Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Neuroanatomia 1 ORGANIZAÇÃO GERAL NERVOS CRANIANOS Logo após sair do tronco encefálico, da medula espinhal ou de gânglios sensitivos, as fibras nervosas motoras e sensitivas reúnem-se em feixes que se associam a estruturas conjuntivas (libras colágenas), constituindo nervos espinhais e cranianos Os doze pares de nervos cranianos têm esse nome porque se originam no encéfalo, dentro da cavidade craniana, e passam através de vários forames do crânio. Assim como os 31 pares de nervos espinais, eles integram a parte periférica do sistema nervoso (SNP). Cada nervo craniano tem um número – indicado por um numeral romano – e um nome. Os números indicam a ordem, de anterior para posterior, na qual os nervos se originam no encéfalo. Os nomes designam a distribuição ou a função dos nervos. Três nervos cranianos (I, II e VIII) contêm axônios de neurônios sensitivos e são, portanto, chamados de nervos sensitivos especiais. Na cabeça, eles são exclusivos e estão associados aos sentidos especiais do olfato, da visão e da audição, respectivamente. Os corpos celulares da maioria dos nervos sensitivos estão localizados em gânglios situados fora do encéfalo. Cinco nervos cranianos (III, IV, VI, XI e XII) são classificados como nervos motores, pois eles contêm apenas axônios de neurônios motores quando deixam o tronco encefálico. Os axônios que inervam músculos esqueléticos são de dois tipos: 1 Axônios motores branquiais inervam músculos esqueléticos que se desenvolvem a partir dos arcos faríngeos (branquiais) (ver a Figura 14.28). Estes neurônios deixam o encéfalo por meio de nervos cranianos mistos e pelo nervo acessório. 2 Axônios motores somáticos inervam músculos esqueléticos que se desenvolvem a partir dos somitos da cabeça (músculos dos olhos e da língua). Estes neurônios saem do encéfalo por meio de cinco nervos cranianos motores (III, IV, VI, XI e XII). Axônios motores que inervam músculos lisos, músculos cardíacos e glândulas são chamados de axônios motores autônomos e fazem parte da divisão autônoma do sistema nervoso. Os quatro nervos cranianos restantes (V, VII, IX e X) são nervos mistos – contêm axônios de neurônios sensitivos que entram no encéfalo e de neurônios motores que deixam o encéfalo. NERVO OLFATÓRIO (I) O nervo olfatório é totalmente sensitivo; ele contém axônios que conduzem impulsos nervosos relacionados com o olfato. O epitélio olfatório ocupa a parte superior da cavidade N e u r o a n a t o m i a 1 Macro https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527728867/epub/OEBPS/Text/chapter14.html#ch14fig28 2 nasal, cobrindo a face inferior da lâmina cribriforme e se estendendo inferiormente ao longo da concha nasal superior. Os receptores olfatórios do epitélio olfatório são neurônios bipolares. Cada um apresenta um dendrito sensível a odores que se projeta de um lado do corpo celular e um axônio não mielinizado que se projeta do outro lado. Feixes de axônios de receptores olfatórios passam por cerca de vinte forames olfatórios na lâmina cribriforme do etmoide, em cada lado do nariz. Estes cerca de quarenta feixes de axônios formam os nervos olfatórios direito e esquerdo. Os nervos olfatórios terminam no encéfalo em massas pares de substância cinzenta conhecidas como bulbos olfatórios, duas projeções do encéfalo que repousam sobre a lâmina cribriforme. Nos bulbos olfatórios, as terminações axônicas fazem sinapse com os dendritos e corpos celulares dos próximos neurônios da via olfatória. Os axônios destes neurônios formam os tratos olfatórios, que se estendem posteriormente a partir dos bulbos olfatórios. Os axônios dos tratos olfatórios terminam na área olfatória primária, localizada no lobo temporal. NERVO ÓPTICO (II) O nervo óptico (II) é totalmente sensitivo: ele contém axônios que conduzem os impulsos nervosos relacionados com a visão. Na retina, os bastonetes e os cones iniciam os sinais visuais, transmitindo-os para as células bipolares, que enviam estes sinais para células ganglionares. Os axônios de todas as células ganglionares da retina de cada olho se unem para formar o nervo óptico, que passa pelo forame óptico. Cerca de 10 mm atrás do bulbo do olho, os dois nervos ópticos se cruzam e formam o quiasma óptico. No quiasma, os axônios da metade medial de cada olho cruzam para o lado oposto; os axônios da metade lateral permanecem no mesmo lado. Posteriormente ao quiasma, estes axônios reagrupados formam os tratos ópticos. A maioria dos axônios dos tratos ópticos termina no núcleo geniculado lateral do tálamo. Lá eles fazem sinapse com neurônios cujos axônios se estendem até a área visual primária no lobo occipital. Uns poucos axônios passam pelo núcleo geniculado lateral e se projetam para os colículos superiores do mesencéfalo e para núcleos motores do tronco encefálico, onde fazem sinapse com neurônios motores que controlam os músculos extrínsecos e intrínsecos do bulbo do olho. NERVO OCLEOMOTOR (III), TROCLEAR (IV) e ABDUCENTE (VI) Os nervos oculomotor, troclear e abducente são nervos cranianos que controlam os músculos responsáveis pelo movimento dos bulbos dos olhos. Todos são nervos motores e, quando saem do encéfalo, contêm apenas axônios. Os axônios sensitivos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho começam seu curso em direção ao encéfalo em cada um destes nervos, mas eles acabam se unindo ao ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Os axônios sensitivos não chegam ao encéfalo pelos nervos oculomotor, troclear ou abducente. Os corpos celulares 3 dos neurônios sensitivos unipolares se situam no núcleo mesencefálico e entram no encéfalo pelo nervo trigêmeo. Estes axônios transmitem impulsos nervosos dos músculos extrínsecos do bulbo do olho relacionados com a propriocepção – a percepção dos movimentos e da posição do corpo independente da visão. O nervo oculomotor (III) tem seu núcleo motor localizado na parte anterior do mesencéfalo. Este nervo se projeta anteriormente e se divide em ramos superior e inferior, ambos os quais passam pela fissura orbital superior em direção à órbita. Os axônios do ramo superior inervam os músculos reto superior (músculo extrínseco do bulbo do olho) e o levantador da pálpebra superior. Os axônios do ramo inferior suprem os músculos reto medial, reto inferior e oblíquo inferior – todos músculos extrínsecos do bulbo do olho. Estes neurônios motores somáticos controlam os movimentos do bulbo do olho e da pálpebra superior. O ramo inferior do nervo oculomotor também supre axônios motores parassimpáticos dos músculos intrínsecos do bulbo do olho, formados por músculos lisos. Dentre eles estão os músculos ciliares do bulbo do olho os músculos circulares (músculo esfíncter da pupila) da íris. Os impulsos parassimpáticos se propagam de um núcleo mesencefálico (núcleo oculomotor acessório) para o gânglio ciliar, um centro de transmissão sináptica para os dois neurônios motores da parte parassimpática da divisão autônoma do sistema nervoso. A partir do gânglio ciliar, alguns axônios motores parassimpáticos se projetam para o músculo ciliar, responsável pelo ajuste da lente para a visão de objetos próximos do observador (acomodação). Outros axônios motores parassimpáticos estimulam os músculos circulares da íris a se contrair quando uma luz intensa estimula o olho, causando diminuição do tamanho da pupila (constrição) O nervo troclear (IV) é o menor dos doze nervos cranianos e o único que emerge da face posterior do tronco encefálico. Os neurônios motores somáticos se originam de um núcleo mesencefálico (núcleo troclear), e os axônios deste núcleo cruzam para o lado oposto quando deixam o encéfalo por sua face posterior. A seguir, o nervo circunda a ponte e sai pela fissura orbital superior em direção à órbita. Estes axônios motores somáticos inervam o músculo oblíquo superior,outro músculo extrínseco do bulbo do olho que controla sua movimentação. Neurônios do nervo abducente (VI) se originam em um núcleo pontino (núcleo abducente). Os axônios motores somáticos se projetam deste núcleo em direção ao músculo reto lateral, um músculo extrínseco do bulbo do olho, pela fissura orbital superior. O nervo abducente tem esse nome porque é responsável pela abdução (rotação lateral) do bulbo do olho. NERVO TRIGÊMEO (V) O nervo trigêmeo (V) é um nervo craniano misto e o maior dos nervos cranianos. Ele emerge a partir de duas raízes na face anterolateral da ponte. A grande raiz sensitiva apresenta uma protuberância conhecida como gânglio trigeminal (semilunar), localizado em uma fossa na face interna da parte petrosa do temporal. O gânglio contém corpos celulares da maior parte dos neurônios sensitivos primários. Os neurônios da raiz motora, menor, se originam em um núcleo pontino. Como indica seu nome, o nervo trigêmeo apresenta três ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. O nervo oftálmico, o menor dos ramos, passa pela órbita na fissura orbital superior. O nervo maxilar tem um tamanho intermediário entre os ramos oftálmico e mandibular e passa pelo forame redondo. O nervo mandibular, o maior ramo, passa pelo forame oval. 4 Os axônios sensitivos do nervo trigêmeo transmitem impulsos nervosos de tato, dor e sensações térmicas (calor e frio). O nervo oftálmico contém axônios sensitivos da pele da pálpebra superior, da córnea, das glândulas lacrimais, da parte superior da cavidade nasal, da parte lateral do nariz, da fronte e da metade anterior do escalpo. O nervo maxilar contém axônios sensitivos da túnica mucosa do nariz, do palato, de parte da faringe, dos dentes superiores, do lábio superior e da pálpebra inferior. O nervo mandibular contém axônios dos dois terços anteriores da língua (não relacionados com a gustação), da bochecha e sua túnica mucosa, dos dentes inferiores, da pele sobre a mandíbula e anterior à orelha e da túnica mucosa do assoalho da boca. Os axônios sensitivos dos três ramos entram no gânglio trigeminal, onde seus corpos celulares estão localizados, e terminam em núcleos pontinos. O nervo trigêmeo também recebe axônios sensitivos de proprioceptores (receptores que fornecem informações sobre a posição e os movimentos do corpo) localizados nos músculos da mastigação e extrínsecos do bulbo do olho; no entanto, os corpos celulares destes neurônios estão localizados no núcleo mesencefálico. Os neurônios motores branquiais do nervo trigêmeo fazem parte do nervo mandibular e suprem músculos da mastigação (masseter, temporal, pterigoide medial, pterigoide lateral, o ventre anterior do músculo digástrico e o músculo milo-hióideo, bem como os músculos tensor do véu palatino no palato mole e tensor do tímpano na orelha média). Estes neurônios motores controlam principalmente os movimentos mastigatórios. NERVO FACIAL (VII) O nervo facial (VII) é um nervo craniano misto. Seus axônios sensitivos se projetam a partir dos calículos gustatórios dos dois terços anteriores da língua, entrando no temporal para se unir ao nervo facial. Deste ponto, os axônios sensitivos passam pelo gânglio geniculado, grupo de corpos celulares de neurônios sensitivos do nervo facial dentro do temporal, e terminam na ponte. A partir da ponte, os axônios de estendem até o tálamo, e dali para áreas gustativas do córtex cerebral. A