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1- Classificar a dor neuropática: Manifestações clínicas Fisiopatologia e agente causal Tipos de dor neuropática: dor fantasma Fontes: Porto, Current, Harrison, Artigo da UFBA, Porth DEFINIÇÃO Dor decorrente da lesão primária do SNP e Central Persistente além do período de cura Fenômenos sensitivos – e + Fenômenos motores e autonômicos Indefinição de correlação de sintomas e mecanismos Eficiência limitada de intervenções farmacológicas pode apresentar-se de 3 formas: constante, intermitente e evocada ETIOLOGIA inclui: afecções traumáticas, inflamatórias, vasculares, infecciosas, neoplásicas, degenerativas, desmielinizantes e iatroge ̂nicas Neuralgia Crises graves, breves, muitas vezes repetitivas de dor relâmpago ou latejante Manifesta-se ao longo da distribuição de um nervo espinal ou craniano e, geralmente, é precipitada por estimulação da região cutânea inervada por esse nervo Comumente causada por lesão neural, desaferentação ou central; A desaferentação é a privação de um neurônio de suas aferências, que pode gerar: degeneração dos terminais présinápticos, reinervação, substituição de sinapses inibitórias por excitatórias e aumento da eficácia de algumas sinapses QUADRO CLÍNICO 1º = queimação; 2º = choque elétrico; 3º = formigamento; Frio, picada, prurido, latejamento; A dor pode surgir na primeira semana ou mais tarde (meses ou anos) Isso vai influenciar o prognóstico Ausência de sinais e sintomas patognomônicos Possível neuroplasticidade variável do sistema nervoso periférico e central Diferentemente da dor nociceptiva, há limitação dos descritores verbais para caracterizar a dor neuropática (“é como se fosse um...”) Intermitente ou constante; Predominantemente na parte distal; Penetrante, pruriginosa e queimação queimação (54%), choque elétrico (53%) e formigamento (48%) Hiperestesia: aumento da sensibilidade aos estímulos dos sentidos (tato, visão, audição e olfato); Hiperalgesia: resposta exagerada após estímulo nocivo; Alodínia: relato de dor em estímulos inofensivos; Disestesia: sensações anormais desagradáveis; o Não envolve nociceptores forma peculiar de apresentação Parestesia: sensações anormais; Hiperpatia: reação dolorosa aumentada a estímulos repetitivos ou prolongados leves; Hiperatividade autonômica: alteração de fluxo sanguíneo e temperatura cutânea após estímulo; Paroxístico: intensificação da dor repentinamente; CLASSIFICAÇÃO PONTO DE VISTA ANATOMOETIOLÓGICO T2M13 do ponto de vista etiológico periférico, a dor neuropática pode ser devido a neuropatias de diferentes causas, radiculopatias, plexopatias, sendo de origem primária ou secundária As neuralgias são condições, na maior parte das vezes, de natureza idiopática ou disfuncionais A dor de origem central tem etiologia vascular, desmielinizante, traumática, tumoral, compressiva, degenerativa, malformativa e imunológica PONTO DE VISTA FISIOLÓGICO pode ser classificada em: Desencadeada por estímulos: sinais de hiperalgesia e alodínia resultantes de estimulação mecânica, térmica ou química; Também chamada de dor de tronco nervoso Independente de estímulos: persistente ou paroxística com parestesias e disestesias pontadas, fisgadas ou queimação causada por descargas ectópicas nas fibras ou depressão de vias inibitórias Também chamada de dor disestésica PATOLOGIAS ASSOCIADAS À DOR NEUROPÁTICA - As condições etiológicas associadas à dor neuropática dizem respeito a entidades clínicas decorrentes de fenômenos patológicos que comprometem o SNP e SNC, e são assim classificadas: Etiologias periféricas Dor pós-amputação (dor fantasma): pode surgir na 1ªs de amputação ou mais tarde, meses ou anos; intermitente ou constante, predomina na parte distal Neuropatias periféricas dolorosas: acompanham-se de fraqueza e atrofia muscular, hipoestesia, diminuição ou ausência de reflexos e distúrbios autonômicos. Neuralgia trigeminal e glossofaríngea: Podem ser idiopáticas (primárias) ou sintomáticas (secundárias). Características: dor em fisgada, em choques, de intensidade moderada a grave, unilateral, com crises durando segundos, periodicidade variada, atingindo principalmente as regiões de inervação maxilar e mandibular Síndrome complexa de dor regional: reúne vários sintomas e sinais: dor, desregulação do fluxo sanguíneo e sudorese, com edema da pele e tecidos subcutâneos, distúrbios de movimentos ativos e passivos, alterações tróficas da pele e tecidos relacionados Radiculopatias e aracnoidite: dor nos dermátomos correspondentes e são associadas a distúrbios sensitivos e/ou motores; piora com o esforço ou postura Etiologias centrais causada por lesão ou disfunção do SNC Dor central encefálica o Doença vascular cerebral o Esclerose múltipla o Abscesso, tumores, doenças inflamatórias, epilepsia, doença de Parkinson Dor central medular o Traumática o Siringomielia o Sífilis FISIOPATOLOGIA - Após a lesão do nervo, alguns pacientes desenvolvem alteração na distribuição e conformação de canais iônicos (especialmente canais de sódio) promovem aumento da excitabilidade axonal das fibras finas nociceptivas - Muitas vezes, tal excitabilidade é gerada longe do foco da lesão inicial (por isso, chamada de descarga ectópica), mas é capaz de acarretar o surgimento de sintomas de características neuropáticas - tratamentos mais eficazes para a dor neuropática: uso de anticonvulsivantes que agem sobre os canais de sódio Mecanismos Periféricos Geração Ectópica de impulsos nervosos ás fibras tipo C e Aδ: 1. Degeneração Walleriana do nervo: corte ou esmagamento que separa o axônio do corpo neuronal SP vincula-se a uma resposta aumentada dos terminais dos nociceptores, decorrente da ação de neuromediadores inflamatórios. Isso é consequência, a nível de nociceptores, da diminuição do limiar, indução de descargas ectópicas e aumento na quantidade de canais de Na. Esse mecanismo é diretamente vinculado à dor nociceptiva inflamatória, porém, em lesões traumáticas, terminais nervosos são geralmente comprometidos produz uma sobreposição de mecanismos inflamatórios e neuropáticos, consequentes à degenereção walleriana do nervo 2. Ativação e migração de macrófagos e células de Schwann; 3. Metaloproteases ativas; 4. Mediadores vasoativos liberados (CGRP, subs. P, bradicininas, NO): hiperemia e inchaço; 5. Invasão de monócitos e linfócitos T por atração de quimiocinas; 6. Macrófagos e mastócitos liberam prostaglandinas e citocinas (IL-18, IL6, TNF) 7. Ativação das fibras nociceptivas. Pode ocorrer formação de neuroma, brotamento e mudança de fenótipo nos neurônios danificados; Acoplamento simpático-sensitivo: Maior expressão de adrenorreceptores aumenta a sensibilidade; Excitação cruzada efática: fibra danificada gera um curto- circuito elétrico por correntes iônicas com fibras adjacentes intactas; Não efática quando envolve mediadores químicos; Alterações fenotípicas: genes modificados pela axotomia (neuropeptídios, canais iônicos); Gene Nav 1.3 e 1.8 com canal de sódio que se acumula ao redor de neurônios sensórias e desempenham aumento da excitabilidade neuronal Mecanismos Centrais Consequentes a lesões periféricas ou centrais e se expressam pelo desenvolvimento de sensibilização central, alterações neuroplásticas e redução ou perda de controle inibitório Sensibilização Central: ativação do receptor NMDA e AMPA por liberação de neurotransmissores excitatórios aumento da entrada de Ca e do conteúdo de glutamato, aspartato; Neuroplasticidade: modificações dos aferentes na raiz dorsal,com ativação de células gliais para liberação de citocinas pró- inflamatórias; Fibras C terminam na lâmina II e as Aδ terminam nas III e IV; Com injuria neuronal, as fibras Aδ brotam para dentro da lâmina II gera estímulos nociceptivos; Redução de mecanismos inibitórios: Redução de GABA Mecanismos centrais encefálicos: decorrentes de lesão ou disfunção do SNC - A dor central encefálica repousa em mecanismos talâmicos resultantes de atividades e reatividade neuronais aumentadas ao longo das vias somatossensoriais e de descréscimo dos mecanismos inibitórios, envolvendo aminoácidos excitatórios e receptores NMDA - o resultado dessas lesões: hipoestesia, hiperestesia, parestesias e disestesias, dor irradiada e somação temporal OCORRÊNCIA DE DOR NEUROPÁTICA POR AMPUTAÇÃO DE MEMBROS Artigo Dor Neuropática- Aspectos Neuroquímicos Dor do Membro Fantasma e Artigo Dor do Membro Fantasma, Revisão bibliográfica da fisiopatologia, Isabel Maria Manifesta após a amputação de um membro ou parte de um membro Sensação de formigamento, aperto ou peso, seguida por ardor, cãibra ou dor aguda Pode desaparecer espontaneamente ou persistir por muitos anos - ponto de partida para se entender o fenômeno: amputação de parte do corpo poder causar uma desregulação da rede normal de aferentes nervosos e da transmissão nociceptiva aferência normal é substituída por outra ainda desconhecida, mas diferente, que fornece à medula espinhal e ao córtex somatossensorial a informação necessária para criar o “fantasma” - 3 teorias: Periféricas: assumem que a causa reside nas terminações nervosas junto à lesão; amputação e secção do nervo degeneração retrógrada e encurtamento dos axônios aferentes fibras podem crescer e formar nódulos (neuromas) geram impulsos anormais sprouting terminações das fibras A e C alargam-se e desorganizam-se, gerando impulsos ectópicos que aumentam após estímulos mecânicos e químicos inócuos podem ativar SNC, manter intacta a percepção da existência do membro e gerar DF; fibras C estão na origem de descargas ectópicas com um padrão irregular lento associado à sobrerregulação ou à expressão de novo de canais de Na e à subregulação de canais de K Espinhais: atribuem a causa a alterações na medula espinhal Centrais: causa encefálica circuito fechado, auto- sustentável e ressonante seria formado em consequência da estimulação periférica crónica e à não recepção de impulsos inibitórios impulsos não regulados atingissem o cérebro, seriam sentidos como dolorosos Atividade Simpática pode ser caudsada por sofrimento emocional, poderia ampliar estes padrões de disparo, devido à elevação de epinefrina circulante - Dor no coto: dor aguda no local da amputação de uma extremidade, sendo considerada uma resposta previsível à agressão cirúrgica também devido a processos patológicos locais, como distúrbios circulatórios, infeção ou outras lesões da pele, tecidos moles ou osso. Os neuromas, que podem desenvolver-se na extremidade seccionada do nervo também podem contribuir para a manutenção da dor de longa duração estímulo para o aparecimento de DF - DF: outras situações, para além da amputação, em que há desaferenciação, como esclerose múltipla, lesão medular e lepra - Pode ter várias exacerbações durante o dia - duração de s, min ou hs, mas raramente dura mais do que alguns dias - Habitualmente está localizada na porção distal do membro ELEMENTOS CELULARES E MEDIAÇÃO QUÍMICA ENVOLVIDA NA DOR NEUROPÁTICA POR AMPUTAÇÃO Células e Dor Neuropática Mastócitos Presentes no nervo periférico Podem ser ativados no local da lesão por ↑ da adenosina ou bradicinina causa liberação de grânulos de histamina, proteases, citocinas e NGF Excitam diretamente os nociceptores e células do gânglio da raiz dorsal, facilitam a ação de SP e CGRP e provocam dor espontânea em queimação Síntese e secreção de prostaglandinas, citocinas e quimiocinas Recrutamento de leucócitos (neutrófilos e macrófagos) com ação indireta no SN neurovegetativo [; Macrófagos fagocitam células neurônios e células de Schawn degenerados ou mortos e residem no SNC e periférico liberam prostaglandinas, citocinas (IL- 6, TNFα, IL1β) e radicais superóxidos que estão implicados na dor neuropática, tanto que a depleção de macrófagos em ratos com nervos lesados reduz a hiperalgesia Neutrófilos Aderem ao endotélio vascular e migram p/ área inflamatória do nervo lesado Liberam lipoxigenases e citocinas atuam no receptor p/ dor e quimiotaxia p/ macrófagos e linfócitos Linfócitos Responsáveis pela imunidade celular encontrados no local da lesão expressam-se na periferia e no SNC Linfócitos CD4 aumentam a resposta ao estímulo doloroso resposta TH1 libera interferon-gama e IL-2 e está envolvida nas respostas inflamatórias moduladas por células e a resposta TH-2 (IL-4, IL-5, IL-6, IL-9 e IL-10) está envolvida na resposta alérgica com produção de anticorpos e inibição da síntese de citocinas pró-inflamatórias Linfócitos CD8 reduzem a sensibilidade à dor; transferência de CD4+ > a resposta ao estímulo doloroso em ratos e a de células CD8+ < a sensibilidade à dor Células da Glia Junto com as c de Schwann interage com os neurônios, promovendo manutenção da homeostase, regulando as concentrações de neurotransmissores, de íons e o pH do extracelular Na dor neuropática, parece desempenhar papel fundamental no início da lesão e os astrócitos na manutenção Microglia ativada por neuromediadores tipo bradicinina, subs P início da lesão; Astrócitos na manutenção; Não se sabe, contudo, como, após ativação da microglia, ocorre a dor neuropática Liberam NT’s excitatórios como PGF1, óxido nítrico, ativando diretamente o aferente sensitivo Neuromediadores Bradicinina Sensibiliza nociceptores periféricos Potencializa a transmissão sináptica p/ glutamato na medula Estimula macrófago a liberar citocinas e fatores quimiotáticos Facilita liberação de histamina pelos mastócitos ATP e Adenosina Age em receptores purinérgicos (P1 e P2) aclopados á proteína G e canais iônicos; Serotonina Sintetizado e liberado por neurônios do SNC e na periferia pelas plaquetas Induz hiperalgesia por ação direta no aferente primário via receptor 5HT1A Eicosanóides São metabólicos do ác araquidônico Prostaglandinas, Tromboxanos e Leucotrienos; Induzem a hiperalgesia de nociceptores periféricos e centrais; Na dor neuropática, pode haver aumento da expressão de (COX-2) na região da lesão, na medula espinal (COX2 e COX1) e no tálamo, associado ao aumento de macrófagos e maior produção de PGE2 em mastócitos fenômeno relacionado com a ação de IL1β, TNFα, fator de crescimento nervoso, MCP-1 (proteína quimiotáxica para monócitos) e radicais superóxidos PGE2 podem despolarizar diretamente as c. de variação dinâmica ampla no corno dorsal da medula espinal, ativar canais de Na tetrodoxina resistente e de Ca voltagem dependente, inibir canais de K e aumentar a liberação de glutamato, substância P ou CGRP ou bloquear a inibição da glicina sobre os neurônios nocivos específicos Citocinas são pequenas proteínas intermediárias de interações entre células em pequenas distâncias IL1-beta (exerce ação direta e indireta nos nociceptores e há aumento da síntese de IL1β na lesão de nervo periférico), IL-6 (sintetizada pelos mastócitos, monócitos, linfócitos, neurônios e células da glia. A lesão do nervo isquiático promove aumento da expressão de IL-6 no local, assim como no corno dorsal da medula espinal e no gânglio da raiz dorsal) e o TNF-alfa (após agir em receptores específicos, ativa fatores transcricionais (p38 MAPK e NFκβ) e libera fatores dependentes de COX-2) → pró inflamatóriascom ação sinérgica induz a hiperalgesia; Neurotrofinas NGF, BDNF, GDNF neurotrofinas diméricas sintetizadas e liberadas por várias células imunes; NO e Radicais Superóxidos Radicais superóxidos liberados por mastócitos e cél. da glia; NO provoca hiperalgesia implicado na sensibilização central fortalece a ação da PG2; Ác. Lisofosfatídico Substância derivada do metabolismo de lipídios que é liberado após a lesão tissular; Provoca alodinia mecânica e hiperalgesia térmica 2. Descrever o fenômeno Wind-up Fonte: Artigo: Dor- Aspectos Atuais; Artigo: Analgesia Preventiva Porth é uma forma de plasticidade de curta duração que ocorre no corno dorsal da medula espinhal o potencial de ação de alguns neurônios de largo aspecto aumenta progressivamente O Wind-up consiste do aumento da intensidade da dor ao longo do tempo em decorrência da repetição dos estímulos veiculados pelos aferentes periféricos C que ativam o receptor NMDA e acarretam aumento progressivo da reatividade dos neurônios do CDME. O wind-up dos neurônios do corno dorsal geralmente é evocado pela estimulação da fibra C e ocasionalmente pela estimulação da fibra Aδ Constitui a fase inicial dos processos que geram a sensibilização central que, por sua vez, resulta na ampliação dos campos receptivos dos neurônios do CDME e da área onde ocorre dor: o Na “hiperalgesia secundária” (redução do limiar frente aos estímulos nociceptivos mecânicos em áreas mais amplas do que as das lesões causais) o Na “alodínea mecânica secundária” (percepção da sensação dolorosa deflagrada por estímulos que não apresentam magnitude para fazê-lo em áreas ampliadas em relação à da lesão original) O Wind up não é necessário, nem suficiente para indução de sensibilização central ou hiperalgesia, entretanto pode facilitar a indução de LTP (long term potentiation) em sinapses de fibras C, por uma despolarização pós-sináptica