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--------Patologias infecciosas-------- --------------inespecíficas -------------- Adrielly Alves Araújo Ovarite e Ooforite Ovarite é a inflamação do ovário enquanto a ooforite é a dos óvulos, ambas são RARAS DE OCORRER, podendo ser mais frequentes na manipulação dos ovários e óvulos. Quando ocorre tendem a ser piogênicas. Em animais com TUBERCULOSE MILIAR pode-se observar a ovarite de forma secundária, assim como na BRUCELOSE, ambas as doenças podem causar lesões inflamatórias granulomatosas e piogênicas na superfície ovariana. Salpingite Inflamação das tubas uterinas. Em condições normais as tubas são PEQUENAS, mesmo em vacas e éguas grandes não passa da espessura de um canhão de caneta esferográfica, NÃO PALPÁVEIS E É DE DIFÍCIL OBSERVAÇÃO NO ULTRASSOM. Em casos de Salpingite as tubas uterinas encontram-se com maior espessura, podendo ser palpadas e até vistas no ultrassom. Esse aumento pode ser decorrente do acúmulo de líquidos que leva à HIDROSSALPINGE, decorrente de algum trauma ou condição genética, secundário à hiperplasia endometrial cística, porém raramente infeccioso. Geralmente é mais observada a SALPINGITE NO METAESTRO, DIESTRO E TALVEZ NO PROESTRO, se resolvem espontaneamente com o retorno da ciclicidade, sendo esse o tratamento. Caso haja o retorno à ciclicidade, com o resto do reprodutivo, principalmente o útero, saudável mas sem a melhora da salpingite deve-se pensar em anomalia congênita que gera SUBFERTILIDADE devido a dificuldade das fímbrias em captarem os ovócitos, recomendado não passar a genética em diante, vacas de leite com alta produção afetadas podem ser usadas como receptoras de EMBRIÃO TERAPÊUTICO. Infecções uterinas Podem ser divididas em puerperal (pós parto), pós puerperal (pós parto tardio), é devido à cópula/inseminação. Os problemas decorrentes da cópula/inseminação são devidos a CONTAMINAÇÃO DO SÊMEN, contaminação dos instrumentos usados na inseminação, VOLUME DO EJACULADO e REAÇÃO NO LOCAL DE DEPOSIÇÃO DO SÊMEN (inseminação artificial que aplica no útero, e de cópula natural que depende da espécie). Bovinos ejaculam em média 10mL que é depositado na cérvix caudal e parte da vagina. OS EQUINOS PODEM EJACULAR DE 100-150ML DIRETAMENTE DENTRO DO ÚTERO o que causa MAIS PROBLEMAS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS. Em condições normais, com auxílio ou não no parto, cerca de 80% das fêmeas bovinas terão infecção uterina até 14 dias após o parto, porém cerca de 15% dessas fêmeas permanecem com contaminação uterina até 42 dias pós parto, que corresponde ao final do puerpério. Em condições normais O PERÍODO DE PUERPÉRIO É CORRESPONDENTE AO PERÍODO DE ANESTRO PÓS PARTO, no entanto, em animais que sofrem de alguma complicação infecciosa, de manejo ou fisiológica no pós parto o PERÍODO DE PUERPÉRIO PODE SE PROLONGAR PARA ALÉM DO ANESTRO, sendo necessário MAIS TEMPO PARA QUE O ÚTERO SE TORNE APTO PARA GESTAR MESMO O ANIMAL APRESENTANDO RETORNO À CICLICIDADE. Ou seja, o puerpério vai do parto até o retorno do útero a condições normais para gestar e pode ser dividido em Puerpério clínico que é subdividido em puerpério recente e puerpério clínico, e o Puerpério tardio. O PUERPÉRIO CLÍNICO corresponde, aproximadamente, aos PRIMEIROS 21 DIAS pós parto, sendo até os 10 PRIMEIROS O PUERPÉRIO CLÍNICO RECENTE. No puerpério clínico recente cessam da eliminação dos lóquios fetais, início das contrações uterinas para retorno ao seu tamanho normal, aumento do FSH e ondas de crescimento ovulatório; Seus 10 dias SÃO OS MAIS CRÍTICOS EM QUE A MAIORIA DOS ANIMAIS (80%) APRESENTAM CONTAMINAÇÃO UTERINA que pode se resolver sozinha em até 14 dias, porém em algumas vacas pode ocorrer METRITES PUERPERAIS AGUDAS que são mais severas e que levam a piora clínica geral das recém paridas. Após os 10 dias tem-se o PUERPÉRIO CLÍNICO que corresponde ao útero já em tamanho pré gestacional, porém endométrio não completamente recuperado. O PUERPÉRIO TARDIO vai dos 21 dias até aproximadamente 42 DIAS DO PÓS PARTO (quando não há nenhuma complicação), nessa fase NÃO SE ESPERA TER MAIS A ELIMINAÇÃO DE LÓQUIOS, O ÚTERO JÁ ESTÁ COM TAMANHO E HISTOLOGIA PRÉ GESTACIONAIS, ocorrência da primeira ovulação. Vacas ainda com infecção uterina