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P4 Mt2 Pr4 - Climatério

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Climatério 
Objetivos: 
1. Compreender o climatério (etiologia, 
epidemiologia, fisiologia, quadro clinico) 
*osteopenia X osteoporose; 
O climatério é a fase de transição entre o período 
reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, 
caracterizado por uma gama de modificações 
endócrinas, biológicas e clínicas, compreendendo 
parte da menacme até a menopausa. Essa, por sua 
vez, é definida como o último período menstrual, 
identificado retrospectivamente após 12 meses de 
amenorreia. O intervalo, do início dos sintomas de 
irregularidade menstrual até o final do primeiro ano 
após a menopausa, é chamado de perimenopausa. 
A menopausa é um evento fisiológico e inevitável que 
ocorre devido ao envelhecimento ovariano e sua 
consequente perda progressiva de função. 
Usualmente, ocorre de forma natural no final da 
quarta e início da quinta década de vida (Armeni et 
al., 2016), com variações devidas a diferenças étnicas, 
regionais, ambientais e comportamentais, como o 
tabagismo. 
A idade média geral da menopausa no mundo foi 
descrita como 48,78 anos, variando entre 46 e 52 
anos. A menopausa antes dos 40 anos de maneira 
espontânea ou artificial é chamada de menopausa 
precoce. 
Epidemiologia: Segundo o DATASUS 1990, 
aproximadamente 4,7 milhões de mulheres no Brasil 
estavam na faixa etária ente 50 e 59 anos, já em 2012, 
esse dado aumentou para 9,8 milhões. Em um estudo 
de base populacional realizado no sudeste do Brasil 
com mulheres entre 45 e 60 anos, 32% encontravam-
se na pré ou perimenopausa e 68% estavam na pós-
menopausa. A média de idade de ocorrência da 
menopausa foi de 46,5 ± 5,8 anos (Lui Filho et al., 
2015). Mais de 80% das mulheres pós-menopáusicas 
reportam ao menos um sintoma relacionado a esse 
período, sendo os vasomotores os mais comuns (Avis 
et al., 2015). 
Patogenia: 
 É um evento ovariano secundário à atresia 
fisiológica dos folículos primordiais; 
 Pode ter ocorrência natural ou artificial; 
 O processo de atresia folicular é irrecuperável 
e ininterrupto, independentemente de 
situações como gravidez ou de períodos de 
anovulação; 
 A transição menopausal é caracterizada pela 
irregularidade do ciclo menstrual devido à 
variabilidade hormonal e ovulação 
inconstante; 
 Enquanto houver folículos suficientes, a 
ovulação ainda é mantida e os níveis de 
estradiol permanecerão dentro da 
normalidade. A contínua perda da reserva 
folicular diminui os níveis de estradiol que 
não são mais suficientes para estimular o pico 
de hormônio luteinizante (LH), encerrando, 
assim, os ciclos ovulatórios. Sem a ovulação 
propriamente dita, não há produção de corpo 
lúteo e consequentemente de progesterona, 
além de os níveis de estradiol não serem 
suficientes para estimular o endométrio, 
levando à amenorreia (Burger et al., 2008; 
Hale et al., 2014); 
 AMH, marcador do número de folículos 
ovarianos em crescimento, diminui para 
níveis indetectáveis na pós-menopausa; 
 A mulher pós-menopáusica não é totalmente 
desprovida de estrogênio, que segue sendo 
sintetizado em níveis muito menores. No 
ovário, a produção de estradiol é quase nula. 
Já, por meio da aromatização periférica da 
androstenediona no tecido adiposo, a 
produção da estrona é mantida e, mesmo em 
pequenas concentrações circulantes, passa a 
ser o principal estrogênio na pós-menopausa. 
Quanto à progesterona, não há mais 
produção (Practice Committee of American 
Society for Reproductive Medicine, 2008; 
Burger et al., 2008; Hale et al., 2014). 