progressiva, aumentando o influxo de Ca, tanto através dos receptores NMDA, como dos receptores dos canais de cálcio Ativação de receptores NMDA por ligação ao glutamato, remoção do íon magnésio e ação moduladora de taquicininas; o O deslocamento do magnésio acontece quando há despolarização prolongada e repetitiva da membrana (efeito voltagem-dependente), permitindo a passagem de Ca para o interior da célula Estímulos lentos pelas fibras C com baixa frequência < 5 Hz, baixa intensidade e tempo prolongado somação de potenciais ativação contínuo de receptores NMDA amplificação da hiperalgesia Fenômeno “Wind-Up” Também envolve os neurônios de segunda ordem do corno dorsal: neurônios de ampla faixa dinâmica (WDR); Diferenças com a Sensibilização Central Diferente da sensibilização central, o fenômeno não persiste após o estímulo, com estímulos repetidos e lentos; O fenômeno não acontece somente com respostas evocadas de fibras A, como na sensibilização central; A sensibilização pode ocorrer na ausência de Wind-up; Sensibilização pode ser ativada por estímulos não sincronizados da pele, articulações, músculos, vísceras, irritantes químicos, processo inflamatório, já o Wind-up não FISIOLOGIA DO WIND UP Ele resulta da estimulação excitatória repetitiva do neurônio de AFD pelo glutamato, atuando sobretudo nos receptores AMPA. Essa maior frequência de PA e despolarização sustentada da membrana resulta na ativação de receptores NMDA. O receptor NMDA em geral está inativo devido ao bloqueio dos canais pelos íons Mg2. A despolarização sustentada libera esse bloqueio do Mg2, e o receptor NMDA pode, então, ser ativado pelo glutamato. É importante citar que uma vez que o receptor NMDA é permeável ao Ca2_, o influxo de Ca2_ na célula altera as propriedades eletrofisiológicas de sinalização do neurônio de AFD O receptor NMDA é um dos subtipos de receptores de glutamato, que é o neurotransmissor excitatório quantitativamente mais importante no sistema nervoso central. O receptor NMDA é controlado tanto pela ligação do ligante ao receptor quanto pela voltagem da membrana. A ativação do canal só pode ocorrer quando a membrana da célula é parcialmente despolarizada pela ativação de outros receptores (não NMDA). Vários autores revisaram os dados eletrofisiológicos e comportamentais indicando um papel significativo dos mecanismos do receptor de NMDA subjacentes à sensibilização central e de enrolamento. A liberação combinada de peptídeos e glutamato de aferentes primários hiperativos pode induzir a hiperexcitabilidade dos neurônios do trato espinotalâmico que caracterizam a sensibilização central Antagonistas do NMDA Os antagonistas do receptor de NMDA inibiram o aumento da excitabilidade causado pela estimulação da fibra C de alta frequência e inibiram a hiperexcitabilidade que estava presente após a sensibilização central ter sido estabelecida. Os antagonistas do receptor NMDA inibem a soma temporal da dor, incluindo a soma temporal anormal da dor em áreas da pele com hiperalgesia secundária. 3. Descrever a terapêutica da dor neuropática, farmacológica e não farmacológica Fonte: Livro Dor: princípios e prática Determinar o componente puro (neuropático) ou misto (inflamatório-neuropático), deve-se atentar à: etiologia, sintomas, mecanismos e aspectos psicológicos; TERAPIA FARMACOLÓGICA - Anticonvulsionantes, antidepressivos, opióides, agentes tópicos, antiarrítmicos, gabaérgicos, antagonistas de NMDA, bloqueios anestésicos, neurolépticos e AINEs; - O tratamento envolve medicamentos de primeira linha: Gabapentina, lidocaína, opióides, tramadol e antidepressivos tricíclicos; - E de segunda linha: Lamotrigina, carbamazepina e inibidores seletivos de receptação de serotonina; Anticonvulsivantes exercem seu efeito sobre os canais iônicos envolvidos tanto na epilepsia como na dor neuropática canais-alvo: sódio e os de cálcio - Carbamazepina: bloqueia a condutância iônica em canais de sódio, suprimindo a atividade espontânea de fibras Aδ e C e atividade ectópica periférica; Efeitos colaterais: sonolência, vertigem, ataxia e anemia aplásica; Efetiva em dores paroxísticas e lancinantes e menos efetiva em dor em queimação e alodinia; Recomendado o uso inicial de 200 mg, aumentando-se até um resultado