos os crimes que tem como a ameaça como elementar do tipo, só se exige que
ela seja grave e não injusta.
Imaginem que Tadeu pratica um ato de pedofilia, que é crime, e Gisele o chantageie, exija dinheiro diante
da grave ameaça de revelar isso à polícia. Nesse caso, a ameaça trata de um mal indubitavelmente justo
ao Tadeu, mas configura o crime de extorsão porque a Gisele está se utilizando desta grave ameaça para
adquirir vantagem injusta. Não é que a ameaça seja de um mal injusto, a ameaça é de um mal justo. Só
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 3/13
que a Gisele está usado a grave ameaça para conseguir uma vantagem injusta, de forma indevida.
A ameaça só exige que o mal seja injusto para o crime autônomo de ameaça (art. 147). Para configurar
outros delitos que tem como elementares do tipo a ameaça, não é necessário que o mal seja injusto, só
grave.
É necessário que o mal seja grave, ou seja, capaz de infundir grande temor.
O mal será grave quando capaz de infundir um grande temor à vítima. Deve ser considerado de acordo
com o sentimento ético-social compartilhado pela comunidade, não sendo considerada grave uma ameaça
completamente fora do senso geral.
Por outro lado, é preciso analisar as circunstâncias do caso concreto, porque é possível que a vítima se
sinta ameaçada de modo que essa ameaça possa significar para ela um mal grave.
A ameaça velada é de difícil comprovação, mas também é criminosa. Por exemplo, as pessoas da máfia
enviavam peixes em aquários para as vítimas. As vítimas, sabendo que o recebimento do peixe era uma
ameaça de morte, tinham sua liberdade psíquica tolhida.
Há controvérsia sobre se o mal prometido deve ser futuro ou pode ser imediato. Existem duas posições:
O mal pode ser futuro ou imediato, pois a lei não distingue.
O entendimento majoritário é de que o mal tem que ser futuro, sob pena de não haver ofensa ao bem
jurídico tutelado pelo crime.
O problema é que o bem jurídico é a lesão à tranquilidade da pessoa e, quando o autor já cumpre o
proposto na ameaça, não existe o sentimento da espera que o mal possa vir a se concretizar, mão há
lesão à liberdade psíquica da pessoa.
Os códigos estrangeiros trazem uma diferenciação na dosagem da pena de ameaça de acordo com o grau
de perturbação sofrida pela vítima. No Brasil, qualquer ameaça possui a mesma pena, seja ela de
reprovação, seja de morte com requintes de crueldade. A gravidade da perturbação é considerada na
aplicação da pena-base, de acordo com o art. 59.
Tipo Subjetivo – É o dolo. Não há previsão da forma culposa.
O dolo é a intenção séria, refletida, consciente, direcionada a causar terror.
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 4/13
Quanto à ameaça proferida em estado de cólera ou embriaguez, há duas posições:
Há crime, pois segundo o artigo 28 do CP, a emoção e a paixão, bem como a embriaguez não acidental,
não excluem a culpabilidade.
A situação deve ser avaliada de acordo com o caso concreto. Há hipóteses em que o estado de cólera e
embriaguez são incompatíveis com o dolo exigido pelo tipo. É a posição mais sensata.
Sujeito Ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito Passivo – Qualquer pessoa.
Consumação – Trata-se de crime formal que se consuma com a mera conduta de ameaçar, ainda que não
haja o resultado.
Para existir a ameaça é preciso que ela tenha o poder de deixar a vítima com medo, mas não é preciso
que ela concretamente deixe a pessoa com medo e, muito menos, exigir a comprovação de que a vítima
se sentiu ameaçada.
Apesar disso, admite-se a tentativa quando a ameaça não chegar ao conhecimento da vítima. Pode
acontecer quando o crime praticado de forma plurissubjetiva.
Ação Penal – A ação penal é pública condicionada à representação.
“Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.”.
1. Constrangimento Ilegal (art. 146).
“Art. 146 - Constranger alguém,mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela
não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.”.
Bem Jurídico – Liberdade física e psíquica.
No delito de ameaça, a conduta do agente tolhe a liberdade psíquica da vítima, a sua tranqüilidade,
impedindo-a de viver livremente por medo de que a ameaça proferida se concretize.
