Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Climatério Objetivos: 1. Compreender o climatério (etiologia, epidemiologia, fisiologia, quadro clinico) *osteopenia X osteoporose; O climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, caracterizado por uma gama de modificações endócrinas, biológicas e clínicas, compreendendo parte da menacme até a menopausa. Essa, por sua vez, é definida como o último período menstrual, identificado retrospectivamente após 12 meses de amenorreia. O intervalo, do início dos sintomas de irregularidade menstrual até o final do primeiro ano após a menopausa, é chamado de perimenopausa. A menopausa é um evento fisiológico e inevitável que ocorre devido ao envelhecimento ovariano e sua consequente perda progressiva de função. Usualmente, ocorre de forma natural no final da quarta e início da quinta década de vida (Armeni et al., 2016), com variações devidas a diferenças étnicas, regionais, ambientais e comportamentais, como o tabagismo. A idade média geral da menopausa no mundo foi descrita como 48,78 anos, variando entre 46 e 52 anos. A menopausa antes dos 40 anos de maneira espontânea ou artificial é chamada de menopausa precoce. Epidemiologia: Segundo o DATASUS 1990, aproximadamente 4,7 milhões de mulheres no Brasil estavam na faixa etária ente 50 e 59 anos, já em 2012, esse dado aumentou para 9,8 milhões. Em um estudo de base populacional realizado no sudeste do Brasil com mulheres entre 45 e 60 anos, 32% encontravam- se na pré ou perimenopausa e 68% estavam na pós- menopausa. A média de idade de ocorrência da menopausa foi de 46,5 ± 5,8 anos (Lui Filho et al., 2015). Mais de 80% das mulheres pós-menopáusicas reportam ao menos um sintoma relacionado a esse período, sendo os vasomotores os mais comuns (Avis et al., 2015). Patogenia: É um evento ovariano secundário à atresia fisiológica dos folículos primordiais; Pode ter ocorrência natural ou artificial; O processo de atresia folicular é irrecuperável e ininterrupto, independentemente de situações como gravidez ou de períodos de anovulação; A transição menopausal é caracterizada pela irregularidade do ciclo menstrual devido à variabilidade hormonal e ovulação inconstante; Enquanto houver folículos suficientes, a ovulação ainda é mantida e os níveis de estradiol permanecerão dentro da normalidade. A contínua perda da reserva folicular diminui os níveis de estradiol que não são mais suficientes para estimular o pico de hormônio luteinizante (LH), encerrando, assim, os ciclos ovulatórios. Sem a ovulação propriamente dita, não há produção de corpo lúteo e consequentemente de progesterona, além de os níveis de estradiol não serem suficientes para estimular o endométrio, levando à amenorreia (Burger et al., 2008; Hale et al., 2014); AMH, marcador do número de folículos ovarianos em crescimento, diminui para níveis indetectáveis na pós-menopausa; A mulher pós-menopáusica não é totalmente desprovida de estrogênio, que segue sendo sintetizado em níveis muito menores. No ovário, a produção de estradiol é quase nula. Já, por meio da aromatização periférica da androstenediona no tecido adiposo, a produção da estrona é mantida e, mesmo em pequenas concentrações circulantes, passa a ser o principal estrogênio na pós-menopausa. Quanto à progesterona, não há mais produção (Practice Committee of American Society for Reproductive Medicine, 2008; Burger et al., 2008; Hale et al., 2014). Consequências do hipoestrogenismo (quadro clinico): Alterações no ciclo menstrual: A queixa mais frequente na transição menopausal é a irregularidade menstrual, com alteração na intensidade do fluxo, na duração ou frequência da menstruação. Essa irregularidade reflete os ciclos anovulatórios cada vez mais comuns e, por consequência, as alterações no padrão de secreção tanto do estrogênio quanto da progesterona tendem a se iniciar com encurtamento