Consequências do hipoestrogenismo (quadro clinico): 
 
 Alterações no ciclo menstrual: 
A queixa mais frequente na transição menopausal é a 
irregularidade menstrual, com alteração na 
intensidade do fluxo, na duração ou frequência da 
menstruação. Essa irregularidade reflete os ciclos 
anovulatórios cada vez mais comuns e, por 
consequência, as alterações no padrão de secreção 
tanto do estrogênio quanto da progesterona tendem 
a se iniciar com encurtamento dos ciclos e progredir 
para períodos de amenorreia cada vez mais longos até 
a parada total. A amenorreia prolongada é 
característica da deficiência de estrogênio. O padrão 
de fluxo menstrual também pode variar, sendo 
comum ocorrer sangramento aumentado (Burger et 
al., 2008). 
Nessa fase, o desenvolvimento de patologias 
orgânicas como miomas e pólipos é favorecido e, nos 
casos de sangramento uterino intenso, é mandatória a 
investigação e exclusão de patologias endometriais, 
com atenção às hiperplasias endometriais e ao 
carcinoma de endométrio (Burger et al., 2008; 
Sobrac/NAMS, 2015; Green e Santoro, 2009). 
 Sintomas vasomotores; 
Fogachos e suores noturnos, referido por 80% das 
mulheres, comum na transição menopausal e pós-
menopausa inicial. 
Além do impacto negativo na qualidade de vida, os 
sintomas vasomotores parecem estar associados ao 
aumento de risco cardiovascular, ósseo e cognitivo 
(Panel TNHTPSA, 2017). 
A fisiopatologia exata do fogacho não é conhecida. 
Mas sabe-se que a redução dos níveis séricos 
estrogênicos provoca alterações em 
neurotransmissores cerebrais causando instabilidade 
no centro termorregulador hipotalâmico, tornando-o 
mais sensível a pequenos aumentos de temperatura 
corporal. 
A duração média dos sintomas vasomotores a partir 
da transição menopausal é de 7,4 anos, e 4,5 anos 
desse total são vivenciados no período pós-
menopáusico. O tempo varia conforme a etnia, e o 
melhor preditor independente para a duração dos 
sintomas vasomotores e tempo de sintomas pós-
menopausa é o início dos fogachos em estágios 
precoces da transição menopausal (Avis et al., 2015). 
 Alterações no sono; 
Devido a flutuações hormonais; 
Episódios noturnos de fogachos aumentam o número 
de despertares noturnos, contribuindo para um sono 
de menor qualidade. 
 Alterações no humor; 
Os sintomas depressivos são relatados por 65% a 89% 
das mulheres que buscam atendimento no período do 
climatério. O mecanismo responsável pelo aumento 
do risco ainda é desconhecido, porém a variação dos 
níveis séricos de estrogênio parece estar mais 
associada com efeitos depressivos do que com a 
própria concentração hormonal absoluta 
(Sobrac/NAMS, 2015; Bromberger et al., 2010). 
As mudanças evidentes desse período, a perda da 
capacidade reprodutiva e o próprio envelhecimento 
propiciam distúrbios psicológicos associados, que 
também podem contribuir para o quadro depressivo 
ou ansiolítico (Sobrac/NAMS, 2015; Jaeger et al., 
2018). 
 Alterações cognitivas; 
Na perimenopausa, 44% das mulheres reportam 
esquecimento; curiosamente, na perimenopausa 
tardia e na fase pós-menopausal esse percentual cai 
para 41%. No menacme, 31% das mulheres 
apresentam essa queixa. Também há queixas de piora 
na perda de memória verbal, processamento rápido 
das informações e demência (Maki e Henderson, 
2016). 
Sabe-se que o estrogênio tem papel modulatório nos 
sistemas neurotransmissores, influenciando o 
desempenho nas tarefas de aprendizagem e memória. 
Sua ação no hipocampo e lobo temporal também já é 
conhecida (Maki e Henderson, 2016). 
