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Tutoria 10 – Camilla Vicentini Hematopoiese -Processo de produção de células do sangue -Envolve proliferação + diferenciação + maturação celular -Fundamental para a vida humana = células do sangue sofrem degeneração + morte celular após algum período na corrente sanguínea = devem ser renovadas pela hematopoiese -Local de formação das células sanguíneas = muda ao longo do tempo -Fases iniciais da vida do embrião = ocorre principalmente na vesícula (saco) vitelínica = produz apenas hemáceas -30 dias após a formação do embrião = na mesoderme = formação de todas as linhagens hematopoiéticas (hemácias, leucócitos e plaquetas) -5ª semana = fígado fetal + placenta -A partir da 12ª semana = se concentra predominantemente na medula óssea = onde continua até a vida adulta -Se a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas = sedes potenciais se encarregam do processo: baço + fígado >Hematopoiese No Período Extra-Uterino -2 primeiros anos (fase criança) = toda a medula óssea é hematopoiética -Resto da infância = substituição progressiva da medula dos ossos longos por gordura -Medula hemopoética no adulto (fase adulta) = confinada ao esqueleto central + extremidades proximais do fêmur e do úmero (convergência troncular da hematopoiese) -Mesmo nessas regiões, aproximadamente 50% da medula é composta de gordura -Após os 50 anos = produção de medula cinza pela substituição do tecido adiposo medular pela proliferação de fibroblastos nos ossos longos (fase senil) -Diferentes tipos de células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) se originam de um precursor comum = célula-tronco indiferenciada -Diferenciação em cada tipo celular = se dá através de processos conhecidos como eritropoiese (hemácias), granulocitopoiese ou mielopoiese (granulócitos), monopoiese (monócitos), linfopoiese (linfócitos) e trombocitopoiese (plaquetas) >Visão Geral das Linhagens Celulares 1) Células-tronco: capazes de formar novas células-tronco + se diferenciar em células de diferentes linhagens + colonizar a medular óssea para reconstituir o sistema hematopoiético 2) Células mieloides: se diferenciam em hemácias, granulócitos, monócitos ou plaquetas 3) Células linfoides: se diferenciam em linfócitos >Formação de Células Do Sangue -Células que possuem atividade hemoformadora (células pluripotentes) = formadas no saco vitelínico inicialmente = levadas pela corrente circulatória → aninham-se em locais distantes -Disposição anatômica vascular + elementos celulares de sustentação = formam um microambiente propício a seu desenvolvimento -Condições ideais de microambiente = tecido hemopoiético prolifera + amadurece -Microambiente da medula óssea = células pluripotentes (ou células-tronco hematopoiéticas) encontram condições favoráveis para sua sobrevida + autorrenovação + formação de células progenitoras diferenciadas -Esse meio é composto por células do estroma + rede microvascular -Células do estroma = formadas por adipócitos + fibroblastos + células endoteliais + macrófagos -Juntas, essas células secretam moléculas extracelulares = ex: colágeno, glicoproteínas e glicosaminoglicanos (ácido hialurônico e derivados condroitínicos) para formar uma matriz extracelular -Fatores de crescimento = necessários à sobrevivência da célula-tronco = secretados pelas células do estroma -Células do estroma = oriundas das células-tronco mesenquimais (células estromais mesenquimais multipotentes ou células mesenquimais aderentes) -Junto com os osteoblastos = formam nichos = fornecem os fatores de crescimento + moléculas de adesão + citocinas = dão suporte às células-tronco hematopoiéticas -Células estromais = permitem a fixação das células pluripotentes, trazidas pela circulação periférica, ao estroma medular + propiciam o contato íntimo entre essas células e os fatores de crescimento hemopoiéticos secretados pelas células do estroma que entram em contato com seus respectivos receptores de membrana -Fixação de células hematopoiéticas pluripotentes no estroma medular = mediada por moléculas de adesão + respectivos receptores situados na membrana dessas células -Exemplos de receptores: CD44, CD11, CD18 e fibronectina -A partir da interação com os receptores = células-tronco hematopoiéticas proliferam-se e podem: a) estimuladas a autorrenovar-se b) dar origem às distintas linhagens de células sanguíneas -Célula pluripotente = responsável pela formação de todas as células sanguíneas = expande-se ou se divide = guardando sempre a característica de pluripotencialidade -Algumas de suas células-filhas evoluem num sentido mais avançado = ainda indiferenciadas = orientadas para uma única ou apenas para algumas linhagens celulares = células comprometidas (precursores comprometidos) -Quando as células comprometidas atingem um grau de diferenciação ainda maior = se tornam unipotentes = são capazes de dar origem a apenas uma determinada série sanguínea -Séries sanguíneas = constituídas pelos eritrócitos (ou hemácias) + células granulocíticas + monócitos e macrófagos + linfócitos e plasmócitos + plaquetas (trombócitos) >Fatores da Hematopoiese 1) Fatores que estimulam a hematopoiese -Fatores de crescimento hematopoiéticos = hormônios glicoproteicos -Regulam a proliferação + diferenciação das células progenitoras hematopoiéticas + função das células sanguíneas maduras + prevenir a apoptose celular -Podem agir no local em que são produzidos por contato célula a célula ou podem circular no plasma -Podem se ligar à matriz extracelular = formando nichos ao quais aderem células-tronco e as células progenitoras -Fatores de crescimento compartilham certo número de propriedades + agem em diferentes etapas da hematopoiese ✓ Agem em concentrações muito baixas ✓ Atuam hierarquicamente ✓ São produzidos por muitos tipos celulares ✓ Afetam mais de uma linhagem ✓ Exercem efeito sobre as células-tronco e as células funcionais finais ✓ Tem interações sinérgicas ou aditivas com outros fatores de crescimento -Com exceção da eritropoetina (sintetizada pelo rim em sua maior parte) e da trombopoetina (sintetizada no fígado), os fatores de crescimento são oriundos, principalmente das células estromais OBS: Trombopoietina é um hormônio glicoprotéico produzido pelo fígado e rins que regula a produção de plaquetas pela medula óssea -FC podem: a) agir sinergicamente no estímulo de proliferação ou diferenciação de uma célula particular b) estimular a produção de outro fator de crescimento ou de um receptor de fator CFU-GEMM -Unidade ou célula capaz de formar vários tipos de precursores das linhagens granulocítica + eritrocitária + monocitária + megacariocitária CFU-GM -Unidade ou célula formadora de colônias constituídas apenas de neutrófilos (G) + monócitos (M) CFU-Eo -Unidade ou célula formadora de colônias constituídas apenas por eosínófilos (Eos) BFU-EMeg -Fator estimulador da proliferação de progenitores eritroblásticos e megacariócitos CFU-Meg -Unidade ou célula formadora de colônias só de megacariócitos BFU-E -Fator estimulador da proliferação de progenitores eritroblásticos CFU-E -Unidade ou célula formadora de colônias de eritroblastos (E) 2) Fatores que inibem a hematopoiese -Substâncias que inibem = podem ser denominadas reguladores ou modulares -Até certo ponto = impedem a produção de quantidade excessiva de células -Produzidas por vários tipos de células presentes no estroma de sustentação da medula óssea ✓Interferon Gama (INF-γ) -Linfocina produzida por linfócitos T = efeito inibidor sobre a proliferação das células imaturas normais ✓Prostaglandina E -Produzida por macrófagos = tem ação inibidora sobre as CFU- GM (unidade ou célula formadora de colônias constituídas apenas de neutrófilos [G] e monócitos [M]) ✓ Lactoferrina -Constituinte normal das granulaçõescitoplasmáticas específicas dos segmentados neutrófilos -Sua eliminação a partir dessas granulações = efeito inibidor sobre a proliferação das células jovens da medula óssea ✓Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α) -Ação inibidora sobre precursores da mielopoiese quando colocado em cultura de medula óssea -Esse efeito parece ser sinérgico com o do INF-γ ✓Fatores Transformadores de Crescimento (TGF-ẞ) -Constituem um grupo de polipeptídeos de ação reguladora, tanto de mielopoiese como da linfopoiese (TGF ẞ1, ẞ2, ẞ3) -Essas citocinas são produzidas por várias células da medula óssea = liberas no processo de degranulação das plaquetas -Efeito inibidor intenso sobre a megacariocitopoiese + eritropoiese + granulocito-monocitopoiese >Distribuição Espacial das Células na Medula Óssea -Células precursoras medulares estão distribuídas no interior da medula óssea = obedecendo a um arranjo preferencial a) Região subendosteal das trabéculas ósseas do esterno ou do osso