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 5/13
O constrangimento ilegal é diferente, a vítima é obrigada a fazer ou deixar de fazer uma coisa
determinada, por meio de ameaça grave. Então, por força da elementar ameaça, há lesão à liberdade
psíquica e, por força da obrigatoriedade de fazer ou deixar de fazer a coisa, há também lesão à liberdade
física da vítima.
Tipo Objetivo – Constranger mediante violência, grave ameaça ou outro meio que impossibilite a
resistência, a fazer o que a lei não manda, ou a não fazer o que a lei permite.
CONSTRANGER – Traz intrínseca a idéia de obrigar a pessoa a fazer algo que ela não quer fazer.
O crime pode ser praticado com violência própria, imprópria, bem como grave ameaça.
VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA – Outro meio que impossibilite a defesa da vítima, a vítima perde a capacidade
de resistir.
A doutrina utiliza como exemplo de um meio que impossibilite a defesa da vítima a ingestão do chamado
“soro da verdade”, que é uma droga que impede que a pessoa tenha freios, estimulando-a a dizer coisas
que ela não queria dizer.
VIOLÊNCIA PRÓPRIA – Lesão Corporal.
Neste delito não se exige que a ameaça seja de um mal injusto, basta que seja grave.
Imaginem que a Patrícia saiba que a Joana praticou um crime, e ameaça contar à polícia se a Joana não
dançar o quadradinho de oito em cima da mesa da sala de aula. Ainda que a conduta de contar à polícia
gere um mal justo à Joana, o fato de a Patrícia ter utilizado a ameaça para obrigar a Joana a fazer o que
ela mandara constitui constrangimento ilegal.
O injusto no crime de constrangimento ilegal é obrigar a pessoa a fazer alguma coisa que ela não quer
fazer, ou obrigá-la a não fazer algo que ela poderia fazer normalmente.
Para o constrangimento é preciso que a vítima seja obrigada a fazer ou deixar de fazer coisa determinada,
direcionando o agir da vítima.
Se a Patrícia disser ao Paulo: “Nunca mais apareça na faculdade ou eu te mato!”, existe um
constrangimento ilegal e não uma ameaça. Justamente porque a Patrícia não está tolhendo apenas a
liberdade psíquica da vítima, como também a sua liberdade de ir e vir.
O constrangimento é mais grave do que a simples ameaça. A ameaça realizada pelo autor não interfere
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 6/13
apenas na tranquilidade da vítima, mas também na sua conduta. Existe um direcionamento no agir da
vítima.
Muitas vezes o constrangimento é realizado através de uma ameaça, e é importante diferenciar a
elementar ameaça do constrangimento do delito autônomo de ameaça do art. 147. No constrangimento
existe um propósito específico, o autor ameaça a vítima com o intuito de constrangê-la, de obrigá-la, de
compeli-la, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
No constrangimento ilegal a vítima é obrigada a fazer algo que a lei não obriga ou deixar de fazer algo que
a lei permite.
Se a vítima não puder realizar a sua conduta, não há constrangimento ilegal. A vítima tem de estar
amparada pela lei, se a sua conduta não estiver de acordo com a lei o constrangimento de adequar a sua
conduta à lei não é ilegal.
Para que haja constrangimento ilegal é preciso que a lei esteja do lado da vítima. Obrigar alguém a fazer
algo que a lei não manda (ex.: dançar o quadradinho de oito) e obrigar alguém a não fazer algo que a lei
não permite (ex.: parar de fumar em local aberto).
Se a pessoa estiver fumando maconha na área aberta em frente ao prédio de direito, ela está fazendo algo
que a lei não permite, por isso, obrigá-la a apagar o cigarro não constitui constrangimento ilegal.
Constranger alguém a não praticar atos imorais configura o crime. Já constranger alguém a não praticar
atos ilícitos não configura o crime.
Imaginem que um irmão obriga a irmã a não praticar a prostituição. Ele a está constrangendo a não
praticar o ato imoral de vender o corpo em troca de remuneração, e como a conduta dela é meramente
imoral, existirá constrangimento ilegal no caso apresentado.