Parece que o efeito da deficiência estrogênica na 
memória e outras funções cognitivas não são 
permanentes nas mulheres após menopausa natural. 
 Alterações em pele e fâneros; 
O padrão de distribuição da gordura passa de 
ginecoide para androide, propiciando o acumulo na 
região abdominal. A quantidade de gordura visceral 
também aumenta. 
Declínio de colágeno e espessura da pele, com ênfase 
para os primeiros cinco anos após a menopausa, 
resultando num aumento de flacidez, e das rugas e 
diminuição da elasticidade da pele. 
O cabelo passa a ser mais fino e pode aumentar o 
padrão de queda relacionada à transição menopausal 
e o status pós-menopáusico. 
 Alterações atróficas; 
A síndrome geniturinária da menopausa (SGM), 
também conhecida por atrofia vulvovaginal (AVV), 
compreendealterações histológicas e físicas da vulva, 
vagina e trato urinário baixo devidas à deficiência 
estrogênica. É uma condição comum que acomete 
quase metade das mulheres na menopausa (Nappi e 
Palacios, 2014) e tem caráter progressivo se o 
tratamento adequado não for imposto, afetando a 
saúde, a sexualidade e a qualidade de vida das 
mulheres acometidas (Kaunitz e Manson, 2015; Nappi 
e Kokot-Kierepa, 2012). O quadro atrófico decorre dos 
baixos níveis sistêmicos do estrogênio. O 
envelhecimento também parece contribuir para o 
quadro, porém seu papel ainda não está bem claro 
(Sobrac/NAMS, 2015; Palacios, 2009). 
A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e a 
pele está mais fina e plana, com rarefação dos pelos. 
Os pequenos lábios perdem tecido e pigmentação; 
quando intensa, a atrofia pode resultar em 
coalescência labial. A vagina passa a ser mais curta e 
estreita, diminuindo suas rugosidades, principalmente 
na ausência de atividade sexual. O epitélio vaginal 
torna-se fino, e a lubrificação resultante de estímulo 
sexual está prejudicada em decorrência da diminuição 
da secreção glandular. Também se apresenta bastante 
friável, com sangramento ao toque e vulnerável a 
traumas. O pH vaginal está alcalino, reduzindo o 
número de lactobacilos na flora, propiciando 
infecções e vaginite atrófica. A uretra é hiperemiada e 
proeminente (Sobrac/NAMS, 2015). 
Essas alterações anatômicas resultam em sintomas 
genitais (ressecamento, ardência e irritação), 
sintomas sexuais (ausência de lubrificação, 
desconforto ou dor – dispareunia, piora da função 
sexual) e sintomas urinários (urgência miccional, 
disúria, infecções recorrentes do trato urinário, piora 
da incontinência urinária preexistente) (Portman et 
al., 2014). Devido à deficiência estrogênica, o 
agravamento das distopias genitais é facilitado 
(Palacios, 2009). 
 Alterações ósseas e articulares; 
A osteoporose é uma doença sistêmica caracterizada 
pela diminuição da densidade óssea e alterações em 
sua microarquitetura, levando à fragilidade e 
predispondo a fraturas por baixo impacto (Radominski 
et al., 2017; NIH, 2001). O equilíbrio entre formação e 
reabsorção óssea está afetado, resultando em perda 
de massa óssea de forma acelerada. O 
hipoestrogenismo tem papel importante nesse 
mecanismo (NIH, 2001). 
Sua importância está na altíssima frequência em que 
ocorre e nas graves consequências relacionadas às 
fraturas osteoporóticas – altos custos, dor crônica, 
deformidades, limitações na mobilidade, 
consequências psicológicas e morte (Radominski et 
al., 2017). Aos 50 anos, 1/3 das mulheres terão uma 
fratura. Sua prevalência e incidência aumentam de 
forma exponencial com a idade (Cosman et al., 2014). 