satisfatório (600 e 1600, mg/dia), tomada em 3 vezes, com vida média de 12 a 24 horas; - Gabapentina: análogo do GABA, logando-se á subunidade α2δ do canal de cálcio; Efeitos colaterais: sonolência, vertigem, raros sintomas gastrointestinais e edema periférico; Apresenta menos efeitos colaterais que a carbamazepina; Efeito em dores paroxísticas: hiperalgesia e alodinia; - Pregabalina: análoga do GABA e antagonista de α2δ; Se difere pela excelência em fibromialgia; - Lamotrigina: redução da liberação de glutamato e aspartato; Apesar de segunda linha, é eficaz em condições de neuralgia do trigêmeo, neuropatia por HIV e esclerose múltipla; Antidepressivos - Tricíclicos: inibir a receptação pré-snáptica de norepinefrina e serotonina, antagonizando o NMDA e bloqueando canais iônicos (sódio); Amitriptilina, nortriptilina, clomipramina, imipramina e desipramina; Eficazes em polineuropatia dolorosa, neuralgia pós- herpética, traumática; Por serem anticolinérgicos, devem ser usados com precaução em cardiopatas e idosos; O menor efeito anticolinérgico é a nortriptilina; - Não-tricíclicos: menos efeitos colaterais; Inibidores da receptação seletiva da serotonina (paroxetina e citalopram); Inibidores balanceados da receptação da serotonina e noradrenalina (venlafaxina e duloxetina); Inibidores seletivos de noradrenalina (bruprpopiona emaprotilina); Tetracíclicos (miaserina). Opióides - Principais: codeína, morfina (naturais), oxicodona (semi- sintético), metadona e tramadol (sintéticos); - Efeitos colaterais de euforia, depressão respiratória, náuseas, vômitos, prurido, obstipação, retenção urinária e dependência física; - Todos são analgésicos, mas o tramadol é opioide fraco e inibidor da recaptação e serotonina e noradrenalina, sendo então o mais indicado; Agentes tópicos e antiarrítmicos - Agentes anestésicos locais: lidocaína e capsaicina; A lidocaína a 5% é usada na forma de adesivos, principalmente na neuralgia pós-herpética, e a capsaicina tópica tem sido usada em dor musculoesquelética e em dor neuropática. - Como antiarrítmico, a mexiletina tem mostrado resultados inconsistentes em dor por neuropatia diabética, HIV e neuropatia periférica, porém, de forma dose-dependente, o que contribui para maior expressão de efeitos colaterais adversos (tremor, vertigem, náusea e arritmias), e limita seu uso TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA - Acupuntura, TENS e cirúrgicos ou invasivos (ablações, bloqueios, radiofrequência, estimulação); Psicoterapia: - Orientação, aconselhamento e treinamento de técnicas cognitivo-comportamentais no tratamento; - Técnicas de relaxamento: relaxamento muscular progressivo, respiração controlada (ou diafragmática), imaginação dirigida, treinamento autógeno, relaxamento complementado por biofeedback e hipnose; Fisioterapia: - Treinamento de modalidades ativas e pa ou modulação dos fatores que contribuem para a DN: postura, espasmos, contraturas ou ancilose óssea; - Ensinar técnicas de alongamento e fortalecimento que aumentam a flexibilidade dos grupos musculares que alecem os grupos que aliviam a compressão; Terapia Ocupacional: - Avaliação do local de trabalho + correção ergonômica + utilização de órteses; - Avaliação e modificação da postura durante o sono, AVDs e atividades recreativas; - Detecção e realização de modificações específicas no local de trabalho acolchoamento de punho dos profissionais que trabalham com teclados de computador; - Tratamento do tipo compressivo; - Condições ergonômicas desfavoráveis gerar ou agravar síndrome do túnel do carpo e neuropatias associadas aos movimentos repetitivos ou aos microtraumatismos ocupacionais 4. Diferenciar analgesia de anestesia Fonte: AbcMed; Pzifer ANALGESIA Alívio da dor; Sem perda da consciência, mobilidade ou sensorial; Provocada por analgésicos Podem existir 3 tipos: o Periférica: tipo de ação do sistema nervoso que controla a entrada da informação dolorosa, antes dela chegar no córtex cerebral. Nesse sentido, o intuito da analgesia periférica é reduzir a aferência do estímulo doloroso, reduzindo o desequilíbrio eletrolítico entre o interior e o exterior das células o Central: ações que têm origem em áreas mais superiores do sistema nervoso, mas que tem o mesmo