após os 42 dias de pós parto são consideradas vacas com ENDOMETRITE CRÔNICA, que é menos severa que as metrites agudas, porém afetam as taxas de concepção do rebanho. A realização do EXAME GINECOLÓGICO (25-30 dias no pós parto) para prevenção de problemas de fertilidade e atraso nas taxas de concepção. OBS: o puerpério tardio no gado leiteiro tende a ser cada vez mais curto devido a seleção dos animais mais precoces RETORNANDO A FUNCIONALIDADE DO ÚTERO E CICLICIDADE MAIS RAPIDAMENTE, com 35 dias aproximadamente. Endometrite Inflamação limitada ao endométrio, pode ser classificado em graus 1, 2, 3 e 4, sendo o último a piometra. São mais comuns após os 21 dias pós parto, no puerpério tardio. Os níveis severidade de uma endometrite podem ser classificados de acordo com a coloração do muco: - Escore 0: muco cristalino de aspecto clara de ovo é o observado em animais no cio, é o muco saudável. - Escore 1: catarro genital grau 1 é um muco turvo. - Escore 2: catarro genital grau 2 é o agravamento do grau 1, muco purulento. - Escore 3: catarro genital 3 é secreção purulenta ou mesmo contendo sangue. - Escore 4: piometra. Para observação do aspecto do muco pode ser feito o Teste da Mão Enluvada, Metricheck e Vaginoscopia, a vaginoscopia além de permitir observação do muco, permite observação de outros fatores como coloração da mucosa, umidade, formato da cérvix, abertura da cérvix, alterações anatômicas, exsudação, etc. -Endometrites crônicas Ocorrem, geralmente no puerpério tardio, após 21 dias pós parto, podendo permanecer por meses, são classificadas como: Endometrites clínicas ou subclínicas. A etiologia é variada: deficiência nutricional, desequilíbrio alimentar, SEQUELAS DE INFECÇÕES PUERPERAIS, RETENÇÃO DE PLACENTA, contaminação na IA, pneumovagina, lesão na mucosa, manejo inadequado, infecções venéreas, CONFORMAÇÃO DA VULVA que permite infecções ascendentes, secundária a rinotraqueíte, tuberculose, etc. As ENDOMETRITES CLÍNICAS podem apresentar CATARRO GENITAL (grau 1, 2, 3 ou 4), HIPEREMIA DA MUCOSA VAGINAL, retorno ao cio, falhas na fertilidade. Essas falhas se devem à INFLAMAÇÃO DO ÚTERO QUE INIBE A PRODUÇÃO DE PROSTAGLANDINAS por ele e assim ocorrem falhas na ciclicidade dos animais. As endometrites com CATARRO GENITAL DE GRAU 1 E 2 TENDEM A NÃO APRESENTAR FALHAS NA CICLICIDADE uma vez que são mais “leves”, mesmo assim podem causar QUEDA NA TAXAS REPRODUTIVAS DO REBANHO POR PERDA EMBRIONÁRIA. As endometrites com CATARRO GENITAL GRAU 3 são mais severas e podem apresentar útero firme e com paredes espessadas na palpação, apresentam CICLO IRREGULAR OU ANESTRO. As endometrites com CATARRO GENITAL GRAU 4 SÃO AS PIOMETRAS, nesses casos NÃO HÁ CICLICIDADE (anestro), na piometra aberta apresenta hiperemia da mucosa vaginal, enquanto quem e piometras fechadas pode-se ter anemia da mucosa vaginal, além disso, assimetria uterina (corno com conteúdo) e flutuação do útero como na gestação, que pode ser diferenciada pela pela ausência de frêmito, cotilédones. As ENDOMETRITES SUBCLÍNICAS geram subfertilidade e baixo desempenho reprodutivo sem sinais clínicos. O MUCO É GERALMENTE ESCORE 0, lípido semelhante ao muco saudável apresentado no cio, o que leva a permanência da vaca em condições subclínicas e de subfertilidade sem o tratamento adequado. Diagnóstico possível por CITOLOGIA = presença elevada de neutrófilos que cai com o tempo, mas nunca para o natural, e ULTRASSONOGRAFIA = líquido uterino com ecogenicidade mista. A endometrite subclínica pode ser desencadeada por diversos fatores, como cetose, metrite, produção de leite alterada, rebanhos confinados no pós parto, cama suja/velha/úmida, acontece MAIS NAS PRIMÍPARAS do que nas multíparas O tratamento de endometrites depende do grau: endometrite grau 1, LAVAGEM UTERINA com solução fisiológica aquecida e aplicaçãode PROSTAGLANDINA PARA RETORNO A CICLICIDADE (estímulo à contração uterina, supressão do efeito imunossupressor da progesterona e efeito quimiotático de células de defesa), o uso de estradiol não é recomendado mesmo com a indução da contração uterina, uma vez que se correlaciona com a formação de cistos ovarianos. A lavagem pode ser feita com baixas concentrações de antissepticos como soluções iodadas. É preferível que se faça antibioticoterapia