ilíaco = células pluripotentes = localização preferencial junto ao tecido ósseo -Se tornam cada vez menos numerosas à medida que aumenta a distância que as separa do osso b) Regiões centrais do espaço medular (região axial) = predominam os precursores já mais diferenciados + células comprometidas + células maduras = passam à circulação através dos vasos sinusóides venosos centrais -Tal distribuição ocorre tanto com precursores pouco diferenciados de linhagem granulocítica como com as células eritroblásticas, monocitárias e megacariocitárias -Distribuição zonal dos precursores medulares = reflete as diferenças que existem no microambiente da medula óssea= fundamentais para a proliferação e diferenciação normal das células do sangue Neoplasias Hematológicas -Doenças clonais = dada a sua origem numa única célula da medula óssea, timo ou tecido linfoide periférico = a qual foi alvo de uma ou mais mutações genéticas -Essa célula sofre divisões mitóticas contínuas = culminando no desenvolvimento de um clone com proliferação desmedida + resistente à apoptose -Dentro deste grupo de neoplasias: (a) linfomas + (b) mielomas + (c) leucemias a) Linfomas -Ocorre proliferação clonal de linfócitos = acumulam nos gânglios linfáticos + outros tecidos linfoides -Ocasionalmente, essas células malignas podem invadir o sangue ou outros órgãos b) Mielomas -Neoplasias dos plasmócitos = se caracterizam por uma aglomeração destas células na medula óssea + presença de uma paraproteína monoclonal no soro e/ou na urina c) Leucemias -Alterações da série branca = se traduzem na proliferação de leucócitos malignos na medula óssea = podem invadir o sangue periférico + infiltrarem-se noutros órgãos -São classificadas em: agudas ou crônicas = de acordo com o estádio de diferenciação em que as células mutadas permanecem -Agudas = progridem num curto espaço de tempo + células tumorais são geralmente imaturas (como as células estaminais ou as células precursoras iniciais, denominadas blastos) -Crônicas = progridem mais lentamente (podendo mesmo permanecer estacionárias) + células tumorais difíceis de distinguir morfologicamente das células consideradas normais -Por terem origem em células constituintes do sangue = leucemias têm uma capacidade inerente de proliferação + mobilização na corrente sanguínea = culminado no extravasamento para outros tecidos -Leucemias podem ainda subdividir-se em linfoides ou mieloides = de acordo com a linhagem celular envolvida LLA - Leucemia Linfoblástica Aguda -Neoplasia mais comum na infância -Adultos = uma das neoplasias malignas mais desafiantes =devido terapêutica -Neoplasia maligna das células hematopoiéticas -Caracteriza-se por um largo espetro de mutações genéticas = incluindo aneuploidia + translocações cromossómicas em genes envolvidos no desenvolvimento das células linfoides e na regulação do ciclo celular -Diferenciação celular fica comprometida -Aliada à proliferação excessiva = acumulação de blastos na medula óssea + corrente sanguínea + locais extramedulares -Proliferação ocorre ao nível das células precursoras linfoides = há acumulação de linfoblastos B ou de linfoblastos T (menos frequente) -Rápida progressão desta doença + grau de imaturidade das células tumorais = necessidade de intervenção terapêutica imediata >Epidemiologia -Leucemia pediátrica = 75% dos casos a ocorrerem antes dos 6 anos de idade -Taxa de incidência: distribuição bimodal = primeiro pico 0 e 4 anos de idade / segundo pico por volta dos 75 anos -65 anos de idade = aumento da taxa de incidência no sexo masculino em relação ao sexo feminino -Incidência é mais elevada entre os 0 e os 14 anos = 3,59 por 100.000 indivíduos = diminuindo depois para 0,53 por 100.000 indivíduos -Entre os 75 e os 99 anos = taxa de incidência volta a aumentar = 1,45 por 100.000 indivíduos -Incidência varia de acordo com a população + localização geográfica -LLA = mais frequente em crianças de origem latina/hispânica -Adultos = mais comum em indivíduos caucasoides em relação à população negroide -Leucemia linfoblástica aguda de linfócitos B (LLA-B) = mais comum = 85% dos casos diagnosticados = igual incidência por sexo -15% = leucemia linfoblástica aguda de linfócitos T (LLAT) = predominância o sexo masculino = incidência que é ~2x superior nos homens -Estudo retrospetivo = EUA = jovens diagnosticados com LLA-B = maior possibilidade de sobrevivência do que