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Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar Caso 1 Alana, 58 anos, casada, mãe de dois �lhos, procurou o Dr House com história de dor abdominal na boca do estômago, em queimação, de moderada intensidade e intermitente, há cerca de 3 anos; com piora nos últimos 2 meses. Relata que houve piora do seu quadro após ter usado AINES por conta de um problema na coluna. Ela disse que com certa frequência fazia uso de antiácido e IBP, com melhora dos sintomas. Ela costumava dizer que essa gastrite não �ca boa nunca. Nos antecedentes familiares tinha uma tia materna com histórico de Câncer gástrico. Nos hábitos de vida é sedentária e estressada, nega fumo e bebe, socialmente. Tem tipo sanguíneo O negativo. Sempre morou em fazenda, no interior. Sem alergias. Ao exame físico : Reg, mucosas coradas, anictérica, eupnéica, consciente e orientada. Peso: 60 Kg altura : 1,68 m Pulso: 90 bpm. ACV: RCR em 2T, BNF S/S AR: MV rude sem ruídos adventícios FR 16 ipm Abdômen: plano, simétrico, sem cicatrizes ou lesões na pele, doloroso a palpação profunda em epigástrio, sem sinais de irritação peritoneal, ausência de visceromegalias. Sinal de Murphy negativo. Na ausculta RHA +, normoativos, na percussão espaço de traube livre. Diante dos sintomas da paciente, Dr House solicitou uma endoscopia digestiva alta ( EDA ) com pesquisa de H.Pylori, USG do abdômen, já que outras patologias abdominais cursam com esses sintomas bem parecidos. E ainda, hemograma, função renal e hepática, amilase, lipase e parasitológico de fezes. O médico orientou a paciente a não fazer uso de IBP pelo menos 14 dias antes da endoscopia, se tivesse dor deveria usar antiácido. O resultado da endoscopia Figura 1 - imagem ilustrativa da endoscopia digestiva alta (EDA) foi: Gastrite erosiva antral moderada obs: Foi realizado biópsia do antro e corpo para exame histopatológico e pesquisa do H.Pylori O resultado da biópsia gástrica foi: 1– Gastrite crônica erosiva moderada no antro 2 – Presença de Folículos linfóides reativos 3 –Presença de H. Pylori 4 – Ausência de metaplasia intestinal e displasia 5 - Mucosa do corpo gástrico sem alterações histopatológicas. H.Pylori negativo O ultrassom do abdômen e demais exames laboratoriais e fezes foram todos normais. Diante desse resultado, o �lho de Alana estava preocupado e disse ao médico que estava com muito medo dessa gastrite que a mãe estava. Perguntou se a bactéria da biópsia era a responsável pelos sintomas da sua mãe. Dr. House explicou a respeito da bactéria, tranquilizou o �lho e a paciente quanto a não haver nenhuma evidência de câncer ( podem �car tranquilos, havia dito o médico ), ufa, que alívio. Foi prescrito o tratamento do H.Pylori e dadas as orientações quanto às mudanças alimentares e foi incentivada a fazer atividade física e buscar formas de diminuir o estresse. ❖ Folículos linfóides reativos➛ células de defesa agrupadas. OBJETIVOS 1. Rel���r�� o ex��� �ísi�� �� ab����. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar 2. Com����n�e� a ga��r��� (defi��çã�, c�a�s�fi��çõe�, fa����s de ri���, et���o���, fisi����ol���a, qu���� c�í�ic�, ��a�nó���c�, �i��nó���co� ��f��e�c��i� � �r��a��n��). 3. Con����r a ���m��o��né���a � f���ac����âmi�� ��s IB� e d�� ��tiá����s. 4. En�e�d�� � H. p��or� (ca���t��í�ti���) � re����on�� co� � ��s��it�. 5. Con����r o ����nó��ic� � ��at����to �� H. �y�o��. 6. Rel���o��r � us� ��ôn��o �� A�N�� co� � ��s��it�. GASTRITE DEFINIÇÃO Presença histológica de in�amação da mucosa gástrica. ○ Indica a presença de lesão epitelial gástrica, associada a regeneração da mucosa, obrigatoriamente na presença de in�amação. Gastropatia➛ achado de lesão e regeneração epitelial gástrica na ausência de in�amação. Síndrome dispéptica➛ sintomas desagradáveis que surgem na região epigástrica, relacionados ou não com as refeições. Dispepsia ➛ dor epigástrica predominante com duração de pelo menos 1 mês, que pode estar associada a qualquer outro sintoma do TGI. CLASSIFICAÇÕES Classi�cação de Shindler - descrições endoscópicas e histológicas. Classi�cação de Whitehead - anatomopatológica. Sistema Sidney - mais utilizado e envolve aspectos histológicos e endoscópicos. GASTRITE AGUDA - Sintomas: náuseas, dor, febre, vômito e mal estar. - In�ltrado leucocitário polimorfonuclear. - Causas - AINES, álcool, lesão por estresse… - Tratamento - antiácido, alteração dos hábitos alimentares e atividade física. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar - GASTRITE CRÔNICA - Sintomas - queimação em epigástrio, mal estar, indigestão, gases, inchaço abdominal e vômitos. - Grau de atro�a e metaplasia, perda de células G e diminuição de gastrina no antro, perda de células parietais com diminuição do ácido, pepsina e fator intrínseco. - Causas - duração prolongada da gastrite, aumento de in�amação pela H. pylori ou outros fatores. - TTO - antiácido, protetores gástricos, dieta adequada, antibiótico, suplementação de B12. GASTRITE ENANTEMATOSA - Sintomas - indigestão, gases, arrotos, mal estar e vômitos. - Causa - in�amação mais profunda na parede do estômago, infecção bacteriana, doenças autoimunes, alcoolismo euso de AINES crônico. - TTO - antiácido, dieta pobre em gordura, doces e cafeína, GASTRITE EOSINOFÍLICA - Sintomas - azia, náusea e vômitos. - Causa - aumento das células imunes no estômago, causando in�amação. - TTO - corticóides. A gastrite erosiva é comumente causada por álcool, por estresse decorrente de doença grave e por substâncias irritantes, como medicamentos, especialmente aspirina e outros anti-in�amatórios não esteroides (AINEs). As causas menos comuns incluem doença de Crohn, radiação, infecções bacterianas e virais (como citomegalovírus), ingestão de substâncias corrosivas e lesões diretas (como pela inserção de um tubo nasogástrico). Em algumas pessoas, o uso diário de apenas uma aspirina infantil pode lesionar o revestimento gástrico. GASTRITE NERVOSA - Sintomas - azia, sensação de estômago cheio e vômitos. - Causa - situações de medo, ansiedade e irritabilidade. - TTO - antiácido, remédio calmante, alteração da dieta e atividade física. A gastrite não erosiva é geralmente causada pela infecção por Helicobacter pylori. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar A gastrite infecciosa não causada por Helicobacter pylori é rara. - Pessoas com doença prolongada ou com o sistema imunológico comprometido, como aquelas com AIDS ou câncer, ou que estejam tomando medicamentos imunossupressores, podem desenvolver gastrite viral ou fúngica. A gastrite aguda por estresse, uma forma de gastrite erosiva, é causada por doença ou lesão súbita. Mesmo lesões fora do estômago provoca gastrite. Por exemplo, queimaduras extensas na pele, lesões cranianas e lesões que provocam hemorragias importantes são causas frequentes. Não se conhece bem a razão pela qual uma doença grave pode causar gastrite, mas acredita-se que isso possa estar relacionado à redução do �uxo sanguíneo que irriga o estômago, com um aumento da quantidade de ácido no estômago e/ou com a deterioração da capacidade de proteção e renovação do revestimento gástrico. A gastrite por radiação pode ocorrer se for administrada radioterapia à região inferior esquerda do tórax ou à região superior do abdômen, onde ela pode causar irritação ao revestimento do estômago. A gastrite pós-gastrectomia manifesta-se em pessoas submetidas à cirurgia de extração de parte do estômago (procedimento chamado gastrectomia parcial). A in�amação geralmente ocorre no local onde o tecido foi suturado. Supõe-se que a gastrite pós-gastrectomia resulte da deterioração do �uxo sanguíneo que irriga o revestimento gástrico ou da exposição do estômago a uma grande quantidade de bile (líquido digestivo amarelo-esverdeado produzido pelo fígado) decorrentes da cirurgia. A gastrite atró�ca faz com que o revestimento gástrico se torne muito �no (atró�co) e perca parcial ou totalmente suas células produtoras de ácido e enzimas. Esse quadro clínico pode ocorrer quando anticorpos atacam o revestimento gástrico (chamado gastrite