intuito, de reduzir a aferência da dor o Descendente: áreas do sistema nervoso central projetam-se para baixo e tentam regular e bloquear os níveis de entrada das informações dolorosas periféricas no cérebro ANESTESIA Bloqueio das vias da sensibilidade e motoras; Ausência completa da dor e da percepção dolorosa; Pode ou não estar acompanhada de perda da consciência depende do anestésico utilizado; Existem três tipos diferentes de anestesias: o Anestesia geral: perda reversível e controlada da consciência paciente não consegue sentir, ouvir ou lembrar de nada. Algumas funções fisiológicas essenciais são suspensas, como a respiração, e têm de ser mantidas artificialmente o paciente recebe drogas que desfazem o tônus muscular e paralisam os movimentos depois são interrompidas e os pacientes recebem agentes para reverter todos os seus efeitos o Anestesia regional: torna uma região do corpo incapaz de sentir dor, sem abolir a consciência Ex anestesia raquidiana ou peridural, em que a pessoa fica anestesiada da cintura para baixo; bloqueios anestésicos de troncos nervosos, usados para possibilitar procedimentos cirúrgicos nas extremidades ou para aliviar dores intratáveis o Anestesia local: torna uma pequena área focal incapaz de sentir dor. É utilizada, por exemplo, em pequenas cirurgias, como retirada de um cisto dérmico, pequenas suturas ou extração de dentes SEDAÇÃO Anestesia com alteração da consciência; Depressão controlada da consciência pacientes podem estar sonolentos, mas não inconscientes; Pode afetar um pouco nas funções motoras e mentais; Calmantes largamente utilizada em diversos procedimentos e intervenções médicas, como endoscopias, colonoscopias, coletas de materiais orgânicos para biópsias, pequenas cirurgias, etc vantagens em relação à anestesia geral: os efeitos adversos que podem estar associados a esta última são evitados com a sedação; os pacientes mantêm seus reflexos fisiológicos naturais e são capazes de respirar por si mesmos, não dependendo de assistência ventilatória 5. Descrever a participação do SNA na manutenção da dor crônica Fontes: Artigo - Mecanismos da Dor neuropática Artigo - Síndrome Dolorosa Complexa Regional DOR DE MANUTENÇÃO SIMPÁTICA - Pode haver uma disfunção do SNS que leva a quadros dolorosos crônicos chamadas dores simpaticamente mantidas função normal do simpático é interpretada pelo cérebro com Dor - O exemplo mais típico são as Síndromes Dolorosas Regionais Complexas tipo I ou II pequenos traumas, cirurgias de extremidades, engessamento, podem levar a alterações do simpático que vai se exteriorizar como dor, inchaço, alteração da cor e temperatura da pele etc - Segundo a Associação Internacional para Estudo da Dor, seria diagnosticado como Síndrome Dolorosa Complexa Regional (SDCR), pelo mecanismo de Dor Simpaticamente Mantida (DSM); o Traz muita angústia para paciente e para os profissionais da saúde o Dor desproporcional ao trauma que a originou o dor em queimação intensa de localização variada, com preferência pelas extremidades (mãos e pés), paciente com feição de ansiedade e sofrimento, não apresenta sono restaurador e, por último, torna-se histérico o condição dolorosa regional associada às alterações sensoriais decorrentes de um evento nóxico o após o trauma, a dor é o sintoma principal, podendo estar associado à coloração anormal da pele, mudanças de temperatura do membro, atividade sudomotora anormal ou edema https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/791882/disturbios+hidroeletroliticos+o+que+devemos+saber.htm https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/791882/disturbios+hidroeletroliticos+o+que+devemos+saber.htm https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/359034/raquianestesia+o+que+e+quais+os+preparos+necessarios+como+e+feita+quais+sao+as+vantagens+e+as+desvantagens.htm https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/358844/como+e+a+anestesia+peridural+ou+epidural.htm https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/334070/endoscopia+digestiva+alta+como+e+o+exame.htm https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/327460/colonoscopia+como+e+o+exame+quando+deve+ser+realizado+para+que+serve+quais+sao+os+riscos+e+beneficios.htm