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-------Transtornos funcionais-------- --------------reprodutivos-------------- Adrielly Alves Araújo Qualquer transtorno que afete o ciclo estral, os hormônios, crescimento dos folículos e estado dos ovários. - Anestros - Cistos ovarianos - Cio silencioso - Cios anovulatórios - Ovulação retardada - Cio durante a gestação - Repetição de cio - Ninfomania - Virilismo - Morte embrionária* - Morte fetal* * no resumo de patologias do útero gestante -----------Anestro---------- Ausência de ciclo estral. O animal não apresenta cio e os órgãos responsivos aos hormônios reprodutivos ficam hipotrofiados, como os ovários que ficam menores e não apresentam corpo lúteo ou folículos. O anestro pode ter causas fisiológicas, patológicas ou as duas correlacionadas. ------Anestros fisiológicos------ Anestro gestacional causado pelos autos níveis de progesterona; Anestro lactacional no qual ocorre uma inibição na secreção de GnRH, ocorre principalmente em matrizes suínas; Anestro estacional depende dos períodos de fotoperíodo; Anestro pós parto no qual demora aproximadamente 80-85 dias para o retorno da ciclagem em bovinos. ------Anestros patológicos---’-- Hormonais, por falhas na produção hormonal seja por aplicação exógena de inibidores ou concentrações/dosagens incorretas; Deficiência genética na produção hormonal como hipotrofia dos ovários; Plantas tóxicas ou toxinas como Zearalenona em suínos; Manejo e/ou Nutrição, animais como falha na alimentação, água, vacinas, balanço energético negativo, etc; Causas orgânicas como a maceração ou mumificação fetal; ----Anestro estacional--- Depende dos fotoperíodos. A melatonina é um hormônio que regula o ciclo circadiano e é produzido durante a noite. Em dias mais longos, menores quantidades de melatonina são produzidas. FOTOPERÍODO POSITIVO: éguas e gatas. Nas espécies de fotoperíodos longos, também chamado de fotoperíodo positivo, a melatonina possui efeito supressor ou antigonadal sobre o hipotálamo na liberação de GnRH, ou seja, QUANTO MAIS MELATONINA MENOR A PRODUÇÃO DE GNRH. Em estações de dias mais curtos é produzida maior quantidade de melatonina o que inibe a ciclicidade das espécies de fotoperíodo positivo. E, quando os dias são mais longos se produz menos melatonina o que não inibe o GnRH e permite a liberação de FSH e LH voltando à ciclicidade. FOTOPERÍODO NEGATIVO: cabras e ovelhas. Nos animais de fotoperíodo curto, ou também chamado fotoperíodo negativo a MELATONINA TEM EFEITO ESTIMULANTE À PRODUÇÃO DE GNRH, assim em dias mais curtos com a maior produção de melatonina também se tem a maior produção de GnRH e consequentemente FSH e LH. ----Anestro pós parto---- Período de ANESTRO QUE VAI DO PARTO ATÉ A MANIFESTAÇÃO DO PRIMEIRO CIO FÉRTIL. Pode ser prolongado por alteração do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal sejam elas patológicas ou fisiológicas como estado nutricional pré parto, retenção de placenta, parto distócico, contaminação uterina, fístula urogenital, maceração fetal, torção uterina, balanço energético negativo, amamentação, estresse no pós parto. O anestro pós parto quando prolongado, seja por causas patológicas ou fisiológicas geram aumento do intervalo parto-concepção, reduzindo os índices reprodutivos da propriedade. Em condições normais o anestro pós parto dura, aproximadamente, 30 dias em vacas saudáveis, com bom escore corporal pré-parto e que não tiveram nenhuma intercorrência no parto e pós parto, e após isso se retoma-se o ciclo estral normalmente. A causa para o prolongamento do anestro pós parto são os BAIXOS NÍVEIS DE LH que são insuficientes para a retomada do ciclo estral. Com o parto a