Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 1 – mod XI – Insônia Anatomia / Fisio próstata + HBP + Prostatite + CA próstata + Disfunção erétil e Estenose de Uretra Anatomia próstata - Maior glândula acessória do sistema reprodutor masculino, circunda uretra prostática abaixo da bexiga. - Função: secreção do líquido prostático, que promove a síntese do líquido seminal (sêmen). - Circunda a uretra prostática (a uretra passa por dentro). - Consistência: Fibroelástica. - Peso: cerca de 20g. Com o envelhecimento a próstata aumenta de tamanho e desenvolve uma anatomia zonal característica. - 3 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 cm no sentido ântero posterior. - Glândula achatada no ântero-posterior, formato cônico e com ápice arredondado. - Sua face superior (base da próstata) limita-se com o colo da bexiga. Inferiormente (ápice da próstata) limita-se com o diafragma urogenital. Posteriormente limita-se com o reto. - Dividida em lobos: 1. Face anterior: lobo anterior ou istmo 2. Face posterior: lobo posterior 3. Inferolateral direita: lobo direito. 4. Inferolateral esquerda: lobo esquerdo 5. Lobo Médio: entre uretra e ductos ejaculatórios. - O seu parênquima é composto de: Células glandulares (ácinos), ductos prostáticos e uretra prostática. - Os ductos prostáticos irão se abrir na superfície posterior na uretra prostática. - Divisão em zonas: 1. Zona de Transição: envolve uretra prostática. 2. Zona Central ou periuretral: composta de glândulas curtas 3. Zona periférica: composta de glândulas ramificadas e longas. É a porção mais volumosa da próstata e possui 75% de todas as glândulas. 4. Zona de estroma fibromuscular anterior: istmo (não apresenta glândulas). Constituído de tecido conjuntivo e muscular compacto. Hiperplasia Prostática Benigna (HBP) - Definida, histologicamente, pela hiperplasia de células epiteliais e células estromais, que começa na área periuretral (central). - Esse processo gera aumento no volume da glândula e sinais e sintomas obstrutivos e irritativos. A maioria dos indivíduos com esse diagnóstico possuem próstatas maiores de 20g e com fluxo urinário máximo inferior a 15 ml/segundo na presença de volume miccional superior a 150 mL. - Com o envelhecimento, há crescimento de múltiplos nódulos hiperplásicos pequenos, que comprimem o tecido normal externamente contra a cápsula prostática verdadeira, criando uma cápsula que delimita o adenoma em expansão. EPIDEMIOLOGIA - Começa, geralmente, a partir dos 30 anos de vida, sendo que aos 80 anos de idade, 85% dos homens irão apresentam HPB. - Principais fatores de risco: envelhecimento e testículos funcionantes. - Outros fatores de risco: aparecimento de manifestações clínicas de HPB antes dos 65 anos em parentes de primeiro grau. - Fatores genéticos estão associados em menos de 10% dos casos. Porém o papel da hereditariedade parece ser real, já que filhos de indivíduos com HBP têm de 3 a 4x mais chances de serem submetidos à cirurgia prostática. FISIOPATOLOGIA - A testosterona é convertida pela enzima 5α-redutase em diidrotestoterona (principal andrôgeno intraprostático), que estimula o crescimento da próstata. A isoforma tipo 1 da enzima citada predomina em partes do organismo, enquanto a isoforma tipo 2 predomina no tecido prostático. - Esse estimulo de crescimento da próstata ocorre, pois a DHT se liga aos receptores androgênicos nucleares e formam um complexo que irá iniciar um processo de síntese proteica que modula proliferação das células epiteliais e prostáticas. - A DHT também estimula as células do estroma prostático levando-a a secretar fatores de crescimento que também irão modular crescimento de células epiteliais. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 - Homens castrados ou com deficiência na enzima conversora não irão apresentar HPB. - Além da testosterona, uma série de fatores de crescimentos peptídicos irão intermediar as interações estromo epiteliais que alteram o equilíbrio entre a proliferação e a apoptose celular, levando ao desenvolvimento de HPB. - O processo inicial da HPB inicia-se inicialmente na zona de transição, onde haverá proliferação de nódulos formando um tecido glandular (adenomatoso). Após, os nódulos de estromas fibromuscular irão se acumular na zona central periuretral. - A obstrução irá ocorrer por efeito mecânico (crescimento exagerado da próstata) ou por efeito funcional (contração de fibras musculares do colo vesical, cápsula e estroma