parte sensitiva do nervo facial também apresenta axônios da pele do meato acústico externo que transmitem sensações táteis, álgicas e térmicas. Além disso, propriceptores de músculos da face e do escalpo transmitem informações, por meio de seus corpos celulares, para o núcleo mesencefálico. Os axônios dos neurônios motores branquiais se originam de um núcleo pontino e saem pelo forame estilomastóideo para inervar músculos da orelha média, da face, do escalpo e do pescoço. Impulsos nervosos que se propagam por estes axônios causam a contração dos músculos da mímica facial, bem como do músculo estilo-hióideo, ventre posterior do músculo digástrico e músculo estapédio. O nervo facial inerva mais músculos do que qualquer outro nervo do corpo. Axônios de neurônios motores percorrem ramos do nervo facial e se terminam em dois gânglios: o gânglio pterigopalatino e o gânglio submandibular. Por meio de transmissões sinápticas nos dois gânglios, os axônios motores parassimpáticos se projetam para as glândulas lacrimais (que secretam as lágrimas), as glândulas nasais, as glândulas palatinas, as glândulas sublinguais e as glândulas submandibulares (estas duas últimas produtoras de saliva). 5 NERVO VESTIBULOCOCLEAR (VIII) O nervo vestibulococlear (VIII) era antigamente conhecido como nervo acústico ou auditivo. Ele é um nervo sensitivo e tem dois ramos, o vestibular e o coclear. O ramo vestibular transmite impulsos relacionados com o equilíbrio e o ramo coclear, com a audição. Na orelha interna, os axônios sensitivos do ramo vestibular se projetam a partir dos canais semicirculares, do sáculo e do utrículo para os gânglios vestibulares, onde os corpos celulares destes neurônios estão localizados e se terminam nos núcleos vestibulares da ponte e do cerebelo. Alguns axônios sensitivos também entram no cerebelo via pedúnculo cerebelar inferior. Os axônios sensitivos do ramo coclear se originam no órgão espiral (órgão de Corti), localizado na cóclea. Os corpos celulares destes neurônios se situam no gânglio espiral da cóclea. A partir daí, os axônios se projetam até núcleos bulbares e terminam no tálamo. O nervo vestibulococlear contém algumas fibras motoras. No entanto, em vez de inervarem tecidos musculares, elas modulam as células ciliadas da orelha interna. NERVO GLOSSOFARÍNGEO (IX) O nervo glossofaríngeo (IX) é um nervo craniano misto. Os axônios sensitivos deste nervo se originam (1) dos calículos gustatórios do terço posterior da língua; (2) de proprioceptores de alguns músculos de deglutição que são inervados pela parte motora; (3) de barorreceptores (receptores de pressão) do seio carótico que monitoram a pressão sanguínea; (4) de quimiorreceptores (receptores que monitoram os níveis sanguíneos de oxigênio e de gás carbônico) nos glomos caróticos, situados próximo das artérias carótidas, e nos glomos paraórticos, localizados perto do arco da aorta e (5) da orelha externa para transmitir impulsos táteis, álgicos e térmicos (calor e frio). Os corpos celulares destes neurônios sensitivos estão localizados nos gânglios superior e inferior. A partir destes gânglios, os axônios sensitivos passam pelo forame jugular e terminam no bulbo. Os axônios dos neurônios motores do nervo glossofaríngeo partem de núcleos bulbares e saem do crânio pelo forame jugular. Os neurônios motores branquiais inervam o músculo estilofaríngeo, que auxilia na deglutição, e os axônios dos neurônios motores parassimpáticos estimulam a secreção de saliva pela glândula parótida. Os corpos celulares pós-ganglionares dos neurônios motores parassimpáticos situam-se no gânglio ótico. NERVO VAGO (X) O nervo vago (X) é um nervo craniano misto que passa pela cabeça e pelo pescoço até o tórax e o abdome. Ele tem este nome devido a sua ampla distribuição no corpo. No pescoço, ele é medial e posterior à veia jugular interna e à artéria carótida comum. Os axônios sensitivos do nervo vago se originam da pele da orelha externa para enviar informações sensitivas táteis, álgicas e térmicas; de alguns receptores gustativos na epiglote e na faringe; e de proprioceptores em músculos do pescoço e da faringe. Além disso, este nervo apresenta axônios sensitivos derivados de barorreceptores no seio carótico e de quimiorreceptores nos glomos paraórticos. A maior parte dos neurônios sensitivos se origina de receptores da maioria dos órgãos situados nas cavidades 6 torácicae abdominal, transmitindo sensações (como fome, plenitude e desconforto) destes órgãos. Os corpos celulares destes neurônios sensitivos estão localizados nos gânglios superior e inferior; seus axônios então passam pelo forame jugular e terminam no bulbo e na ponte. Os neurônios motores branquiais, que percorrem uma curta distância junto com o nervo acessório, se originam de núcleos bulbares e suprem músculos da faringe, da laringe e do palato mole que são utilizados na deglutição, na vocalização e na tosse. Historicamente estes neurônios motores foram chamados de nervo acessório craniano, mas, na verdade, estas fibras pertencem ao nervo vago (X). Os axônios de neurônios motores parassimpáticos do nervo vago se originam de núcleos bulbares e inervam os pulmões, o coração, glândulas do trato gastrintestinal (TGI) e músculos lisos das vias respiratórias, do esôfago, do estômago, da vesícula biliar, do intestino delgado e de boa parte do intestino grosso. Os axônios motores parassimpáticos estimulam a contração dos músculos lisos do TGI, para auxiliar na motilidade deste trato, e na secreção das glândulas digestórias; ativam músculos lisos das vias respiratórias para diminuir seu calibre; e diminuem a frequência cardíaca. NERVO