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APENDICITE AGUDA Doença inflamatória do apêndice O apêndice é um órgão vestigial que se localiza na confluência das tênias, tendo em média 10-15 cm Sempre está a 2 cm da válvula ileocecal, na confluência das tênias Localização pode ser variável, mas a sua emergência é sempre no mesmo ponto O que são essas tênias? Junção da musculatura longitudinal do intestino faixas fibrosas conferem abaulamentos laterais Haustrações (que só existem no intestino grosso) O TGI normalmente possui musculatura lisa e longitudinal, distribuída homogeneamente pelas vísceras, mas no cólon ela se funde em três tênias, que são como se fossem cordões Além disso, somente no intestino grosso existem projeções de gordura que acontecem ao longo das tênias apêndices epicloicos são mais frequentes quanto mais distal estamos do intestino A localização menos frequente do apêndice é quando ela gira por traz do ceco retrocecal traz dificuldades cirúrgicas e tem sintomas mais brandos, porque não há irritação peritoneal muito rápida Não tem uma função específica, podendo ser retirado sem nenhum prejuízo funcional Apendicectomia: retirada do apêndice o Vias abertas: com incisões variadas o Vias fechadas: laparoscopia sempre a preferência, salvo restrições - Pacientes cardiopatas graves, pneumopatas graves a laparoscopia precisa de um pneumoperitônio (introdução de CO2 intracavitário que reduz o retorno venoso) Mesoapêndice: tem uma única Artéria Apendicular, ramo da íleocólica Em sua fase inicial, o apêndice é um órgão que contem múltiplos folhetos linfoides Com o decorrer do amadurecimento, essas folhetos vão desaparecendo o Importante porque a gênese da apendicite pode ser diferente na criança e no adulto Epidemiologia É mais frequente dos 14 ao 19 anos Gira em torno de 7% Diagnóstico em mulheres em idade fértil é muito mais difícil normalmente é feito mais tardiamente (abcesso tubovariano, gravidez ectópica, cistos ovarianos, etc) >60 anos: pouco frequente, porém mais grave No geral, extremos de idades apresentam o problema de forma mais grave: há dificuldade de contenção do processo infeccioso o Omento: estrutura gordurosa que migra dentro da cavidade abdominal para fazer as defesas inflamatórias jovens tem essa migração mais bem feita, permitindo que a infecção se localize em uma área menor Doença inflamatória cirúrgica mais comum na gravidez: sintomas até o 2º trimestre tendem a ser exatamente iguais, mas depois, pelo deslocamento das estruturas abdominais posteriormente, muda o local dos sintomas da paciente, ficando mascarados não deve ser feito TC antes do 3ºt (fazer RM) o Laparoscopia é contraindicada mas o tratamento é sempre cirúrgico Abcesso localizado com paciente estável permite um certo tratamento conservador Fisiopatologia Toda apendicite aguda começa com uma obstrução, que pode ser intrínseca ou extrínseca No adulto, geralmente há obstrução da luz apendicular por um fecalito (pequeno fragmento de fezes endurecido) Isso gera um aumento da pressão intraluminal agente externo O apêndice possui mucosa que continua a produzir muco, até que a pressão intraluminal seja capaz de interferir na drenagem venosa da camada basal da mucosa intestinal Quando isso ocorre, essa membrana perde as suas características habituais e necrosa intestino perde a capacidade de bloqueio contra bactérias, gerando uma translocação bacteriana (sai de um lugar e vai para outro) chegando na camada muscular do apêndice, onde era processo infeccioso, necrose, até comprometimento da serosa Após comprometimento da serosa, há dor do tipo visceral, gerando desconforto localizado no epigástrio, mesogástrio (dor de quem acha que comeu algo estragado) Processo inflamatório vai progredindo, até alcançar o peritônio parietal, somaticamente inervado distribuição unilateral no cérebro dor localizada na fossa ilíaca direita de maior intensidade Pode ser desenvolvida no adulto também por um tumor o Tumor carcinoide produz hormônios vasoativos raro o Tumor Adenocarcinoma