dos ciclos e progredir para períodos de amenorreia cada vez mais longos até a parada total. A amenorreia prolongada é característica da deficiência de estrogênio. O padrão de fluxo menstrual também pode variar, sendo comum ocorrer sangramento aumentado (Burger et al., 2008). Nessa fase, o desenvolvimento de patologias orgânicas como miomas e pólipos é favorecido e, nos casos de sangramento uterino intenso, é mandatória a investigação e exclusão de patologias endometriais, com atenção às hiperplasias endometriais e ao carcinoma de endométrio (Burger et al., 2008; Sobrac/NAMS, 2015; Green e Santoro, 2009). Sintomas vasomotores; Fogachos e suores noturnos, referido por 80% das mulheres, comum na transição menopausal e pós- menopausa inicial. Além do impacto negativo na qualidade de vida, os sintomas vasomotores parecem estar associados ao aumento de risco cardiovascular, ósseo e cognitivo (Panel TNHTPSA, 2017). A fisiopatologia exata do fogacho não é conhecida. Mas sabe-se que a redução dos níveis séricos estrogênicos provoca alterações em neurotransmissores cerebrais causando instabilidade no centro termorregulador hipotalâmico, tornando-o mais sensível a pequenos aumentos de temperatura corporal. A duração média dos sintomas vasomotores a partir da transição menopausal é de 7,4 anos, e 4,5 anos desse total são vivenciados no período pós- menopáusico. O tempo varia conforme a etnia, e o melhor preditor independente para a duração dos sintomas vasomotores e tempo de sintomas pós- menopausa é o início dos fogachos em estágios precoces da transição menopausal (Avis et al., 2015). Alterações no sono; Devido a flutuações hormonais; Episódios noturnos de fogachos aumentam o número de despertares noturnos, contribuindo para um sono de menor qualidade. Alterações no humor; Os sintomas depressivos são relatados por 65% a 89% das mulheres que buscam atendimento no período do climatério. O mecanismo responsável pelo aumento do risco ainda é desconhecido, porém a variação dos níveis séricos de estrogênio parece estar mais associada com efeitos depressivos do que com a própria concentração hormonal absoluta (Sobrac/NAMS, 2015; Bromberger et al., 2010). As mudanças evidentes desse período, a perda da capacidade reprodutiva e o próprio envelhecimento propiciam distúrbios psicológicos associados, que também podem contribuir para o quadro depressivo ou ansiolítico (Sobrac/NAMS, 2015; Jaeger et al., 2018). Alterações cognitivas; Na perimenopausa, 44% das mulheres reportam esquecimento; curiosamente, na perimenopausa tardia e na fase pós-menopausal esse percentual cai para 41%. No menacme, 31% das mulheres apresentam essa queixa. Também há queixas de piora na perda de memória verbal, processamento rápido das informações e demência (Maki e Henderson, 2016). Sabe-se que o estrogênio tem papel modulatório nos sistemas neurotransmissores, influenciando o desempenho nas tarefas de aprendizagem e memória. Sua ação no hipocampo e lobo temporal também já é conhecida (Maki e Henderson, 2016). Parece que o efeito da deficiência estrogênica na memória e outras funções cognitivas não são permanentes nas mulheres após menopausa natural. Alterações em pele e fâneros; O padrão de distribuição da gordura passa de ginecoide para androide, propiciando o acumulo na região abdominal. A quantidade de gordura visceral também aumenta. Declínio de colágeno e espessura da pele, com ênfase para os primeiros cinco anos após a menopausa, resultando num aumento de flacidez, e das rugas e diminuição da elasticidade da pele. O cabelo passa a ser mais fino e pode aumentar o padrão de queda relacionada à transição menopausal e o status pós-menopáusico. Alterações atróficas; A síndrome geniturinária da menopausa (SGM), também conhecida por atrofia vulvovaginal (AVV), compreendealterações histológicas e físicas da vulva, vagina e trato urinário baixo