ACESSÓRIO (XI) O nervo acessório (XI) é um nervo craniano branquial. Historicamente ele foi dividido em duas partes: um nervo acessório craniano e um nervo acessório medular. Atualmente classifica-se o nervo acessório craniano como parte do nervo vago (X). O “antigo” nervo acessório medular é o que discutiremos nesta Expo. Seus neurônios motores se originam dos cornos anteriores dos primeiros cinco segmentos da parte cervical da medula espinal. Seus axônios deixam a medula espinal lateralmente, unindo-se mais adiante; sobem pelo forame magno, e então saem pelo forame jugular junto com os nervos vago e glossofaríngeo. O nervo acessório transmite impulsos motores para os músculos esternocleidomastóideo e trapézio com o objetivo de coordenar os movimentos da cabeça. Os axônios sensitivos deste nervo, derivados de proprioceptores dos músculos esternocleidomastóideo e trapézio, começam seu curso em direção ao encéfalo no nervo acessório; entretanto, eles acabam deixando este nervo para se juntar a nervos do plexo cervical. A partir do plexo cervical, estes axônios entram na medula espinal por meio das raízes posteriores dos nervos cervicais; seus corpos celulares estão localizados nos gânglios sensitivos destes nervos. Na medula espinal, os axônios então ascendem em direção a núcleos bulbares. NERVO HIPOGLOSSO (XII) O nervo hipoglosso (XII) é um nervo craniano motor. Seus axônios motores somáticos se originam de um núcleo bulbar (núcleo do nervo hipoglosso), saem do bulbo pela sua face anterior, e passam pelo canal do nervo hipoglosso para então inervar os músculos da língua. Estes axônios conduzem impulsos nervosos relacionados com a fala e 7 a deglutição. Os axônios sensitivos não voltam para o encéfalo pelo nervo hipoglosso. Em vez disso, os axônios sensitivos que se originam de proprioceptores de músculos da língua, embora comecem seu curso em direção ao encéfalo no nervo hipoglosso, deixam o nervo para se juntar a nervos espinais cervicais e terminam no bulbo, entrando na parte central do sistema nervoso pelas raízes posteriores dos nervos espinais cervicais. TELENCÉFALO O telencéfalo (cérebro) é a “sede da inteligência”. Ele é responsável por nossa capacidade de ler, escrever e falar; de fazer cálculos e compor músicas; e de lembrar o passado, planejar o futuro e imaginar coisas que nunca existiram. O telencéfalo (cérebro) é composto por um córtex cerebral externo, uma região interna de substância branca e núcleos de substância cinzenta localizados profundamente na substância branca. O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, e uma pequena parte mediana situada na porção anterior do III ventrículo e já estudada a propósito desta cavidade. Os dois hemisférios cerebrais são incompletamente separados pela fissura longitudinal do cérebro, cujo assoalho é formado por uma larga faixa de fibras comissurais, o corpo caloso, principal meio de união entre os dois hemisférios. Os hemisférios cerebrais possuem cavidades, os ventrículos laterais direito e esquerdo, que comunicam com o III ventrículo pelos forames interventriculares. Cada hemisfério possui três polos: frontal, occipital e temporal; e três faces: face superolateral, convexa; face mediai, plana, e face inferior, ou base do cérebro, muito irregular, repousando anteriormente nos andares anterior e médio da base do crânio e posteriormente na tenda do cerebelo. Córtex cerebral - O córtex cerebral é uma região de substância cinzenta que forma a face externa do telencéfalo (cérebro) - Embora tenha apenas 2 a 4 mm de espessura, ele contém bilhões de neurônios dispostos em camadas. - Durante o desenvolvimento embrionário, quando o encéfalo cresce rapidamente, a substância cinzenta do córtex se desenvolve muito mais rápido que a substância branca, mais profunda. Consequentemente, o córtex se dobra sobre si mesmo, formando pregas conhecidas como giros ou circunvoluções - As fendas mais profundas entre os giros são chamadas de fissuras; as mais superficiais, de sulcos. A fissura mais proeminente, a fissura longitudinal, separa o telencéfalo (cérebro) em duas metades chamadas de hemisférios cerebrais. - Na fissura longitudinal está localizada a foice do cérebro. Os hemisférios cerebrais são conectados internamente pelo corpo caloso, uma grande faixa de substância branca contendo axônios que se projetam entre os hemisférios SULCOS E GIROS A superfície do cérebro do homem e de vários animais apresenta depressões denominadas sulcos, que delimitam os giros ou circunvoluções cerebrais. A existência dos sulcos permite considerável aumento de superfície sem grande aumento do volume cerebral e sabe-se que cerca de dois terços da área ocupada pelo córtex cerebral estão "escondidos" nos sulcos. Muitos sulcos são inconstantes e não recebem qualquer denominação; outros, mais constantes, recebem denominações especiais e ajudam a delimitar os lobos e as áreas cerebrais. De qualquer modo, o 8 padrão de sulcos e giros do cérebro varia em cada cérebro, podendo ser diferente nos dois hemisférios de um mesmo indivíduo. Em cada hemisfério cerebral, os dois sulcos mais importantes são o sulco lateral (de Sylvius) e o sulco central (de Rolando), que serão descritos a seguir: a) sulco lateral — Inicia- se na base do cérebro lateralmente à substância perfurada anterior, como uma fenda profunda que, separando o lobo frontal do lobo temporal, dirige-se para a face súpero-lateral do cérebro, onde termina dividindo-se em três ramos: ascendente, anterior e posterior. Os ramos ascendente e anterior são curtos e penetram no lobo frontal; o ramo posterior é muito mais longo, dirige-se para trás