Por outro lado, se o ato for ilícito, a pessoa que constrange outra a não praticá-lo não comete o crime de
constrangimento ilegal. Ex.: Mãe prende o filho em casa ao descobrir que ele iria participar de um
assalto.
Tipo Subjetivo – É o dolo. Não há previsão da forma culposa.
Não se exige nenhum elemento subjetivo especial.
Trata-se de crime subsidiário que pode constituir elemento de outro tipo penal de acordo com a intenção
específica. Ex.: extorsão (constranger mediante violência ou grave ameaça com o intuito de obter indevida
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 7/13
vantagem econômica); estupro (constranger mediante violência ou grave ameaça à conjunção carnal ou
outro ato libidinoso).
Sujeito Ativo – Qualquer pessoa (Crime Comum).
Sujeito Passivo – Qualquer pessoa.
Consumação – Só se consuma quando a vítima fizer ou deixar de fazer aquilo a que foi constrangida
(Crime Material).
Admite tentativa.
Se a vítima não fizer o que o autor a constrangeu, por razões alheias à vontade dele, existirá a tentativa
de constrangimento ilegal. Assim, supondo que a Patrícia ameace a Joana a realizar o quadradinho de
oito, sob pena de reprovação, e a Joana não fizer, haverá tentativa de constrangimento ilegal.
Causas de Aumento
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
A pena será aplicada em dobro quando o crime for praticado com arma, qualquer tipo de arma, seja ela
própria ou imprópria (objeto que não tem como finalidade precípua o ataque ou a defesa, mas que pode
ser utilizado com potencial vulnerante – ex.: garrafa); ou quando for praticado por mais de 3 pessoas, um
mínimo de 4 pessoas contando com o autor (não é um crime de quadrilha).
Pena
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
A pena é de 3 meses a 1 ano, somada à pena da violência (Lesão Corporal).
Se o crime é praticado com violência, aqui entendida como sinônimo de lesão corporal, o agente será
punido pelo constrangimento e pela lesão. E se o crime é praticado com grave ameaça, a ameaça é
absorvida pelo constrangimento.
A violência é aquilo que machuca, a grave ameaça não machuca. Por exemplo, apontar a arma para a
cabeça de uma pessoa é grave ameaça, porque o simples fato de a arma estar apontada para a cabeça
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 8/13
da pessoa não gera a lesão necessária para a caracterização da violência.
Causas de Exclusão do Tipo
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se
justificada por iminente perigo devida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
A posição majoritária defende que exclui o tipo, então não há crime.
Quando a coação é realizada para evitar o suicídio ou quando a intervenção médica é necessária nos
casos de risco de vida para o paciente, não há constrangimento ilegal.
1. Rixa (art. 137).
“Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.”.
O Capítulo IV do CP tem apenas um crime, que é justamente o crime de rixa previsto no art. 137. A rixa
causa uma perturbação à paz pública, mas o entendimento majoritário, partindo de uma interpretação
sistemática do Código Penal, é de que o crime de rixa tutela a vida e a saúde.
Embora não esteja no capítulo dos crimes contra a vida e a saúde, a rixa atinge, em primeiro lugar, a vida
e a saúde, uma vez em que havendo uma briga generalizada, as pessoas podem se machucar.
Bem Jurídico: Trata-se da vida e da saúde das pessoas.
Tipo Objetivo: Participar de rixa, salvo para separar os contendores.
RIXA - É a briga que envolve agressão física.
A rixa pode envolver a violência na forma de lesões corporais, ou na de vias de fato, que é uma
contravenção penal onde o dano é pouco menor do que a lesão. As condutas que são realizadas com
força física, mas não provocam lesão corporal, são catalogadas como vias de fato. E para caracterizar o
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 9/13
crime de rixa é necessário o embate físico, se os agentes se agredirem apenas verbalmente, não haverá
rixa ainda. Haverá rixa apenas quando houver uma lesão corporal ou uma via de fato.
A corrente majoritária exige um contato físico para gerar a situação de briga do crime de rixa. Mas alguns
doutrinadores defendem que existe a possibilidade de gerar essa situação de briga generalizada apenas
com o confronto físico, como aconteceria no lançamento de objetos. É a idéia de que as pessoas não
precisam se bater, chegar a um contato físico, quando o lançamento de objetos que machuquem é
suficiente para causar o tumulto.
Quando duas pessoas brigam, sabe-se perfeitamente quem praticou cada escoriação e lesão. Então, se
Patrícia e Lucas brigam, terminando Lucas todo estourado e Patrícia com alguns arranhões, sabe-se
perfeitamente que as lesões do Lucas foram causadas pela Patrícia e que as lesões da Patrícia foram
causadas pelo Lucas, podendo eles serem punidos pelos danos causados pelo outro.
Como o bem jurídico tutelado é a vida ou a saúde, pune-se a briga porque uma briga pode vir a machucar
pessoas. Se as pessoas já estão machucadas e se sabe exatamente quem causou o dano a cada
pessoa, elas responderão pelo resultado da briga (o dano), e não pela briga em si.
Agora, supondo que o Alexandre entre na briga da Patrícia com o Lucas, não há como saber quem foi o
causador de cada dano ocorrido. Se o Lucas sair com um olho roxo, quem disferiu o golpe motivador
desse dano foi o Alexandre ou a Patrícia? Não há como saber.
Para punir lesões corporais é preciso ter um mínimo de prova de autoria, e numa situação de briga, às
vezes se torna difícil a produção de provas. Essa situação era uma lacuna no direito brasileiro até a
década de 1940, pois na rixa não se sabe quem praticou qual resultado, ficando impune a conduta que
levou ao resultado percebido.
Em 1940, o legislador resolveu criar o crime de rixa para suprir a lacuna até então existente no nosso
ordenamento. A rixa só faz sentido quando o tumulto impede que se saiba quem fez o que, pois num
tumulto onde se saiba quem fez o que, punir-se-á cada agente pelo dano resultante de sua conduta.
Supondo que de um tumulto várias pessoas saiam machucadas, inclusive algumas mortas, sem haver
meios de saber quem foi o responsável por aquele resultado. Até o advento desse crime, não se punia
ninguém nem pela briga, nem pelas mortes, porque não se poderia verificar adequadamente a autoria e
ninguém seria punido.
~A rixa exige no mínimo três pessoas, mesmo que algumas delas sejam inimputáveis. Lembrando que a
inimputabilidade tem a ver com possibilidade da imposição de pena e não com a possibilidade de
participação no tumulto.
Imaginem, então, que a Patrícia e o Alexandre combinem de acertar o Lucas, por qualquer motivo. Haverá
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 10/13
rixa? Não, pois existem dois polos na briga, inexistindo a relação de tumulto uma vez em que a autoria é
bem definida.
Se há dois grupos coesos e bem definidos, mesmo que envolvendo mais de duas pessoas, não haverá
crime de rixa.
Quando duas ou mais pessoas combinam de bater em outra/outras, tem-se concurso de pessoas, que,
segundo a teoria monista, considera os autores como se fossem uma pessoa só, por existir a unidade
entre os seus desígnios. Então, se essas pessoas começarem a brigar, todas as lesões percebidas nas
vítimas serão provocadas por todas elas em concurso, como se um único indivíduo fossem, respondendo
igualmente pelo mesmo resultado.
Assim, quando há uma colisão entre dois grupos coesos não há rixa, pois se considera da mesma forma
como se apenas duas pessoas estivessem brigando. Todos os danos provocados em um grupo seriam
causados pelo outro e vice-versa. Nesses termos não faz sentido o crime de rixa, e o MP denunciará os
participantes pelos resultados verificados.
A partir do momento em que existirem muitas pessoas e que essas pessoas estiverem unidas em
concurso de pessoas, a unidade deverá ser considerada como uma pessoa só. Tal unidade só se cria
quando há unidade de desígnios, a unidade de intenções dessas pessoas, tendo todos que estar de
acordo com o que será praticado. Aí, não haverá mais uma multidão tumultuada, considerando-a como se
um único indivíduo fosse.
Na vida prática, perceber essa idéia de unidade de desígnios num grupo é algo muito difícil, salvo
situações excepcionais em que se percebe sua coesão e definidos, o que normalmente se dá em grupos
muito pequenos. A briga entre as torcidas de um time deixa clara essa dificuldade.