placenta é expulsa e assim caem os níveis de estradiol e progesterona o que permite, logo nos primeiros 10 dias de puerpério, o AUMENTO DAS CONCENTRAÇÕES DE FSH E INÍCIO DAS ONDAS DE CRESCIMENTO FOLICULAR, no entanto as concentrações de LH podem sofrer influência de outros fatores. Para retomada da ciclicidade as frequências de liberação de LH devem aumentar, permitindo assim o aumento na sua concentração e consequente ovulação. O IDEAL É QUE O RETORNO DO CICLO SEJA EM TORNO DOS 30-35 DIAS, sendo que, geralmente, o primeiro cio é silencioso e de ciclo curto já o segundo já passa a ser normal. FATORES QUE AFETAM O LH: A CONDIÇÃO CORPORAL DA VACA é um dos principais fatores para que haja o aumento na frequência de liberação de LH do qual VACAS COM ESCORE CORPORAL BOM DEMORAM 3-4 ONDAS FOLICULARES PARA ATINGIR CONCENTRAÇÕES DE LH SUFICIENTES E OCORRER OVULAÇÃO enquanto que VACAS COM BAIXO ESCORE CORPORAL DEMORAM 10-11 ONDAS FOLICULARES para produzir um folículo dominante que será capaz de ovular. O ESTÍMULO DA MAMADA: ao amamentar e interagir com o bezerro há a LIBERAÇÃO DE BETA-ENDORFINAS (opióides endógenos) que são deletérios à produção de LH. VACAS DE ALTA PRODUÇÃO: após o parto com o gasto energético alto para alta produção de leite elas entram em BALANÇO ENERGÉTICO NEGATIVO que é deletério para a produção de LH; NUTRIÇÃO: produção do hormônio da saciedade, LEPTINA, que regula o Neuropeptídeo Y (NPY), hormônio da fome. Quando o animal se alimenta bem PRODUZ GRANDES CONCENTRAÇÕES DE LEPTINA QUE ESTIMULA A LIBERAÇÃO DE GNRH, enquanto que ANIMAIS COM FOME PRODUZEM NPY QUE INIBE O GNRH. Insulina e Fator de Crescimento Semelhante à Insulina e GH agem de forma semelhante à leptina. Outros: Idade da vaca, genética que permite o aumento do LH mais rapidamente em algumas linhagens, doenças, estresse. OBS: animal que PARIR COM 2,5 DE ESCORE OU MAIS TEM CONDIÇÕES DE TER 1 PARTO POR ANO, uma vez que a queda de peso no pós parto não vai atingir um escore baixo a ponto de prolongar o anestro. Como alternativas para se reduzir o período de anestro pós parto tem-se a exposição a touros (efeito macho) que é menos usado; Desmame temporário e definitivo; INDUÇÃO HORMONAL COM ECG, gonadotrofina coriônica equina que possui efeito folículo estimulante e luteinizante promovendo crescimento, maturação folicular e ovulação retomando o ciclo. E com CICLO DE ALTA FERTILIDADE em gado de leite no qual se preconiza a concepção antes dos 130 dias em lactação. -Anestro amamentação- O anestro da amamentação é concomitante e se relaciona com o anestro pós parto, nele: balanço energético negativo = ↓escore ↑NPY ↓GnRH. A amamentação e interação com o terneiro gera liberação de opióides endógenos como as beta-endorfinas que inibem a liberação de LH. -----Cistos ovarianos----- A incidência de cistos ovarianos no gado leiteiro, principalmente em animais de alta produção, é comum, de 6-19% de ocorrência. O período mais comum de OCORRÊNCIA É NOS 30 DIAS PÓS PARTO (período endócrino crítico) que se resolvem naturalmente entre 3-8 semanas. Os mais comuns são os corpos lúteos císticos, CISTOS LUTEÍNICOS ou luteais e CISTOS FOLICULARES, sendo que os 2 últimos interferem na funcionalidade do ciclo estral. Cistos são folículos com mais de 20mm que permanecem por 7-10 dias sem a ovulação e formação de corpo lúteo: são FOLÍCULOS ANOVULATÓRIOS. Eles podem ser FOLICULARES quando crescem, não ovulam e não são expostos ao LH/baixas concentrações de LH, esses cistos produzem hormônios diferentes dependendo da maturação/degeneração das camadas foliculares. Cistos foliculares que possuem TODAS AS CAMADAS MATURADAS tendem a ser PRODUTORES DE ESTRADIOL levando a um quadro de