e para cima, terminando no lobo parietal. Separa o lobo temporal, situado abaixo, dos lobos frontal e parietal, situados acima b) sulco central — É um sulco profundo e geralmente contínuo, que percorre obliquamente a face súperolateral do hemisfério, separando os lobos frontal e parietal. Inicia-se na face mediai do hemisfério, aproximadamente no meio de sua borda dorsal e a partir deste ponto dirige-se para diante e para baixo, em direção ao ramo posterior do sulco lateral, do qual é separado por uma pequena prega cortical. É ladeado por dois giros paralelos, um anterior, giro pré- central, e outro posterior, giro pôs-central. De modo geral, as áreas situadas adiante do sulco central relacionam-se com a motricidade, enquanto as situadas atrás deste sulco relacionam- se com a sensibilidade. Ossulcos cerebrais ajudam a delimitar os lobos cerebrais, como já ficou evidenciado na descrição dos sulcos lateral e central. LOBOS Cada hemisfério cerebral pode ser subdividido em vários lobos, que recebem seus nomes de acordo com os ossos que os recobrem: lobos frontal, parietal, temporal e occipital O sulco central separa o lobo frontal do lobo parietal. Um giro importante, o giro pré-central – localizado imediatamente anterior ao sulco central – contém a área motora primária do córtex cerebral. Outro giro importante, o giro pós- central, o qual se situa imediatamente posterior ao sulco central, contém a área somatossensitiva primária. O sulco (fissura) cerebral lateral separa o lobo frontal do lobo temporal. O sulco parietoccipital separa o lobo parietal do lobo occipital. Uma quinta porção do telencéfalo (cérebro), a ínsula, não pode ser vista superficialmente porque se encontra dentro do sulco cerebral lateral, profundamente aos lobos parietal, frontal e temporal A divisão em lobos, embora de grande importância clínica, não corresponde a uma divisão funcional, exceto pelo lobo occipital, que parece estar todo, direta ou indiretamente, relacionado com a visão. O lobo frontal localiza-se acima do sulco lateral e adiante do sulco central. Na face medial do cérebro, o limite anterior do lobo occipital é o sulcoparieto-occipital Na sua face súpero-lateral este limite é arbitrariamente situado em uma linha imaginária que une a terminação do sulco parieto-occipital, na borda superior do hemisfério, à incisara pré-occipital, situada na borda ínfero-lateral, cerca de 4cm do polo occipital Do meio desta linha parte uma segunda linha imaginária em direção no ramo posterior do sulco lateral e que, juntamente com este ramo, limita o lobo temporal do lobo parietal 9 MORFOLOGIA DAS FACES DOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS — FACE SÚPERO-LATERAL A face súpero-lateral do cérebro, ou face convexa, é a maior das faces cerebrais, relacionando- se com todos os ossos que formam a abóbada craniana. Nela estão representados os cinco lobos cerebrais. Lobo Frontal - Identificam-se em sua superfície três sulcos principais: a) sulco pré-central — mais ou menos paralelo ao sulco central e muitas vezes dividido em dois segmentos b) sulco frontal superior — inicia-se geralmente na porção superior do sulco précentral e tem direção aproximadamente perpendicular a ele c) sulco frontal inferior — partindo da porção inferior do sulco pré-central, dirigese para frente e para baixo. - Entre o sulco central e o sulco pré-central está o giro pré-central, onde se localiza a área motora principal do cérebro. - Acima do sulco frontal superior, continuando, pois, na face medial do cérebro, localiza- se o giro frontal superior. Entre os sulcos frontal superior e frontal inferior está o giro frontal médio, abaixo do sulco frontal inferior, o giro frontal inferior. Este último é subdividido pelos ramos anterior e ascendente do sulco lateral em três partes: orbital, triangular e opercular. - A primeira situa-se abaixo do ramo anterior, a segunda entre este ramo e o ramo ascendente, e a última entre o ramo ascendente e o sulco pré-central. O giro frontal inferior do hemisfério cerebral esquerdo é denominado giro de Broca, e aí se localiza, na maioria dos indivíduos, o centro cortical da palavra falada Lobo Temporal - Apresenta na face supero-lateral do cérebro dois sulcos principais: a) sulco temporal superior — inicia-se próximo ao pólo temporal e dirige-se para trás, paralelamente ao ramo posterior do sulco lateral, terminando no lobo parietal; b) sulco temporal inferior — paralelo ao sulco temporal superior, é geralmente formado por duas ou mais partes descontínuas. Entre os sulcos lateral e temporal superior está o giro temporal superior, entre os sulcos temporal superior e o temporal inferior situa-se o giro temporal médio; abaixo do sulco temporal inferior localiza-se o giro temporal inferior, que se limita com o sulco occipitotemporal, geralmente situado na face inferior do hemisfério cerebral. - Afastando-se os lábios do sulco lateral, aparece seu assoalho, que é parte do giro temporal superior. A porção posterior deste assoalho é atravessada por pequenos giros transversais, os giros temporais transversos, dos quais o mais evidente, o giro temporal transverso anterior é importante, pois nele se localiza o centro cortical da audição Lobo Parietal e Occipital - O lobo parietal apresenta dois sulcos principais: a) sulco pós-central — quase paralelo ao sulco central, é frequentemente dividido em dois segmentos, que podem estar mais ou menos distantes um do outro; b) sulco intraparietal — muito variável e geralmente perpendicular ao pós-central, com o qual pode estar unido, estende-se para trás para terminar no lobo occipital. 