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Doença de Chagas Refere-se a aula 4 (aula do pbl 1) do 8º Período - DIP Características gerais: É uma antropozoonose (doença primária de animais e que pode ser transmitida aos humanos) de natureza endêmica. Acontece na américa do Sul e Central. Etiologia: Causada pelo protozoário Tripanossoma cruzi, mas tbm pelo T brucei (africano), T rangeli, etc. Ele é da família Trypanosomatidae, gênero Trypanosoma e espécie T. cruzi (transmitido através das fezes do vetor – barbeiro). Importante dizer isso, pois outras espécies do gênero Trypanosoma, como T. rangeli e T. brucei são transmitidos pela saliva. Resumindo T. cruzi é do grupo dos estercorários e os outros são salivários. Reservatórios silvestres: São animais que na natureza são a fonte de infecção de um determinado agente etiológico para o homem, ou seja, o T. cruzi na natureza infecta animais como gambás, tatús, entre outros, mas como o homem invadiu o espaço deles, a doença foi transmitida ao homem. Transmissão: É transmitida pelo VETOR barbeiro (triatomíneo, que são hematófagos). Ciclo: O T. cruzi em humanos está em duas formas: flagelada chamada de TRIPOMASTIGOTAS e AMASTIGOTAS. A forma infectante é a tripomastigota tricíclica. A forma tripomastigota é a forma sanguínea, mas quando entra em tecidos (preferencialmente em células fagocíticas mononucleares, tecido muscular liso e estriado e células nervosas) torna-se amastigota. Fases e como diagnosticar: Período de incubação: Pode variar de acordo com a forma de contágio. Se foi via vetorial vai de 5-10 dias e por via transfusional 10-90 dias. Após 1-2 semanas da picada do barbeiro (via vetorial), temos a infecção em fase aguda onde encontramos cultura positiva, resultado PCR positivo e esfregaço positivo. Após 4-8 semanas temos a fase crônica onde o esfregaço é negativo e o diagnóstico é baseado em testes de sorologias. Imunologia da doença de Chagas: Interação parasita com a célula, rompimento da célula, liberação de fragmentos celulares e antígenos parasitários, inflamação focal aguda proporcional aos ninhos de parasitas, formação de anticorpos IgG e IgM causando redução da parasitemia. Evolução e Classificação: Na fase aguda: pode ter forma assintomática, forma ganglionar, forma cardíaca e forma meningoencefálica Na fase crônica: pode ter a forma indeterminada, forma cardíaca, forma digestiva (megas – megacólon, megaesôfago, etc). O que é fase indeterminada? Fase na qual há ausência de sintomas e/ou sinais da doença. Aqui, pode ter positividade de exames sorológicos e ou parasitológicos (preferencialmente sorológico, mas depende!). O ECG é normal assim como a radiografia (não tem megas). De todos os infectados apenas 10-30% terão sintomatologia, a mior parte com cardiopatia e só 15-20% com megas. Fase Aguda: Na infecção local podemos ter o chagoma/sinal de Romanã e na disseminada infecção preferencialmente em células fagociticas, miocárdicas e SNC. Manifestações graves de fase aguda: pode haver sinais de insuficiência cardíaca relacionadas à miocardite e tbm pode haver sinais neurológicos (alteração de consciência, convulsão, rigidez de nuca) relacionados à meningoencefalite. Fase Crônica: 50-70% continuam assintomáticos (fase indeterminada), 20-40% evoluem em alguns anos para a forma cardíaca e 5-15% evoluem para os megas. Então, as principais formas de comprometimento visceral são CARDÍACAS e DIGESTIVAS. Acometimentos na CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA: (IMPORTANTE!!!!!!) Arritmias Anormalidades cardíacas: Disfunção (funcional) de válvula mitral/tricúspide, cardiomiopatia dilatada sem hipertrofia, anormalidade na motilidade da parede. Aneurisma ventricular apical Tromboembolismo Na fase crônica a morte súbita acontece principalmente por arritmia, tromboembolismo e hemopericárdio. o Pq gera o acometimento cardíaco? Possivelmente pela presença de antígenos comuns entre as células miocárdicas e o protozoário e a persistência do parasita gerando reação inflamatória crônica com lesão e necrose tecidual e fibrose resultando em insuficiência cardíaca ou lesão do tecido de condução. Acometimentos no quadro crônico digestivo: Megas chagásicos: Gera atonia, estase e dilatação dos seguimentos afetados. Megaesôfago (disfagia, soluços, regurgitação, peso retroesternal, halitose, emagrecimento, hipertrofia de parótida) Megacolo (constipação, distensão abdominal, meteorismo, fecalomas, megacolo tóxico, volvo sigmoide) Megaduodeno Megaestômago Megajejuno Megavesicula biliar Megaureter Megatrompa Megabexifa Megabrônquio Forma congênita: Pode ocorrer em todas as fases da gestação. Pode gerar prematuridade, aborto, óbito fetal, quadro agudo no neonato ou lactente (febre, hepatoesplenomegalia, etc). Entretanto geralmente as crianças nascem a termo e hígidas. Exames de fase aguda: Esfregaço Cultura PCR Centrifugação em tubos capilares (em baixa parasitemia) Exames diagnósticos de fase crônica: Lembrar que não se faz mais o XENODIAGNÓSTICO e nessa fase não se faz parasitológico pela baixa parasitemia Métodos imunológicos (pesquisa de IgG) – ELISA, hemaglutinação indireta, imunofluorescência indireta. Exames complementares: RX de tórax, ECG, ecocardiograma, Holter, RX contrastado de esôfago, RX de colo, colonoscopia e esofagoscopia. Tratamento: Primeira escolha: BENZINIDAZOLE (menos efeitos adversos) – parece inibir a síntese de RNA e proteína. Mas quando tratar?????? Em infecções agudas, infecções congênitas, mulheres em idade fértil, em reativação da doença, crianças (<18 anos) em fase crônica Em cardiomiopatia chagásica estabelecida não em estágio avançado pode receber o tratamento Quando a pessoa desenvolve os megas ou cardiomiopatia avançada o tratamento é o transplante!!! Tratamento cirúrgico: Colectomia, interseção de alças, marca-passo, ressecção de aneurisma de ponta, transplante cardíaco. Prevenção: Combate ao vetor, por: Melhoria das moradias Melhoria da higiene Afastamento de animais Controle de bancos de sangue
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