Por exemplo, ainda durante o jogo as torcidas do Corinthians e do Palmeiras começam a brigar e um dos
corintianos acaba por matar um palmeirense. Não se pode dizer que a torcida corintiana inteira está
agindo em concurso de pessoas, que existe ali uma unidade de desígnios, e nem que todos podem ser
responsabilizados pelo dano sofrido na outra torcida.
A briga de torcida pode começar com dois grupos aparentemente definidos, mas não há a coesão
necessária para caracterizar o concurso de pessoas. Numa situação dessas, na prática, haverá rixa. Se
for possível identificar o autor do homicídio, este será punido por homicídio e os outros serão punidos por
ter participado da rixa.
PARTICIPAR – Quem efetivamente participa da briga é autor do crime de rixa. Quem induz, instiga ou
auxilia é partícipe do crime de rixa.
Ou seja, quem pratica a conduta de participar de uma rixa é autor do crime de rixa. E quem instiga, induz
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 11/13
ou auxilia a formação de uma rixa, ou que alguém dela participe, é partícipe no crime de rixa. Ou seja, o
partícipe é quem participa induzindo, instigando ou auxiliando outrem a participar, a integrar, uma briga
generalizada, de uma rixa.
As pessoas que incentivam a rixa responderão por ela da mesma forma quanto as que efetivamentemantiveram o embate físico, pois são partícipes do crime de rixa. É a participação na participação do
autor na rixa.
SEPARAR OS CONTENDORES – Não pratica rixa quem ingressa apenas para separar os contendores,
quem está participando da contenda.
A pessoa não pode se envolver na rixa, sua intenção ao entrar no meio da briga deve ser exclusivamente
de separar quem está brigando. Na teoria, uma pessoa poderia se envolver na rixa para separar a título de
legítima defesa, não sendo esta uma tese muito aceita considerando, justamente, a dificuldade em
comprová-la.
Por exemplo, se uma pessoa vê o irmão apanhando numa rixa, percebe que os agressores o estão
machucando e entra no meio, atingindo os combatentes que batiam em seu irmão para tirá-lo dali, em
tese, existiria a legítima defesa de terceiro. O problema da legítima defesa no crime de rixa está na
colheita de provas, e, pior, sendo a legítima defesa uma excludente de ilicitude, o ônus da prova caberia
ao agente de provar tanto que agiu em legítima defesa, quanto da ausência de excesso.
Então, em tese, se o autor entrou na briga com o intuito de separá-la pratica fato atípico. E se o autor
entrou na briga para bater com o objetivo de defender alguém pratica um fato típico, o crime de rixa, mas
estaria amparado pela legítima defesa.
Na prática, tudo isso é muito difícil de provar. A rixa tem como característica a dificuldade probatória, o
que enseja numa presunção de que quem não está combatendo, está instigando, etc.
Tipo Subjetivo: É o dolo. Não há previsão da forma culposa.
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (Crime Comum).
Trata-se de crime plurissubjetivo, ou de concurso necessário, que é o crime pelo qual o agente não pode
praticar sozinho. Nesse caso, exige-se um mínimo de três pessoas participando da briga.
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, inclusive os próprios participantes da rixa.
Os participantes da rixa são, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo do crime. São sujeito ativo
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 12/13
da conduta que praticam e sujeito passivo da conduta que sofrem.
Consumação: Consuma-se com a efetiva ocorrência da briga e o entendimento majoritário é de que admite
tentativa. Um exemplo disso se dá quando os contendores estão preparados para iniciar a briga e são
surpreendidos pela polícia (a briga não pode ter se iniciado). O crime de rixa exige o contato físico para
se consumar, sendo a iminência desse contato considerada tentativa.
‘Forma Qualificada: A pena abstrata do crime de rixa é de 15 dias a 2 meses. E passa a ser de 6 meses
a 2 anos quando dela resultar lesão grave ou morte.
“Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.”.
Todos os participantes da rixa, inclusive a vítima da lesão grave (a vítima da morte é inimputável),
responderão por rixa qualificada.
Imaginem que se inicie um tumulto e um dos participantes saia com o olho furado. Todos os participantes
responderão pela rixa qualificada pela lesão grave, inclusive a vítima que sofreu a perfuração no olho.