pode gerar um clinica idêntica a uma apendicite o Por isso sempre envie as peças cirúrgicas para exames Na criança, o apêndice ainda está cheio tecido linfoide, parecido com as amígdalas reage a processos infecciosos, ficando hiperemiado pode gerar obstrução aumentando a pressão intraluminal e assim por diante A apendicite é extremamente incomum em crianças <3 anos, porque o óstio apendicular é bem largo, dificultando obstruções Existe uma tendência familiar? Aparentemente sim Quadro clínico Sintomas premonitórios: anorexia, sintomas dispépticos, como perda de apetite, percepção de distensão abdominal, perda do apetite, calafrios Bacteremias: não muito frequente Classicamente: dificuldade digestiva, náuseas, perda de apetite algumas horas depois começa com dor no mesogástrio, uma dor mal localizada, branda, não o leva para o hospital de 6 a 12 horas começa uma dor pior, prefere ficar com a perna fletida, pode haver parada de eliminação de flatos, não são comuns vômitos Febre baixa Leucocitose geralmente moderada, até 12, 15 mil leucócitos APÊNDICE RETROCECAL Tem uma camada de proteção que o separa do restante do conteúdo abdominal não há peritônio parietal só tem dor visceral Paciente sente mais dor no retroperitônio, franca piúria, normalmente não localiza a dor em fossa ilíaca direito, pode desenvolver um plastão (por causa do omênculo, pode ser até palpável na fossa ilíaca direita) Apresentação mais anômala, processo inflamatório mais severo, difícil e tardio diagnóstico Ponto de McBurney o Ponto de referência para o diagnóstico de apendicite o Linha imaginária que passa do umbigo até a crista ilíaca ântero superior divide em 3 terços, na transição do terço médio com o lateral Critérios de Alvarado 1 a 4: libera o paciente 4 a 7: precisa investiga Maior do que 7: apendicite Exames complementares - Hemograma: espera-se leucocitose com desvio a esquerda (predomínio de segmentados), mas pode não ocorrer em até 10% dos casos - Urina rotina: espera-se ausência de sinais flancos de infecção, como Nitrito + por exemplo (presença de E. colli) - PCR: excelente marcador, espera-se que esteja aumentado, é muito sensível a doença inflamatória infecciosa intrabdominal - Beta Hcg: para mulheres em idade fértil - Se há alguma dúvida, pode-se pedir mais alguns, como amilase só se você tiver algum raciocínio - O diagnóstico de apendicite é CLÍNICO e observacional - Todo abdome agudo inflamatório possui pouca especificidade em exames radiológicos o Apagamento do psoas do lado direito, presença de fezes formadas a direita (onde deveriam estar líquidas), fecalito na fossa ilíaca direita (radiodenso) e alças sentinelas podem ser indicativos de apendicite (sempre associar com a clínica) - Ultrassonografia o É um ótimo exame o Achado hipoecoico ao redor do apêndice o Não te permite afastar uma apendicite o Só tem valor se for positiva: se tiver certeza que o ultrassom identificou uma apendicite o Só faz diagnóstico em fases mais avançada precisa ver liquido ao redor - TC o É o melhor dos métodos para diagnóstico o Percebe-se espessamento da parede do apêndice o Vê o aumento e consegue ver até algum fecalito Fases evolutivas da apendicite Simples : aparência quase normal ou mostra discreta hiperemia e edema, pequenas congestões, não se observando exsudato seroso , e a apendicite focal inclui- se neste tipo fase 1 Supurativa : há obstrução do apêndice , o mesoapêndice se mostra edemaciado , congesto , com exsudatos laminares fibrino- purulentos e petéquias visíveisfase 2 Gangrenosa : aumento dos sinais de supuração e as áreas de gangrena podem ser arroxeadas esverdiadas, micro perfurações , líquido peritoneal aumentado e finamente purulento , além de odor fétido fase 3 Perfurada : há orifícios grosseiros na parede do órgão , geralmente na borda antimesentérica , o liquido peritoneal e francamente purulento e fétido fase 4 o Borda antemesentérica: acima do mesentério sofrimento natural vascular local em que normalmente se perfura Incisões para cirurgia Mac Burney: feita