Existem outros fatores de risco envolvidos além do 
status menopausal: sexo feminino, idade avançada, 
etnia branca ou oriental, baixo IMC, história pessoal 
ou familiar de fratura, baixa densidade mineral óssea 
(DMO), uso de glicocorticoide oral, tabagismo, abuso 
de bebidas alcoólicas, sedentarismo e baixa ingestão 
de cálcio (Radominski et al., 2017). 
As fraturas mais comuns nas mulheres pós-
menopáusicas são do rádio distal (fratura de Colles), 
coluna vertebral e do fêmur proximal (Radominski et 
al., 2017). 
 Alterações cardiovasculares e metabólicas; 
Os principais fatores de risco para DCV incluem a 
presença de aterosclerose de grandes vasos, história 
familiar de DCV, hipertensão arterial (HAS), 
tabagismo, diabetes e a chamada síndrome 
metabólica (SM) – obesidade central, resistência à 
insulina, hipertrigliceridemia e dislipidemia (Lobo, 
2008). 
No período pós-menopáusico, devido ao 
hipoestrogenismo, o perfil hormonal das mulheres 
passa a ser androgênico e a prevalência da SM 
aumenta, o que pode explicar de forma parcial o 
aumento da incidência de DCV após a menopausa. 
Devido ao novo perfil hormonal, perde-se a atividade 
protetora do estrogênio para eventos endoteliais e há 
o desenvolvimento de componentes da SM. Observa-
se aumento da adiposidade central (intra-abdominal), 
mudança para um perfil lipídico e lipoproteico mais 
aterogênico, com o aumento da concentração de 
colesterol total à custa da lipoproteína de baixa 
densidade (LDL), dos triglicerídeos (TG) e da redução 
de lipoproteína de alta densidade (HDL), o principal 
preditor para eventos isquêmicos cardíacos. Também 
se observa aumento da glicemia e dos níveis de 
insulina. A transição menopáusica por si só é fator de 
risco para a síndrome, independentemente de idade, 
hábitos de vida e composição corporal (Panel 
TNHTPSA, 2017; Wender et al., 2014; Baber et al., 
2016). 
 
2. Entender a diferença entre climatério e 
menopausa; 
A menopausa é a última menstruação, que ocorre em 
torno dos 48 aos 50 anos em média. Já o climatério é 
a fase da vida da mulher antes e depois da 
menopausa, que é marcada por variações hormonais 
que provocam uma série de sinais e sintomas 
característicos. 
Climatério: período de modificação no padrão 
menstrual e os primeiros anos sem menstruação. 
Menopausa: o último período menstrual na vida de 
uma mulher. 
Perimenopausa: período antes da menopausa, onde a 
menstruação se altera, até um ano após a última 
menstruação. 
Pós-menopausa: período que começa um ano após a 
última menstruação. 
3. Entender o diagnóstico do climatério (Exames 
laboratoriais e densitometria óssea); 
O diagnóstico do climatério é clínico, não havendo 
necessidade de dosagens hormonais para confirmá-lo 
quando há irregularidade menstrual ou amenorreia e 
quadro clínico compatível. Porém, níveis de FSH acima 
de 40 mUI/mL e estradiol (E2) menores do que 20 
pg/mL são característicos do período pós-
menopáusico (Practice Committee of American 
Society for Reproductive Medicine, 2008; 
Sobrac/NAMS, 2015). 
Considera-se uma relação com o climatério em 
mulheres à partir de 40 anos com alterações 
menstruais, sintomas vasomotores ou queixas 
vaginais. 
Anamnese: 
• Ciclo: regularidade, a mudança de 
comprimento, quantidade de perda de 
sangue, última menstruação. 
• Sintomas vasomotores (ondas de calor e 
ataques noturnos de suor): natureza, 
frequência, quando e o curso. 
• Sintomas vaginais: irritação, coceira, secura, 
dispareunia, secreções. 