O pensamento por trás da punição pelo resultado da lesão grave ou a morte de um dos participantes é de
que o grau de agressividade da rixa é intenso o suficiente para gerar o perigo do resultado. O fato de a
vítima ter prestado uma contribuição ao participar do tumulto, da briga, colaborou com a intensidade da
agressividade dela. A vítima contribuiu para que se instaurasse ou se intensificasse uma situação de
violência tão grande que deu origem a uma lesão grave em alguém, que fatalmente, foi ela mesma.
O artigo 137, § único, é acusado por parte da doutrina de ser um resquício medieval e intolerável de uma
responsabilidade penal objetiva, que independe de dolo ou culpa. Uma visão mais consciente da doutrina
afirma que quando houver um aumento imprevisível do grau de agressividade durante a rixa, não incidiria a
qualificadora da rixa.
Por exemplo, se dois grupos estão combatendo utilizando apenas da sua força física, de maneira,
inclusive não muito violenta, e, um ou alguns integrantes, repentinamente sacam armas, ou outros objetos,
para disferir os golpes, a qualificadora não incidiria para todos os integrantes da rixa.
Porém, a letra da lei determina que todos os participantes da rixa respondem pela forma qualificada se
dela provier o resultado lesão, ou o resultado morte de um dos integrantes. A idéia é que os agentes
participaram de um embate tão violento que provocou a morte, ou lesionou gravemente alguém, não
importando se o lesionado foi a própria vítima, seu inimigo, seu amigo, irmão, desavença, etc.
O crime de rixa é um crime de perigo que poderia ter colocado, tal como efetivamente colocou, todos os
14/05/2015 Análise dos crimes contra a liberdade e do crime de rixa | Artigos JusBrasil
http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-crime-de-rixa?print=true 13/13
participantes numa situação de perigo. O fato de um dos participantes ter sofrido um resultado mais
gravoso é apenas um sintoma da periculosidade decorrente da exacerbada violência ocorrida.
Entende-se que todos que da rixa participaram corriam risco de matar ou morrer, por isso a lesão ou a
morte gera rixa qualificada para todos. Para aquele que foi identificado como autor do resultado da lesão
ou da morte, existe, além do crime de perigo, um crime de dano contra uma pessoa específica.
Se o autor da lesão grave ou morte puder ser identificado, este responderá também pelo delito de
homicídio ou lesão corporal, conforme o caso (Lesão grave/homicídio + Rixa).
A doutrina majoritária defende que o autor responde pela rixa QUALIFICADA, mais o delito que gerou o
resultado. O homicídio pode ser doloso ou culposo (matou a pessoa porque quis, ou porque do golpe ela
caiu e bateu com a cabeça).
Parte da doutrina, à qual se engloba a Professora Patrícia, entende que tal imposição provoca “bis in
idem”. A solução estaria em imputar a rixa simples combinada com o homicídio ou a lesão grave.
O fato de o autor do dano ter sido identificado não isenta ou atenua ou abranda a responsabilidade dos
outros de terem colaborado para uma situação tão grave assim, respondendo os outros contendores,
então, por rixa qualificada.
Imaginem que um policial ingressa na balburdia e tem que atirar em alguém para se defender, ou para
defender outra pessoa. Teoricamente, o policial poderia alegar em seu próprio favor a legítima defesa
própria, ou de terceiro. A legítima defesa que socorre o homicida, vai também excluir a qualificadora
incidente sobre o crime de rixa?
A posição majoritária defende que não, não exclui a incidência da qualificadora, permanecendo a rixa na
sua forma qualificada. Porque a legítima defesa vai amparar, ou justificar, os motivos que levaram o agente
a matar, mas não vai justificar, por outro lado, o motivo da participação dos outros em situação tão
violenta que foi necessário matar alguém.
A legítima defesa, então, ampara o ato de matar, o homicídio, mas não ampara a rixa, e nem a
qualificadora da rixa.
Disponível em: http://cdaun.jusbrasil.com.br/artigos/188048418/analise-dos-crimes-contra-a-liberdade-e-do-
crime-de-rixa

Outros materiais