no ponto de Mac Burney, seguindo as linhas oblíquas, é possível subir ela com uma mesma incisão, alcançando apêndices retrocecais, até mesmo perto do rim; melhor campo de visão, pior estética Davis: horizontal, mais estética, pior campo de visão Elliot- Babcock: horizontal Laparotomia paramediana pararretal medial direita infra umbilical: não se usa mais, causa muita desenervação do musculo reto abdominal Complicações Infecção da ferida quanto maior o nível de comprometimento infeccioso, maior a chance Íleo adinâmico casos de peritonite disseminada; causa vômito, aumenta chance de trombose venosa, conduta conservadora, talvez uma sonsa nasogástrica Fístulas quando o coto apendicular (base) tem a sua estrutura anatômica prejudicada, por necrose e perda de pontos, grampos mal colocados Abscesso cavitário PATOLOGIAS DAS VIAS BILIARES COLELITÍASE: cálculo dentro da vesícula biliar COLEDOCOLITÍASE: cálculo dentro do colédoco COLANGITE: Infecção/ inflamação da via biliar principal COLECISTITE: Infecção/ inflamação da vesícula Via biliar Os canalículos biliares do lado direito vão converter para dois grandes canalículos intra hepáticos: o Anteriores e posteriores Canalículo anterior + posterior: hepático direito Canalículo lateral do lado esquerdo + medial: hepático esquerdo Se fundem (fora da estrutura hepática) e formam o hepático comum com mais ou menos 4 cm recebe o Ducto cístico (única via de drenagem da vesícula) começa a se chamar Colédoco (+ 9m) o Tem as artérias marginais as 3 e as 11 horas (passam lateralmente) o Acima de 6mm do colédoco falaremos em dilatação 25% das pessoas: canalículos não se fundem alteração anatômica mais frequente do lado direito cístico paralelo a via principal Triângulo de Calot: no centro temos a artéria cística única irrigação da vesícula Há uma base na base da vesícula: bolsa de hartmann (+-50 ml de capacidade, concentra a bile) Drenagem biliar varia com a alimentação Na frente do triangulo, sempre há um linfonodo, e a artéria está atrás Linfonodo de Mascagni A vesícula possui algumas pregas no ducto cístico válvulas que impedem que a bile seja liberada diretamente na cavidade Colecistocinina: hormônio produzido pelas células da porção proximal do delgado em resposta a presença de estruturas lipídicas o Contração da vesícula o Relaxamento do esfíncter de Oddi, que fica na papila duodenal e que drena tanto a via biliar principal como o ducto pancreático Bile: “sabão” para as micelas de gordura armazenada na vesícula biliar Quando as micelas de gordura entram no duodeno, ele libera esse hormônio Via biliar principal: estrutura que está do lado da aorta, da artéria hepática e veia porta (que vai para o fígado) região muito delicada BILE o Com aproximadamente 120 dias as hemácias se tornam senescentes e passam pelo processo de fragmentação (hemi (hemioxigensase biliverdina biliverdina redutase bilirrubina indireta solúvel em água transportada com a albumina captado pelo fígado conjugação bilirrubina conjugada ou direta vai para os intestinos urobilinogênio estercobilina (fezes) ou, reabsorvida e vai para o rim: urobilina o Colestase obstrutiva: bile não vai para o intestino, será completamente absorvida no sangue e será eliminada por via renal colúria (urina como coca cola e fezes esbranquiçadas o Bile: Composta por sais biliares, colato, lecitina e colesterol precisa haver um balanço o Se há aumento dos sais ou do colesterol, você pode ter precipitação de alguma dessas estruturas, formando o cálculo (de colesterol ou de sais biliares) o Acinesia da vesícula (falta de movimento) também pode gerar cálculos hormônios, dieta o Retirada da vesícula pode gerar alguns problemas, como dificuldades digestivas para gorduras o No Brasil, qualquer cálculo na vesícula já indica a necessidade de cirurgia Síndrome de Gilbert É um distúrbio genético do fígado, caracterizado por aumento nos níveis de bilirrubina indireta ou não conjugada, que pode causar sintomas como icterícia (cor amarelada na pele e nos olhos) Os pacientes com Síndrome