atró�ca metaplasia autoimune). A gastrite atró�catambém pode ocorrer em pessoas com infecção crônica causada pela bactéria H. pylori. Esse distúrbio também tende a ocorrer em pessoas submetidas a uma gastrectomia parcial. A gastrite eosinofílica pode se originar de uma reação alérgica provocada por uma infestação por nematelmintos (lombrigas), mas normalmente a causa é desconhecida. Nesse tipo de gastrite, ocorre acúmulo de eosinó�los (um tipo de leucócito) na parede gástrica. A doença de Ménétrier, um raro distúrbio cuja causa é desconhecida, consiste em um tipo de gastrite caracterizada pelo desenvolvimento de pregas grandes e espessas e cistos com conteúdo líquido na parede do estômago. Essa doença pode ser decorrente de uma resposta imunológica anormal, embora também tenha sido associada à infecção por Helicobacter pylori. FATORES DE RISCO - Uso prolongado de AINEs; - Consumo de álcool; - Hábito de fumar; - Infecção pelo H. pylori. - Cirurgia gástrica prévia - Má alimentação; - Países subdesenvolvidos e em desenvolvimento; - Maus hábitos de higiene; - Estresse; - Sexo feminino; Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar - Idade crescente; - Fatores psicossociais. ● Associação intestino e psique - pacientes com distúrbios gastrointestinais são mais propensos a problemas psicológicos e vice-versa. OBS Fonte USP - Tipo sanguíneo O - prevalência em todos os graus de atividade in�amatória pela gastrite, principalmente nos graus moderado e severo por H.pylori. Os homens foram mais acometidos de gastrite, independente do tipo segundo a classi�cação de Sydney. O fenótipo sanguíneo O foi mais prevalente nos portadores de gastrite, naqueles que apresentaram atividade in�amatória à histologia e em portadores de H. pylori grau moderado e severo. ETIOLOGIA ● Bebidas alcoólicas - uso crônico causa eritema e erosões, o álcool rompe a barreira mucosa e permite a retrodifusão dos íons H+. - Um estudo com 18 etilistas crônicos, 14 apresentavam H pylori. Houve suspensão das bebidas alcoólicas por 4 semanas e não houve nenhuma alteração na histologia - álcool não é o principal causador. ● Medicamentos - AINEs, baseado na supressão da síntese de prostaglandinas - causando agregação de neutró�los nas células endoteliais da circulação gástrica, reduzindo o �uxo sanguíneo efetivo e a produção de muco prostaglandinas-dependente. Com a circulação comprometida, não há difusão de células de defesa, di�cultando a cicatrização. LESÃO MEDICAMENTOSA a. Anti-in�amatórios não-esteroidais (AINE) - agentes responsáveis pelo maior número de gastrite aguda. b. As lesões decorrentes do uso de AINE podem apresentar desde discreto exantema até necrose maciça da mucosa. c. A resolução das lesões ocorrem espontaneamente, em poucos dias, com a suspensão do agente agressor, sem terapêutica especí�ca. d. Como ocorre o sangramento? - Por mecanismos de adaptação - aumento da replicação celular e �uxo sanguíneo contínuo, criando resistência ao efeito lesivo local dos AINE = citoproteção adaptativa (aumento da produção de prostaglandinas endógenas, permitindo uma defesa da mucosa). - No uso crônico (indiscriminado ou não) - ação agressiva > capacidade de defesa da mucosa. Uso crônico de AINE - inibição da síntese de prostaglandinas que possuem efeito protetor de mucosa gástrica - lesões gástricas (gastropatia secundária aos AINEs) - Agregação de leucócitos a células endoteliais da microcirculação gástrica - redução do �uxo sanguíneo gástrico efetivo + redução da produção de muco prostaglandinas-dependente e da capacidade de migração epitelial das células adjacentes a área lesada. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar - Comprometimento da hidrofobicidade - contato da solução ácida em uma área maior. FINAL = diminuição da capacidade da mucosa defender-se da agressão dos fatores intraluminais (HCl, pepsina e sais biliares) e dos exógenos como AINE, álcool e outros medicamentos. ● Dieta inapropriada: - Refrigerantes - a base de cola diminui a pressão sob o esfíncter esofagiano inferior, causando re�uxo + altera o conteúdo gástrico e aumenta a secreção de H + quando há estímulo de gastrina. - Condimentos picantes - aumentam a secreção gástrica e causam irritação constante na mucosa, levando a sua in�amação. A capsaicina é capaz de elevar a secreção ácida e a perda de potássio. ● Tabagismo - a nicotina tem os mesmos efeitos do refrigerante de cola. ● Estresse - aumenta a secreção gástrica mediante os hormônios estressores. FISIOPATOLOGIA Mecanismos de proteção da mucosa gástrica: ❖ Muco: - Célula mucosa secreta muco + bicarbonato. - Forma uma barreira protetora que impede a digestão da parede do estômago. - Solução formada por mucina e bicarbonato. - Estimulada por prostaglandina. - Função defensora. ❖ Fator intrínseco: - Célula parietal. - Necessário para absorção de vitamina B12. - Estimulado pela gastrina, acetilcolina e histamina. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar H. pylori - Bacilo gram negativo; - Possui múltiplos �agelos unipolares que permitem com que ela se mova. - Grande a�nidade pelas células do antro pilórico; - Transmissão oral-oral, fecal-oral, iatrogênica ou gastro-gástrica. - Mecanismos de defesa da bactéria - �agelos, motilidade, expressão de fatores de adesão, urease (hidrólise da uréia em amônia que se une com H+ e neutralizam o local - microambiente alcalino), adesinas, mucinase, fosfolipase, superóxido dismutase e catalase. ● Proteína cagA (potencial agente oncogênico direto) e gene vacA - A infecção crônica leva a inibição das células D que produzem somatostatina (que �siologicamente reduz a secreção de HCl) - quadro de hipergastrinemia - hipercloridria. - Pode causar tanto uma gastrite aguda quanto crônica. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar O estágio �nal da gastrite crônica é a atro�a gástrica, podendo visualizar por EDA até mesmo os vasos sanguíneos. QUADRO CLÍNICO Principal - dor epigástrica há pelo menos 1 mês, associada ou não a outros sintomas como plenitude pós-prandial, náuseas, vômitos ou azia. Pode ser assintomática ou silenciosa. Pode ocorrer indigestão, especialmente na gastrite erosiva, gastrite por radiação, gastrite pós-gastrectomia e gastrite atrófica. Também ocorre dispepsia muito leve em casos de gastrite aguda por estresse Outros sintomas - dor em epigástrio que irradia para o tórax, pirose, náuseas e vômitos. Complicações da gastrite As complicações da gastrite incluem ● Hemorragia ● Úlceras ● O estreitamento da passagem de saída do estômago https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/sintomas-de-dist%C3%BArbios-digestivos/indigest%C3%A3o Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar A gastrite aguda por estresse pode evoluir para hemorragias poucos dias após uma doença ou lesão, enquanto no caso da gastrite erosiva ou da gastrite por radiação, a hemorragia tende a progredir de forma mais lenta. Se a hemorragia for leve e lenta, as pessoas podem não apresentar sintomas ou podem observar apenas fezes enegrecidas (melena), causadas pela coloração negra do sangue digerido. Se a hemorragia for mais rápida, as pessoas podem vomitar sangue ou evacuar sangue junto com suas fezes. A hemorragia persistente pode causar sintomas de anemia, incluindo fadiga, fraqueza e vertigem. A gastrite pode provocar o aparecimento de úlceras estomacais (úlceras gástricas), o que pode agravar os sintomas. Quando uma úlcera rompe (perfura) a parede gástrica, o conteúdo gástrico pode espalhar-se pela cavidade abdominal, resultando em inflamação e, geralmente, infecção do revestimento da cavidade abdominal (peritonite) e provocando agravamento súbito da dor. Algumas das complicações decorrentes da gastrite desenvolvem-se lentamente. A formação de tecido cicatricial e a estenose da saída gástrica, um dos possíveis efeitos da gastrite, sobretudo na gastrite por radiação e na gastrite eosinofílica, podem causar náuseas intensas e vômitos frequentes. No caso da doença de Ménétrier, verifica-se a retenção de líquidos e inchaço dos tecidos (edema) decorrentes da perda