Buscar

Concurso de pessoas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Concurso de pessoas
É a colaboração entre duas ou mais pessoas para
a prática de uma infração penal, ou seja, tem-se a
pluralidade de pessoas e a unicidade da infração.
Requisitos necessários
Para que se configure o concurso de pessoas, é
necessário que o crime preencha alguns requisitos,
são eles:
- Pluralidade de agentes
- Liame subjetivo entre os agentes;
- Relevância causal das condutas;
- Identidade da infração penal
Pluralidade de agentes
É o requisito fundamental do concurso de pessoas.
Contudo, não é necessário que os agentes
desempenhem as mesmas condutas ou sequer
sejam identificados.
Liame subjetivo
É o vínculo existente entre os agentes que atuam
conscientes de que estão reunidos para a prática
do crime.
Dúvida: o ajuste prévio é requisito para o concurso
de pessoas?
Não. Segundo a doutrina, basta que o indivíduo
saiba que contribui com outro para o resultado
criminoso.
Exemplo: um arrastão na praia em que um
pequeno grupo inicia a prática de furtos e roubos
até um ponto em que uma multidão pratica os
crimes em grande escala.
Dúvida: o que é coautoria sucessiva?
A coautoria sucessiva ocorre quando o agente
adere a uma conduta já iniciada por terceiro.
Por exemplo, “A” é segurança de um
estabelecimento comercial, agride um suposto
ladrão que tentava subtrair produtos da loja. Ao ver
a situação, “B”, também segurança, ajuda seu
colega na agressão.
Identidade da infração penal**
Para configurar o concurso de pessoas, todos os
envolvidos devem contribuir para o mesmo evento
criminoso.
Atenção: mencionado requisito está diretamente
ligado à teoria monista, adotada como regra no
Código Penal.
Teorias
Existem algumas teorias que buscam explicar a
responsabilização penal na prática de concurso de
pessoas, são elas:
- Teoria Monista
- Teoria Dualista
- Teoria Pluralista
Teoria Monista
Para a teoria monista, ainda que o fato tenha sido
praticado por vários agentes, conserva-se único e
indivisível, sem qualquer divisão entre os agentes.
Por exemplo, “A” e “B”, com a intenção de assaltar
um estabelecimento comercial, rendem o
proprietário. Enquanto “A” vigia o comerciante, “B”
coloca os produtos no veículo de fuga. Nesse
caso, ambos responderão pelo crime de roubo.
(CP, art. 157).
Essa teoria é regra no Código Penal Brasileiro.
Teoria Pluralista
É uma exceção à teoria monista, e atribui tipo
penal autônomo para a conduta de cada agente.
Como correspondentes a essa teoria temos: o
crime de corrupção, aborto, crime de contrabando
de descaminho.
Particularmente, o crime de corrupção pode ser
praticado de forma passiva ou ativa. A
diferenciação entre essas modalidades se dá na
análise de quem é corrompido e quem corrompe.
- Passiva: aquele que é corrompido. Numa
relação de corrupção o corrompido é
sempre o funcionário público, ainda que
este solicite.
- Ativa: é o corruptor. Aqui, tem-se a figura do
particular.
Assim, no mesmo contexto criminoso, tem-se dois
tipos penais diferentes: um para o funcionário
público e outro para o particular.
Teoria Dualista
A teoria dualista apresenta consequências penais
distintas para autor e partícipe.
CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP
O Código Penal Brasileiro não adota essa teoria.
Exemplo: “A” quer matar “B”. Para isso, pede
ajuda a “C”, que o entrega uma arma já carregada
e o instrui a manusear o objeto. “A” então, munido
da arma e com o conhecimento necessário, tira a
vida de “B’”. Nesse contexto, segundo a teoria
dualista, “B” responderia por crime de homicídio
como autor e “C”, na forma de partícipe, responde
por outro tipo penal.
Assim, existe um tratamento diferenciado entre
autor e partícipe nessa teoria.
Comparativo
Autoria
A autoria é a imputação relativa ao agente
responsável por uma conduta tipicamente lesiva.