de Gilbert apresentam deficiência da enzima do fígado, UDP-glucuronosil- transferase. Por esta razão apresentam aumento de BI no sangue Sendo a bilirrubina, uma substância de coloração amarelada, o seu acúmulo na pele e nos olhos conferem ao paciente acometido, icterícia de pele e conjuntiva Acentuada em períodos de jejum Não chega a ser uma doença Tumor de papila duodenal Paciente tem uma icterícia flutuante, que cede e vem muito rápido Pressão de bile vai aumentando tanto que impede a circulação no tumor, ulcerando-o e permitindo a passagem Tumores de cabeça de pâncreas Compressão extrínseca, por isso a icterícia não cede Olhos destreinados só percebem a icterícia acima de 4 mg/dL Olhos treinados conseguem perceber acima de 2,5mg/dL Normal: 0,4mg/dL Acima de 20: obstrução completa e até mesmo tumor Urina com colúria mais intensa pela manhã (porque a urina já é mais intensa e concentrada pela manhã) cor de Coca-Cola COLELITÍASE Fatores predisponentes 4 F´s: >40A, feminino, multiparidade, obesidade História genética, principalmente na biliar Anticoncepcionais (podem aumentar o cálculo biliar) Clínica Quase sempre não sentem nada Mas, se apresentarem são sintomas de dispepsia (não dor), sintomas de gastrites, queimor Simples presença do cálculo não costuma causar nada Exames Laboratoriais Costumam ser normais, pois não está associada a processo inflamatório Exames de Imagem A melhor é a Ultrassonografia padrão ouro para diagnóstico - O cálculo projeta uma sombra radiodensa posterior - Cálculo deve ser móvel Tratamento Cirúrgico (no Brasil) vesícula em porcelana, >2cm mas indicada para todos A não ser que o paciente tenha um risco cirúrgico que contraindique Medicação muito antiga: Ursacol 400mg (promete derreter os cálculos de colesterol) valor histórico Em caso de clínica associada a dor ou a espessamento da parede da vesícula, suspeita-se de Colecistite COLECISTITE Processo inflamatório da vesícula biliar Nem todo paciente com Colelitíase evolui para Colecistite, mas é um processo bastante comum 1º episódio de colecistite em 1 ano: 50% de chance de desenvolver colecistite no próximo ano Clínica Dor intensa em hipocôndrio direito Instalação aguda, violenta e rápida Pode irradiar para o dorso Febre leucocitose com altos níveis Vômitos Pode haver alteração nos exames hepáticos (TGO, TGP, bilirrubina, gama AGB- Coledocolitíase) Nas imagens, o cálculo geralmente é imóvel Tratamento Clínico ou cirúrgico: critérios de Tóquio 18 Complicações Empiema de vesícula: mais frequente Perfuração de vesícula Fístulas Colecistite acalculosa - Quando a bile vai sendo muito concentrada, transformando-se em um barro, obstruindo a vesícula - Muito grave, pois ocorre em pacientes já fracos Grau 3: grande comprometimento sistêmico, com falência de órgãos, tentativa de retirada da vesícula é catastrófica, é melhor só drenar ela Grau 2: o cirurgiãovai decidir se faz ou não colecistectomia radical Não atende aos critérios 2 ou 3: cirurgia imediata (tóquio 1) não existe tratamento conservador Síndrome de Mirizzi Causada por cálculo biliar impactado na bolsa de hartmann perfura a via biliar principal comprime e fistuliza para a via biliar principal Manifestação de colecistite+obstrução Tratamento cirúrgico Classificação de Bismuth - Leva em consideração a distância em que acontece a lesão da confluência dos hepáticos COLANGITE Processo inflamatório da via biliar Geralmente inicia-se com uma bactéria gram negativas, como a E. colli Utiliza-se normalmente antibióticos Manifestações clínicas Icterícia Dor em hipocôndrio direito Febre com leucocitose Pode evoluir com instabilidade hemodinâmica e neurológica além dessa tríade, terá a Pêntade de Reynolds Colangite fulminante Exames Laboratoriais Marcadores de inflamação TGO, TGP, enzima Gama GT, amilase (porque colangites normalmente são causadas por obstruções de bile, que podem ser transmitidas para os ductos pancreáticos) Exames de imagem TC melhor Giovana Paula Tríade de Charcot
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