• Outros sinais ou sintomas que a mulher 
atribui ao climatério. 
• História médica: operações em útero e/ou 
região adnexal, endometriose, radioterapia 
abdominal, quimioterapia. 
• Contracepção. 
• Sinais de uso problemático de álcool, 
transtornos de ansiedade, hipertireoidismo. 
• Medicação que pode causar sintomas 
vasomotores, como vasodilatadores, 
tamoxifeno e antidepressivos. 
• Incômodo das queixas e influência no 
funcionamento e sexualidade. 
• Auto-cuidado e auto-medicação. 
• Fatores psicossociais, tais como trabalho, 
tarefas de cuidados, suporte encontrado no 
meio da paciente, significado do 
encerramento da vida reprodutiva. 
Quando a terapia hormonal é considerada: 
• fatores de risco cardiovascular, como 
tabagismo, doença cardiovascular, histórico 
familiar de doença cardiovascular; 
• presença de tromboembolismo venoso, 
trombofilia (também na família); 
• fatores de risco para o câncer de mama, tais 
como história familiar, câncer de mama 
anterior, radioterapia torácica anterior (ver 
diretriz Diagnóstico de câncer de mama). 
Exame físico e exames adicionais 
• Em sintomas vaginais: inspecionar vulva e 
mucosa da vagina (cor, vulnerabilidade, 
secreções). 
• Quando a terapia hormonal está sendo 
considerada: medir a pressão arterial e 
determinar a glicose e espectro de lipídios. 
• Sob indicação: teste de gravidez (excluir a 
gravidez), Hb (em sangramento intenso e 
prolongado), TSH (suspeita de 
hipertireoidismo). 
Avaliação 
• Sintomas do climatério: sintomas 
vasomotores ou sintomas de atrofia vaginal 
em mulheres ≥ 40 anos com mudança nos 
períodos menstruais ouamenorréia. 
• Considerar outras causas de sintomas 
vasomotores (problema com o etilismo, 
ansiedade, hipertireoidismo, efeito adverso 
de medicação), sintomas vaginais (líquen 
escleroso, problemas sexuais, infecções 
vaginais) ou sangramento vaginal irregular 
(patologia do colo do útero, anomalias do 
endométrio; ver diretriz Sangramento 
vaginal). 
 
4. Explicar a conduta terapêutica utilizada no 
climatério (terapia hormonal, alternativas 
satisfatórias  TVP) *critérios, risco X 
benefício. 
Terapia Hormonal (TH) 
Os dados sobre uso de TH com o objetivo de melhorar 
a função cognitiva ou prevenir sua piora são oriundos 
de diversos estudos observacionais e deixam 
questionamentos. Há controvérsias quanto aos 
benefícios da TH na cognição em mulheres na pós-
menopausa recente; a TH iniciada próxima à transição 
menopausal parece reduzir o risco de doença de 
Alzheimer em mulheres saudáveis. Contudo, o uso de 
TH apenas com intuito de melhorar a função cognitiva 
não está indicado. Além disso, iniciar a TH em 
mulheres com idade superior aos 65 anos parece 
aumentar o risco de demência, não melhora o 
desempenho cognitivo e não previne a doença de 
Alzheimer. Não há dados conclusivos comparando os 
tipos de TH e seus efeitos no sistema nervoso central 
(Panel TNHTPSA, 2017; Wender et al., 2014; Baber et 
al., 2016). 
Na última década, apesar das inúmeras controvérsias, 
a TH é considerada o tratamento mais eficaz para os 
sintomas vasomotores decorrentes da falência 
ovariana, e os benefícios superam os riscos para a 
maioria das mulheres sintomáticas com menos de 60 
anos de idade ou dentro do período de 10 anos da 
pós-menopausa (de Villiers et al., 2016). Os riscos e 
benefícios da TH diferem entre as mulheres durante a 
transição da menopausa em comparação com aquelas 
mais velhas (Baber et al., 2016). O início da TH em 
mulheres com mais de 10 anos de pós-menopausa 
pode associar-se ao aumento no risco de doença 
cardiovascular (DCV). Entretanto, se iniciada na peri e 
pós-menopausa inicial, a TH pode diminuir o risco 
cardiovascular, conceito conhecido como “janela de 
oportunidade” (Baber et al., 2016; de Villiers et al., 
2016; North American Menopause Society, 2017). A 
prescrição da TH exige a existência da clara indicação 
e a ausência de contraindicações (Baber et al., 2016). 