aqueles que têm um diagnóstico de LLA-T = adultos ocorre o oposto >Etiologia -Parecem resultar da combinação de exposições ambientais cruciais + suscetibilidade genética (pode ser ou não hereditária) -Componente Genética -Maioria dos casos de LLA = existência de mutações cromossómicas adquiridas = translocações e aneuploidias 1) Polimorfismos de único nucleotídeo (SNP) -Mutações genéticas hereditárias -Alguns PNU foram encontrados nos genes ARID5B + IKZF1 + DDC + CEBPE -ARID5B: associado ao padrão da expressão gênica em linfoblastos neoplásicos -IKF1: codifica paraproteínas com função relevante no desenvolvi- mento da linhagem linfoide, bem como na supressão de tumores -DDC: regula o desenvolvimento e maturação da série branca -CEBPE: envolvido no desenvolvi- mento + diferenciação de várias linhagens celulares -Alterações + desregulação da expressão desses genes = desenvolvimento de células anormais + ocorrência de neoplasia 2) Síndromes genéticas -Incidência da LLA muito aumentada em algumas síndromes genéticas = ex: Síndrome de Down (SD), Neurofibromatose, Síndrome de Bloom, Anemia de Fanconi, Síndrome de Li- Fraumeni, Síndrome de Klinefelter e Ataxia-telangiectasia -São caracterizadas pela ocorrência de defeitos nos mecanismos de reparação do DNA -SD = portadores apresentam um risco de desenvolver LLA ~20 a 30x superior em relação à população em geral 3) Desenvolvimento in utero -Causados por mutações genéticas que ocorrem durante o desenvolvimento in utero -Estudos efetuados gêmeos idênticos = ambos podem nascer com a mesma anomalia cromossômica -Presume-se que essa alteração surja espontaneamente numa célula precursora = depois, passou de um gêmeo para o outro, através da circulação placentária compartilhada -Elevado peso do bebê, no nascimento = fatores perinatais associado ao risco de desenvolvimento de leucemia infantil -Durante o desenvolvimento in útero = células precursoras linfoides e mieloides não se encontram totalmente diferenciadas = tornam-se particularmente suscetíveis à transformação maligna = podendo dar origem a células pré- neoplásicas -À medida que o feto cresce = linfoblastos proliferam rapidamente = expostos a elevados níveis de fatores de crescimento que circulam durante a embriogênese -Esses fatores têm capacidade de estimular a proliferação + persistência dessas células pré-neoplásicas -Bebês de elevado peso no nascimento = estimulação que ocorre duranteo crescimento intrauterino seja mais elevada = células persistem = dão origem à manifestação da doença 4) Componente infecciosas -Leucemia advém de uma resposta anômala a uma dada infecção -Kinlen = deslocação de famílias para outros ambientes = promove a ocorrência de novos contatos entre indivíduos suscetíveis e infetados -Greaves = fator desencadeante de respostas anormais do organismo perante uma exposição tardia a agentes infecciosos 5) Componente ambiental -Radiação ionizante = principal fator significativamente associado à LLA -Origina mutações no DNA = aumento risco de desenvolvimento >Fisiopatologia LLA-B: Linhagem Celular dos Linfócitos B -Linfócitos = origem em células hematopoéticas pluripotentes -Passam por um processo de maturação controlado = através da seleção + expressão rigorosas de determinados fatores de transcrição -Durante o desenvolvimento na medula óssea = células da linhagem progenitora dos linfócitos B passam por um rearranjo dos loci da sua imunoglobulina (Ig) -Ocorre recombinação dos segmentos VDJ deste gene = recombinação V(D)J (recombinação somática) = mecanismo de recombinação genética (do DNA) que ocorre apenas em linfócitos em desenvolvimento durante os primeiros passos da maturação de células B e T = células que se encontram neste estádio linfócitos pró-B -Este processo culmina na expressão do receptor dos linfócitos pré-B (pré-BCR) = composto por uma cadeia pesada de IgM + constituintes substitutos da cadeia leve (λ5 e VpreB) → avanço para o estádio dos linfócitos pré-B -Linfócitos pré-B = iniciam um novo processo de recombinação → rearranjo das cadeias leves -Estas cadeias leves associam-se às cadeias pesadas = formam o receptor dos linfócitos B (BCR) funcional = permite a distinção dos linfócitos B imaturos dos seus precursores -Ainda na medula óssea = submetidas a um processo de seleção positiva e negativa = para que sejam eliminadas as células autorreativas -Estas células, quando detectadas, passam