10 - Entre os sulcos central e pós-central fica o giro pós-central, onde se localiza uma das mais importantes áreas sensitivas do córtex, a área somestésica. O sulco intraparietal separa o lóbulo parietal superior do lóbulo parietal inferior. - Neste último descrevem-se dois giros: o giro supramarginal, curvado em torno da extremidade do ramo posterior do sulco lateral, e o giro angular, curvado em torno da porção terminal e ascendente do sulco temporal superior. - O lobo occipital ocupa uma porção relativamente pequena da face súpero-lateral do cérebro, onde apresenta pequenos sulcos e giros inconstantes e irregulares Ínsula - Afastando-se os lábios do sulco lateral, evidencia- se ampla fossa no fundo da qual está situada a insula, lobo cerebral que durante o desenvolvimento cresce menos que os demais, razão pela qual é pouco a pouco recoberto pelos lobos vizinhos, frontal, temporal e parietal. A insula tem forma cônica e seu ápice, voltado para baixo e para frente, é denominado límen da insula - A insula apresenta alguns sulcos e giros Áreas Sensitivas- Brodman - Os impulsos sensitivos chegam principalmente à metade posterior de ambos os hemisférios cerebrais, em regiões atrás do sulco central. No córtex cerebral, as áreas sensitivas primárias recebem informações sensoriais que foram transmitidas por receptores sensitivos primários de regiões inferiores do encéfalo. - As áreas de associação sensitiva geralmente estão próximas às áreas primárias. Elas geralmente recebem aferências das áreas primárias e de outras regiões encefálicas. - As áreas de associação sensitiva integram informações sensitivas para gerar padrões adequados de reconhecimento e percepção. Por exemplo, uma pessoa que tenha uma lesão na área visual primária seria cega ao menos em parte de seu campo visual; no entanto, um indivíduo com lesão em uma área de associação visual pode enxergar normalmente, embora não consiga reconhecer objetos comuns – como uma lâmpada ou uma escova de dentes – à primeira vista. Na sequência, apresentamos algumas das mais importantes áreas sensitivas: A área somatossensitiva primária (áreas 1, 2 e 3) situa-se diretamente posterior ao sulco central de cada hemisfério, no giro pós-central de cada lobo parietal. Ela se estende do sulco cerebral lateral, ao longo da face lateral do lobo parietal em direção à fissura longitudinal, onde então se projeta ao longo da face medial do lobo parietal. A área somatossensitiva primária recebe impulsos de tato, pressão, vibração, prurido, cócegas, temperatura (frio e calor), dor e propriocepção (posição de articulações e músculos), bem como está envolvida na percepção destas sensações somáticas. Um “mapa” do corpo inteiro está presente nesta área: cada ponto dela recebe impulsos de uma parte específica do corpo - O tamanho da área cortical que recebe estes impulsos depende do número de receptores presentes na respectiva parte do corpo, e não do tamanho desta parte. Por exemplo, uma regiãomaior da área somatossensitiva recebe impulsos dos lábios e dos dedos e uma menor recebe impulsos do tórax ou do quadril. Este mapa sensitivo somático distorcido é conhecido como homúnculo sensitivo. A área somatossensitiva primária permite que você identifique onde se originam as sensações somáticas, de modo que você saiba exatamente em que parte do seu corpo você dará um tapa naquele mosquito chato A área visual primária (área 17), localizada na parte posterior do lobo occipital, especialmente sobre sua face medial (próximo à fissura longitudinal), está envolvida com a percepção visual A área auditiva primária (áreas 41 e 42), situada na parte superior do lobo temporal, 11 próxima ao sulco cerebral lateral, está relacionada com a percepção auditiva A área gustativa primária (área 43), localizada na base do giro pós-central, superior ao sulco cerebral lateral no córtex parietal, está envolvida com a percepção gustativa e com a discriminação de gostos A área olfatória primária (área 28), situada na face medial do lobo temporal está envolvida com a percepção olfatória. Áreas primárias e áreas de associação GUSTAÇÃO VIAS GUSTATÓRIAS As fibras nervosas sensoriais dos botões gustatórios nos dois terços anteriores da língua se propagam no ramo corda do tímpano do nervo facial, e aquelas do terço posterior da língua atingem o tronco encefálico por meio do nervo glossofaríngeo. As fibras de outras áreas além da língua (p. ex., faringe) atingem o tronco encefálico por meio do nervo vago. Em cada lado, nesses três nervos, as fibras mielinizadas, porém de condução relativamente lenta do gosto, se unem na porção gustatória do núcleo do trato solitário (NTS) no bulbo. A partir desta, os axônios dos neurônios de segunda ordem ascendem no lemnisco medial ipsilateral e se projetam diretamente para o núcleo posteromedial do tálamo ventral. A partir do tálamo, os axônios dos neurônios de terceira ordem passam para os neurônios na ínsula anterior e para o opérculo frontal no córtex cerebral ipsilateral. Essa região é rostral para a área da face do giro pós-central, que é provavelmente a área que medeia a percepção consciente do gosto e a discriminação dos sabores. Da Mesma Forma que Ocorre com Outros Receptores, as Células Gustativas Produzem um Potencial Receptor A célula gustativa despolariza quando ela é ativada por uma substância adequada; o grau de despolarização é proporcional à concentração da substância. A ligação de uma substância de sabor ao seu receptor abre os canais de sódio, o que lhes permite entrar na célula. As células gustativas adaptam-se rapidamente (em poucos segundos). Transmissão dos Sinais Gustatórios para o Sistema Nervoso Central