NINFOMANIA, nesse estado elas apresentam cios consecutivos, se deixam montar, ficam mais magras devido a baixa ingestão de alimento, podem ter machucados devido as montas consecutivas, o útero também é estimulado ficando mais espessado podendo levar a hiperplasia endometrial, hidrometra e mucometra, e dependendo das concentrações de estradiol podem sofrer diminuição dos leucócitos ou até aplasia de medula; Enquanto que cistos foliculares que apresentam degeneração/não maturação da camada de células da granulosa apresentam FALHA NA AROMATIZAÇÃO DOS ANDRÓGENOS produzidos na teca interna em estradiol, levando ao acúmulo desses andrógenos e consequente quadro de VIRILISMO; Já aqueles cistos folicularesque não possuem as camadas da teca e granulosa maturadas não apresentam produção hormonal levando ao ANESTRO. Outros cistos podem ser LUTEÍNICOS que são cistos que crescem, não ovulam mas são expostos a concentrações um pouco mais elevadas de LH, o SUFICIENTE PARA QUE OCORRA LUTEINIZAÇÃO DAS CÉLULAS DA TECA E GRANULOSA que passam a PRODUZIR PROGESTERONA, porém em concentrações mais baixas do que um corpo lúteo. Os cistos são causados pela FALHA NO EIXO HIPOTALÂMICO-HIPOFISÁRIO-GONADAL que pode apresentar desbalanço na produção de FSH, LH ou ainda relacionada a progesterona, principalmente após a formação do primeiro cisto que depois vai manter a PROGESTERONA EM CONCENTRAÇÕES INTERMEDIÁRIAS (0,1-1ng/mL) que não são baixas o suficiente para que vá para o proestro nem altas o suficiente para se manter o diestro. Outras formas de manter as concentrações intermediárias de progesterona são falhas no manejo e pela administração exógena de progesterona. A diferenciação entre cisto folicular e luteínico depende do GRAU DE LUTEINIZAÇÃO DA PAREDE FOLICULAR no qual CISTOS FOLICULARES POSSUEM PAREDE MAIS DELGADA enquanto os LUTEÍNICOS POSSUEM PAREDE MAIS ESPESSA. No entanto, CISTOS FOLICULARES TAMBÉM PODEM SER PRODUTORES DE PROGESTERONA uma vez que parte de suas células foram luteinizadas parcialmente, só não a ponto de ser considerado um cisto luteínico. Os cistos luteínicos produzem mais progesterona do que os foliculares, enquanto que o corpo lúteo produz mais que os cistos luteínicos. Não se sabe o que causa especificamente a formação do primeiro cisto, porém DEPOIS DO PRIMEIRO ELE TENDE A MANTER OS NÍVEIS DE PROGESTERONA INTERMEDIÁRIOS INDUZINDO A FORMAÇÃO DE OUTROS CISTOS. O tratamento dos cistos, seja cistos luteais ou cistos foliculares, é a INDUÇÃO DA OVULAÇÃO, reiniciando a ciclicidade. Isso é feito com protocolos hormonais de GnRH, PROGESTERONA E PGF2α. Um protocolo que pode ser utilizado é iniciar com aplicação de GnRH no dia 0, implante de pessário vaginal liberador de progesterona, após 8 dias retirada do pessário e aplicação de PGF2α, no dia seguinte aplica-se GnRH e IATF 16h depois. Outro protocolo que pode ser feito é sem o uso da progesterona, apenas aplicação de GnRH, 7 dias depois PGF2α, 2 dias depois GnRH e IATF 16h depois. -----Repetição de cio----- Apresentam estro normal, são inseminadas/cobertas, mas não concebem e retornam ao cio, consecutivamente, pelo menos 3 vezes. Elas NÃO SÃO ESTÉREIS, apenas possuem a fertilidade baixa, a melhor opção é retirá-las do rebanho. Principais causas: problemas endócrinos, desnutrição (falta de ácidos graxos e colesterol interfere na produção da prostaglandina, estrógeno e progesterona), infecções do aparelho reprodutor, estresse térmico e manejo. Nos casos de animais repetidoras de cio pode-se fazer uso de transferência de EMBRIÃO TERAPÊUTICO para contornar os problemas de fertilidade e concepção principalmente devidos ao estresse térmico, mas não ajuda em casos de infecções uterinas não tratadas. Cio silencioso Ocorre principalmente nos períodos de transição como na volta da ciclicidade de VACAS RECÉM PARIDAS ou em ANIMAIS PRÉ-PÚBERES (primeiro cio, início da ciclicidade). No cio silencioso O FOLÍCULO OVULA, MAS NÃO HÁ DEMONSTRAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CIO pelo animal. Isso acontece porque a PROGESTERONA INDUZ A FORMAÇÃO DE RECEPTORES PARA ESTRADIOL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL, assim quando a fêmea entra no cio esse ESTRADIOL É PERCEBIDO CENTRALMENTE e o animal passa a ter o comportamento alterado: demonstração de cio. Em animais que estão INICIANDO A CICLICIDADE NÃO EXISTE CORPO LÚTEO PRODUTOR DE PROGESTERONA ANTERIOR AO AUMENTO DE ESTRADIOL, já que nunca houve ovulação nem luteinização de folículos. Já em vacas recém paridas a progesterona é baixa porque não há corpo lúteo e a fonte de progesterona até então, a placenta, é retirada com o parto. O que ocorre no cio silencioso é que MESMO QUE HAJA FOLÍCULO GRANDE O SUFICIENTE QUE PRODUZA CONCENTRAÇÕES ALTAS DE ESTRADIOL PARA INDUÇÃO DA OVULAÇÃO, por feedback positivo, O ESTRADIOL NÃO POSSUI RECEPTORES NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL PARA ALTERAR O COMPORTAMENTO DA FÊMEA. Outra característica do cio silencioso é que ele É MAIS CURTO QUANDO COMPARADO A UM CIO NORMAL, em que as ALTAS CONCENTRAÇÕES DE ESTRADIOL PRODUZIDAS pelo folículo ovulatório e pelos anteriores que sofreram atresia INDUZEM A PRODUÇÃO DE GRANDES QUANTIDADES DE RECEPTORES DE OCITOCINA. Ao ser formado, O CORPO LÚTEO PRODUZ PROGESTERONA E OCITOCINA. A ocitocina mesmo que em poucas quantidades INTERAGE COM OS A GRANDE QUANTIDADE DE RECEPTORES e estimula a LIBERAÇÃO DE PGF2Α DE MANEIRA PRECOCE, fazendo com que o corpo lúteo sofra LUTEÓLISE RAPIDAMENTE, durando em média 7-10 dias. No entanto, mesmo durando pouco ELE PRODUZ A PROGESTERONA NECESSÁRIA PARA INDUZIR A FORMAÇÃO DE RECEPTORES DE ESTRADIOL NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL e fazer com que o próximo cio seja demonstrado normalmente. Quando se tem cio silencioso podem ser observados em alguns animais hemorragia pós ovulação (hemorragia de metaestro) ou mesmo a identificação de um corpo lúteo recente com presença de folículo pré ovulatório no ultrassom e palpação. -----Cio anovulatório----- APRESENTA SINAIS DE CIO, PORÉM NÃO OVULA. Maior recorrência em ÉGUAS, as quais apresentam sinais de cio, mas por FALHAS NA RUPTURA OU COLAPSO DO FOLÍCULO, não ovula. Ou então em caso de cisto folicular que é uma estrutura anovulatória mas que produz estradiol levando à manifestação de cio, ninfomania. -Cio durante a gestação- Mais comum em bovinos, no 4-5 mês de gestação que é o PERÍODO DE TRANSIÇÃO DO LOCAL DE PRODUÇÃO DA PROGESTERONA, do corpo lúteo para a placenta, podendo gerar uma JANELA DE BAIXA CONCENTRAÇÃO DE PROGESTERONA, que, se houver um folículo em tamanho adequado que produza estradiol o suficiente, pode entrar em cio o “cio do encabelamento". Ovulação retardada Ovelhas e éguas senis. LIBERAÇÃO INADEQUADA DE HORMÔNIOS que ficam atuando por mais tempo e INDUZEM A OVULAÇÃO APÓS O TEMPO QUE SERIA CONSIDERADO COMUM PARA A ESPÉCIE. Ninfomania Causada por cistos foliculares produtores de estradiol, ou, mais comumente, NEOPLASIA DE CÉLULAS DA GRANULOSA com estímulo à produção de estradiol. Virilismo Causado pela ausência ou diminuição dos CITOCROMOS P450 ou ENZIMA AROMATASE ou DEGENERAÇÃO DAS CÉLULAS DA GRANULOSA, ambos levam à não aromatização dos andrógenos produzidos pelas células da teca interna ocorrendo, assim, o ACÚMULO DE ANDRÓGENOS e não produção de estradiol = fêmea masculinizada.
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