por uma nova recombinação dos segmentos VDJ = especialmente dos loci que codificam para a cadeia leve ou, então, sofrem apoptose -Apenas os linfócitos B que expressam um BCR não autorreativo saem para a periferia = passam por um processo de seleção adicional, que lhes permite tornarem-se linfócitos B maduros, com a capacidade de responder a antígenos a) Translocação t(12;21)(p13;q22) [ETV6-RUNX1] -Fusão dos genes ETV6 e RUNX1 = bloqueio parcial do desenvolvimento celular no estádio dos linfócitos pró-B b) Translocação t(9;22)(q34;q11) [BCR-ABL1] -Cromossoma Philadelphia positivo -Alterações dos genes que codificam para os fatores de transcrição linfoides + ativação aberrante de numerosas vias de transdução de sinal = contribuem para o crescimento e sobrevivência desmedidos das células -Transdução de sinal = qualquer processo = célula converte um tipo de sinal ou estímulo em outro -Remete para um prognóstico desfavorável c) Translocação t(1;19)(q23;p13) [TCF3-PBX1] -Genes TCF3 e PBX1 codificam fatores de transcrição necessários para diferenciação + maturação dos linfócitos B -Ao fundir os dois genes = leva à produção de um fator de transcrição oncogénico = com capacidade de causar expressão gênica aberrante -Promovida a autorrenovação + desregulação da diferenciação das células hematopoiéticas = desenvolvimento da neoplasia d) Translocação t(v;11q23) [rearranjo do gene MLL] -Surge o gene de fusão MLL-AF4 = encontrado em ~50% dos casos em que ocorre rearranjo do MLL -Com esta mutação = produzidas oncoproteínas de fusão com capacidade de regular positivamente a expressão dos genes HOXA e MEIS1 = contribui para indução das alterações neoplásicas nas células precursoras linfoides LLA-T: Linhagem Celular dos Linfócitos T -Precursores linfoides = que derivam das células estaminais pluripotentes = entram no timo = ocorrerão as subsequentes etapas de diferenciação (em compartimentos específicos) -Fase inicial = células imaturas = não expressam as glicoproteínas CD4 nem CD8 -Precursores = entram no timo → migram da junção corticomedular para a região subcapsular do córtex → diferenciam-se nos seguintes estádios: timócitos duplamente negativos (DN) 1, DN2, DN3, DN4 -Estas células são as precursoras dos timócitos duplamente positivos (DP) (CD4+ CD8+ ) -Estádio DN1 = cél. imaturas = incluem-se os precursores, não só dos linfócitos T, mas também das células dendríticas e das células natural killer (NK) -Restrição à linhagem dos linfócitos T = alcançada no estádio DN3 = células expressam à sua superfície o receptor dos linfócitos pré-T (pré-TCR) -Pré-T = constituído por uma cadeia invariável pré-TCRα e uma cadeia TCRβ rearranjada -Com a expressão deste receptor = proliferação dos timócitos DN4 → maturação para o estádio de células DP (CD4+ CD8+) -Ocorre uma elevada expressão dos genes alvos da via de sinalização NOTCH1 + produção de outros fatores de transcrição (ex: proteínas Runx1, GATA-3 e E-box = contribuem para a diferenciação dos timócitos) -À medida que as células terminam a sua proliferação → rearranjo do gene TCRA -Este rearranjo permite a expressão do receptor dos linfócitos T (TCR) completo = composto por TCRα TCRβ = interage com o complexo principal de histocompatibilidade (MHC) das células epiteliais presentes no timo -Esta interação determina os processos de seleção positiva e negativa = de acordo com a avidez da ligação -Caso o TCR reconheça ativamente o MHC = seleção positiva = emissão de sinais de sobrevivência para essa célula -Linfócito T citotóxico (CD8+) = se reconhecer o MHC de classe I -Linfócito T auxiliar (CD4+) = se reconhecer o MHC de classe II -Se a interação entre o TCR e o MHC apresentado pelas células dendríticas da zona medular do timo for demasiado forte = induzida a apoptose destas células -Findos estes processos = linfócitos saem do timo → seguem para a circulação, preenchendo os órgãos linfoides periféricos a) Mutações ativadoras do oncogene NOTCH1 -Cerca de 60% dos casos de LLA-T = ativação aberrante da via de transdução de sinal NOTCH1 b) Deleção do locus CDKN2A -LLA-T pediátrica = mutação mais comum -~70% dos casos diagnosticados -Este locus abriga os genes supressores de tumor P16INK4A e P14ARF = responsáveis pela regulação do ciclo celular + apoptose mediada pelo gene TP53, respectivamente Manifestações clínicas e laboratoriais -Apresentação clínica e laboratorial da LLA = inespecífica -Maior parte dos sinais e sintomas identificados relacionam-se com a acumulação de células neoplásicas no interior de determinados órgãos + falência medula celular -Nível extramedular = extravasamento destas células para a circulação sanguínea periférica = hepatoesplenomegalia + linfoadenopatia em ~20% dos casos diagnosticados -Sintomatologia inespecífica = febre, mal-estar geral, anorexia e sudorese noturna -Poderá ocorrer inchaço testicular = sintoma identificado mais frequentemente em crianças e adolescentes -Envolvimento do sistema nervoso central (SNC) = presente em menos de 10% dos doentes = podendo ocorrer neuropatia craniana e infiltração das membranas meníngeas = podem estar associadas náuseas, emese, cefaleias e diploidia -Casos mais graves = obstrução do fluxo do líquido cefalorraquidiano (LCR) + aumento da pressão intracraniana -Podem surgir dores osteoarticulares + lesões osteolíticas (sobretudo na LLA infantil) -Apresentação laboratorial da doença = frequente a identificação nas análises sanguíneas = anemia normocítica normocrômica + leucopenia + trombocitopenia -Anemia estão associados diversos sintomas = palidez, letargia e dispneia -Leucopenia poderá resultar = infeções (cavidade oral, pele ou sistema respiratório) -Trombocitopenia = equimoses, petéquias e hemorragias espontâneas (como epistaxes ou gengivorragias) Diagnóstico -Requer a presença de, pelo menos, 20% de linfoblastos neoplásicos na medula óssea-Necessária avaliação adicional para a confirmação do diagnóstico + estratificação do risco -Requeridos diversos estudos: morfológicos + citoquímicos + genéticos + imunofenotipagem = conforme detalhado na classificação mais recente da OMS (2016) -Termo linfoma = neoplasia está confinada a uma lesão extramedular, sem ou com um mínimo envolvimento da medula óssea e do sangue periférico -Quando ocorre um marcado envolvimento da medula e sangue = leucemia Prognóstico -Principais fatores de prognósticos: idade + características clínicas encontradas (ex: contagem de leucócitos + alterações biológicas e genéticas das células neoplásicas + resposta precoce ao tratamento) -Linhagem celular afetada + envolvimento do SNC = considerados fatores prognósticos -Prognóstico pior = doentes diagnosticados com LLA-T + casos em que haja envolvimento do SNC -Quanto à idade = maior taxa de cura em crianças do que em adultos = idade avançada fator de mau prognóstico -LLA-B = casos em que seja identificada hiperdiploidia = bom prognóstico -Casos com hipodiploidia = mau prognóstico -Vários fatores estão associados a um prognóstico pior: (1) idade menor que 2 anos -Porque esses tumores são geneticamente distintos = muitas vezes associados a translocações envolvendo o gene MLL (2) apresentação na adolescência ou na idade adulta (3) contagem de blastos no sangue periférico superior a 100 mil -Marcadores prognósticos favoráveis incluem: (1) idade entre 2 e 10 anos (2) uma baixa contagem de células brancas (3) hiperdiploidia -Detecção molecular da doença residual após a terapia = pior resultado tanto na LLA-B como na LLA-T (ROBBINS) LLC - Leucemia Linfocítica Crônica -Leucemia mais comum em adultos no ocidente -Doença caracterizada pelo acúmulo de linfócitos clonais (>5000/dL) CD5 e CD23 positivos, ou <5000/dL com acometimento nodal, esplênico, hepático ou extramedular >Quadro Clínico -Diagnóstico = exames de rotina = onde é detectado linfocitose com posterior confirmação por imunofenotipagem -Alguns pacientes podem apresentar linfadenopatia generalizada + esplenomegalia + anemia + trombocitopenia -Quadro pode ser precedido ou acompanhado por Anemia Hemolítica Auto-imune ou Trombocitopenia Imune (PTI) >Diagnóstico -Diagnóstico é confirmado pela detecção dos linfócitos clonais por: a) imunofenotipagem de sangue periférico b) imunohistoquímica de biópsias nodais, esplênicas ou de órgãos acometidos -Linfócitos da LLC = característica marcação CD5 + marcações habituais de linfócitos B como: CD19, CD20 e CD23 >Prognóstico -Variável de acordo com o risco LMA - Leucemia Mielóide Aguda -Proliferação de blastos mieloides -Leucemia Aguda mais comum na população adulta >Manifestações Clínicas -Quadro clínico caracterizado pela ocupação medular por células clonais (consequente pancitopenia) + anemia + plaquetopenia + neutropenia funcional -Normalmente o paciente se apresenta com sintomas de anemia (fadiga, adinamia, palidez