As teorias para a conceituação de autoria de
crimes são:
- Teoria subjetiva
- Teoria objetiva
- Teoria do domínio final do fato
Teoria Subjetiva - unitária
Não há distinção alguma entre autor e partícipe,
isso com fundamento na teoria da equivalência dos
antecedentes.
Exemplo: “A” fornece a “B” uma arma de fogo para
que, assim, possa matar um desafeto em comum.
No dia seguinte, “B” mata a vítima.
O Código Penal Brasileiro não adota essa teoria.
Teoria Objetiva
Essa corrente faz distinção entre a figura do autor
e do partícipe.
A teoria objetiva tem ainda, duas subespécies:
- teoria objetiva-formal
- teoria objetiva-material
Teoria objetivo-formal
O autor é quem pratica o núcleo do tipo (verbo), ou
seja, quem realiza a conduta descrita na figura
penal incriminadora.
Por outro lado, partícipe é aquele que concorre
para o crime, sem praticar o verbo, ou seja, que
presta auxílio material ou moral.
Exemplo: “A” fornece a “B” uma arma de fogo para
que, assim, possa matar um desafeto em comum e
ainda o incentiva a prática do crime. Nesse caso,
“B” executa o verbo do tipo penal. “A”, apesar de
não ter disparado a arma, presta apoio ao autor,
contribuindo para o resultado final.
Essa é a teoria adotada pelo Código Penal.
Teoria objetivo-material
O autor é aquele que colabora de forma mais
relevante para o resultado e o partícipe, colabora
de forma menos relevante.
Em ambos os casos, não importa quem praticou o
núcleo do tipo penal (verbo);
Assim, a análise aqui é feita em volta de quem
“encabeça” o crime, daqueles que desempenham o
papel mais importante na ocorrência do resultado.
ex: em organizações criminosas ou tráfico internacional em
que os chefes ficam longe da execução do esquema.
O Código Penal Brasileiro não adota essa teoria.
Dúvida: qual a teoria adotada pelo Código Penal?
Segundo a doutrina majoritária, o Código Penal
adotou a teoria objetivo-formal.
Nesse sentido, o autor é quem pratica o verbo e
partícipe é todo aquele que concorre de qualquer
forma para o crime.
Teoria do domínio final do fato
É autor não só aquele que pratica o tipo penal mas
também quem tem o controle finalístico do fato, ou
seja, determina a atuação dos demais.
Por outro lado, partícipe é aquele que colabora
para o crime, contudo, sem ter o domínio da ação.
Atenção: a teoria do domínio do fato amplia o
conceito de autor, pois além daquele que pratica o
núcleo do tipo penal (verbo), é também aquele que
determina a conduta de terceiro.
CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP
A teoria do domínio do fato traz três conceitos
novos de autor.
Como dito acima, para a teoria do domínio do fato,
autor é:
- autor imediato: aquele que pratica o núcleo
do tipo penal, o verbo;
- autor intelectual: aquele que organiza o
grupo criminoso para ser executado por
outras pessoas;
ex: o professor em la casa de papel
- autor mediato: é aquele que utiliza de
terceiro inculpável ou que age sem dolo ou
culpa como instrumento para a prática do
crime.
Por exemplo, “A” encomenda a um menor
de idade (inimputável) a execução de um
desafeto, e o menor pratica o homicídio.
Comparativo
Autoria Mediata
O autor mediato é o sujeito que, sem realizar
diretamente a conduta descrita no tipo penal,
comete o fato típico por ato de pessoa inculpável
ou que age sem dolo ou culpa, utilizando-a como
seu instrumento.
Situação hipotética: "A", médico, entrega veneno
ao invés de remédio para “B”, enfermeiro, que,
sem saber, aplica a substância no paciente ”C”,
desafeto de “A”, que vem a falecer.
Após o óbito do paciente, o enfermeiro que
administrou o veneno não pode ser
responsabilizado, pois não sabia da atenção de
“A”, não agindo nem como dolo nem com culpa.
Assim, o médico é considerado autor mediato.
Atenção: a autoria mediata não é espécie de
concurso de pessoas, pois não há liame subjetivo
entre os envolvidos.