As fibras gustativas dos dois terços anteriores da língua seguem através dos ramos do nervo trigêmeo e, em seguida, juntam-se ao nervo corda do tímpano, um ramo do nervo facial. A sensação de gosto do terço posterior da língua é conduzida por fibras no nervo glossofaríngeo e as fibras gustativas da epiglote ou outras áreas seguem através de ramos do nervo vago. Todas as fibras gustativas convergem para o trato solitário e, eventualmente, fazem sinapses na porção rostral do núcleo do trato solitário. A partir daí os axônios passam rostralmente em vias mal definidas para o núcleo ventromedial do tálamo e, em seguida, para o córtex cerebral, na região ventral do giro pós- central. Além da via cortical para a percepção do sabor, os reflexos da gustação envolvem fibras que seguem diretamente do trato solitário para os núcleos salivatórios superior e inferior, que contêm neurônios pré- ganglionares parassimpáticos para a ativação da secreção salivar. A adaptação ao sabor ocorre no nível do receptor, mas a maior adaptação ao sabor ocorre através de mecanismos centrais. 12 Via gustatória Três nervos cranianos contêm axônios dos neurônios gustatórios de primeira ordem que inervam os calículos gustatórios. O nervo facial (VII) inerva os calículos gustatórios nos dois terços anteriores da língua; o nervo glossofaríngeo (IX) inerva os calículos gustatórios no terço posterior da língua e o nervo vago (X) inerva os calículos gustatórios na garganta e na epiglote. A partir dos calículos gustatórios, os impulsos nervosos são propagados ao longo desses nervos cranianos até o núcleo gustatório no bulbo. A partir do bulbo, alguns axônios carregando os sinais gustatórios se projetam para o sistema límbico e para o hipotálamo; outros se projetam para o tálamo. Os sinais gustatórios que se projetam a partir do tálamo para a área gustatória primária no lobo parietal do córtex cerebral dão origem à percepção consciente do paladar. Em suma (VIA GUSTATÓRIA) Temos o Nervo Facial (quem chega até a língua é o seu ramo, chamado Corda do Tímpano), que inerva os 2/3 posteriores da língua, o terço posterior fica sobre responsabilidade do Nervo Glossofaríngeo e o Nervo Vago com o restante O Ramo do nervo trigêmeo também tem a sua contribuição As informações desses três nervos vão seguir para a região posterior do bulbo do tronco encefálico, nos Núcleos Solitários A informação então passa pelo Tálamo e vai direto para a área primária da gustação Também temos uma relação com a área de associação da área Insular Área encefálica primária de associação responsável pela gustação: área de Broca. Córtex pré motor lateral (área 44); área 43- giro pós central OLFAÇÃO EPITÉLIO OLFATÓRIO E BULBO OLFATÓRIO Os neurônios sensoriais olfatórios estão localizados em uma porção especializada da mucosa nasal, o epitélio olfatório, com pigmentos de cor amarelada. Em cães e outros animais nos quais o sentido do olfato é altamente desenvolvido (animais macrosmáticos), a área coberta por essa membrana é grande; em animais microsmáticos, como os humanos, ela é pequena. Em humanos, ela cobre uma área de 10 cm2 no teto da cavidade nasal próxima ao septo. O epitélio olfatório é considerado como o local do corpo em que o sistema nervoso está mais próximo do mundo externo. RECEPTORES ODORÍFEROS E TRANSDUÇÃO DO SINAL Recentemente, o sistema olfatório tem recebido considerável atenção devido à intrigante questão biológica de como um órgão sensorial simples como o epitélio olfatório e sua representação cerebral, que aparentemente não tem um grau elevado de complexidade, podem controlar a discriminação de mais de 10.000 odores distintos. Uma parte da resposta a essa questão é que existem muitos receptores odoríferos diferentes. Há aproximadamente 500 genes olfatórios funcionais em humanos, representando cerca 13 de 2 % do genoma humano. As sequências de aminoácidos dos receptores odoríferos são muito diversas, mas todos os receptores odoríferos são receptores acoplados à proteína G (GPCR). Quando uma molécula odorífera se liga ao seu receptor, as subunidades de proteína G (alfa, beta e gama) se dissociam (Figura 11- 4). A subunidade a. ativa a adenililciclase para catalisar a produção de AMPc, que atua como um segundo mensageiro para abrir os canais de cátions, aumentando a permeabilidade para Na+, K+ e Ca2+. O efeito resultante uma corrente de Ca2+ dirigida para dentro, que produz um potencial receptor graduado. Este então abre os canais de c1- ativados por Ca2+, despolarizando ainda mais a célula, devido aos níveis elevados de c1- intracelular nos neurônios sensoriais olfatórios. Se o estímulo é suficiente para o potencial receptor exceder seu limiar, um potencial de ação no nervo olfatório (primeiro nervo craniano) é desencadeado. Uma segunda parte da resposta à questão de como 10.000 odores diferentes podem ser detectados, se encontra na organização neural da via olfatória. Embora existam milhõesde neurônios sensoriais olfatórios, cada um expressa apenas um dos 500 genes olfatórios. Cada neurônio se projeta para um ou dois glomérulos. Isto fornece um mapa bidimensional distinto no bulbo olfatório que é único para o odor. As células mitrais, com seus glomérulos, se projetam para partes diferentes do córtex olfatório. Os glomérulos olfatórios demonstram inibição lateral mediada por células periglomerulares e células granulares, o que aguça e concentra os sinais olfatórios. Além disso, o potencial de campo extracelular em cada glomérulo oscila, e as células granulares parecem regular a frequência da oscilação. Transmissão dos Sinais Olfatórios para o Sistema Nervoso Central O bulbo olfatório