cutâneo-mucosa) + sangramentos + petéquias (trombocitopenia) + infecções (neutropenia) de início recente >Fatores de Risco -Exposição à benzeno + quimioterapias prévias + radiação ionizante + história familiar >Diagnóstico -Detecção de >20% de Blastos mielóides no sangue periférico ou na medula óssea -Deve ser avaliado ao diagnóstico: Imunofenotipagem, Citogenética e marcadores de Biologia molecular LMC - Leucemia Mielóide Crônica -Doença caracterizada pela proliferação exagerada de células mielóides -Se divide em 3 fases: 1) Fase crônica -Infiltração de células mielóides na medula óssea + baço + fígado + sangue periférico -Geralmente quando ocorre a grande maioria dos diagnósticos 2) Fase Acelerada -Progressão dos sintomas a despeito da terapia, basofilia no sangue periférico (>20%) e aumento do numero de blastos na medula e/ou san-gue periférico mas < 20% 3) Fase Blástica >20% de blastos no sangue periférico ou medula óssea >Manifestações Clínicas -Suspeita diagnóstica se dá por exames de rotina = se detecta leucocitose pronunciada com desvio escalonado -Pacientes ainda podem apresentar sintomas decorrentes da leucocitose como: hiperviscosidade (cefaleia, torpor) e eventos trombóticos -~5% dos pacientes realizam o diagnóstico na fase blástica, onde os sintomas são semelhantes aos da Leucemia Mielóide Aguda >Diagnóstico -Detecção da translocação entre os cromossomos 9 e 22 [t(9;22)] – Cromossomo Philadelphia, que codifica a fusão de 2 genes: BCR-ABL Atendimento em Hospitais de Pequeno Porte e a Transferência (Portaria 874/2013 - Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer) -Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer deve garantir o cuidado integral ao usuário do SUS de forma regionalizada e descentralizada -Estabelece que o tratamento do câncer deva ser realizado em um centro de referência como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) que trata os tipos de câncer mais comuns, ou como Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) que trata todos os tipos de câncer, os quais devem oferecer uma assistência geral, especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico, estadiamento e tratamento medicamentoso, quimioterápico ou cirúrgico -Esses centros de referências deverão observar as exigências apresentadas na Portaria 140/2014 para garantir a qualidade dos serviços de assistência oncológica e a segurança do paciente -Atualmente, existem 288 unidades e centros de assistência habilitados no tratamento do câncer -Todos os estados brasileiros têm pelo menos um hospital habilitado em oncologia, onde o paciente de câncer encontrará desde um exame até cirurgias mais complexas -Cabe às secretarias estaduais e municipais de Saúde organizar o atendimento dos pacientes na rede assistencial -Definir para que hospitais os pacientes, que precisam entrar no sistema público de saúde por meio da Rede de Atenção Básica, deverão ser encaminhados -UNACONs -Uma em Ilhéus = Hospital São José Maternidade Santa Helena/Santa Casa de Misericórdia -Duas em Itabuna = Hospital Calixto Midlej Filho (oferece serviço de Radioterapia) + Hospital Manoel Novaes (Oncoguia, 2020) -Paciente com neoplasia maligna deve receber gratuitamente todos os tratamentos necessários -Primeiro tratamento deve ocorrer no prazo de até 60 (sessenta) dias contados a partir do dia em que for diagnosticado, conforme disposto na Lei nº 12.732/2012. -Foi sancionada a Lei 13.896/19, que altera a Lei nº 12.732/2012, para que os exames relacionados ao diagnóstico de neoplasia maligna sejam realizados no prazo de 30 (trinta) dias -Sistemas de regulação = gerenciam as vagas disponíveis + definem onde será feito o atendimento = segundo critérios como proximidade com a residência do paciente e complexidade do caso -Objetivo principal = dar mais conforto para o paciente, que não precisará se deslocar por longas distâncias e reduzir as filas de espera -Relacionado ao bem-estar e tratamento = paciente oncológico tem direito ao Tratamento Fora de Domicílio – TFD, quando localmente não houver opção -TFD pode envolver a garantia de transporte, hospedagem e ajuda de custo para alimentação, quando indicado, e é concedido, exclusivamente, aos pacientes atendidos na rede pública e referenciada -Nos casos em que houver indicação médica, poderá ser autorizado o pagamento de despesas para acompanhante (Os direitos dos pacientes com câncer e o que todos nós podemos fazer para melhorar a saúde no país - Instituto Vencer o Câncer) Como fazer para ser atendido no SUS: 1- Deve-se cadastrar na UBS –cartão SUS 2- Caso precise de atendimento, é importante que procure primeiro um dos serviços de atenção primária do SUS. Para os casos de pronto atendimento, que não necessitam de agendamento ou internação, também estão disponíveis as AMAs– Atendimento Médico Ambulatorial. 