http://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/513419/biopsia+o+que+e+quando+e+indicada+quais+os+tipos+quais+as+possiveis+complicacoes+como+ela+e+realizada.htm o Distúrbios motores como tremores, distonias ou fraqueza muscular podem ocorrer o foram definidos dois tipos de SDCR: o tipo I: sem lesão nervosa associada; o tipo II: com lesão nervosa associada; o Maior prevalência em mulheres e afeta mais os MS - SDCR tipo I: Distrofia Simpático Reflexa (é a atual SDCR), também chamada Causalgia, Algodistrofia ou Atrofia de Sudeck o Fibromialgia é uma forma generalizadade distrofia simpático reflexa; - SDCR tipo II: diferencia-se da do tipo I pela existência de uma lesão nervosa real, em que a dor não se limita ao território de inervação do nervo lesado - Dor simpaticamente mantida (DSM): trauma pode desencadear hiperatividade simpática constante, os nervos transmissores de dor são alterados e anormalmente ativados pela noradrenalina instalação pós-trauma, por sua independência a qualquer dano tissular e pela presença de alodinia designa dor mantida pelos eferentes simpáticos, ou por catecolaminas circulantes e algumas hipóteses são aventadas para justificar este fenômeno deve ser entendida como um mecanismo de dor e a SDCR como um diagnóstico Clínico - Fisiologicamente, as terminações nervosas aferentes primárias não são sensíveis às catecolaminas simpático não pode causar dor; - No entanto, lesão de nervo periférico induzem uma hipersensibilidade noradrenérgica contribui para estimular uma dor neuropática - O mecanismo da ativação simpática é determinado pelo aumento da resposta dos nervos lesionados à adrenalina circulante ou a norepinefrina liberada das terminações simpáticas pós-ganglionares após lesão receptores α-1- adrenérgicos expressos nas terminações das fibras adjacentes ás lesionadas sensibilidade à norepinefrina; - Noradrenalina aplicada perto de um neuroma ativa fibras A e C produzindo potenciais de ação espontâneos - Estimulação elétrica da cadeia simpática libera noradrenalina endógena aumenta descarga elétrica em fibras sensoriais não degeneradas após lesão e mediadas por receptores α-2- adrenérgicos; FISIOPATOLOGIA - sabe-se que não há lesão orgânica do sistema nervoso; no entanto, parece haver uma exacerbação dos mecanismos normais de reação tecidual frente a um estímulo doloroso - Admite-se que não haja apenas um único mecanismo responsável base fisiopatológica multifatorial, incluindo mecanismos não apenas periféricos mas também centrais: sensibilização central e periférica, exacerbação inflamação, alteração da função simpática (hiperexcitabilidade) e catecolaminérgica, alterações da representação somatossensorial a nível cortical, fatores genéticos e psicológicos - cascata de eventos: início numa lesão tecidual periférica estimulação da libertação local de citocinas pró-inflamatórias (IL1β, IL-2, IL-6, TNFα) e neuropeptídios (substância P, neuropeptídio Y e peptídeo relacionado com gene da calcitonina) com consequente diminuição das citocinas anti- inflamatórias (IL-10) - neuropeptídios: estimulam os receptores da dor+ diminuição do seu limiar de estimulação e à inflamação= sensibilização periférica - Após a lesão inicial: fibras nociceptivas da região atingida aumento da expressão de receptores β-adrenérgicos vão aumentar os estímulos nociceptivos aquando da estimulação do SNS e das catecolaminas circulantes (em parte relacionadas com fatores psicológicos) - redução da atividade do SNS: vasodilatação inicial e, posteriormente hiperregulação local dos receptores adrenérgicos e vasoconstrição (na presença de catecolaminas) culminam na redução da vascularização predispõe à acumulação de substâncias pronociceptivas (hiperalgesia), e contribui para a hipóxia tecidual (alterações tróficas da pele) - inputs dolorosos intensos e persistentes: aumento da excitabilidade dos neurónios nociceptivos da medula espinal produzem neuropéptidos e neurotransmissores excitatórios hiperalgesia e alodinia - A nível cerebral: alteração da plasticidade do córtex com diminuição da representação cortical somatossensorial, que se demonstrou reversível após resposta favorável ao tratamento instituído Giovana Paula
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