devidas à deficiência estrogênica. É uma condição comum que acomete quase metade das mulheres na menopausa (Nappi e Palacios, 2014) e tem caráter progressivo se o tratamento adequado não for imposto, afetando a saúde, a sexualidade e a qualidade de vida das mulheres acometidas (Kaunitz e Manson, 2015; Nappi e Kokot-Kierepa, 2012). O quadro atrófico decorre dos baixos níveis sistêmicos do estrogênio. O envelhecimento também parece contribuir para o quadro, porém seu papel ainda não está bem claro (Sobrac/NAMS, 2015; Palacios, 2009). A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e a pele está mais fina e plana, com rarefação dos pelos. Os pequenos lábios perdem tecido e pigmentação; quando intensa, a atrofia pode resultar em coalescência labial. A vagina passa a ser mais curta e estreita, diminuindo suas rugosidades, principalmente na ausência de atividade sexual. O epitélio vaginal torna-se fino, e a lubrificação resultante de estímulo sexual está prejudicada em decorrência da diminuição da secreção glandular. Também se apresenta bastante friável, com sangramento ao toque e vulnerável a traumas. O pH vaginal está alcalino, reduzindo o número de lactobacilos na flora, propiciando infecções e vaginite atrófica. A uretra é hiperemiada e proeminente (Sobrac/NAMS, 2015). Essas alterações anatômicas resultam em sintomas genitais (ressecamento, ardência e irritação), sintomas sexuais (ausência de lubrificação, desconforto ou dor – dispareunia, piora da função sexual) e sintomas urinários (urgência miccional, disúria, infecções recorrentes do trato urinário, piora da incontinência urinária preexistente) (Portman et al., 2014). Devido à deficiência estrogênica, o agravamento das distopias genitais é facilitado (Palacios, 2009). Alterações ósseas e articulares; A osteoporose é uma doença sistêmica caracterizada pela diminuição da densidade óssea e alterações em sua microarquitetura, levando à fragilidade e predispondo a fraturas por baixo impacto (Radominski et al., 2017; NIH, 2001). O equilíbrio entre formação e reabsorção óssea está afetado, resultando em perda de massa óssea de forma acelerada. O hipoestrogenismo tem papel importante nesse mecanismo (NIH, 2001). Sua importância está na altíssima frequência em que ocorre e nas graves consequências relacionadas às fraturas osteoporóticas – altos custos, dor crônica, deformidades, limitações na mobilidade, consequências psicológicas e morte (Radominski et al., 2017). Aos 50 anos, 1/3 das mulheres terão uma fratura. Sua prevalência e incidência aumentam de forma exponencial com a idade (Cosman et al., 2014). Existem outros fatores de risco envolvidos além do status menopausal: sexo feminino, idade avançada, etnia branca ou oriental, baixo IMC, história pessoal ou familiar de fratura, baixa densidade mineral óssea (DMO), uso de glicocorticoide oral, tabagismo, abuso de bebidas alcoólicas, sedentarismo e baixa ingestão de cálcio (Radominski et al., 2017). As fraturas mais comuns nas mulheres pós- menopáusicas são do rádio distal (fratura de Colles), coluna vertebral e do fêmur proximal (Radominski et al., 2017). Alterações cardiovasculares e metabólicas; Os principais fatores de risco para DCV incluem a presença de aterosclerose de grandes vasos, história familiar de DCV, hipertensão arterial (HAS), tabagismo, diabetes e a chamada síndrome metabólica (SM) – obesidade central, resistência à insulina, hipertrigliceridemia e dislipidemia (Lobo, 2008). No período pós-menopáusico, devido ao hipoestrogenismo, o perfil hormonal das mulheres passa a ser androgênico e a prevalência da SM aumenta, o que pode explicar de forma parcial o aumento da incidência de DCV após a menopausa. Devido ao novo perfil hormonal, perde-se a atividade protetora do estrogênio para eventos endoteliais e há o desenvolvimento de componentes da SM. Observa- se aumento da adiposidade central (intra-abdominal), mudança para um perfil lipídico e lipoproteico mais aterogênico, com o aumento da concentração de colesterol total à custa da lipoproteína de baixa densidade (LDL), dos triglicerídeos (TG) e da redução de lipoproteína de alta densidade (HDL), o principal preditor para eventos isquêmicos cardíacos. Também se observa aumento da glicemia e dos níveis de insulina. A transição menopáusica por si só é fator de risco para a síndrome, independentemente de idade, hábitos de vida e composição corporal (Panel TNHTPSA, 2017; Wender et al., 2014; Baber et al., 2016). 2. Entender a diferença entre climatério e menopausa; A menopausa é a última menstruação, que ocorre em torno dos 48 aos 50 anos em média. Já o climatério é a fase da vida da mulher antes e depois da menopausa, que é marcada por variações hormonais que provocam uma série de sinais e sintomas característicos. Climatério: período de modificação no padrão menstrual e os primeiros anos sem menstruação. Menopausa: o último período menstrual na vida de uma mulher. Perimenopausa: período antes da menopausa, onde a menstruação se altera, até um ano após a última menstruação. Pós-menopausa: período que começa um ano após a última menstruação. 3. Entender o diagnóstico do climatério (Exames laboratoriais e densitometria óssea); O diagnóstico do climatério é clínico, não havendo necessidade de dosagens hormonais para confirmá-lo quando há irregularidade menstrual ou amenorreia e quadro clínico compatível. Porém, níveis de FSH acima de 40 mUI/mL e estradiol (E2) menores do que 20 pg/mL são característicos do período pós- menopáusico (Practice Committee of American Society for Reproductive Medicine, 2008; Sobrac/NAMS, 2015). Considera-se uma relação com o climatério em mulheres à partir de 40 anos com alterações menstruais, sintomas vasomotores ou queixas vaginais. Anamnese: • Ciclo: regularidade, a mudança de comprimento, quantidade de perda de sangue, última menstruação. • Sintomas vasomotores (ondas de calor e ataques noturnos de suor): natureza, frequência, quando e o curso. • Sintomas vaginais: irritação, coceira, secura, dispareunia, secreções. • Outros sinais ou sintomas que a mulher atribui ao climatério. • História médica: operações em útero e/ou região adnexal, endometriose, radioterapia abdominal, quimioterapia. • Contracepção. • Sinais de uso problemático de álcool, transtornos de ansiedade, hipertireoidismo. • Medicação que pode causar sintomas vasomotores, como vasodilatadores, tamoxifeno e antidepressivos. • Incômodo das queixas e influência no funcionamento e sexualidade. • Auto-cuidado e auto-medicação. • Fatores psicossociais, tais como trabalho, tarefas de cuidados, suporte encontrado no meio da paciente, significado do encerramento da vida reprodutiva. Quando a terapia hormonal é considerada: • fatores de risco cardiovascular, como tabagismo, doença cardiovascular, histórico familiar de doença cardiovascular; • presença de tromboembolismo venoso, trombofilia (também na família); • fatores de risco para o câncer de mama, tais como história familiar, câncer de mama anterior, radioterapia torácica anterior (ver diretriz Diagnóstico de câncer de mama). Exame físico e exames adicionais • Em sintomas vaginais: inspecionar vulva e mucosa da vagina (cor, vulnerabilidade, secreções). • Quando a terapia hormonal está sendo considerada: medir a pressão arterial e determinar a glicose e espectro de lipídios. • Sob indicação: teste de gravidez (excluir a gravidez), Hb (em sangramento intenso e prolongado), TSH (suspeita de hipertireoidismo). Avaliação • Sintomas do climatério: sintomas vasomotores ou sintomas de atrofia vaginal em mulheres ≥ 40 anos com mudança nos períodos menstruais ouamenorréia. • Considerar outras causas de sintomas vasomotores (problema com o etilismo, ansiedade, hipertireoidismo, efeito adverso de medicação), sintomas vaginais (líquen escleroso, problemas sexuais, infecções vaginais) ou sangramento vaginal irregular (patologia do colo do útero, anomalias do endométrio; ver diretriz Sangramento vaginal). 