Benefícios: 
 Sintomas vasomotores 
o TH é considerada o tratamento mais 
efetivo para essas mulheres no alivio 
desses sintomas; 
o Atualmente recomenda-se a menor 
dose efetiva e pelo menor período de 
tempo necessário. 
 Atrofia vulvovaginal 
o As terapias de primeira linha para 
sintomas leves incluem hidratantes 
vaginais e lubrificantes; 
o A terapêutica estrogênica promove o 
crescimento celular vaginal, a 
maturação celular e a recolonização 
com lactobacilos, aumenta o fluxo 
sanguíneo vaginal, diminui o pH 
vaginal para os valores da menacme, 
melhora a espessura e a elasticidade 
vaginal e a resposta sexual, com 
repercussões positivas para a saúde 
vaginal e sexual (North American 
Menopause Society, 2017). 
 Perda de massa óssea 
o TH é eficaz na prevenção de perda 
óssea associada à menopausa e na 
redução de incidência de todas as 
fraturas relacionadas à osteoporose, 
incluindo fraturas vertebrais e de 
quadril; 
o A TH foi eficaz em manter ou 
melhorar a densidade mineral óssea 
(DMO), com acréscimo médio de 6,8% 
na DMO da coluna lombar e de 4,1% 
no colo de fêmur em dois anos 
 Sintomas geniturinários 
o Redução do risco de recorrência de 
episódios de infecções urinarias por 
paciente ao ano; 
 Função sexual 
o A TH sistêmica ou estrogenioterapia 
local pode melhorar a satisfação 
sexual por aumentar a lubrificação 
vaginal, o fluxo sanguíneo e a 
sensibilidade da mucosa vaginal e 
melhorar a dispareunia; 
 Sistema Cardiovascular 
o TH tem potencial para melhorar o 
risco cardiovascular por meio dos seus 
efeitos benéficos sobre a função 
vascular, os níveis lipídicos e o 
metabolismo da glicose. 
 Diabetes 
o Com o uso de TH, a incidência de 
diabetes diminuiu cerca de 40%, com 
níveis mais baixos de glicose em jejum 
e hemoglobina glicada. 
 Qualidade de Vida 
Na avaliação dos benefícios e riscos da TH, o tempo de 
manutenção do tratamento deve ser considerado de 
acordo com os objetivos da prescrição e com os 
critérios de segurança na utilização (Baber et al., 
2016). O uso de TH é uma decisão individualizada em 
que a qualidade de vida e os fatores de risco, como 
idade, tempo de pós-menopausa, e risco individual de 
tromboembolismo, de DCV e de câncer de mama, 
devem ser avaliados (Wender et al., 2014). O 
momento do início da TH, a dose e a via de 
administração têm importante papel na tomada de 
decisão. Em uma reanálise do estudo WHI, as 
mulheres que apresentaram maiores benefícios com o 
uso de TH foram aquelas com idade entre 50 e 59 
anos ou com menos de 10 anos de pós-menopausa. 
Esses benefícios incluíram a redução da incidência de 
DCV e da mortalidade geral (Rossouw et al., 2007). 