3- Em situações de urgência e emergência, vá direto ao Pronto Socorro mais próximo de sua residência com o cartão SUS. 4- Se houver necessidade, será encaminhado para os AMEs – Ambulatórios de Especialidades, Hospitais Gerais ou nos Hospitais Especializados. Conduta médica na abordagem de casos terminais em crianças (Paciente Terminal, Família e Equipe de Saúde - Juliana Alcaires e colaboradores. 2019) -Identificação do paciente terminal na prática, considerado sem esperança de cura terapêutica, ou com morte inevitável, é complexa e não envolve unicamente um raciocínio lógico -Ainda que se tente chegar a identificar este diagnóstico através de uma avaliação crítica, neutra e extinta de preconceitos, a falta de parâmetros definitivos sobre o assunto leva a equipe de saúde a apresentar receio de considerar um paciente como terminal -Isso se deve ao fato de que o limite entre o terminal e o paciente com perspectivas de cura é sempre arbitrário no sentido de não existir uma linha divisória, bem definida, entre ambos -Soares (2007) = nas situações de terminalidade, os familiares de pacientes têm necessidades específicas: ✓estar próximo ao paciente ✓sentir-se útil para o paciente ✓ter consciência das modificações do quadro clínico ✓compreender o que está sendo feito no cuidado e o motivo ✓ter garantias do controle do sofrimento e da dor ✓estar seguro de que a decisão quanto à limitação do tratamento curativo foi apropriada ✓poder expressar os seus sentimentos e angústias ✓se confrontado e consolado e encontrar um significado para a morte do paciente -Família também pode passar pelas fases do luto, assim como o paciente (Violência no trabalho: GUIA DE PREVENÇÃO PARA OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. 2017) Medidas para a prevenção e combate à violência contra os profissionais de saúde: -Exercitar a empatia com os pacientes e com os familiares -Todo momento de doença traz estresse e sofrimento -Manter uma comunicação efetiva com usuários, familiares e acompanhantes -Situações geradoras de violência advinda de pacientes e familiares têm relação com a falta de informação -Importante = profissionais forneçam ao usuário orientações objetivas, utilizando uma linguagem acessível (Cuidador principal de paciente oncológico fora de possibilidade de cura, repercussões deste encargo - Laís Araújo e colaboradores - 2009) -Princípio ético mais adequado para atender esses pacientes requer a adoção de medidas que não visam mais curar, mas aliviar o sofrimento -Cuidados paliativos representam a melhor opção para esse grupo de pacientes -Principais razões da necessidade de cuidados paliativos = prioridade o valor moral da dignidade da pessoa -Considerar a pessoa integralmente = não somente do ponto de vista do diagnóstico, mas também sob o tratamento da doença CUIDADOR: -Tendência para que seja transferida para a família a responsabilidade com os cuidados do paciente = mesmo diante do aumento da sobrecarga de cuidados, especialmente quando a doença está em seu curso avançado -Cuidador principal = pessoa responsável por auxiliar o paciente dependente no seu dia-a-dia + outras tarefas = em geral, o cuidador é proveniente do próprio núcleo familiar -Sobrecarga sofrida pelo cuidador, durante a "jornada do câncer" = intensa = há consequências físicas + psíquicas + sociais -Esses são fatores importantes e podem desencadear a depressão e outros sintomas psicológicos no cuidador -Evidente que é preciso diferenciar as necessidades do cuidador, das necessidades do paciente nessa trajetória -Problemas que o cuidador enfrenta: a) deterioração da saúde e adoecimento do cuidador, tanto físico quanto psíquico, com uma maior carga de estresse b) menor satisfação com a vida c) perda do emprego, rupturas de vínculos, isolamento e diminuição da participação social e perda do poder aquisitivo d) distúrbios do sono, medo, maior uso de psicotrópicos
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