Resumo
Comparativo
A diferenciação entre partícipe e autor mediato
Dúvida: E se o autor imediato for, também
culpável? que sabe o que está fazendo?
Nesse caso não há autoria mediata e sim autoria
intelectual, pois o autor sabia da natureza
criminosa da conduta.
Segundo a doutrina, essa é uma hipótese de
autoria de escritório.
A autoria de escritório é aquela que, tanto o
indivíduo que ordena quanto aquele que executa,são considerados culpáveis.
Dúvida: É possível autoria mediata em crime
próprio?
Crime próprio: aquele que só pode ser cometido por determinadas
pessoas, tendo em vista que o tipo penal exige certa característica do
sujeito ativo.
Sim. Segundo a doutrina, é possível a autoria
mediata em crime próprio, desde que o autor
mediato possua a qualidade especial exigida no
tipo penal.
Exemplo: "A", funcionário público, se utiliza de
menor de idade para subtrair bem da repartição
pública. Nesse caso “A” será responsabilizado pelo
crime de peculato. (CP, art. 312).
CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP
Dúvida: É possível autoria mediata em crime de
mão própria?
Crimes de mão própria são aqueles que só podem ser cometidos
diretamente pela pessoa, não admitindo co-autoria.
Não. Inicialmente, vale ressaltar que o crime de
mão própria é aquele que só pode ser praticado
pelo indivíduo apontado no tipo penal, por
exemplo, o crime de falso testemunho. (CP, art.
342).
Hipóteses de aplicação
Existem algumas hipóteses de aplicação da autoria
mediata dentro do Código Penal, apesar de o CP
não trazer este conceito:
Autoria colateral
A autoria colateral, conhecida como coautoria
imprópria, ocorre quando dois ou mais agentes,
desconhecendo a conduta um do outro, concorrem
para a prática de um crime.
Dessa forma, ainda que haja pluralidade de
agentes, não há liame subjetivo entre os
concorrentes, razão pela qual não se trata de
concurso de pessoas.
Atenção: a autoria colateral não é hipótese de
concurso de pessoas, ante a ausência de liame
subjetivo entre os envolvidos.
Por exemplo, “A” possui desafetos com “B” e “C”.
Estes então decidem, separadamente, matar “A”.
Sem saber das intenções um do outro, “B” e “C”
armam uma emboscada no mesmo lugar e hora,
onde cada um dispara, ao mesmo tempo, um tiro
contra “A”, que vem a óbito.
Autoria Incerta
A autoria incerta ocorre quando não é possível
identificar, no contexto da autoria colateral, quem
foi o responsável pela produção do resultado.
Assim, no exemplo acima “A” e “B” atiram contra
“C”, levando-o à morte, e se não for possível
identificar qual foi o tiro fatal, haverá hipótese de
autoria incerta.
Atenção: a consequência jurídica da autoria
incerta é a impossibilidade de imputação do
resultado aos concorrentes.
Nesse sentido, “B” e “C” responderão por tentativa
de homicídio, ainda que haja o resultado morte da
vítima.
Coautoria
A coautoria é a modalidade em que dois ou mais
indivíduos, com vínculo subjetivo, concorrem para
o resultado criminoso.
Dúvida: é possível coautoria em crime próprio?
Crime próprio: aquele que só pode ser cometido por determinadas
pessoas, tendo em vista que o tipo penal exige certa característica do
sujeito ativo.
Sim. A coautoria é compatível com o crime próprio,
para tanto, basta que ao menos um dos coautores
possua a qualidade especial exigida pelo direito
penal.
Exemplo, dois funcionários públicos armam um
esquema para desvio de verbas da prefeitura, ou
ainda, um funcionário público e um particular.
Dúvida: é possível coautoria em crime de mão
própria?
Não. Tendo em vista que o crime de mão própria
aponta que somente o agente descrito no tipo
penal pode praticá-lo, torna-se inviável a coautoria.
Por outro lado, crime de mão própria admite
participação.
Exemplo, um advogado instrui a testemunha a
mentir em seu depoimento.