de proteínas provocada pela inflamação do revestimento gástrico. A gastritepós-gastrectomia e a gastrite atrófica podem provocar sintomas de anemia, como fadiga e fraqueza, devido à diminuição da produção de fator intrínseco (uma proteína que se liga à vitamina B12 e permite que a vitamina B12 seja absorvida e utilizada na produção de glóbulos vermelhos). Em uma pequena porcentagem de pessoas com gastrite atrófica, o tecido gástrico se transforma em outro tipo de tecido do trato digestivo (metaplasia). Em uma porcentagem ainda menor de pessoas, a metaplasia conduz ao desenvolvimento de câncer de estômago. DIAGNÓSTICO https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-sangue/anemia/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-anemia https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/gastrite-e-%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica/%C3%BAlcera-p%C3%A9ptica Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar HDA - sintomas, agudos ou crônicos e recorrentes, frequência, relação com alimentação ou uso de fármacos, fatores de piora (álcool, esforço) e melhora (antiácidos, alimentação) IS - procurar por anorexia, hematêmese, perda ponderal, fezes com sangue ou negras (melanóticas), dispepsia e sudorese. Antecedentes patológicos - diagnósticos gastrointestinais ou cardíacos, resultados de exames prévios, uso de fármacos ou drogas. EXAME FÍSICO - Procurar por palidez, sudorese, caquexia, icterícia. - Palpação do abdome procurando áreas doloridas. - Toque retal para detectar sangue vivo ou oculto. SINAIS DE ALERTA ● Episódio agudo de dispneia, sudorese ou taquicardia. ● Anorexia. ● Náuseas ou vômitos. ● Perda ponderal não intencional. ● Sangue nas fezes. ● Disfagia ou odinofagia. ● Ausência de melhora com bloqueadores H2 ou IBP. ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA (EDA) - Pacientes com > 40 anos: ● IV consenso brasileiro, todos pacientes com > 40 anos já tem indicação para realizar a EDA. ● Pedir também em sintomas refratários, hemorragia digestiva e sinais de alarme como perda de peso não intencional, disfagia progressiva, odinofagia, anemia ferropriva inexplicada, vômitos persistentes, linfadenopatia ou massa palpável e história familiar de câncer no TGI. ● Pesquisa de doença orgânica - se sim, tratar, se não, pesquisar H. pylori, se sim, tratar, se não, pesquisar dispepsia funcional e tratar com IBP. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar INVESTIGAÇÃO PARA H.PYLORI Quando realizar? - Paciente com quadros de dispepsia, com lesões pré-neoplásicas, linfoma MALT, CA gástrico, histórico familiar de CA gástrico em parente de primeiro grau, púrpura trombocitopênica imune, ferropenia inexplicada e de�ciência de B12. Há métodos invasivos e não invasivos (para pacientes sem indicação de EDA). ● Teste respiratório da Ureia (TRU) - paciente ingere uma solução de ureia marcada com isótopos de carbono 13 e 14. Sob a ação da urease do H. pylori, a ureia é convertida em amônia e bicarbonato, o qual é convertido em CO2 (com o C marcado), eliminado na exalação e o ar é testado. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar ● Sorologia - ELISA para detectar IgG anti-H pylori, baixa sensibilidade e especi�cidade. ● Pesquisa do antígeno fecal - detectados nas fezes e presentes indicam doença ativa. ● Teste rápido da urease do fragmento da biópsia - para pacientes submetidos a EDA, teste da urease em tubo contendo uréia e marcador de pH, sendo a negativa amarela e a positiva rosa. ● Histopatologia - geralmente 2 a 3 biópsias da região antral coradas com prata, método gimenez, carbolfucsina ou imuno-histoquímica. ● Cultura - menos utilizada pela di�culdade de isolamento da bactéria, mais usado em casos que necessitam de antibiograma. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS - Dispepsia orgânica - pépticas (doença ulcerosa péptica e DRGE), não pépticas (intolerância alimentar, doenças in�amatórias ou in�ltrativas, neoplasia, infecção, síndrome do intestino irritável), bilio pancreáticas (pancreatite crônica, neoplasia pancreática e cólica biliar) e sistêmicas (in�uência coronariana, doenças endócrinas e colagenoses). - Dispepsia funcional - sintomas inexplicáveis por avaliação clínica de rotina. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO Recomendações gerais ● Evite o jejum prolongado: fracione bem as refeições. O ideal é realizar no mínimo 5 refeições ao dia ● Aumente o fracionamento e reduza o porcionamento ● Mantenha uma alimentação rica em fibras, que são encontradas principalmente nos vegetais ● Realize as refeições em ambientes tranquilos ● Mastigue bem os alimentos ● Com relação às frutas ácidas observar a sua tolerância: Não há necessidade de evitá-las, a não ser que sinta algum desconforto ou dificuldade para digerí-las ● Evite o álcool e o cigarro Alimentos que devem ser evitados ● Chocolate ● Bebida alcoólica: o álcool é um potente irritante da mucosa gastrintestinal ● Cebola, alho, pimenta vermelha ou do reino ● Café, chá preto e mate ● Refrigerante ● Comidas gordurosas e frituras ● Alimentos industrializados; conservas, embutidos (salame, presunto, mortadela, salsicha, linguiça) ● Condimentos como catchup, maionese, mostarda, molho inglês ● Temperos prontos ● Salgadinhos e muito óleo nas preparações Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar Todos esses alimentos citados acima são irritantes da mucosa gastrintestinal, principalmente por aumentarem a produção de ácido gástrico. Portanto, EVITE-OS. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ANTISSECRETORES IBP - Omeprazol, pantoprazol, lansoprazol. - Primeira escolha para redução da acidez estomacal. - Atuam se ligando à bomba H+/K+ ATPase (bomba de prótons) da célula parietal, impedindo seu funcionamento. - Interrompem a última etapa para produção do HCL que é a liberação de íons H + no lúmens da glândula. - Efeitos adversos - demência (efeito inibitório nas células parietais, compromete a liberação de fator intrínseco e reduz a absorção de vitamina B12 - tempo maior ou igual a 2 anos), absorção incompleta do carbonato de cálcio (pode ser necessário repor cálcio), redução da e�cácia do clopidogrel. - O tratamento com IBP por longo tempo eleva os níveis de gastrina, o que causa hiperplasia de células semelhantes a enterocromafins. Entretanto, não existe evidência de displasia ou transformação maligna em pacientes que recebem esse tratamento. Foram descritas deficiências de micronutrientes (p. ex., vitamina B12 e magnésio) em um pequeno número de pacientes. O risco absoluto excessivo é de 0,3 a 0,4% por paciente por ano. Alguns estudos sugerem que o risco de infecção entérica como por Clostridium difficile pode ser maior nos pacientes que recebem tratamento prolongado, mas outros estudos não confirmam essa observação. O risco excessivo absoluto varia de 0,09% a 0% por paciente. Estudos feitos com rigor não mostraram nenhum efeito na saúde óssea ou no risco de demência, doença de Parkinson, doença cardíaca e pneumonia. BLOQUEADORES DE H2 - Cimetidina, nizatidina, ranitidina e famotidina. - Bloqueia competitivamente e seletivamente os receptores H2, de modo que eles não recebem o estímulo da histamina, que atua na secreção do ácido clorídrico. - Efeitos adversos - tontura, diarreia, dores musculares, confusão e alucinação. ANTIÁCIDOS - Bases fracas que reagem com o ácido clorídrico e neutralizam de modo rápido a promover um alívio dos sintomas. - Curta duração (em jejum dura entre 10 a 20 minutos, após 2h da refeição, dura 2 a 3 horas); - Hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio e bicarbonato de sódio. - Efeitos adversos - constipação, diarreia, comprometimento renal - Antiácidos absorvíveis (p. ex., bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio) provocam neutralização rápida e completa, mas podem causar alcalose e devem ser usados somente por curtos períodos (1 ou 2 dias). - Antiácidos não absorvíveis (p. ex., hidróxido de alumínio ou de magnésio) causam poucos efeitos colaterais sistêmicos e são preferidos. Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar Prostaglandinas Algumas prostaglandinas (em especial o misoprostol) inibem a secreção ácida (pela redução na formação de AMP cíclica, que é liberada pela estimulação da célula parietal pela histamina),e aumentam as defesas da mucosa. Derivados sintéticos das prostaglandinas são usados predominantemente para reduzir o risco de lesão mucosa por anti-inflamatórios não esteroides (AINE). Pacientes com maior risco de úlceras induzidas por AINE (como os idosos, os pacientes com história de úlcera ou complicação ulcerosa, e os pacientes que também tomam corticoides) são candidatos ao uso de misoprostol oral 200 mcg 4 vezes ao dia com alimentos junto com o AINE. Os efeitos adversos comuns do misoprostol incluem cólica abdominal e diarreia, presentes em 30% dos pacientes. O misoprostol é um potente abortivo e é absolutamente contraindicado para mulheres em idade reprodutiva que não fazem uso de método contraceptivo. Sucralfato ajuda no revestimento e cicatrização do estômago e previne irritação. Este fármaco consiste em um complexo de sacarose-alumínio que se dissocia no ácido gástrico e forma uma barreira física sobre uma área inflamada, protegendo-a contra ácido, pepsina e sais biliares. Também inibe a interação entre a pepsina e seus substratos, estimula a produção de prostaglandinas pela mucosa e adsorve sais biliares. Não interfere na produção de ácido ou na secreção de gastrina. O sucralfato parece possuir efeitos tróficos sobre a mucosa ulcerada, provavelmente por se ligar a fatores de crescimento e concentrá-los na lesão ulcerada. A absorção do sucralfato é desprezível. Pode ocorrer constipação intestinal em 3 a 5% dos pacientes. Sucralfato pode se ligar a outros fármacos e interferir na sua absorção. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PARA H. PYLORI Quando tratar? - Dispepsia, doença ulcerosa péptica, linfoma MALT, lesões pré-neoplásicas, história de CA gástrico em parente de 1º grau, pacientes com tumores gástricos, anemia ferropriva inexplicada, de�ciência de B12, usuário de AINE e AAS. Como tratar? ● Esquema de antibiótico + antissecretor para alívio dos sintomas. ● Tratamento de primeira linha por 3 fármacos - terapia tripla. Caso alergia a amoxicilina, substituir por metronidazol ou tinidazol. ANTIBIÓTICOS AMOXICILINA Tutoria - P5/ M2/Pr1 @mileaguiar - Uma penicilina, interfere na última etapa do processo de síntese da parede celular da bactéria. - Com a membrana instável e com menor proteção, �cam mais vulneráveis e morrem. - E�caz sobre bactérias gram-negativas, mas também age sobre gram positivas - chamada de droga de espectro estendido. - Efeitos adversos - hipersensibilidade, diarreia, nefrite, toxicidade neurológica e reumatológica. CLARITROMICINA - Antibiótico macrolídeo que atua se ligando aos ribossomos bacterianos, inibindo a síntese proteica. - Droga bacteriostática, mas que em doses elevadas tem efeitos bactericidas. - Efeitos adversos - desconforto epigástrico, icterícia colestática, ototoxicidade. METRONIDAZOL E TINIDAZOL - Mais usados em infecções por amebas, mas também em bactérias. - Armazenamento de elétrons, de modo a formar compostos citotóxicos que se ligam às proteínas e ao DNA, levando a morte celular. - Efeitos adversos - náuseas, desconforto epigástrico, cólica abdominal. TETRACICLINA - Penetram no citoplasma bacteriano e inibem a síntese proteica, impedindo a conexão entre o RNAt e o RNAm. - Efeitos adversos - desconforto gastrointestinal, deposição de cálcio, hepatotoxicidade e problemas vestibulares. LEVOFLOXACINO - Fluoroquinolona que atua no citoplasma bacteriano inibindo a replicação do DNA ao interferir nas enzimas topoisomerase II e IV. - Efeitos adversos - náusea, diarreia, cefaleia, vertigem, tontura e fototoxicidade. CONTROLE DE CURA Deve ser feito após 4-6 semanas do �m da terapia de erradicação. Fazer EDA e análise histopatológica. Se EDA não indicada - teste rápido de ureia respiratória e pesquisa de antígenos fecais.
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