4. Explicar a conduta terapêutica utilizada no climatério (terapia hormonal, alternativas satisfatórias TVP) *critérios, risco X benefício. Terapia Hormonal (TH) Os dados sobre uso de TH com o objetivo de melhorar a função cognitiva ou prevenir sua piora são oriundos de diversos estudos observacionais e deixam questionamentos. Há controvérsias quanto aos benefícios da TH na cognição em mulheres na pós- menopausa recente; a TH iniciada próxima à transição menopausal parece reduzir o risco de doença de Alzheimer em mulheres saudáveis. Contudo, o uso de TH apenas com intuito de melhorar a função cognitiva não está indicado. Além disso, iniciar a TH em mulheres com idade superior aos 65 anos parece aumentar o risco de demência, não melhora o desempenho cognitivo e não previne a doença de Alzheimer. Não há dados conclusivos comparando os tipos de TH e seus efeitos no sistema nervoso central (Panel TNHTPSA, 2017; Wender et al., 2014; Baber et al., 2016). Na última década, apesar das inúmeras controvérsias, a TH é considerada o tratamento mais eficaz para os sintomas vasomotores decorrentes da falência ovariana, e os benefícios superam os riscos para a maioria das mulheres sintomáticas com menos de 60 anos de idade ou dentro do período de 10 anos da pós-menopausa (de Villiers et al., 2016). Os riscos e benefícios da TH diferem entre as mulheres durante a transição da menopausa em comparação com aquelas mais velhas (Baber et al., 2016). O início da TH em mulheres com mais de 10 anos de pós-menopausa pode associar-se ao aumento no risco de doença cardiovascular (DCV). Entretanto, se iniciada na peri e pós-menopausa inicial, a TH pode diminuir o risco cardiovascular, conceito conhecido como “janela de oportunidade” (Baber et al., 2016; de Villiers et al., 2016; North American Menopause Society, 2017). A prescrição da TH exige a existência da clara indicação e a ausência de contraindicações (Baber et al., 2016). Benefícios: Sintomas vasomotores o TH é considerada o tratamento mais efetivo para essas mulheres no alivio desses sintomas; o Atualmente recomenda-se a menor dose efetiva e pelo menor período de tempo necessário. Atrofia vulvovaginal o As terapias de primeira linha para sintomas leves incluem hidratantes vaginais e lubrificantes; o A terapêutica estrogênica promove o crescimento celular vaginal, a maturação celular e a recolonização com lactobacilos, aumenta o fluxo sanguíneo vaginal, diminui o pH vaginal para os valores da menacme, melhora a espessura e a elasticidade vaginal e a resposta sexual, com repercussões positivas para a saúde vaginal e sexual (North American Menopause Society, 2017). Perda de massa óssea o TH é eficaz na prevenção de perda óssea associada à menopausa e na redução de incidência de todas as fraturas relacionadas à osteoporose, incluindo fraturas vertebrais e de quadril; o A TH foi eficaz em manter ou melhorar a densidade mineral óssea (DMO), com acréscimo médio de 6,8% na DMO da coluna lombar e de 4,1% no colo de fêmur em dois anos Sintomas geniturinários o Redução do risco de recorrência de episódios de infecções urinarias por paciente ao ano; Função sexual o A TH sistêmica ou estrogenioterapia local pode melhorar a satisfação sexual por aumentar a lubrificação vaginal, o fluxo sanguíneo e a sensibilidade da mucosa vaginal e melhorar a dispareunia; Sistema Cardiovascular o TH tem potencial para melhorar o risco cardiovascular por meio dos seus efeitos benéficos sobre a função vascular, os níveis lipídicos e o metabolismo da glicose. Diabetes o Com o uso de TH, a incidência de diabetes diminuiu cerca de 40%, com níveis mais baixos de glicose em jejum e hemoglobina glicada. Qualidade de Vida Na avaliação dos benefícios e riscos da TH, o tempo de manutenção do tratamento deve ser considerado de acordo com os objetivos da prescrição e com os critérios de segurança na utilização (Baber et al., 2016). O uso de TH é uma decisão individualizada em que a qualidade de vida e os fatores de risco, como idade, tempo de pós-menopausa, e risco individual de tromboembolismo, de DCV e de câncer de mama, devem ser avaliados (Wender et al., 2014). O momento do início da TH, a dose e a via de administração têm importante papel na tomada de decisão. Em uma reanálise do estudo WHI, as mulheres que apresentaram maiores benefícios com o uso de TH foram aquelas com idade entre 50 e 59 anos ou com menos de 10 anos de pós-menopausa. Esses benefícios incluíram a redução da incidência de DCV e da mortalidade geral (Rossouw et al., 2007). Riscos: Câncer de Mama o Diferentes regimes de TH podem estar associados ao aumento da densidade mamária, o que pode obscurecer a interpretação mamográfica, levando a mais mamografias ou mais biópsias de mama (North American Menopause Society, 2017). O aumento do risco de câncer de mama associado ao TH é pequeno e estimado em menos de 0,1% ao ano, ou seja, uma incidência absoluta de menos de um caso por 1.000 mulheres por ano de uso (Baber et al., 2016; de Villiers et al., 2016). Tromboembolismo venoso o O risco familiar de DCV, de AVC e de TEV deve ser considerado ao se iniciar a TH o Não há evidência de risco aumentado de TEV com uso de baixa dose de estrogênio via vaginal empregado no tratamento da atrofia vulvovaginal. o Embora raro em mulheres até 60 anos de idade, o risco relacionado à TH para eventos tromboembólicos venosos graves aumenta com a idade e está associado positivamente com obesidade e trombofilias (Baber et al., 2016). o Na via oral, o efeito do metabolismo de primeira passagem hepática do estrogênio pode, potencialmente, resultar em alterações hemostáticas pró-trombóticas, o mesmo não sendo observado em usuárias de estrogênio por via não oral (Goodman, 2012; Lowe et al., 2001). Doença da vesícula biliar o A colelitíase, a colecistite e a colecistectomia ocorrem mais frequentemente em mulheres que usam estrogenioterapia por via oral, presumivelmente pelo efeito hepático da primeira passagem após a ingestão oral. Os estrogênios aumentam a secreção e a saturação do colesterol biliar, promovem a precipitação do colesterol na bile e reduzem a motilidade da vesícula biliar, com aumento da cristalização biliar (Cirillo et al., 2005). Desaconselhar o tratamento hormonal em: • tabagismo e/ou uso de medicação anti- hipertensiva ou para baixar o colesterol, após infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral; • após tromboembolismo venoso (TEV), trombofilia, ou história familiar de TEV; • aumento do risco de câncer de mama ou a presença de tumores hormôniodependentes, como câncer de mama ou câncer de endométrio (mesmo em remissão); • insuficiência hepática grave ou icterícia durante a gravidez; • endometriose. Terapias não hormonais: Terapias comportamentais Atividade física apresenta muitos benefícios para saúde, por isso recomenda-se fortemente, mas os dados ainda são inconsistentes. o Tecnicas psicocorporais o Acupuntura É um tratamento complementar ou isolado para reduzir os sintomas vasomotores e melhorar a qualidade de vida. Alimentos e fitomedicamentos o Perda de peso pode diminuir os sintomas vasomotores o Isoflavonas – soja. Estudo com suplementação de equol e resveratrol mostram melhora de alguns sintomas climatéricos e da qualidade de vidaapós 12 semanas de tratamento (Davinelli et al., 2017). Terapias medicamentosas não hormonais o Inibidores seletivos da receptação da serotonina (ISRSs) e Inibidores seletivos da receptação da serotonina e norepinefrina (IRSNs) Antidepressivos; Os principais antidepressivos estudados para tratamento não hormonal das ondas de calor cujos resultados têm mostrado alguma eficácia incluem os ISRSs, como a paroxetina, escitalopram, citalopram e sertralina, e os IRSNs, como a venlafaxina e a desvenlafaxina. Metanálises recentes indicam que paroxetina, citalopram, escitalopram, venlafaxina e desvenlafaxina são os mais efetivos, reduzindo em 65% a frequência e a severidade das ondas de calor (Handley e Williams, 2015), enquanto a fluoxetina e a sertralina parecem ser menos efetivas ou com eficácia duvidosa (Handley e Williams, 2015; Shams et al., 2014). o Venlafaxina A redução nas ondas de calor foi de 37%, 61% e 61%, respectivamente, enquanto no grupo placebo foi de apenas 27%, porém com maior incidência de efeitos colaterais como boca seca no grupo que recebeu doses mais elevadas, de 75 e 150 mg por dia de venlafaxina (Loprinzi et al., 2000). o Desvenlafaxina: Ensaio clínico randomizado, controlado com placebo, avaliou a eficácia e a segurança de duas diferentes doses de desvenlafaxina, 100 e 150 mg, em comparação com o placebo. Foram tratadas 458 mulheres na pós-menopausa e, após 12 semanas de tratamento, observou-se redução no número de ondas de calor de 65,4% e 66,6% com as diferentes doses, comparado a 50,8% no grupo placebo. O número de despertares noturnos também foi significativamente reduzido durante o tratamento com desvenlafaxina (Archer et al., 2009). o Paroxetina Entre os ISRSs, a paroxetina tem mostrado ser um dos mais eficazes para o tratamento das ondas de calor (Handley e Williams, 2015; North American Menopause Society, 2015; Stubbs et al., 2017). A paroxetina é o único antidepressivo aprovado para tratamento das ondas de calor pelo Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos, na dose de 7,5 mg por dia (North American Menopause Society, 2015; Stubbs et al., 2017; Rada et al., 2010). Essa dose é inferior às utilizadas para tratamento de distúrbios psiquiátricos. O estudo de Stearns et al. (2005) comparou doses de 10 e 20 mg de paroxetina com placebo. A paroxetina 10 mg reduziu a frequência de ondas de calor em 40,6% em comparação com 13,7% para o placebo. A paroxetina 20 mg reduziu a frequência de ondas de calor em 51,7% em comparação com 26,6% para o placebo. Para mulheres com sintomas de ondas de calor severos a moderados que não desejam ou tenham contraindicação para TH, algumas terapias não hormonais mostram eficácia moderada no alívio dos sintomas. Os antidepressivos e a gabapentina são os mais eficazes, entretanto a escolha precisa ser individualizada, conforme a preferência e o perfil da paciente, iniciando-se com a menor dose disponível. Para mulheres sintomáticas com câncer de mama em uso de tamoxifeno, a paroxetina e a fluoxetina não devem ser usadas, por diminuírem a eficácia do tamoxifeno. Devido à grande variedade de compostos, estudos sobre a eficácia dos fitoestrogênios apresentam resultados controversos, sendo necessários mais estudos para comprovar sua eficácia para tratar os SVMs. Derivados da daidzeína e equol-derivados podem apresentar alguma eficácia. Outros fitomedicamentos como Glycine max Merr (soja), o Trifolium pratense e a Actaea racemosa ou black cohosh não apresentem eficácia significativa. Medidas comportamentais como terapias cognitivo- comportamentais, prática de ioga, hipnose clínica, acupuntura e exercícios ainda têm mostrado eficácia limitada, não sendo recomendadas. A perda de peso pode diminuir os sintomas vasomotores. Referências: http://www.sbmfc.org.br/wp- content/uploads/media/NHG%2052%20Climat%C3%A 9rio.pdf Febrasgo - Tratado de Ginecologia http://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/media/NHG%2052%20Climat%C3%A9rio.pdf http://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/media/NHG%2052%20Climat%C3%A9rio.pdf http://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/media/NHG%2052%20Climat%C3%A9rio.pdf
Compartilhar