encontra-se sobre a lâmina cribriforme do etmoide que separa as cavidades craniana e nasal. Os nervos olfatórios passam através de perfurações na lâmina cribriforme e entram no bulbo olfatório, onde eles terminam em relação aos glomérulos; o bulbo olfatório é um arranjo de dendritos de células mitrais e de células em tufo, além de fibras nervosas olfatórias. Os axônios das células mitrais e das células em tufo deixam o bulbo olfatório através do trato olfatório e entram em regiões especializadas do córtex sem passar primeiro através do tálamo. A área olfatória medial é representada pelos núcleos septais que se projetam no hipotálamo e em outras regiões que controlam o comportamento. Acredita-se que esse sistema esteja envolvido com funções primitivas, como lamber, salivar e outros comportamentos alimentares. A área olfatória lateral é constituída pelas regiões pré-piriforme, piriforme e amigdaloide cortical. A partir daí os sinais são dirigidos para estruturas límbicas menos primitivas, como o hipocampo, que aparentemente é o sistema que associa certos odores às respostas comportamentais específicas. As fibras que se originam no cérebro cursam centrifugamente para atingir as células granulares no bulbo olfatório. Estas últimas células inibem os neurônios mitral e os tufos do bulbo, o que aguça a capacidade de distinguir diferentes odores. 14 Transmissão dos Sinais Olfatórios para o Bulbo Olfatório: O bulbo olfatório é mostrado na Figura 53-5. As fibras nervosas olfatórias, que se projetam posteriormente do bulbo são chamadas nervo cranial I ou trato olfatório. Entretanto, na realidade, tanto o trato como o bulbo olfatório são protuberância anterior do tecido cerebral da base do encéfalo; a dilatação bulbosa, na sua terminação, o bulbo olfatório, fica sobre a placa cribriforme que separa a cavidade encefálica da parte superior da cavidade nasal. A placa cribriforme tem várias perfurações pequenas por meio das quais quantidade de pequenos nervos passa com trajeto ascendente, da membrana olfatória, na cavidade nasal, para entrar no bulbo olfatório, na cavidade craniana. A Figura 53-3 demonstra a estreita relação entre as células olfatórias, na membrana olfatória e o bulbo olfatório, mostrando os curtos axônios das células olfatórias, que terminam em múltiplas estruturas globulares dentro do bulbo olfatório, chamadas glomérulos. Cada bulbo tem muitos milhares desses glomérulos, cada um dos quais recebe aproximadamente 25.000 terminações axônicas, provenientes das células olfatórias. Cada glomérulo também é sítio para terminações dendríticas de cerca de 25 células mitrais grandes e de cerca de 60 células em tufo pequenas, cujos corpos celulares residem no bulbo olfatório superiores ao glomérulo. Esses dendritos fazem sinapses com os neurônios das células olfatórias, e as células mitrais e em tufo enviam axônios pelo trato olfatório, transmitindo os sinais olfatórios para níveis superiores no sistema nervoso central. Algumas pesquisas têm mostrado que glomérulos diferentes respondem a diferentes odores. É possível que glomérulos específicos sejam a verdadeira pista para a análise dos diferentes sinais olfatórios, transmitidos para o sistema nervoso central. Via olfatória Em cada lado do nariz, cerca de 40 ramos de axônios delgados e não mielinizados dos receptores olfatórios se estendem através de cerca de 20 forames olfatórios na lâmina cribriforme do etmoide. Esses cerca de 40 ramos de axônios formam coletivamente os nervos olfatórios (I) direito e esquerdo. Os nervos olfatórios terminam no encéfalo em massas pareadas de matéria cinza chamadas 15 de bulbos olfatórios, que estão localizados abaixo dos lobos frontais do cérebro e laterais à crista etmoidal do etmoide. Nos bulbos olfatórios, os terminais axônicos dos receptores olfatórios formam sinapses com os dendritos e os corpos celulares dos neurônios do bulbo olfatório na via olfatória. Os axônios dos neurônios do bulbo olfatório se estendem posteriormente e formam o trato olfatório. Alguns dos axônios do trato olfatório se projetam para a área olfatória primária do córtex cerebral; localizada nas faces inferior e média do lobo temporal, que é a área olfatória em que começa a percepção consciente do cheiro. As sensações olfatórias são as únicas sensações que alcançam o córtex cerebral sem primeiro fazer sinapse com o tálamo. Outros axônios do trato olfatório se projetam para o sistema límbico e o hipotálamo; essas conexões contribuem para as nossas respostas emocionais e nossas memórias evocadas por cheiros. Exemplos incluem excitação sexual provocada por um determinado perfume, náuseas após sentir o cheiro de um alimento que já tenha feito você passar muito mal ou a memória de uma experiência da infância evocada por um odor. Em suma (VIA OLFATÓRIA) As partículas são captadas pelas células do epitélio olfatório (neurônios bipolares ciliados), que estão no epitélio olfatório, localizado na concha nasal superior A informação vai percorrendo os filetes de axônios, atravessando a lâmina do osso cribiforme, indo para o Bulbo, onde ocorre uma sinapse de segunda ordem Esse bulbo envia informações para dois locais estriados: a estria lateral e a estria medial A maior parte das informações vai para a estria lateral, que então envia as informações para a área de olfação primária no córtex Algumas informações vão acabar seguindo as estrias mediais, chegando até o hipotálamo, no Sistema Límbico, onde os cheiros serão interpretados e estimulados com as emoções Área encefálica primária de associação responsável pela gustação: mais profunda, área 4 (pré motora) Giovana Paula
Compartilhar