Riscos: 
 Câncer de Mama 
o Diferentes regimes de TH podem 
estar associados ao aumento da 
densidade mamária, o que pode 
obscurecer a interpretação 
mamográfica, levando a mais 
mamografias ou mais biópsias de 
mama (North American Menopause 
Society, 2017). O aumento do risco de 
câncer de mama associado ao TH é 
pequeno e estimado em menos de 
0,1% ao ano, ou seja, uma incidência 
absoluta de menos de um caso por 
1.000 mulheres por ano de uso (Baber 
et al., 2016; de Villiers et al., 2016). 
 Tromboembolismo venoso 
o O risco familiar de DCV, de AVC e de 
TEV deve ser considerado ao se iniciar 
a TH 
o Não há evidência de risco aumentado 
de TEV com uso de baixa dose de 
estrogênio via vaginal empregado no 
tratamento da atrofia vulvovaginal. 
o Embora raro em mulheres até 60 anos 
de idade, o risco relacionado à TH 
para eventos tromboembólicos 
venosos graves aumenta com a idade 
e está associado positivamente com 
obesidade e trombofilias (Baber et al., 
2016). 
o Na via oral, o efeito do metabolismo 
de primeira passagem hepática do 
estrogênio pode, potencialmente, 
resultar em alterações hemostáticas 
pró-trombóticas, o mesmo não sendo 
observado em usuárias de estrogênio 
por via não oral (Goodman, 2012; 
Lowe et al., 2001). 
 Doença da vesícula biliar 
o A colelitíase, a colecistite e a 
colecistectomia ocorrem mais 
frequentemente em mulheres que 
usam estrogenioterapia por via oral, 
presumivelmente pelo efeito hepático 
da primeira passagem após a ingestão 
oral. Os estrogênios aumentam a 
secreção e a saturação do colesterol 
biliar, promovem a precipitação do 
colesterol na bile e reduzem a 
motilidade da vesícula biliar, com 
aumento da cristalização biliar (Cirillo 
et al., 2005). 
Desaconselhar o tratamento hormonal em: 
• tabagismo e/ou uso de medicação anti-
hipertensiva ou para baixar o colesterol, após 
infarto do miocárdio ou acidente vascular 
cerebral; 
• após tromboembolismo venoso (TEV), 
trombofilia, ou história familiar de TEV; 
• aumento do risco de câncer de mama ou a 
presença de tumores hormôniodependentes, 
como câncer de mama ou câncer de 
endométrio (mesmo em remissão); 
• insuficiência hepática grave ou icterícia 
durante a gravidez; 
• endometriose. 
Terapias não hormonais: 
 Terapias comportamentais 
Atividade física apresenta muitos benefícios para 
saúde, por isso recomenda-se fortemente, mas os 
dados ainda são inconsistentes. 
o Tecnicas psicocorporais 
o Acupuntura 
É um tratamento complementar ou isolado para 
reduzir os sintomas vasomotores e melhorar a 
qualidade de vida. 
 Alimentos e fitomedicamentos 
o Perda de peso pode diminuir os 
sintomas vasomotores 
o Isoflavonas – soja. Estudo com 
suplementação de equol e resveratrol 
mostram melhora de alguns sintomas 
climatéricos e da qualidade de vidaapós 12 semanas de tratamento 
(Davinelli et al., 2017). 
 Terapias medicamentosas não hormonais 
o Inibidores seletivos da receptação da 
serotonina (ISRSs) e Inibidores 
seletivos da receptação da serotonina 
e norepinefrina (IRSNs) 
Antidepressivos; Os principais antidepressivos 
estudados para tratamento não hormonal das ondas 
de calor cujos resultados têm mostrado alguma 
eficácia incluem os ISRSs, como a paroxetina, 
escitalopram, citalopram e sertralina, e os IRSNs, 
como a venlafaxina e a desvenlafaxina. Metanálises 
recentes indicam que paroxetina, citalopram, 
escitalopram, venlafaxina e desvenlafaxina são os 
mais efetivos, reduzindo em 65% a frequência e a 
severidade das ondas de calor (Handley e Williams, 
2015), enquanto a fluoxetina e a sertralina parecem 
ser menos efetivas ou com eficácia duvidosa (Handley 
e Williams, 2015; Shams et al., 2014). 