Dentro da coautoria, temos ainda uma subdivisão
em duas espécies:
- coautoria direta
- coautoria parcial
CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP
Participação
A participação é a modalidade de concurso de
pessoas em que o agente realiza atos que
concorrem para o resultado delitivo, sem, contudo,
praticar o núcleo do verbo.
adoção da teoria objetivo-formal
Assim, a diferença é:
- coautoria: pratica o núcleo do verbo
- participação: não pratica o núcleo do tipo,
porém concorre para o resultado criminoso
Tipos de participação
A participação pode ser tanto moral quanto
material:
Participação moral
- instigação: reforçar uma ideia já
existente
- induzimento: fazer nascer a ideia
criminosa
Participação material
É o auxílio, a assistência ao autor
na execução da empreitada
criminosa;
A participação material só pode
ocorrer antes da consumação. Se
posterior, o agente poderá
responder por crime autônomo: por
exemplo, favorecimento real (art.
349, CP)
Exemplo: "A" roubou um carro e,
com medo de ser pego, pede que
“B” o esconda em sua garagem por
uns dias. Nesse caso, “B” responde
por receptação, pois a conduta
roubo já foi executada por “A” e sua
ajuda é posterior ao fato.
Teoria da acessoriedade
A participação é uma conduta acessória que
depende da existência da conduta (principal)
praticada pelo autor.
A partir daí, temos graus que variam de acordo
com o critério de cada teoria.
Dentre essas três, a adotada pelo CP é a teoria da
acessoriedade limitada, que exige apenas que a
conduta praticada pelo autor seja típica e ilícita
para que o partícipe responda, não importante de
quem praticou o verbo seja punível ou culpável.
Participação de menor importância
Consta no art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para
o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.
Assim, em regra, não há distinção de gradação de
participação. Pois o art. 29, caput, não faz
diferenciação acerca da gravidade da pena do
autor e do partícipe, ou seja, a reprimenda penal
deste não é necessariamente menor do que a
daquele.
Art. 29 § 1º - Se a participação for de menor
importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
Cooperação dolosamente distinta
A cooperação dolosamente distinta ocorre quando
um dos concorrentes quis praticar crime menos
grave que os demais.
Art. 29 § 2º - Se algum dos concorrentes quis
participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada
a pena deste; essa pena será aumentada até
CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP
metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.
Assim, se o réu quis um crime menos grave e as
circunstâncias demonstram isso, ele deve
responder pelo ato menos grave mesmo que o
resultado tenha sido grave.
No entanto, há aumento de pena se o resultado
gravoso for previsível desde o início.
Exemplo: “A” e “B” combinam furto a residência de
“C”, que supostamente estaria fora da cidade.
Enquanto “A” faz a vigilância, “B” entra no imóvel e
encontra “C”, que havia desistido da viagem. Para
não ser reconhecido posteriormente, “B” mata a
vítima.
Dúvida: No caso do latrocínio, o fato do agente
não estar armado caracteriza a cooperação
dolosamente distinta, quando o comparsa armado
atira contra a vítima?
Não. Segundo a jurisprudência dos Tribunais
Superiores, é impossível o reconhecimento da
cooperação dolosamente distinta quando o agente
atua durante todo o iter-criminis ao lado do corréu,
assumindo, portanto, o risco do resultado mais
grave.
Circunstâncias incomunicáveis
Dispõe o art. 30, CP:
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
Seja uma circunstância subjetiva relacionada ao
tipo penal, seja uma condição particular do réu,
não há transferência para o corréu.
Dúvida: qual a diferença entre circunstância e
condição subjetiva (pessoal)?
A condição, diferentemente da circunstância, é
uma característica inerente ao agente,
independentemente do tipo penal.
Por exemplo, o motivo torpe é circunstância
subjetiva do crime de homicídio, previsto no art.
121, § 2º, I, do Código Penal, mas não há previsão
semelhante no crime de furto (CP, art. 155).
Por outro lado, a reincidência é uma circunstância
subjetiva que vai influenciar na dosimetria da pena,
independentemente do crime praticado, seja
homicídio ou furto.
CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes