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TEMAS 1 A 4 APRENDIZAGEM E CONTROLE MOTOR

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DESCRIÇÃO
Fundamentos do desenvolvimento motor, da aprendizagem motora e do controle motor.
PROPÓSITO
Compreender o conceito do desenvolvimento motor para fins de conhecimento das teorias da
aprendizagem motora e do controle motor é imprescindível no processo de formação do profissional que
atua com o corpo e o movimento.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar a funcionalidade do movimento a partir da correlação entre crescimento, desenvolvimento e
maturação
MÓDULO 2
Reconhecer a relação entre habilidade e capacidade motora
MÓDULO 3
Identificar uma prática de intervenção profissional a partir das habilidades desenvolvidas no
comportamento motor
INTRODUÇÃO
Neste conteúdo, vamos estudar os fundamentos básicos do desenvolvimento, da aprendizagem e do
controle motor, bem como suas conexões e aplicabilidades na prática do profissional, relacionando as
principais características de cada um e suas inter-relações.
O PROFISSIONAL QUE TRABALHA COM O CORPO
EM MOVIMENTO PRECISA COMPREENDER A
ORIGEM DO MOVIMENTO, SUAS POSSIBILIDADES
NATURAIS DE FUNCIONAMENTO
(DESENVOLVIMENTO MOTOR), A AQUISIÇÃO DE
NOVOS GESTOS MOTORES (APRENDIZAGEM
MOTORA) E O APERFEIÇOAMENTO DELES
(CONTROLE MOTOR).
Além disso, é necessário saber quais aspectos intervêm no desdobramento desse processo, qual é a
faixa etária adequada e como as habilidades motoras são desenvolvidas no comportamento motor.
MÓDULO 1
 Identificar a funcionalidade do movimento a partir da correlação entre crescimento,
desenvolvimento e maturação
DESENVOLVIMENTO MOTOR
Para compreender o desenvolvimento motor, é imprescindível conhecer os conceitos que compõem
tal processo, pois eles são anteriores ao próprio nascimento do ser humano e interferem em todo o ciclo
vital.
VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR QUE O MOVIMENTO
HUMANO OCORRE ANTES MESMO DO
PENSAMENTO?
Agora, iniciaremos o estudo do desenvolvimento motor pela compreensão do desenvolvimento humano.
DESENVOLVIMENTO HUMANO
O desenvolvimento humano compreende todas as alterações sofridas pelo homem, da fecundação até a
morte. Essa questão é bastante abrangente e orientou grande parte dos estudos no decorrer da
evolução da humanidade. Tais estudos envolvem discussões intrínsecas às três principais correntes que
norteiam as teorias do desenvolvimento humano (SILVA, 1994). São elas:
CONCEPÇÃO INATISTA
CONCEPÇÃO AMBIENTALISTA
CONCEPÇÃO INTERACIONISTA
CONCEPÇÃO INATISTA
O desenvolvimento é determinado somente por fatores biológicos, em que as características físicas e
psicológicas são decorrentes da herança genética. Segundo essa concepção, o ser humano, ao nascer,
já apresentaria capacidades definidas e as fases do desenvolvimento predeterminadas. Os padrões do
comportamento já estariam presentes no nascimento e o surgimento de uma nova habilidade
dependeria somente do processo de maturação do sistema nervoso.
SEGUNDO SILVA (1994), AS CONDIÇÕES DO
AMBIENTE NÃO TERIAM GRANDE INFLUÊNCIA NA
AQUISIÇÃO DE HABILIDADES, POIS DEFENDE QUE
FORAM DETERMINADAS PELA HEREDITARIEDADE.
CONCEPÇÃO AMBIENTALISTA
O desenvolvimento é determinado pelo ambiente e o indivíduo nasce sem características
predeterminadas, cabendo ao ambiente decidir.
CONFORME SILVA (1994), A PARTIR DESSA
ABORDAGEM, A CRIANÇA É UM SER PASSIVO
FRENTE AO AMBIENTE, ENQUANTO OS ADULTOS A
SEU REDOR TERIAM O PAPEL DE ADMINISTRAR E
PROMOVER SEU DESENVOLVIMENTO.
CONCEPÇÃO INTERACIONISTA
O desenvolvimento infantil é compreendido dentro de um contexto mais complexo como um processo
contínuo e dinâmico, que ocorre pela plena interação entre organismo e ambiente, na qual há uma
influência mútua de um sobre o outro. Essa corrente é a junção das concepções inatista e ambientalista.
CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E
MATURAÇÃO
O desenvolvimento como processo é caracterizado pela integração entre crescimento e maturação do
indivíduo.
 ATENÇÃO
Embora o desenvolvimento e o crescimento sejam processos constantemente dinâmicos, com início na
fecundação e término na morte do indivíduo, trata-se de questões muito diferentes.
Segundo Lima (1981), o crescimento é o aumento de massa, resultado da incorporação e aumento das
células. Com o crescimento, as células se reproduzem e aumentam seu número total no organismo.
Já o desenvolvimento “é a diferenciação, aquisição ou aperfeiçoamento de funções orgânicas,
capacidades cognoscitivas, emocionais ou sociais, que se consegue através do tempo” (LIMA, 1981, p.
305).
Embora alguns autores tratem o crescimento e o desenvolvimento como sinônimos, são processos
diferentes que se desenvolvem em paralelo.
 
Foto: Shutterstock.com
ATIVIDADE DE REFLEXÃO DISCURSIVA
QUESTIONAMENTOS TÊM SURGIDO SOBRE OS
FATORES HEREDITÁRIOS E AMBIENTAIS. VOCÊ
SABERIA RESPONDER SOBRE AS SEGUINTES
QUESTÕES:
O QUANTO É HERDADO?
O QUANTO É INFLUENCIADO PELO AMBIENTE?
RESPOSTA
Outra questão inerente ao processo de desenvolvimento humano é a maturação, que corresponde a
“uma sequência de mudanças físicas determinada biologicamente e de comportamentos que resultam
do processo de envelhecimento, e não da aprendizagem ou da experiência de vida” (PAPALIA; OLDS,
1998, p. 72).
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 SAIBA MAIS
A maturação anatômica tem suas próprias leis de evolução: uma sucessão maturativa do sistema
nervoso. O desenvolvimento estrutural é necessário para o desenvolvimento funcional, e o aparecimento
de novas formas de conduta corresponde a modificações de estruturas.
Embora seja imprescindível para o desenvolvimento, a maturação não é uma condição suficiente para
explicar o comportamento, que é resultado de uma composição entre maturação, ambiente e
hereditariedade.
 
Imagem: Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito
 Fatores que compõem o desenvolvimento.
IDADE CRONOLÓGICA E BIOLÓGICA
O DESENVOLVIMENTO PODE SER CLASSIFICADO
DE VÁRIOS MODOS.
A idade cronológica, embora de uso universal, não é um indicador confiável do estágio de maturação
biológica. Ela demonstra características bastante específicas no início da vida, mas que, depois, tornam-
se generalistas. Possivelmente, isso ocorre porque, com os anos de vida, o sujeito fica cada vez mais
influenciado pelo ambiente em que vive, podendo ampliar suas potencialidades genéticas ou não, o que
determina seu nível de desenvolvimento.
 RESUMINDO
Portanto: “[...] a idade cronológica é uma estimativa bruta do nível de desenvolvimento do indivíduo, que
pode ser determinado de modo mais preciso por outros meios” (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 28).
A idade cronológica é capaz de mostrar há quanto tempo o indivíduo nasceu, pois indica o tempo
cronos, mas, como índice de envelhecimento, ela é falha. O índice que realmente mensura a idade de
cada indivíduo é a idade biológica, que fornece a taxa de progressão relacionada à maturidade. É uma
idade variável e possui correspondência aproximada com a idade cronológica (GALLAHUE; OZMUN,
2013). Corresponde ao conjunto de fatores que explicam a eficiência sistêmica do organismo humano.
ORGANISMO
Nosso organismo é um sistema complexo, formado por órgãos que funcionam de maneira
integrada e, por consequência, influenciam todo o sistema.
A forma de calcular a idade biológica é multifatorial: não se restringe a apenas um fator, como a idade
cronológica, que tem apenas o tempo como referência. Segundo Gallahue e Ozmun (2013), a idade
biológica é determinada pela medição das seguintes idades:
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Imagem: Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito
 Idade biológica.
OUTROS INDICADORES PODEM SER
CONSIDERADOS:
IDADE MORFOLÓGICA
Comparação do tamanho da pessoa, em termos de estatura e peso, com uma padronização normativa.
 VOCÊ SABIA
O tamanho normativo foi estabelecido pela primeira vez na década de 1940, por meio da elaboração de
gráficos de alturas e pesos de milhares de indivíduos.
Atualmente, “os pediatras usam gráficos de crescimento físico desenvolvidos pelo National Center for
Health Statistics” (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 29), muito similares ao seguinte gráfico:
 
Imagem: Shutterstock.comadaptado por Tiago Figueiredo
 Gráfico de Índice de Massa Corporal.
IDADE ESQUELÉTICA
É a idade biológica do crescimento do esqueleto. “Ela pode ser determinada com precisão por um raio-X
dos ossos carpais das mãos e do punho” (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 29). É muito utilizada em
casos de crescimento atrasado ou acelerado da criança e no desporto de alto rendimento.
 
Imagem: Shutterstock.com
Raios X dos ossos da mão e do punho. 
IDADE DENTÁRIA
Outro meio interessante e preciso de determinação da idade biológica ocorre por meio da sequência do
desenvolvimento dos dentes, que pode ser medida pela idade de calcificação (GALLAHUE; OZMUN,
2013).
 
Imagem: Shutterstock.com
 Raios X dentário de uma criança.
IDADE SEXUAL
Compõe mais um método de mensuração da idade biológica. A maturação sexual é determinada pelo
crescimento/desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias (GALLAHUE;
OZMUN, 2013).
 
Foto: Shutterstock.com
 
 
Foto: Shutterstock.com
O SURGIMENTO DE PELOS NA FACE DE MENINOS E
A MENARCA EM MENINAS ESTÃO RELACIONADOS À
IDADE SEXUAL.
Além desses, existem outros métodos de classificação da idade de um indivíduo. Eles incluem medições
das seguintes idades:
IDADE EMOCIONAL – DADA PELA MEDIÇÃO DA
CAPACIDADE DE SOCIALIZAÇÃO E DE FUNCIONAMENTO
DENTRO DE UM AMBIENTE SOCIAL/CULTURAL;
IDADE MENTAL – DADA PELA MEDIÇÃO COMPLEXA DO
POTENCIAL MENTAL DO INDIVÍDUO NO QUE TANGE AO
APRENDIZADO E À AUTOPERCEPÇÃO;
IDADE AUTOCONCEITUAL – DADA PELA MEDIÇÃO DA
AVALIAÇÃO PESSOAL QUE O INDIVÍDUO FAZ DO PRÓPRIO
VALOR OU DA PRÓPRIA CAPACIDADE;
IDADE PERCEPTIVA – DADA PELA AVALIAÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO DA PERCEPÇÃO PESSOAL.
(GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 29)
PERÍODOS DO DESENVOLVIMENTO
INTRAUTERINO
O ovo fecundado, que vai se tornar um novo ser humano, inicia sua segmentação poucas horas após a
“copulação”. Essa é operada por um único espermatozoide, no meio de 300 a 500 milhões de
espermatozoides que são depositados no interior da vagina após a ejaculação (teoria monospérmica).
Assim, o desenvolvimento começa com uma célula altamente especializada, o ovócito fertilizado ou
zigoto, que é totipotente.
TOTIPOTENTE
Pode dar origem a todos os tipos de células.
 ATENÇÃO
A vida existente desde a fecundação do óvulo deve ter seu desenvolvimento acompanhado ainda no
ventre materno.
Fonseca (1998) relata que o desenvolvimento intrauterino é a base do desenvolvimento extrauterino,
pois as questões relativas à concepção e ao período pré-natal influenciam completamente no
desenvolvimento da criança.
PERÍODO PRÉ-NATAL
Período que vai da concepção ao nascimento.
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O DESENVOLVIMENTO HUMANO INTRAUTERINO É
DIVIDO EM TRÊS PERÍODOS:
Período pré-embrionário – da concepção ao primeiro
Período embrionário – do primeiro ao segundo mês
Período fetal – dos 2 aos 9 meses
 
Imagem: Shutterstock.com
 Fases do desenvolvimento humano intrauterino
VAMOS DETALHAR CADA UM DELES A SEGUIR:
PERÍODO PRÉ-EMBRIONÁRIO
Este período abrange da primeira à terceira semana de gestação, da fecundação até o início do
desenvolvimento do sistema cardiovascular. Em meio a isso, surgem os processos de segmentação,
gastrulação e neurulação. A mistura cromossômica recebida pelos pais forma o zigoto. Com a mitose,
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ocorre a formação dos blastômeros, que se desenvolvem e se solidificam na mórula, transformando-se
em uma cavidade com líquido chamada de blástula.
MISTURA CROMOSSÔMICA
23 cromossomos da mãe + 23 cromossomos do pai = 46 pares de cromossomos = 2 pares
sexuais (genossomas) + 44 pares somáticos (autossomas)
BLASTÔMEROS
“Qualquer uma das várias células resultantes das divisões iniciais do zigoto, que formam as fases
do embrião denominadas mórula e blástula.”
Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa
MÓRULA
“Estágio embrionário, caracterizado por uma massa de células aglomeradas – [parecida com uma
amora, o que originou seu nome] –, formadas por mitoses sucessivas do zigoto. Em humanos,
corresponde aos três ou quatro primeiros dias após a fertilização.”
Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa
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Imagem: Shutterstock.com adaptado por Tiago Figueiredo
 Desenvolvimento embrionário.
1
Ao mesmo tempo em que a segmentação ocorre, o zigoto é rodeado de células nutritivas e vai sendo
empurrado até o útero.
Ao chegar ao útero, a mórula lança secreções ricas em açúcar e sais – ação associada a uma ativação
hormonal à base de progesterona, que provoca a hipervascularização da mucosa uterina.
2
3
O processo de especialização celular vai se operando por meio de mecanismos bioquímicos ativados
em nível do código genético.
As células do trofoblasto (exteriores), que originam os anexos embrionários, segregam um líquido para
dentro da blástula, o qual permite a nidação (implantação) no útero. Essa ocorre, mais ou menos, sete
dias após a fecundação, que, em termos gerais, completa o período do zigoto ou período pré-
embrionário (FONSECA, 1998).
4
TROFOBLASTO
“Camada de células epiteliais que forma a parede externa da blástula dos mamíferos (blastocisto)
e atua na implantação e nutrição do embrião.”
Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa
PERÍODO EMBRIONÁRIO
Neste período, que vai de três a oito semanas, formam-se os órgãos e os principais sistemas corporais.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Período embrionário - 8 semanas de gestação.
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Nascem os olhos e as orelhas; na face, surge o lábio superior, o palatino, os maxilares e a língua.
No fim do segundo mês, surgem os primeiros movimentos. Os folículos pilosos e as glândulas
sudoríparas começam a crescer e a atuar. O coração pulsa com maior intensidade, os braços crescem,
o estômago e o fígado iniciam suas funções.
 ATENÇÃO
Todas as estruturas que o recém-nascido vai apresentar já se encontram no embrião (FONSECA, 1998).
PERÍODO FETAL
Neste período, o desenvolvimento intrauterino que se observa do terceiro ao nono mês é o
desenvolvimento estatural, ponderal e motor. Fonseca (1998) relata as principais características do feto
mês a mês de seu desenvolvimento.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Feto – 3º mês.
No terceiro mês, surgem os movimentos de flutuação com fixação na âncora do cordão umbilical. A boca
entreabre-se, as inalações e sucções são desencadeadas. O feto pode realizar uma enormidade de
padrões de comportamento, dentro, evidentemente, de um envolvimento líquido.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Feto – 4º mês.
No quarto mês, o feto já tem 24cm. Aparecem unhas nos dedos. A velocidade do crescimento é máxima
nesse período. Já é possível detectar o batimento cardíaco e a estrutura da placenta aumenta de
tamanho.
 
Imagem: Shutterstock.com
 Feto – 6º mês.
No quinto e no sexto mês, o feto tem 31cm. Surgem o lanugo, as sobrancelhas, as pestanas e o cabelo.
O vernix seosa cobre a totalidade do corpo, protegendo a pele, que se torna mais consistente. Ouve-se
sons, e os testículos saem das bolsas. Ocorre uma motilidade espontânea, ampla e lenta de exploração
da piscina uterina.
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Imagem: Shutterstock.com
 Feto – 9º mês.
No sétimo, oitavo e nono mês, há uma diferenciação de período de vigilância e sonolência. O
crescimento ponderal e estatural cresce segundo novas proporções. A formação de gorduras protetoras
da pele opera uma função homeopática, já mais eficaz. O nascimento prematuro é viável. A motricidade
fetal pode ser detectada por uma simples palpação da parede abdominal e é do tipo anfíbio. A
respiração é mais regular, a hipotonia diminui, os reflexos são mais vivos, rápidos e duráveis, e ocorrem
sinergias tônico-reflexivas.
LANUGO
Lã, em latim, que cobre a maioria do corpo do feto.
VERNIX SEOSA
Substância gordurosa esbranquiçada que lubrifica a pele do feto para facilitar o parto. Podemos
fazer uma analogia com o mecanismo protetor idêntico ao das espécies anfíbias.SAIBA MAIS SOBRE ESSE ÚLTIMO PERÍODO DO
FETO:
1
A “cambalhota” final, com a colocação cefálica, vai preparando o terreno para a ultrapassagem do
“estrangulamento público”, que culmina no parto. A postura predominante é caracterizada pela flexão
da coluna e pela flexão dos membros. Há que se ocupar o mínimo espaço uterino possível. Ocorre
hipertonia ao nível dos flexores e hipotonia nos extensores.
Os movimentos espontâneos são mais amplos, o automatismo primário está prestes a funcionar, e as
recepções auditivas manifestam-se por reações tônico-motoras em cadeia. Há sinergia entre os olhos e
a cabeça. Por falta de espaço, a motricidade diminui. Separam-se as pálpebras, e os cabelos estão mais
desenvolvidos.
2
3
O desenvolvimento do sistema nervoso envolve a extensão dos axônios e a arborização dendrítica, bem
como a modificação das sinapses e a aquisição das bainhas protetoras de mielina, refletindo uma
produção de efeitos químicos mais ativada e adequada.
Ao fim dos 9 meses, a penugem cai em grande parte, e as proporções corporais harmonizam-se. O
corpo ajusta-se à forte compressão uterina. As contrações uterinas tendem a ser mais sensíveis à
medida que se aproxima o parto. Restam, agora, o rompimento da bolsa d’água, a queda do tampão
mucoso e o início do trabalho de parto. A adaptação da vida aérea acelera-se e consolida-se. O córtex
ainda não é excitável, mas o feto está maduro.
4
Após o nascimento, vem o chamado período neonatal, no qual há necessidade de o recém-nascido
sobreviver por si só.
PERÍODO NEONATAL
Período de transição da vida intrauterina, que corresponde às quatro primeiras semanas de vida
do bebê.
Papalia e Olds (1998) afirmam que, antes de nascer, a circulação sanguínea, a respiração, a ingestão de
nutrientes, a eliminação dos dejetos e a regulação da temperatura eram acompanhadas pelo corpo da
mãe. Depois de nascer, o bebê precisa efetuar todas essas funções sozinho. “Nunca mais ele sofrerá
tamanha mudança para manter sua vida” (PAPALIA; OLDS, 1998, p. 131). Saindo da placenta para a
terra, o neonato terá de aprender a sobreviver fora do ventre materno, crescendo e se desenvolvendo
dia a dia. As conquistas são diárias!
 
Imagem: Shutterstock.com
 VOCÊ SABIA
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Segundo os estudiosos do evolucionismo, a conquista da bipedia trouxe ônus e bônus à evolução da
espécie. Um ponto de atenção é que, a partir desse momento, a mulher não pode mais carregar o feto
em gestação por um período maior que 42 semanas, o que faz com que o recém-nascido humano nasça
extremamente frágil se comparado com neonatos de outras espécies, mesmo os primatas (TONI et al.,
2004).
Assim que um bebê nasce, o pediatra o examina para verificar seu bem-estar. É a primeira nota de sua
vida, o chamado Score de Apgar, que, segundo Holland (2004, p. 9): “é realizado no primeiro e no quinto
minuto depois do parto e alerta a equipe médica caso o bebê precise imediatamente de qualquer
cuidado extra para se adaptar ao novo ambiente”. Nele, são analisados:
Frequência cardíaca
Respiração
Tônus muscular
Resposta reflexa
Cor da pele
 
Fonte: Shutterstock.com
O TESTE É UM INDICADOR DE SAÚDE GERAL DO
RECÉM-NASCIDO.
Ao nascer, a postura do neonato é a mesma de dentro do útero materno: fetal. Quanto à fisiologia do
bebê, o metabolismo do recém-nascido apresenta uma taxa basal duas vezes maior que a do adulto em
relação a seu peso corporal. Esse aumento se deve, em parte, ao aumento do gasto energético em
função de débito cardíaco (duas vezes maior) e ao volume respiratório por minuto (GUYTON, 1977).
Veja o quadro a seguir sobre as variáveis pré e pós-natal:
VARIÁVEIS PRÉ-NATAL PÓS-NATAL
1.
Envolvimento
Líquido amniótico. Gasoso (ar).
2.
Temperatura
externa
Mais ou menos
constante.
Varia consoante às condições externas.
3.
Fornecimento
de O2
Hemotrófico:
difusão através da
barreira da
placenta.
Dos alvéolos para o sangue.
4. Nutrição
Realizada pelos
elementos
nutritivos do
sangue da mãe.
Depende da alimentação que é fornecida pelos
adultos.
5. Eliminação
dos produtos
metabólicos
Através do
sangue maternal.
Eliminação pelos pulmões (CO2), pela pele, pelos
rins e pelos intestinos.
6.
Estimulação
sensorial
Reduzida,
essencialmente
tátil-cinestésica e
vestibular. 
Interoceptividade.
Ampliada de acordo com a estimulação social,
envolvendo todas as modalidades sensoriais:
proprioceptivas e telerreceptivas (audição e visão).
7. Atividade Significativa, Reflexos incondicionados e deslocamentos passivos. 
motora diversificada e
viva. 
Sinergias tônico-
reflexas. 
Movimentos
espontâneos.
Movimentos indiferenciados. 
Descargas tônicos-emocionais. 
Dialéticas hipotenia-hipertonia, satisfação-
necessidade.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro: Variáveis pré e pós-natal. 
Extraída de Pugliese, 2018, p. 69.
 ATENÇÃO
Entre as muitas adaptações sofridas pelo bebê ao nascer, apontou-se como principal a adaptação da
respiração ou a adaptação respiratória que o neonato tem de sofrer. Isso porque, uma transição bem-
sucedida do sistema respiratório e circulatório pulmonar do estado fetal para o neonatal determina a
sobrevida do recém-nascido.
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
A partir de agora, veremos duas fases com características marcantes do desenvolvimento humano: a
infância e a adolescência.
INFÂNCIA
Partindo para as questões inerentes à infância, este período é marcado por mudanças regulares nos
domínios cognitivo, afetivo e motor, bem como por aumentos regulares de altura, peso e massa
muscular.
 SAIBA MAIS
No início da infância, a taxa de crescimento desacelera, mas se mantém constante até a puberdade.
 
Foto: Shutterstock.comm
Segundo Beresford (1999), o desenvolvimento da criança é uma complexa teia que envolve o
desenvolvimento biofísico/biológico, bioemocional/psicológico, biomoral/humano,
biossócio/histórico e biotrancendente/cósmico, em que um aspecto interfere no outro. Papalia e
Olds (1998, p. 12) relatam que diferentes áreas “se sobrepõem e interagem entre si durante toda a vida,
já que o desenvolvimento em uma área afeta o desenvolvimento nas outras”.
Relacionando essa complexa teia com o que a criança traz de informação genética mais as influências
que ela recebe do meio, Wallon (1989) acrescenta que, a cada idade, estabelece-se um tipo particular
de interações entre o sujeito e seu ambiente. Os espaços, as pessoas, a linguagem e a cultura formam o
contexto do desenvolvimento.
O MEIO TRANSFORMA-SE COM A CRIANÇA, ASSIM
COMO A CRIANÇA TRANSFORMA-SE COM O MEIO.
A maturação também é uma condição essencial para que haja o desenvolvimento. Segundo Gesell e
Amatruda (2000), existem leis sobre o amadurecimento que explicam as tendências do desenvolvimento
infantil, porém, cada criança tem um ritmo característico de sua individualidade.
ADOLESCÊNCIA
A adolescência ocorre a partir da transição da infância e é marcada por mudanças significativas que
influenciam no crescimento e no desenvolvimento. Quando entra na adolescência, o sujeito é afetado
por uma série de mudanças biológicas e sociais.
 
Foto: Shutterstock.comm
Mudanças expressivas acontecem nessa fase da vida: o estirão de crescimento, o início da puberdade e
a maturação sexual são marcadores biológicos primários da adolescência.
Alguns fenômenos culturais têm ocorrido nessa faixa etária. Segundo Gallahue e Ozmun (2013), o
surgimento da maturação sexual está cada vez mais prematuro, demonstrando uma redução na média
de idade da puberdade. Paralelo a isso, a dependência econômica se alongou.
CARACTERÍSTICAS GENÉTICAS E CULTURAIS
DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA
O desenvolvimento motor é a contínua alteração no comportamento motor ao longo da vida. Isso
ocorre a partir da influência dos aspectos biológicos do indivíduo, das condições do ambiente em que o
indivíduo está inserido e da necessidade da tarefa a ser cumprida (GALLAHUE; OZMUN, 2013).
A DEMANDA GERA O DESENVOLVIMENTO,MAS
ESSE OCORRE A PARTIR DAQUILO QUE O
INDIVÍDUO É GENÉTICA E CULTURALMENTE.
O quadro a seguir demonstra as principais características observadas no crescimento e no
desenvolvimento de um ser humano sem nenhuma patologia associada:
Faixa etária Principais desenvolvimentos
Estágio pré-natal: da
concepção ao nascimento
A estrutura básica do corpo e dos órgãos se forma.
O crescimento físico é o mais rápido do ciclo vital.
A vulnerabilidade às influências do meio ambiente é
grande.
Infância: do nascimento
aos 3 anos
O recém-nascido é dependente, mas competente.
Todos os sentidos funcionam desde o nascimento.
O crescimento físico e o desenvolvimento das
capacidades motoras são rápidos.
A habilidade para aprender e lembrar está presente,
mesmo nas primeiras semanas de vida.
As ligações afetivas aos pais e aos outros se formam
próximo ao final do primeiro ano.
A autoconsciência desenvolve-se no segundo ano.
A compreensão e a fala se desenvolvem rapidamente.
O interesse por outras crianças aumenta.
Infância: dos 3 aos 6 anos
A família ainda é o foco da vida, embora outras crianças
comecem a se tornar mais importantes.
As habilidades motoras fina e geral e a força aumentam.
O jogo, a criatividade e a imaginação se tornam mais
elaborados.
A imaturidade cognitiva leva a muitas ideias “não lógicas”
sobre o mundo.
O comportamento é bastante egocêntrico, mas a
compreensão da perspectiva de outras pessoas evolui.
Infância: dos 6 aos 12
anos
Os companheiros assumem importância central.
As crianças começam a pensar de modo lógico, embora
bastante concretamente.
O egocentrismo diminui.
As habilidades de memória e linguagem aumentam.
Os ganhos cognitivos aprimoram a habilidade para se
beneficiar da escolarização formal.
O autoconceito se desenvolve, afetando a autoestima.
O crescimento físico é mais lento.
A força e as capacidades atléticas se aprimoram.
Adolescência: dos 12 até
cerca de 20 anos As mudanças físicas são rápidas e profundas.
A maturidade reprodutiva é atingida.
A busca pela identidade se torna central.
Grupos de colegas ajudam a desenvolver e a testar o
autoconceito.
A habilidade para pensar abstratamente e usar o
raciocínio científico se desenvolve.
O egocentrismo adolescente persiste em alguns
comportamentos.
O relacionamento com os pais geralmente é bom.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro: Principais desenvolvimentos na infância e na adolescência. 
Adaptado de Papalia e Olds, 1998, p. 23.
CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E
MATURAÇÃO
A especialista Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito apresenta os conceitos principais de crescimento,
desenvolvimento e maturação:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR SOBRE CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO HUMANO: 
 
I. ALGUNS AUTORES TRATAM O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO
COMO SINÔNIMOS, MAS SÃO PROCESSOS DIFERENTES. 
 
II. O CRESCIMENTO ENVOLVE O AUMENTO DE MASSA CORPORAL (TAMANHO
E SUPERFÍCIE), RESULTANTE DA INCORPORAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS QUE
AUMENTAM O TAMANHO DAS CÉLULAS. 
 
III. DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO SÃO CONCEITOS AFINS.
 
ESTÁ(ÃO) CORRETA(S) A(S) AFIRMATIVA(S):
A) I somente
B) I e II
C) III somente
D) II somente
E) II e III
2. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR SOBRE AS IDADES CRONOLÓGICA E
BIOLÓGICA: 
 
I. A IDADE CRONOLÓGICA É CAPAZ DE MOSTRAR HÁ QUANTO TEMPO O
INDIVÍDUO NASCEU, MAS, COMO ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO, ELA É FALHA,
POIS A IDADE BIOLÓGICA NEM SEMPRE LHE CORRESPONDE. 
 
II. O ÍNDICE QUE MENSURA A IDADE DE CADA INDIVÍDUO NÃO PODE SER A
IDADE BIOLÓGICA. 
 
III. A IDADE BIOLÓGICA DO INDIVÍDUO FORNECE A TAXA RELACIONADA À
MATURIDADE. 
 
ESTÁ(ÃO) CORRETA(S) A(S) AFIRMATIVA(S):
A) I somente
B) I e II
C) III somente
D) II e III
E) I e III
GABARITO
1. Analise as afirmativas a seguir sobre crescimento e desenvolvimento humano: 
 
I. Alguns autores tratam o crescimento e o desenvolvimento como sinônimos, mas são
processos diferentes. 
 
II. O crescimento envolve o aumento de massa corporal (tamanho e superfície), resultante da
incorporação de substâncias que aumentam o tamanho das células. 
 
III. Desenvolvimento e crescimento são conceitos afins. 
 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
A alternativa "B " está correta.
 
Os termos “crescimento” e “desenvolvimento” não são sinônimos. Esse entendimento é fruto de um
grande erro conceitual. O crescimento envolve aspectos concretos, ganhos possíveis de mensurar,
vistos a olho nu. Já o desenvolvimento envolve aspectos abstratos de ganhos no comportamento.
2. Analise as afirmativas a seguir sobre as idades cronológica e biológica: 
 
I. A idade cronológica é capaz de mostrar há quanto tempo o indivíduo nasceu, mas, como índice
de envelhecimento, ela é falha, pois a idade biológica nem sempre lhe corresponde. 
 
II. O índice que mensura a idade de cada indivíduo não pode ser a idade biológica. 
 
III. A idade biológica do indivíduo fornece a taxa relacionada à maturidade. 
 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
A alternativa "E " está correta.
 
A idade cronológica é uma contagem de tempo (tempo cronos), enquanto a idade biológica é uma
contagem diante das mudanças de seus processos..
MÓDULO 2
 Reconhecer a relação entre habilidade e capacidade motora.
AQUISIÇÃO DE HABILIDADES E CAPACIDADES
MOTORAS
O termo motor refere-se ao desenvolvimento dos fatores biológicos e mecânicos que influenciam o
movimento. No entanto, raramente, é usado sozinho, servindo de prefixo ou sufixo em diversos termos.
Já a capacidade motora é uma qualidade do indivíduo relacionada a sua capacidade funcional, o que
envolve qualidades físicas definidas geneticamente.
 VOCÊ SABIA
Historicamente falando, a informação antes aceita de uma capacidade motora geral foi impugnada. Tal
fato representa uma grande evolução científica.
TER CAPACIDADE SUPERIOR EM UMA ÁREA NÃO
GARANTE CAPACIDADE SIMILAR EM OUTRAS. O
DESENVOLVIMENTO MOTOR É ALGO [EXTREMAMENTE]
ESPECÍFICO. O CONCEITO ANTIQUADO DE QUE A PESSOA
TEM OU NÃO TEM CAPACIDADE EM SITUAÇÕES DE
MOVIMENTO FOI SUBSTITUÍDO PELO CONCEITO DE QUE
CADA UM TEM POTENCIALIDADES ESPECÍFICAS DENTRO
DE CADA UMA DAS MUITAS ÁREAS DO DESEMPENHO.
(GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 23)
EM OUTRAS PALAVRAS, NINGUÉM É BOM EM TUDO!
A habilidade motora é uma tarefa ou ação de movimento voluntária realizada pelo corpo, que pode ser
aprendida e dirigida para uma finalidade (GALLAHUE; OZMUN, 2013).
Veja o quadro a seguir com os termos usados no desenvolvimento motor:
Comportamento
motor
Estudo de alterações no aprendizado motor, controle motor e
desenvolvimento motor, realizadas pela interação do aprendizado e dos
processos biológicos.
Controle motor Mudanças neurais e físicas na performance de tarefas isoladas.
Aprendizado
motor
Mudanças envolvendo a aquisição e o refinamento de habilidades de
movimento.
Aptidão física Habilidade de realizar atividade física, combinada com a constituição
genética do indivíduo e com a manutenção da adequação nutricional.
Pode ser subdividida em componentes relativos à saúde (resistência
cardiovascular, resistência muscular, força muscular, flexibilidade e
composição corporal) e relativos à performance (velocidade, potência,
agilidade, equilíbrio e coordenação).
Desenvolvimento
motor
Alterações progressivas do comportamento motor, no decorrer do ciclo da
vida, realizadas pela interação entre as exigências da tarefa, a biologia do
indivíduo e as condições do ambiente.
Motor Fatores que afetam o movimento.
Movimento Ato observável de se mover.
Padrão motor Processos biológicos e mecânicos comuns.
Padrão de
movimento
Série organizada de movimentos relacionados (por exemplo, um padrão
lateral do braço).
Padrão motor
fundamental
Processo comum de movimentos básicos.
Padrão de
movimento
fundamental
Série organizada de movimentos básicos (por exemplo, empurrar).
Habilidade
motora
Processo comum de ganho de controle do movimento voluntário do
corpo, dos membrosou da cabeça (também chamado de “tarefa” ou
“ação”).
Habilidade de
movimentos
especializada
Forma, precisão e controle no desempenho de um movimento (por
exemplo, derrubar um objeto que se arremessou em sua direção ou
rachar lenha).
Habilidade
esportiva
Combinação de um padrão de movimento fundamental com forma,
precisão e controle no desempenho de uma atividade relacionada ao
esporte (por exemplo, rebater no beisebol ou no softbol).
Educação
motora
Processo permanente de alteração do comportamento motor que se
realiza em função de fatores ambientais específicos de oportunidades
para a prática, de encorajamento, instrução e da ecologia (isto é, o
contexto) do ambiente (por exemplo, alteração nas habilidades de
derrubar no decorrer do tempo).
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
 Conceituação dos termos comumente usados no desenvolvimento motor. 
Quadro: Adaptado de Gallahue e Ozmun, 2013, pág. 32.
GENÓTIPO: FATORES GENÉTICOS NO
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
MOTORAS
Todos somos produtos de estruturas genéticas específicas e das experiências que acumulamos desde a
fecundação. Desse modo, a interação entre atividade física, genética e nutrição sugere os limites
máximo e mínimo da aptidão física que podem ser esperados de um indivíduo.
1
A união do óvulo e do espermatozoide marca o ponto da concepção e a determinação da herança
genética da pessoa. A mãe e o pai contribuem, cada um com 23 cromossomos.
Os dois núcleos celulares alinham-se lado a lado, por algumas horas, depois se fundem e formam o
zigoto.
2
3
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As heranças genéticas, tanto da mãe quanto do pai, são transferidas para essa única célula. É nesse
instante que o potencial genético se determina.
CROMOSSOMOS
Estruturas em forma de barra, existentes nas células, que carregam todas as informações
genéticas do indivíduo.
A ESTRUTURA GENÉTICA DETERMINA O NÍVEL
EXTREMO DE APTIDÃO FÍSICA QUE PODE SER
OBTIDO (GALLAHUE; OZMUN, 2013).
 ATENÇÃO
A aptidão física é resultado da constituição genética do indivíduo somada à boa nutrição.
A herança genética controla os limites mínimo e máximo do funcionamento do comportamento
motor.
FENÓTIPO: FATORES AMBIENTAIS NO
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
MOTORAS
Sobre a relação social das crianças, é importante sinalizar que (BARROS, 1987):
Entre os 4 ou 5 meses, um bebê nota outros bebês e pode vir a sorrir para eles.

Aos 8 ou 9 meses, pode tentar se relacionar com outro bebê a partir de um brinquedo e fica atento ao
choro de outras crianças.

Aos 9 ou 10 meses, o bebê já é capaz de imitar os movimentos de outro bebê, mas não dá seu
brinquedo a ele.
Muitos estudos sobre a necessidade de socialização dos bebês foram desenvolvidos. Com base nesses
estudos, é possível afirmar que o processo de socialização dos pequenos é iniciado por meio de
mecanismos de identificação, a partir dos quais se inicia a formação de esquemas em direção aos
processos cognitivos iniciais.
Esse conceito de associação/identificação só se refere a um lugar exterior entre os elementos
associados, ao passo que a “ideia de assimilação implica a integração dos dados a uma estrutura
anterior ou mesmo a constituição de uma nova estrutura sob a forma elementar de um esquema”
(PIAGET, 2002, p. 12). O desenvolvimento da criança possui um constante estado de
equilíbrio/desequilíbrio, é um processo dinâmico, fruto do próprio desenvolvimento.
 SAIBA MAIS
“A maneira como o ambiente doméstico da criança se comporta para com ela tem também a sua
influência” (GESELL; AMATRUDA, 2000, p. 266).
Quando os pais compreendem o temperamento de seus filhos como seu estado de
desequilíbrio/equilíbrio, podem ajudar mais em seu desenvolvimento, equilibrando o ambiente ao redor
da criança.
 ATENÇÃO
O meio é um fator de influência para equilibrar e desequilibrar, pois o comportamento dos bebês varia
conforme o ambiente a seu redor e as interações sociais. Isso tende a se transformar de acordo com a
idade.
Os estudos realizados sobre o comportamento social do ser humano observam as primeiras relações
sociais do bebê, ou seja, sua ligação afetiva com a mãe. Várias teorias sobre Psicologia do
Comportamento afirmam que essa ligação com a mãe, por meio da amamentação (alimentação), de
cuidados e da preservação da vida, é, sem dúvida, seu primeiro contato social. No decorrer da vida, a
influência do meio é interminável!
Conforme Alcock (2011), o ser humano é um organismo que demanda do ambiente e é sensível a ele. O
desenvolvimento comportamental é um processo de interação entre informação genética e
influências ambientais, tanto internas quanto externas.
Desenvolvimento comportamental

Genética

Influências ambientais internas e externas
A hereditariedade tem uma influência marcante e limitada, mas o meio, também marcante, não é
limitado, pois, desde o nascimento até a morte, o indivíduo é influenciado pelo ambiente em que vive.
Assim, tanto a maturação quanto o aprendizado desempenham papéis importantes na aquisição
das habilidades de movimento.
A EXPERIÊNCIA PODE AFETAR O SURGIMENTO DOS
MOVIMENTOS E O NÍVEL DE SEU
DESENVOLVIMENTO (GALLAHUE; OZMUN, 2013).
Para que isso ocorra, é fundamental que a criança possa ser oportunizada a praticar as habilidades
quando estiver pronta em termos desenvolvimentais, para tirar o maior benefício delas. Antes da
prontidão maturacional, não haverá benefícios.
 RESUMINDO
Para que haja aprendizagem motora, é necessária uma análise prévia sobre em que fase está o
desenvolvimento motor, o qual implica a compreensão dos fatores genéticos, ambientais e
maturacionais. Hoje, tanto a privação quanto a estimulação têm potencial para influenciar o ritmo
do desenvolvimento (GALLAHUE; OZMUN, 2013, p. 90).
O QUE SÃO HABILIDADES MOTORAS?
A especialista Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito esclarece os conceitos de habilidade motora e sua
importância fundamental no universo da aprendizagem motora:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR SOBRE A HABILIDADE MOTORA: 
 
I. A EXPERIÊNCIA PODE IMPLICAR O SURGIMENTO DOS MOVIMENTOS E O
NÍVEL DE SEU DESENVOLVIMENTO. 
 
II. ANTES DA MATURAÇÃO, JÁ HÁ BENEFÍCIOS. 
 
III. APRENDIZADO E MATURAÇÃO SÃO IMPORTANTES NA AQUISIÇÃO DAS
HABILIDADES DE MOVIMENTO. 
 
ESTÁ(ÃO) CORRETA(S) A(S) AFIRMATIVA(S):
A) I somente
B) I e III
C) III somente
D) II somente
E) II e III
2. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR SOBRE A APTIDÃO FÍSICA: 
 
I. PODE SER SUBDIVIDIDA EM COMPONENTES RELATIVOS À SAÚDE –
RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA, FORÇA MUSCULAR, COMPOSIÇÃO
CORPORAL, FLEXIBILIDADE E RESISTÊNCIA CARDIOVASCULAR. 
 
II. POSSUI CINCO COMPONENTES RELATIVOS À PERFORMANCE –
COORDENAÇÃO, EQUILÍBRIO, AGILIDADE, VELOCIDADE E POTÊNCIA. 
 
III. SEUS COMPONENTES SÃO VELOCIDADE, COMPOSIÇÃO CORPORAL,
FLEXIBILIDADE E POTÊNCIA. 
 
ESTÁ(ÃO) CORRETA(S) A(S) AFIRMATIVA(S):
A) I somente
B) I e II
C) III somente
D) II e III
E) I e III
GABARITO
1. Analise as afirmativas a seguir sobre a habilidade motora: 
 
I. A experiência pode implicar o surgimento dos movimentos e o nível de seu desenvolvimento. 
 
II. Antes da maturação, já há benefícios. 
 
III. Aprendizado e maturação são importantes na aquisição das habilidades de movimento. 
 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
A alternativa "B " está correta.
 
Antes da prontidão maturacional, nada se desenvolve. Afinal, a maturação é condição básica para o
desenvolvimento humano.
2. Analise as afirmativas a seguir sobre a aptidão física: 
 
I. Pode ser subdividida em componentes relativos à saúde – resistência muscular localizada,
força muscular, composição corporal, flexibilidade e resistência cardiovascular. 
 
II. Possui cinco componentes relativos à performance – coordenação, equilíbrio, agilidade,
velocidade e potência. 
 
III. Seus componentes são velocidade, composição corporal, flexibilidade e potência. 
 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
A alternativa "B " está correta.Compreender a subdivisão da aptidão física é um bom indicador para planejar o desenvolvimento, a
aprendizagem, o controle e o posterior desempenho motor.
MÓDULO 3
 Identificar uma prática de intervenção profissional a partir das habilidades desenvolvidas no
comportamento motor.
NEUROCIÊNCIA DO EXERCÍCIO
A Neurociência é a ciência que estuda o Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico
(SNP), integrada com as bases cerebrais da mente e do comportamento humano, diante dos estudos do
conhecimento científico entre a mente e o cérebro, a consciência e a cognição, para entender as
questões da aprendizagem e o comportamento humano (RELVAS, 2017).
O sistema nervoso tem como função receber e transmitir impulsos elétricos. Ele é dividido em Sistema
Nervoso Central (SNC), formado pelo encéfalo e pela medula espinhal, e Sistema Nervoso Periférico
(SNP), constituído por nervos e gânglios.
 
Imagem: OpenStax/Wikimedia Commmons/ CC BY-SA 4.0 adaptado por Tiago Figueiredo
 Sistema nervoso.
O tecido nervoso é composto, principalmente, por: neurônios, células com longos prolongamentos e
células da glia ou neuroglias, que sustentam os neurônios e participam de outras funções importantes.
Os neurônios aferentes são os responsáveis por levar informações do SNP para o SNC.

Os eferentes transmitem informações do SNC para o SNP.
A glia é constituída por células não neurais que auxiliam os neurônios, formando uma cobertura que
circunda e isola os axônios por uma barreira chamada bainha de mielina, cuja função é transmitir os
impulsos nervosos. Existem, ainda, células gliais, que nutrem, sustentam e protegem os neurônios.
PARA COMPREENDER A COMUNICAÇÃO ENTRE
SNC E SNP E SUA RELAÇÃO COM O
COMPORTAMENTO MOTOR, É NECESSÁRIO
COMPREENDER O CONCEITO DE INTEGRAÇÃO
SENSORIAL, IMPLÍCITO NA DIFERENCIAÇÃO ENTRE
SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO.
 
Imagem: Glaunakamura / Wikimedia Commmons / CC BY-SA 4.0
 Inervação do SNP em comunicação com o SNC – caminho percorrido por todas as sensações.
O QUE SÃO SENSAÇÕES?
A palavra sensação vem do latim sentio, que significa ter ou experimentar pelos sentidos. Portanto, as
sensações são os sentimentos, aquilo que se manifesta como reações neurovegetativas. Elas estão
divididas em três grupos:
 
Imagem: Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito.
 Sensações.
1
INTEROCEPTIVAS
Sensações oriundas do meio interno do organismo, que asseguram a regulação das necessidades
elementares. São elas que expressam fome, estados de tensão, satisfação etc.
PROPRIOCEPTIVAS
Sensações oriundas das informações sobre a posição do corpo no espaço e sobre as posturas,
garantindo a regulação dos movimentos. Estão vinculadas aos receptores periféricos, ou seja, músculos
e articulações – canais semicirculares que informam as mudanças da posição no espaço.
2
3
EXTEROCEPTIVAS
Sensações oriundas do mundo exterior, ou seja, olfato, visão, audição, tato e paladar.
O QUE SÃO PERCEPÇÕES?
A palavra percepção vem do latim percepiere, que significa se apoderar, movimento de colher. As
percepções surgem a partir das sensações.
As sensações são as informações como são.

Já as percepções passam por um processamento, no qual são organizadas e analisadas a partir de
nossas experiências anteriores, o que gera um olhar subjetivo.
 EXEMPLO
A sensação do frio para todos nós é a mesma – fria –, mas sua percepção é subjetiva, isto é, para
alguns, agradável e, para outros, nem tanto.
Merleau-Ponty (1999) afirma que um dos prejuízos da humanidade, em especial, na análise das
filosofias clássicas, é relacionar sensação e percepção como sinônimos. Para ele, a sensação ocorre
pelos órgãos dos sentidos e possui qualidades primárias e secundárias. É o juízo de uma realidade
concreta, o visível: “A sensação pura será a experiência de um ‘choque’ indiferenciado, instantâneo e
pontual” (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 23).
Já a percepção é a maneira pela qual somos afetados, é um estado de nós mesmos, é a interpretação
daquilo que sentimos, pois olhar sem sentir é não perceber a essência do que observamos. Assim, o
sentido do que vemos é a essência, é o fenômeno, é o invisível (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 23).
AS CONEXÕES ENTRE SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO,
EM ESPECIAL, A COMPREENSÃO DO CONCEITO DE
PERCEPÇÃO, SÃO FRUTOS DOS ESTUDOS DO
PSIQUISMO. PARA ENTENDERMOS ISSO, VAMOS
VOLTAR UM POUCO NA HISTÓRIA DO CORPO.
Antes de interpretar os aspectos psíquicos da Psicomotricidade, é preciso compreender o ser humano
por meio de seu corpo, em conexão com seu mundo interno e externo. Vejamos como esse processo
ocorre.
 
Imagem: Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito.
 Integração sensorial.
Os órgãos do sentido são responsáveis por levar as informações sensoriais para o SNC, são as vias
sensitivas por meio dos neurônios aferentes que direcionam as informações para o SNC. De lá, as
informações processadas produzem respostas motoras que, por meio das vias motoras e dos neurônios
eferentes, dão o estímulo necessário ao sistema muscular.
 ATENÇÃO
Os neurônios motores são células que controlam as atividades dos músculos esqueléticos.
As fibras musculares esqueléticas são inervadas diretamente pelos neurônios motores
inferiores.
Os neurônios na região espinhal interagem e determinam as informações transmitidas pelos
neurônios motores inferiores aos músculos.
Sendo assim, a integração sensorial só ocorre pela comunicação neurológica entre SNC e SNP, entre
o processamento da sensação para a percepção e consequente resposta.
ASSIM, O MOVIMENTO É PRODUZIDO. DO
PROCESSAMENTO DA SENSAÇÃO ATÉ A RESPOSTA
MOTORA HÁ UM LONGO CAMINHO BIOLÓGICO.
PARA COMPREENDER ESSE CAMINHO,
TRATAREMOS, A SEGUIR, DO FUNCIONAMENTO
CEREBRAL.
FUNCIONAMENTO CEREBRAL
Existem inúmeras teorias sobre como ocorre a organização funcional do cérebro humano, dentre elas, a
teoria de Alexander Luria, que descreveu um modelo no qual o cérebro humano opera a partir de
unidades funcionais que trabalham em conjunto em prol de uma função complexa, independentemente
de sua distribuição.
“Luria apresenta uma alternativa à questão tão debatida das localizações cerebrais, distinguindo a
função como funcionamento de um tecido particular e a função como sistema funcional complexo”
(LURIA, 1980 apud FREITAS, 2006, p. 91-92). Ele relata que os processos mentais são sistemas
funcionais complexos.
Luria pensou o Sistema Nervoso Central estruturado de modo hierarquizado e verticalizado. As
estruturas superiores são dependentes das estruturas inferiores. Quanto mais superior, mais
elaborada a função.
ALEXANDER LURIA (1902-1907)
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Foto: Autor desconhecido / Wikimedia Commmons / Public domain
 Alexander Luria, foto tirada por volta de 1940.
Grande pesquisador, médico e psicólogo russo, que trabalhou com o psicólogo bielo-russo
Lev Vygotsky (1896-1934), por quem tinha grande admiração. Foi um dos pioneiros da
ciência do sistema nervoso. Suas pesquisas inauguraram um novo capítulo do estudo do
cérebro e da função interna de funcionamento, introduzindo um novo ramo científico,
chamado de Psiconeurologia.
Dentre os muitos legados deixados por ele, a formulação do conceito de neuroplasticidade foi
um dos mais extraordinários para a humanidade.
Segundo Luria (1984), o cérebro contém sistemas individuais que fornecem as condições para
operacionalizar a atividade mental superior, a qual antecede a conduta consciente humana.
 
Imagem: Shutterstock.com
O autor começa a abordar a noção de função como um sistema complexo e plástico, que, para
realizar uma tarefa particular, utiliza um grupo de componentes diferentes e permutáveis. Qualquer que
seja a tarefa, trata-se de uma atividade conjunta de níveis corticais e subcorticais que se retroalimentam
em um processamento simultâneo.
 COMENTÁRIO
Essa visão das relações entre cérebro e comportamento permite encarar a lesão cerebral de modo
diferente dos estudos anteriores. Isso poque, aqui, a função é distribuída por várias zonas do cérebro, o
que faz comque uma lesão produza um efeito distinto no comportamento. Assim, o efeito da lesão atua
como elemento de desorganização do sistema de trabalho das diferentes áreas dispersas e interativas.
De acordo com Luria (1984), a reabilitação da função não é atribuída à regressão ao estágio anterior
de organização nem à transferência de função para um novo centro, mas sim, a uma reorganização
estrutural de um novo e dinâmico sistema, englobando informações superiores e inferiores,
corticais e subcorticais.
Segundo Fonseca (2012), Luria introduziu a noção de organização sistêmica, que ajuda a explicar a
reabilitação da função, em especial, nas crianças e jovens e, assim como Vygotsky, reforçou que as
formas superiores de atividade mental têm sua gênese nas questões sócio-históricas e culturais,
as quais emergem no desenvolvimento da motricidade e da linguagem, guiando e organizando a
atividade psíquica superior, ou seja, a atividade do próprio cérebro.
Vejamos alguns objetos de estudo de Luria (1984) que refletem na motricidade e na linguagem humana:
Estrutura interna da atividade mental.
Organização dos diferentes componentes que contribuem para a estrutura final da atividade mental.
Análise da atividade psicológica humana que está por trás da ação propriamente dita.
Ao abordar a noção de função como um sistema complexo e plástico, Luria (1984) aponta que as
condições para a operacionalização das atividades mentais superiores que antecedem toda conduta
consciente humana estão diretamente vinculadas a esses sistemas do cérebro. As funções
psicomotoras e os substratos neurológicos utilizados por elas passam a ser vistos como sistemas
organizados, dinâmicos e complexos.
 ATENÇÃO
Ausentes no instante do nascimento, as zonas de trabalho responsáveis pela atividade cognitiva
complexa (psicomotora ou simbólica) são encadeadas estruturalmente durante o processo de
desenvolvimento. Toda aquisição cognitiva da criança – postura bípede, manipulação práxica,
compreensão auditiva, fala, leitura, escrita etc. – é consequência de uma atividade simultânea e
integrada dos centros de trabalho dispersos no cérebro.
DO MESMO MODO QUE NÃO PODEMOS
DESVINCULAR A LINGUAGEM GESTUAL, A
COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL EMOCIONAL E
MÍMICA, A ATENÇÃO, A PERCEPÇÃO, A MEMÓRIA E
O PENSAMENTO DA LINGUAGEM FALADA, NÃO
PODEMOS ESTUDAR A MOTRICIDADE HUMANA DE
FORMA ISOLADA. AFINAL, PARA QUE ELA OCORRA,
DEVE HAVER A ORGANIZAÇÃO DO TÔNUS DE
REPOUSO E DE AÇÃO, O CONTROLE POSTURAL, A
REGULAÇÃO VESTIBULAR ANTIGRAVITACIONAL E
ESPACIAL, A NOÇÃO DO CORPO E SUA RELAÇÃO
COM O ESPAÇO, A MEMÓRIA E AS AFERÊNCIAS DO
MEIO.
UNIDADES FUNCIONAIS DO CÉREBRO
Para Luria (1984), o cérebro é composto de múltiplas estruturas funcionais, que estão sistematicamente
integradas em três grandes unidades funcionais fundamentais, as quais participam de todo tipo de
atividade mental, seja no movimento voluntário, na elaboração práxica e psicomotora, seja na produção
da linguagem falada ou escrita.
As três unidades funcionais de Luria (1984) são:
PRIMEIRA UNIDADE FUNCIONAL
SEGUNDA UNIDADE FUNDAMENTAL
TERCEIRA UNIDADE FUNDAMENTAL
A atividade mental do ser humano, em geral, e sua atividade consciente, em particular, acontecem a
partir da participação conjunta das três unidades funcionais fundamentais. Cada uma delas tem sua
função no processamento mental materializado no comportamento humano.
Segundo Fonseca (2012), cada uma das três unidades funcionais básicas apresenta uma estrutura
hierarquizada em três zonas corticais, organizadas verticalmente. São elas:
 
Imagem: Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito.
 Estrutura hierarquizada em três zonas corticais.
PROJEÇÃO
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javascript:void(0)
javascript:void(0)
PROJEÇÃO-ASSOCIAÇÃO
SOBREPOSIÇÃO
PROJEÇÃO
Recebe e emite os impulsos para a periferia.
PROJEÇÃO-ASSOCIAÇÃO
Processa a informação integrada e prepara os programas.
SOBREPOSIÇÃO
Organiza as formas mais complexas de atividade, exigindo a participação conjunta de muitas áreas
corticais – razão pela qual é a última estrutura a se desenvolver em termos filogenéticos e
ontogenéticos.
 ATENÇÃO
A diferenciação estrutural de unidades funcionais atinge graus de progressiva organização.
 
Imagem: Shutterstock.com
PRIMEIRA UNIDADE
Sobre a primeira unidade, para o desenvolvimento humano, o estado de alerta e vigilância é
fundamental. Além disso, certo nível tônico cortical é imprescindível a qualquer atividade mental, da
mesma forma que certo nível tônico postural é imprescindível ao movimento voluntário.
Esta unidade se estrutura a partir do tronco encefálico, o qual fica localizado entre a medula e o cérebro.
A primeira função do tronco cerebral é a regulação do ciclo sono-vigília em estados atencionais.
 VOCÊ SABIA
O aumento e a modulação da vigilância foi uma necessidade para a sobrevivência da espécie humana,
da filogênese à ontogênese. A preparação para o inesperado é uma condição de sobrevivência ainda
hoje. A adaptação e a superação de situações inesperadas necessitam de uma mobilidade energética,
compatível com a modificação tônica ocorrida nas respostas adaptativas. Sem uma modulação tônica,
nem a atividade mental nem a atividade corporal que lhe dá suporte podem se desenvolver (FONSECA,
2012).
A PRIMEIRA UNIDADE FUNCIONAL ESTÁ
LOCALIZADA NO TRONCO CEREBRAL, NO
DIENCÉFALO E NAS REGIÕES MÉDIAS DO CÓRTEX.
SEGUNDA UNIDADE
A segunda unidade é específica em termos de modalidade sensorial, capaz de receber informações
visuais, auditivas, gustativas, olfativas, vestibulares e tátil-cinestésicas. É o grande sistema de recepção
(input), análise e armazenamento oriundo do mundo exterior e do mundo interno ao indivíduo, que reúne
um mecanismo sensorial específico dos processos gnósicos, ou seja, instrumentos perceptivos. É nessa
unidade que as sensações, após serem processadas, transformam-se em percepções. Isso é o
processo gnósico!
É na segunda unidade funcional que ocorrem a sensação e a percepção a partir dos sentidos
(interoceptivos, exteroceptivos e proprioceptivos). Cabe a ela receber e analisar as informações que
chegam dos órgãos sensoriais, interpretando-as e lhes atribuindo significado. São os chamados
processamento, interpretação, organização e armazenamento das informações.
A SEGUNDA UNIDADE FUNCIONAL ESTÁ
LOCALIZADA NAS REGIÕES POSTERIORES E
LATERAIS DO NEOCÓRTEX, QUE REPRESENTA A
CONVEXIDADE SUPERFICIAL DOS HEMISFÉRIOS
CEREBRAIS.
TERCEIRA UNIDADE
A terceira unidade é responsável por programar, regular e verificar, ou seja, organizar a atividade
consciente. O córtex frontal participa da preparação dos processos de ativação que surgem com as
formas mais complexas de atividade consciente.
Segundo Fonseca (2012), o desenvolvimento dessa terceira unidade funcional está associado à
progressiva corticalização das funções de programação, regulação e verificação das atividades
conscientes – funções inseparáveis da linguagem, que é o maior regulador do comportamento humano.
A TERCEIRA UNIDADE FUNCIONAL (CÓRTEX
ANTERIOR) É RESPONSÁVEL PELA REGULAÇÃO DA
RESPOSTA E DA AÇÃO MOTORA. ELA ESTÁ
LOCALIZADA NA REGIÃO DO CÓRTEX ANTERIOR,
EXATAMENTE À FRENTE DO SULCO CENTRAL,
FORMANDO OS LÓBULOS FRONTAIS.
 ATENÇÃO
As três unidades apresentam atividade hierarquizada, mas, dialeticamente, são recíprocas, colocando
em prática a atividade de uma unidade em interação com as outras.
DESENVOLVIMENTO, APRENDIZAGEM,
CONTROLE E DESEMPENHO MOTORES
O processo de desenvolvimento motor é o resultado das características pessoais do indivíduo
(aspectos biológicos) somado a suas experiências e necessidades.
Desenvolvimento motor

Aspectos biológicos

Experiências e necessidades
De acordo com Gallahue e Ozmun (2013), são três os fatores a serem considerados para análise
operacional da causa do desenvolvimento motor: indivíduo, ambiente e tarefa.
A interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente
alteram continuamente o comportamento motor deum indivíduo durante seu ciclo da vida,
ocasionando seu desenvolvimento motor.
O desenvolvimento motor também pode ser definido como o estudo das mudanças que ocorrem no
comportamento motor humano durante as várias fases da vida. É um processo sequencial e contínuo
que se relaciona com a idade, mas não depende exclusivamente dela, podendo ser mais rápido ou mais
lento, algo ordenado.
 RESUMINDO
Determinado avanço serve de base para a aquisição seguinte, de maneira irreversível, ordenada e
controlada. Essas mudanças no comportamento motor são o resultado das interações entre o indivíduo
e o ambiente. Isso inclui aspectos físicos, sociais, afetivos e cognitivos.
NO ENSINO DE HABILIDADES MOTORAS, UMA ÁREA QUE
INVESTIGA FATORES QUE AUXILIAM NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM É A ÁREA DA APRENDIZAGEM MOTORA.
DENTRE OS FATORES INVESTIGADOS ESTÃO AS FORMAS
DE FORNECER INFORMAÇÃO PRÉVIA À PRÁTICA, O
ESTABELECIMENTO DE METAS A SEREM ATINGIDAS
DURANTE A PRÁTICA, AS FORMAS DE CORREÇÃO APÓS A
PRÁTICA E, POR ÚLTIMO, A PRÁTICA PROPRIAMENTE
DITA. AS FORMAS DE FORNECER INFORMAÇÃO PRÉVIA À
PRÁTICA DO GESTO MOTOR PODEM SER A INSTRUÇÃO
VERBAL E A DEMONSTRAÇÃO.
(UGRINOWITSCH; BENDA, 2011, p. 25)
A APRENDIZAGEM MOTORA PODE SER APRESENTADA EM
DOIS PROCESSOS FUNDAMENTAIS: ESTABILIZAÇÃO E
ADAPTAÇÃO. O PRIMEIRO É AQUELE EM QUE SE BUSCA,
COMO A PRÓPRIA PALAVRA INDICA, A ESTABILIDADE
FUNCIONAL, QUE RESULTA NA PADRONIZAÇÃO ESPACIAL
E TEMPORAL DO MOVIMENTO, ISTO É, NA FORMAÇÃO DE
UMA ESTRUTURA. MOVIMENTOS INICIALMENTE
INCONSISTENTES VÃO SENDO GRADATIVAMENTE
REFINADOS ATÉ SE ALCANÇAR PADRÕES DE MOVIMENTO
PRECISOS E CONSISTENTES. NESSE PROCESSO, O
ELEMENTO FUNDAMENTAL É O FEEDBACK, OU SEJA,
MECANISMO DE REDUÇÃO DO ERRO.
O SEGUNDO É AQUELE EM QUE SE PROCURA
ADAPTAÇÕES ÀS NOVAS SITUAÇÕES OU TAREFAS
MOTORAS (PERTURBAÇÃO), MEDIANTE A APLICAÇÃO
DAS HABILIDADES JÁ ADQUIRIDAS. NESSE PROCESSO,
EXIGEM-SE MODIFICAÇÕES NA ESTRUTURA DA
HABILIDADE JÁ ADQUIRIDA E SUA POSTERIOR
REORGANIZAÇÃO EM UM NÍVEL SUPERIOR DE
COMPLEXIDADE. EXISTEM PERTURBAÇÕES PARA AS
QUAIS A ADAPTAÇÃO SE FAZ PELA FLEXIBILIDADE
INERENTE À ESTRUTURA ADQUIRIDA, OU SEJA, PELA
MUDANÇA DE PARÂMETROS DO MOVIMENTO.
ENTRETANTO, EXISTEM PERTURBAÇÕES DE TAL NÍVEL
QUE, POR MAIS QUE HAJA DISPONIBILIDADE NA
ESTRUTURA, NÃO HÁ CONDIÇÕES DE ADAPTAR-SE.
NESSE CASO, EXIGE-SE UMA REORGANIZAÇÃO DA
PRÓPRIA ESTRUTURA, QUE, QUANDO CONCLUÍDA,
REFLETE UMA MUDANÇA QUALITATIVA DO SISTEMA.
(TANI, 2000, p. 56)
O CONTROLE MOTOR ESTÁ RELACIONADO AO
SISTEMA NERVOSO, RESPONSÁVEL POR
CONTROLAR MÚSCULOS E NERVOS, BEM COMO
POR COORDENAR MOVIMENTOS E PERMITIR AS
SENSAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O
DESENVOLVIMENTO MOTOR.
 COMENTÁRIO
Compreender o funcionamento do sistema nervoso é fundamental para entender como o
desenvolvimento motor ocorre e como utilizamos diversos parâmetros, como idade, sexo e
características físicas e motoras, para ampliar nossos estudos e o conhecimento necessário para uma
intervenção profissional que efetivamente favoreça a aprendizagem e o controle motor.
No estudo do movimento humano, o desempenho motor está relacionado a fatores biológicos e
mecânicos que influenciam o movimento, o que remete à necessidade de um ambiente que encoraje,
assegure e favoreça o desenvolvimento motor, ou seja, a interação social com aqueles que “cuidam”
das crianças.
A prática da atividade física no decorrer do ciclo da vida é imprescindível por motivos bastante
peculiares a cada ciclo. Vejamos sua relevância em cada fase de desenvolvimento:
 
Foto: Shutterstock.com
CICLO INICIAL
Neste ciclo, a atividade física é capaz de apresentar o mundo ao bebê a partir das sensações
absorvidas pelo próprio corpo. À medida que os bebês crescem, conhecendo o mundo pela perspectiva
sensório-motora, seus corpos desenvolvem-se.
 
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INFÂNCIA
A infância chega e, ainda a partir do corpo e da atividade física, a criança torna-se mais saudável do
ponto de vista físico; mais inteligente e equilibrada do ponto de vista psicoemocional; capaz de se
comunicar melhor do ponto de vista da socialização.
 
Foto: Shutterstock.com
ADOLESCÊNCIA
Para os adolescentes, a atividade física é capaz de oferecer o equilíbrio biológico e emocional, tão
necessários nessa fase turbulenta dos organismos, inicialmente, amenizando os efeitos da puberdade.
 
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FASE ADULTA
Nesta fase, a atividade física auxilia na manutenção da saúde física e mental. As atividades
desenvolvidas podem ser uma continuidade daquelas praticadas em fases anteriores, ou podem
representar novas aprendizagens e descobertas.
 
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VELHICE
A atividade física desacelera o processo de envelhecimento, muitas vezes, resgatando a autonomia.
O corpo desenvolve o comportamento motor naturalmente, de acordo com as necessidades de cada
fase da vida. Quando há a necessidade de um novo aprendizado motor, o comportamento motor
modifica-se, porque aprendeu algo novo, e, assim, mais uma vez, o desenvolvimento acontece. Isso
ocorre a partir do desenvolvimento e aperfeiçoamento das habilidades motoras.
 ATENÇÃO
A aprendizagem e o controle motor podem ser mais exigidos para gestos motores muito elaborados.
Quando isso ocorrer, o objetivo será o desempenho motor.
 
Imagem: Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito.
 Desencadeamento de estruturas.
COMO FUNCIONA A AQUISIÇÃO DE
HABILIDADES MOTORAS?
A especialista Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito esclarece o processo de desenvolvimento,
aprendizagem e controle motor:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR SOBRE OS CONCEITOS DE SENSAÇÃO
E PERCEPÇÃO: 
 
I. AMBOS OS CONCEITOS SÃO SINÔNIMOS. 
 
II. SE TENHO CALOR, É SENSAÇÃO E, SE ESSA EXPERIÊNCIA É
INSUPORTÁVEL PARA MIM, É PERCEPÇÃO. 
 
III. SE TENHO CALOR, É PERCEPÇÃO E, SE ESSA EXPERIÊNCIA É
INSUPORTÁVEL PARA MIM, É SENSAÇÃO. 
 
ESTÁ(ÃO) CORRETA(S) A(S) AFIRMATIVA(S):
A) I somente
B) II somente
C) III somente
D) I e II
E) II e III
2. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR SOBRE A PRIMEIRA UNIDADE
FUNCIONAL DO CÉREBRO PROPOSTA POR LURIA (1984): 
 
I. O DESENVOLVIMENTO DO TÔNUS É IRRELEVANTE PARA O MOVIMENTO
VOLUNTÁRIO. 
 
II. A ATIVIDADE MENTAL DEPENDE DE UM NÍVEL TÔNICO CORTICAL. 
 
III. ALERTA E VIGILÂNCIA SÃO ESTADOS ESSENCIAIS AO DESENVOLVIMENTO. 
 
ESTÁ(ÃO) CORRETA(S) A(S) AFIRMATIVA(S):
A) I somente
B) II somente
C) III somente
D) I e II
E) II e III
GABARITO
1. Analise as afirmativas a seguir sobre os conceitos de sensação e percepção: 
 
I. Ambos os conceitos são sinônimos. 
 
II. Se tenho calor, é sensação e, se essa experiência é insuportável para mim, é percepção. 
 
III. Se tenho calor, é percepção e, se essa experiência é insuportável para mim, é sensação. 
 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
A alternativa "B " está correta.
 
A sensação é igual para todas as pessoas. Já a percepção é individual, é subjetiva.
2. Analise as afirmativas a seguir sobre a primeira unidade funcional do cérebro proposta por
Luria (1984): 
 
I. O desenvolvimento do tônus é irrelevante para o movimento voluntário. 
 
II. A atividade mental depende de um nível tônico cortical. 
 
III. Alerta e vigilância são estados essenciais ao desenvolvimento. 
 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
A alternativa "E " está correta.
 
A maturação do tônus representa a maturação da primeira unidade funcional. Para que ela ocorra, o
tronco encefálico deve estar amadurecido, permitindo a passagem das informações sensoriais.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento motor saudável deve-se à prática da atividade física no decorrer do ciclo da vida. O
exercício físico é proporcionado por meio das intervenções dos profissionais de Educação Física, os
quais devem utilizar como ferramenta de seu planejamento o estímulo às habilidades motoras.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALCOCK, J. Comportamento animal: uma abordagem evolutiva. Porto Alegre: Artmed, 2011.
BARROS, C. S. G. Pontos de psicologia do desenvolvimento. 2. ed.São Paulo: Ática, 1987.
BERESFORD, H. Valor: saiba o que é. Rio de Janeiro: Shape, 1999.
FONSECA, V. Da filogênese à ontogênese da motricidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
FONSECA, V. Manual de observação psicomotora. Rio de Janeiro: WAK, 2012.
FREITAS, N. K. Desenvolvimento humano, organização funcional do cérebro e aprendizagem no
pensamento de Luria e de Vygotsky. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 9, p. 91-96, 2006.
GALLAHUE, D.; OZMUN, J. Compreendendo o desenvolvimento motor. São Paulo: Phorte, 2013.
GESELL, A.; AMATRUDA, C. S. Diagnóstico do desenvolvimento: avaliação do desenvolvimento
neuropsicológico no lactente e na criança pequena: o normal e o patológico. 4. ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 2000.
GUYTON, A. C. Características especiais das fisiologias fetal e neonatal. In: GUYTON, A. C.
Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Interamericana, 1977.
HOLLAND, K. Seu bebê: do nascimento aos 6 meses. São Paulo: Publifolha, 2004. (Série Johnson’s
Saúde e Carinho).
LIMA, A. J. Crescimento e desenvolvimento da criança desnutrida. In: NÓBREGA, F. J. Desnutrição
intrauterina e pós-natal. São Paulo: Panamed, 1981.
LURIA, A. R. Fundamentos da neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1984.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. O mundo da criança: da infância à adolescência. 2. ed. São Paulo:
Makron Books, 1998.
PIAGET, J. Epistemologia genética. 2. ed. São Paulo: Martins fontes, 2002.
PUGLIESE, R. Bebê aquático. 1. ed. Curitiba: Appris, 2017.
RELVAS, M. P. A neurobiologia da aprendizagem para uma escola humanizadora: observar,
investigar e escutar. Rio de Janeiro: WAK, 2017.
SILVA, S. M. M. Construção de um roteiro de observação para avaliar o desenvolvimento
neuromotor de crianças desnutridas graves na 1ª infância. Dissertação (Mestrado em Educação
Especial) – Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 1994.
TANI, G. Processo adaptativo em aprendizagem motora: o papel da variabilidade. Revista Paulista de
Educação Física, São Paulo, p. 55-61, 2000.
TONI, P. M. et al. Etologia humana: o exemplo do apego. Psico-USF, v. 9, n. 1, p. 99-104, 2004.
UGRINOWITSCH, H.; BENDA, R. N. Contribuições da aprendizagem motora: a prática na
intervenção em Educação Física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 25, p.
25-35, 2011.
WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1989.
EXPLORE+
Para se aprofundar nos assuntos estudados, sugerimos as seguintes leituras:
FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.
GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis: Vozes,
1998.
MOSS, I. R. Considerações fisiológicas. In: OSKI, F. A. et al. (org.). Princípios e prática de
pediatria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992.
TANI, G.; CORRÊA, U. C. Aprendizagem motora e o ensino do esporte. São Paulo: Blucher,
2016.
CONTEUDISTA
Rossana de Vasconcelos Pugliese Vito
 CURRÍCULO LATTES
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DESCRIÇÃO
Conceituação do desenvolvimento motor, identificação das fases do desenvolvimento motor,
compreensão da estrutura de controle neural do movimento e apresentação das fases do
desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais.
PROPÓSITO
Compreender a estrutura do controle neural do movimento, as fases do desenvolvimento
humano e das habilidades motoras fundamentais é primordial para a organização da prática
profissional.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os conceitos referentes à organização neural segundo as três unidades funcionais
de Luria
MÓDULO 2
Identificar a sistematização das fases do movimento segundo o desenvolvimento humano
MÓDULO 3
Relacionar as habilidades motoras de acordo com seus estágios de desenvolvimento
INTRODUÇÃO
O comportamento motor absorve conhecimento de diversas áreas de estudo, dentre elas:
Fisiologia, Biomecânica, Psicologia, Cinesiologia e Neurociência. Essa última promove sua
contribuição por meio de estudos sobre as estruturas e o funcionamento da organização neural
das funções mentais e orgânicas.
Neste conteúdo, o foco será a compreensão do desenvolvimento motor e suas fases por meio
de um embasamento teórico sobre os princípios que norteiam a relação entre as habilidades
cognitivas e motoras, a partir de uma abordagem interdisciplinar do estudo do comportamento
motor.
Uma abordagem sobre o conhecimento a respeito do movimento humano depende de um olhar
de especificidade em relação aos elementos que compõem esse conjunto de conceitos. Essa
medida promove uma compreensão mais segura a respeito do movimento e de como o seu
desenvolvimento acontece.
A sequência dos conteúdos aqui apresentados será distribuída em alguns aspectos, como:
conhecimento sobre as fases do desenvolvimento motor; controle neural que organiza e
possibilita a realização motora e suas fases de evolução; e classificação das habilidades
motoras, sobretudo com intuito de reconhecer a evolução dos elementos que compõem o
desenvolvimento motor, o qual se dá a partir de um mecanismo mais simples até atingir uma
organização mais complexa.
MÓDULO 1
 Descrever os conceitos referentes à organização neural segundo as três unidades
funcionais de Luria
ORGANIZAÇÃO CENTRAL DO CONTROLE
NEURAL
Tratar das fases do desenvolvimento motor nos remete, primeiramente, a entender o que é o
desenvolvimento motor pela sua definição e abrangência.
O que é preciso saber sobre o desenvolvimento motor? 
Qual a função do conhecimento sobre o desenvolvimento motor para a prática educativa?
O desenvolvimento motor é um conhecimento muito abrangente que atende a uma esfera
ampla de tópicos relacionados à estrutura física e à capacidade do movimento humano. Diz
respeito aos indivíduos nas suas interações com o ambiente, com os objetos e com os outros
no seu dia a dia, em atividades específicas relacionadas ao seu mundo profissional e particular.
Outro aspecto interessante do desenvolvimento motor é que se trata de um fenômeno que se
estende desde a concepção até o final da vida. Ainda inseridos no universo de estudo a
respeito do movimento humano, existem variáveis ao estado de saúde relacionados às
dificuldades e/ou alterações do desenvolvimento típico, como no caso das pessoas com
deficiência.
 
Imagem: Shutterstock.com
A organização motora tem o seu controle funcional sediado no sistema nervoso sob a
coordenação de estruturas centrais e periféricas que funcionam de forma integrada e
harmônica, criando um perfeito sistema de realização motora.
A motricidade humana passou por um processo de evolução em comparação aos demais seres
vivos, sendo organizada a partir de uma postura bípede. Essa posição proporcionou ao ser
humano a organização de uma motricidade fina que o permite não apenas a realização de
tarefas em resposta a estímulos em relação ao ambiente, mas também a transformação desse
ambiente a partir da associação dessa capacidade motora fina à sua capacidade cognitiva.
Dessa forma, libertando os membros superiores para expressar sua emoção, estabelecer
relações e transformar sua realidade.
O controle neural da motricidade humana envolve estruturas específicas e uma organização de
extrema complexidade, controlada e efetivada por estruturas do Sistema Nervoso Central e
Periférico. O controle do movimento envolve também a compreensão na interrelação entre a
realização motora propriamente dita e os componentes cognitivos, como as funções
executivas, cognição, memória, percepção e atenção.
Autores de fundamental importância se dedicaram ao desenvolvimento do conhecimento
específico a respeito da organização neural do movimento, como Alexander Luria, que se
dedicou à compreensão do controle motor a partir da organização cerebral sistematizada em
unidades funcionais denominadas “Unidades Funcionais de Luria”. Alexander Luria teve
reconhecimento mundial e criou um modelo de funcionamento da cogniçãoe da motricidade
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humana, baseando suas pesquisas na observação dos soldados que apresentavam lesões no
cérebro no período pós-guerra.
 
Imagem: Wikimedia Commons/CC-PD-Mark
ALEXANDER LURIA
Alexander Luria (1902 – 1977) foi um grande neuropsicólogo russo que trabalhou com
Lev Vygotsky, sendo um dos pioneiros da ciência do sistema nervoso.
A partir de 2008, o autor Vitor da Fonseca relacionou as unidades funcionais de Luria com os
conhecimentos da Psicomotricidade, promovendo uma associação entre cognição,
pensamento, funções cognitivas e funções motoras. Segundo o modelo de Alexander Luria e
as especificações criadas por Vitor da Fonseca, é possível entender a motricidade humana a
partir do estudo do cérebro em sua organização estrutural e funcional.
VITOR DA FONSECA
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Professor catedrático agregado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade
de Lisboa. Especializado em Intervenção Cognitiva, Dificuldades de Aprendizagem e
Psicomotricidade.
O estudo do comportamento das funções cognitivas, receptivas, integrativas intrínsecas à
motricidade humana e, consequentemente, ao estudo da motricidade nas funções cognitivas e
executivas de planificação, controle, organização funcional, monitoração e verificação da
motricidade humana demonstra a operação de uma forma específica. Seu funcionamento
básico pode ser representado pela recepção sensorial, pela integração (constituída pelo
processamento, armazenamento, conhecimento, aprendizagem e emoções adquiridas) e pela
expressão propriamente dita, que é a realização motora.
Os estímulos captados pelo organismo humano são oriundos dos ambientes externo e interno.
Essas informações são enviadas ao cérebro pelas vias aferentes e captadas pelos canais
sensoriais em uma etapa denominada processamento central. As etapas seguintes podem
ser identificadas como um planejamento da resposta e o envio dessa resposta pelo cérebro
para o corpo por meio das vias eferentes. Assim, é dada a produção da ação, do gesto ou da
motricidade enquanto resposta adaptativa ao comportamento humano. Desse modo, colocando
em funcionamento as funções cognitivas e executivas de planificação, monitoração,
priorização, decisão, verificação dos resultados e consequências.
VIAS AFERENTES
Vias que organizam a condução dos estímulos da periferia para as regiões centrais do
sistema nervoso, passando por estruturas subcorticais, chegando ao córtex cerebral,
onde ocorre a identificação, a decodificação e o processamento desses estímulos.
VIAS EFERENTES
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Vias que levam a informação dos centros corticais superiores à periferia.
 
Imagem: shutterstock.com
 Localização das unidades funcionais de Luria.
Como dito, a motricidade humana é organizada a partir de uma sequência evolutiva na
aquisição dos movimentos, desde reflexos e instintos, como as expressões mais básicas de
sobrevivência, até as organizações motoras chamadas praxias, como expressões superiores
de capacidade criativa máxima e relação com o ambiente cultural. Qualquer uma dessas
respostas é responsável pela reação adaptativa e evoluída da espécie e, segundo Luria, pelo
funcionamento sistêmico integrado do cérebro com base na integração de três unidades ou
sistemas neurofuncionais.

A primeira unidade indicada por Luria está relacionada ao processo de atenção.
A segunda unidade está relacionada à capacidade de processamento.


A terceira está relacionada à função de planificação e execução.
 ATENÇÃO
Cada uma dessas unidades está envolvida em todos os tipos de motricidade, entretanto a
contribuição relativa de cada uma delas varia conforme o comportamento em questão, ou seja,
de acordo com uma motricidade mais ampla, ou de acordo com uma motricidade mais
específica. As unidades funcionais de Luria serão detalhadas a seguir.
UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA
A primeira unidade de Luria está situada no plano inferior do cérebro e está relacionada com
o processo de ativação, fornecendo ao cérebro o nível adequado e seletivo de alerta para
atenção, controle da tonicidade corporal e da tonicidade cortical.
A segunda unidade está situada no plano posterior do córtex cerebral, sendo responsável
pelo processo de integração, codificação e processamento dos estímulos sensoriais.
A terceira unidade está situada no plano anterior do córtex cerebral e se responsabiliza pela
elaboração, planificação e produção do movimento.
As três unidades obedecem a uma organização funcional hierárquica de baixo para cima, de
trás para frente e da direita para a esquerda.
PRIMEIRA UNIDADE FUNCIONAL
A primeira unidade relaciona-se fundamentalmente com a função de atenção e é composta
pelas estruturas do tronco cerebral e as estruturas subcorticais e axiais do cérebro, as quais
suportam os dois hemisférios, e integram o sistema de ativação reticular ascendente e
descendente. É responsável pela moderação do alerta corporal e cortical, bem como pelas
funções de sobrevivência, de vigilância tônico-postural, de filtragem, focagem e integração dos
impulsos sensoriais. Em síntese, compreendem a atenção uniforme do pronto para a ação, ou
a postura do organismo para agir e responder adequadamente às influências do meio externo
ou do ambiente.
 
Imagem: shutterstock.com
 Primeira unidade funcional – Atenção e vigília.
Essa unidade compreende o tronco cerebral, o cerebelo, o diencéfalo, o sistema límbico, o
hipotálamo e o tálamo. Sem a ação dessa unidade, o cérebro seria incapaz de organizar
respostas eficazes aos estímulos advindos do mundo e seria ineficiente a manutenção de
um nível ótimo do metabolismo fisiológico. Isso colocaria em risco não só a interação entre o
corpo e o cérebro, mas também a interação entre a sensorialidade e a motricidade subjetiva e
conotativa do organismo total do indivíduo com seus ecossistemas.
Mais especificamente, essa unidade funcional se responsabiliza pelas funções mentais,
atencionais e motoras, unindo a percepção e a ação.
A motricidade humana é carregada da função da intencionalidade. Isso é decorrente de uma
característica específica da espécie humana: a capacidade de consciência, ou seja, existe
efetivamente uma cognição e um pensamento que se responsabiliza por organizar
intencionalmente as ações através de uma planificação. Portanto, pode-se dizer que os
humanos são possuidores de uma inteligência cinestésica e que os indivíduos não são apenas
reprodutores de movimentos, e sim perceptores, conhecedores e controladores do meio em
que vivem.
Os seres humanos são capazes de regular a atenção, a tonicidade envolvendo uma
capacidade de garantir o seu bem-estar, a orientação, a motivação e a seletividade. A
sustentação modulada e harmonizada em relação às duas outras unidades funcionais permite
acesso às funções psíquicas superiores de processamento, armazenamento, recuperação para
planificação e execução intencional e adaptativa ao meio ambiente. Essa unidade funcional
está implicada na filtragem, seleção, integração sensorial tônica e tônico-motora dos estímulos
e das respostas.
 SAIBA MAIS
Também possui a propriedade de impedir que o cérebro seja inundado desnecessariamente
com informações sensoriais sem importância, as quais possam causar interferência negativa
no processamento cognitivo mais elaborado, fazendo com que, de fato, seja cumprido o papel
fundamental de concentração e foco na direcionalização e na fixação da atenção. Sem essa
função, não é possível atingir patamares de reconhecimento de complexidade e organização
seletiva com as outras unidades funcionais envolvidas em comportamentos e aprendizagens
mais complexas.
SEGUNDA UNIDADE FUNCIONAL
A segunda unidade está localizada na zona posterior do cérebro e é composta pelo córtex
occipital, responsável pela visão; pelo córtex temporal, responsável pela audição; e o córtex
parietal, responsável pela discriminação tátil e pela motricidade, movimento ou cinestesia. Essa
unidade opera

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