o Venlafaxina 
A redução nas ondas de calor foi de 37%, 61% e 61%, 
respectivamente, enquanto no grupo placebo foi de 
apenas 27%, porém com maior incidência de efeitos 
colaterais como boca seca no grupo que recebeu 
doses mais elevadas, de 75 e 150 mg por dia de 
venlafaxina (Loprinzi et al., 2000). 
o Desvenlafaxina: 
Ensaio clínico randomizado, controlado com placebo, 
avaliou a eficácia e a segurança de duas diferentes 
doses de desvenlafaxina, 100 e 150 mg, em 
comparação com o placebo. Foram tratadas 458 
mulheres na pós-menopausa e, após 12 semanas de 
tratamento, observou-se redução no número de 
ondas de calor de 65,4% e 66,6% com as diferentes 
doses, comparado a 50,8% no grupo placebo. O 
número de despertares noturnos também foi 
significativamente reduzido durante o tratamento 
com desvenlafaxina (Archer et al., 2009). 
o Paroxetina 
Entre os ISRSs, a paroxetina tem mostrado ser um dos 
mais eficazes para o tratamento das ondas de calor 
(Handley e Williams, 2015; North American 
Menopause Society, 2015; Stubbs et al., 2017). A 
paroxetina é o único antidepressivo aprovado para 
tratamento das ondas de calor pelo Food and Drug 
Administration (FDA) nos Estados Unidos, na dose de 
7,5 mg por dia (North American Menopause Society, 
2015; Stubbs et al., 2017; Rada et al., 2010). Essa dose 
é inferior às utilizadas para tratamento de distúrbios 
psiquiátricos. 
O estudo de Stearns et al. (2005) comparou doses de 
10 e 20 mg de paroxetina com placebo. A paroxetina 
10 mg reduziu a frequência de ondas de calor em 
40,6% em comparação com 13,7% para o placebo. A 
paroxetina 20 mg reduziu a frequência de ondas de 
calor em 51,7% em comparação com 26,6% para o 
placebo. 
Para mulheres com sintomas de ondas de calor 
severos a moderados que não desejam ou tenham 
contraindicação para TH, algumas terapias não 
hormonais mostram eficácia moderada no alívio dos 
sintomas. 
Os antidepressivos e a gabapentina são os mais 
eficazes, entretanto a escolha precisa ser 
individualizada, conforme a preferência e o perfil da 
paciente, iniciando-se com a menor dose disponível. 
Para mulheres sintomáticas com câncer de mama em 
uso de tamoxifeno, a paroxetina e a fluoxetina não 
devem ser usadas, por diminuírem a eficácia do 
tamoxifeno. 
Devido à grande variedade de compostos, estudos 
sobre a eficácia dos fitoestrogênios apresentam 
resultados controversos, sendo necessários mais 
estudos para comprovar sua eficácia para tratar os 
SVMs. Derivados da daidzeína e equol-derivados 
podem apresentar alguma eficácia. Outros 
fitomedicamentos como Glycine max Merr (soja), o 
Trifolium pratense e a Actaea racemosa ou black 
cohosh não apresentem eficácia significativa. 
Medidas comportamentais como terapias cognitivo-
comportamentais, prática de ioga, hipnose clínica, 
acupuntura e exercícios ainda têm mostrado eficácia 
limitada, não sendo recomendadas. A perda de peso 
pode diminuir os sintomas vasomotores. 
Referências: 
http://www.sbmfc.org.br/wp-
content/uploads/media/NHG%2052%20Climat%C3%A
9rio.pdf 
Febrasgo - Tratado de Ginecologia 
 
http://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/media/NHG%2052%20Climat%C3%A9rio.pdf
http://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/media/NHG%2052%20Climat%C3%A9rio.pdf
http://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/media/NHG%2052%20Climat%C3%A9rio.pdf

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