parenteral, principalmente com casos mais severos em que o útero fica mais friável, tanto que uma lavagem com antibióticos locais ou mesmo antissépticos pode levar a ruptura uterina. Realização de antibiograma, e antes dos resultados, uso de ANTIBIÓTICOS DE AMPLO ESPECTRO COMO GENTAMICINA E OXITETRACICLINA. -Endometrite na égua ENDOMETRITE PERSISTENTE INDUZIDA PELO COITO é a mais comum, além de INFECÇÃO UTERINA CRÔNICA. Retenção de placenta na égua é considerada emergência e deve ser resolvida em até 3h pós parto. Para resolução da Endometrite persistente induzida pelo coito faz-se uma LAVAGEM UTERINA PELO MENOS 4-8H APÓS A COBERTURA, com solução fisiológica estéril aquecida, morna. A infecção uterina crônica ocorre geralmente em fêmeas mais velhas ou sem antecedentes reprodutivos conhecidos, devido a presença de alterações endometriais provenientes de endometrites, alteração anatômicas, falha da drenagem linfática que, na tentativa de se resolverem proporcionam INFLAMAÇÃO/INFECÇÃO CRÔNICA, FIBROSES NO ÚTERO E QUEDA NA FERTILIDADE. Para sua resolução se faz coleta de material, swab, biópsia endometrial, antibiograma, AINEs, PGF2a, lavagem uterina e correções anatômicas. -Complexo hiperplasia endometrial cística Pode ocorrer no pós parto ou por APLICAÇÃO DE HORMÔNIOS EXÓGENOS, progesterona, como inibidores de cio. As ALTAS CONCENTRAÇÕES DE PROGESTERONA induzem a PROLIFERAÇÃO DE GLÂNDULAS ENDOMETRIAIS e o AUMENTO DE SECREÇÕES UTERINAS, o que pode causar hidrometra/mucometra que, na presença de contaminantes, pode desencadear uma PIOMETRA. A piometra fechada leva a comprometimento sistêmico, depressão, anorexia, aumento de volume abdominal, frequência cardíaca e respiratória, toxemia e choque. A piometra aberta é menos debilitante para a cadela, já que há o extravasamento do fluido. Metrite Inflamação de todas as camadas do útero. Pode ocorrer de FORMA AGUDA E SEVERA PRINCIPALMENTE NOS PRIMEIROS 10 DIAS PÓS PARTO (puerpério clínico recente), sendo mais graves que as endometrites que tendem a ser mais crônicas. Tanto as metrites quanto endometrites são causadas por falhas nas proteções uterinas, como a abertura da cérvix que permite a entrada de contaminantes. Metrite puerperal aguda Mais comum até os 21 dias após o parto, mas PRINCIPALMENTE NOS 10 PRIMEIROS DIAS. Pode-se observar a EXPULSÃO DE UMA SECREÇÃO AQUOSA E FÉTIDA DE COR CHOCOLATE, comprometimento do estado geral do animal, sinais de TOXEMIA OU SEPTICEMIA como febre e inapetência, desidratação, útero ainda grande com grande quantidade de líquidos, geralmente associada a falta de higiene em partos assistidos, cesariana, retenção de placenta, partos gemelares, distócicos, abortamentos, natimortos, cetose. Tratamento: não é indicada massagem uterina, o útero nessas condições encontra-se friável e extremamente contaminado. Deve-se ser feito uso de antibioticoterapia parenteral de amplo espectro, AINEs, antipiréticos, hidratação, tratamento suporte da hipoglicemia e hipocalcemia, e após tudo isso, com uma leve melhora da condição do animal fazer a drenagem uterina por gravidade sem manipulação excessiva do útero. Infusão intrauterina de antissépticos pode causar PERFURAÇÃO UTERINA, antibióticos intrauterinos podem levar a morte de muitos microrganismos e liberação de grandes concentrações de LPS CAUSANDO SEPTICEMIA. -Complexo mastite, metrite e agalaxia das porcas (MMA) Afeta 10-15% das MATRIZES SUÍNAS, e PIORA NOS PERÍODOS MAIS QUENTES DO ANO chegando a 60-70% das fêmeas. Essa síndrome causa falhas reprodutivas e problemas na leitegada devido a falta de leite. Causa INFERTILIDADE TRANSITÓRIA OU PERSISTENTE, queda na taxa de concepção, duração maior das descargas de lóquios, em maior volume. Essa afecção é multifatorial, por falta de higiene, calor/estresse térmico, alta umidade, agentes bacterianos como E. coli, Streptococcus beta hemolítico, Staphylococcus, Mycoplasma, Klebsiella, correlação positiva com afecções urinárias no período gestacional e pré parto. Para prevenir essa doença o mais importante é a limpeza das instalações, sistemas all-in all-out, redução gradativa da ração 4 dias antes do parto e voltar a aumentar 5 dias pós parto, temperaturas baixas no momento do parto.
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