prostático - essas fibras se contraem devido a estímulos alfa-1-adrenérgicos). - Alterações vesicais vão estar SEMPRE presentes. Inicialmente o detrusor irá se apresentar hipertrofiado (tentativa de manter o fluxo urinário normal) -> diminuição da complacência e capacidade vesical -> sintomas de prostatismo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Incômodos produzidos por sintomas de vias urinárias inferiores, sendo tradicionalmente sintomas obstrutivos (ocorrem devido a obstrução mecânica ou dinâmica): hesitação (dificuldade em iniciar micção), esforço ao urinar, sensação de esvaziamento incompleto, intermitência, jato urinário fraco e gotejamento pós-miccional. - Sintomas irritativos: polaciúria, nictúria, urgência e incontinência (ocorrem por contrações não inibidas pelo detrusor). - Os sintomas essenciais da HPB podem ser quantificados por meio de 7 perguntas relativas - Pontuação Internacional de Sintomas Prostáticos - IPSS. - Os sintomas obstrutivos sempre desaparecem com a retirada cirúrgica da próstata, já os sintomas irritativos nem sempre desaparecem. - As manifestações clínicas podem ser oscilantes com períodos de melhora que podem durar de meses ou anos. - Essa obstrução do colo vesical irá ocorrer devido a comportamento dinâmicos e estáticos. Estáticos devido ao aumento do tamanho da próstata e dinâmico devido a aumento do tônus adrenérgico na próstata, onde há predomínio de receptores alfa-adrenérgicos. - Com essa obstrução, há elevação na pressão do detrusor -> hipertrofia vesical -> fibrose. - Complicações da HBP: retenção urinária aguda e por isso aumento de infecções urinárias ou/e formação de cálculos, falência do detrusor, insuficiência renal pós renal e hematúria. Pode haver também hidroureter e hidronefrose. - Podem gerar hematúria, devido a dilatações venosas na submucosa que acompanha o crescimento da próstata. Porém, nesses casos sempre deve-se desconfiar primeiro de neoplasias. DIAGNÓSTICO 1. Histórico: - Quadro clássico: homem mais velho com sintomas de trato urinário inferior. - IPSS de 0-7: sintomas leves - IPSS de 8-19: sintomas moderados - IPSS de 20-35: sintomas graves. - Indivíduos com HPB tendem a apresentar equilíbrio entre sintomas obstrutivos e irritativos que progridem de maneira lenta com a idade. - Obter lista completa de medicamentos em uso pelo paciente, pois alguns fármacos podem afetar o trato urinário inferior. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 - Em pacientes com polaciúria e nictúria como sintomas predominantes, deve-se fazer um diário de micções, onde o paciente anota a quantidade de urina em cada micção durante vários dias. - Avaliar presença de febre (prostatite), sintomas neurológicos (bexiga neurogênica), hematúria (neoplasias uroepitelial ou urolitíase), história de trauma ou instrumentação cirúrgica (estenose uretral) 2. Exame físico - Toque retal: estima tamanho e consistência. - Geralmente a próstata tem aumento simétrico e consistência firme e fibroelástica. A assimetria ou a presença de nódulos francos sugere CA (indicativo de biopsia). - Exame neurológico cuidadoso (procurar evidências de neuropatia periférica ou anestesia na área da sela- segmento que inerva a bexiga- sugere bexiga neuropática). 3. Achados laboratoriais- Urinálise (EQU): piúria (pesquisar prostite ou ITU) e possível hematúria (neoplasia). - Ureia e Creatinina: avaliar presença de complicações. - PSA (antígeno prostático específico): é uma glicoproteína. Pode estar elevado em qualquer patologia prostática, tanto inflamatória quanto neoplásica. Valor normal: inferior a 4ng/mL - Resultados PSA: - Na HPN geralmente o PSA está entre 4-10 ng/mL - Quanto maior o tamanho da próstata, maior será o valor do PSA. - Cerca de 50% dos indivíduos com níveis de PSA superiores a 10 ng/mL tem câncer de próstata. - Medição de fluxo urinário: fluxos máximos inferiores a 10 mL/segundo são sugestivos de obstrução do colo vesical, e fluxos máximos superiores a 15 mL/segundo são menos sugestivos. Porém, essa medida do fluxo não é tão confiável, pois homens podem ter bons fluxos com fortes contrações da bexiga apesar da obstrução ou apresentar fluxos insuficientes com contrações fracas da bexiga na ausência de obstrução. - US transabdominal: avalia morfologia de rins, bexiga e estima peso prostático. - Pressão Vesical: teste padrão-ouro. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Diabetes melitos, hipercalcemia, obstrução infravesical (estenose uretrais), doenças neurológicas que afetam a bexiga: bexiga do idoso (isquemia crônica do detrusor gerando instabilidade e incompetência do detrusor), bexiga instável (afeta pacientes com AVE, Parkinson, tumores, demência) - Rápido aparecimento de sintomas, apresentação antes dos 50 anos de idade ou ocorrência de sintomas irritativos sem sintomas obstrutivos sinalizam outras doenças. - Geralmente homens com estenose uretral foram submetidos à instrumentação geniturinária ou tiveram DST. TRATAMENTO - Pacientes assintomáticos NÃO precisam de tratamento, seja qual for o tamanho da próstata. - Pacientes com IPSS classificado como leve, raramente se queixam de desconforto suficiente para justificar o tratamento. - Assim como somente a presença de próstata aumentada NÃO constitui uma indicação para tratamento. - Sintomas que não incomodam: “Espera Vigilante”. Além de disso há medidas paliativas: tratamento com ingestão de líquidos e restrição de líquidos antes de viagens longas e 2 horas antes de se deitar, evitar cafeína, utilização de técnicas de esvaziamento de bexiga etc. Terapia medicamentosa - Feitos em sintomatologia moderada. - Bloqueadores α1- adrenérgicos e Inibidores de 5α- redutase. - O α-bloqueador é a primeira escolha de terapia médica. - A Finasterida ou a Dutasterida também podem ser prescritas em pacientes com aumento significativo da próstata ou com níveis de PSA aumentados para benefício preventivo. - Os α bloqueadores reduzem significativamente os sintomas, independente do tamanho da próstata, mas não reduzem os riscos de retenção aguda ou progressão para cirurgia. Não reduzem tamanho da próstata, mas diminuem tônus prostático e a resistência do colo vesical causado por estimulação simpática. - Os inibidores da 5 α-redutase bloqueiam a conversão da testosterona em dihridrosterona, reduzindo o tamanho da próstata. Alívio mais modesto dos sintomas. Elas reduzem a progressão para cirurgia. Porém promovem efeitos adversos como disfunção sexual e ejaculatória. - Indicações alfa-1-adrenérgicos: sintomáticos, com indicação cirúrgica, mas que não querem operar, com contraindicação à cirurgia, que aguardam cirurgia, profilaxia de retenção urinária em pacientes submetidos a cirurgias intercorrentes. - A terapia combinada (alfa +5-alfa) deve ser feita em pacientes com sintomas obstrutivos importantes e com próstatas em grande volume. Terapia cirúrgica - Feitos em sintomatologia grave ou presença de complicações de HBP. (mas sempre discutir com paciente antes). - Modalidade mais eficiente para alívio dos sintomas e complicações da doença. - Pode ser feito tratamento apenas medicamentoso se for uma opção do paciente, risco cirúrgico ou se não for melhorar ou se for piorar a qualidade de vida. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 - A escolha do método cirúrgico depende da dimensão da glândula, presença de complicações locais, experiência do cirurgião e preferência do paciente. - Ressecção Transuretral (RTUP): em próstatas pequenas e médias dimensões. Pode causar hipernatremia. - Prostectomia Suprapúbica: cirurgia aberta: próstatas volumosas (mais de 100g), com complicações locais, litíase, divertículos. - Métodos cirúrgicos menos agressivos: termoterapia, ablação por laser (indicado em pacientes com distúrbios de coagulação), ablasão por radiofrequência com agulhas, ultrassonografia focal e emprego de endopróteses uretrais. PREVENÇÃO - Não existe nenhuma estratégia efetiva de prevenção de HBP. Apenas detectar precocemente por meio do PSA. PROGNÓSTICO - Doença de caráter lento. - Ocorrência de complicações mais graves parece ser rara. Prostatite - A prostatite pode ter várias etiologias, porém a sua classificação exata ainda não foi confirmada. A mais recente é a Classificação da National Institutes of Health: Prostatite bacteriana aguda, prostatite bacteriana crônica, prostatite não bacteriana e Prostatodínia. FISIOPATOLOGIA - A prostatite tipo I (bacteriana aguda) e a prostatite tipo II (bacteriana crônica) correspondem a 5 a 10% dos casos. Sendo assim, as ITUs ocorrem 80% das vezes por cepas da E. coli, 10-15% por Pseudomonas aeruginosa e espécies de Serratia, Klebsiella e Proteus. - O restante- 90% dos casos- ocorre pelo tipo III (não bacteriana crônica/síndrome de dor pélvica crônica). - O tipo III ainda pode ser dividido em tipo IIIa e tipo IIIb, porém essa subdivisão ainda é controversa, pois muitos autores acham que tanto a inflamatória quanto a não inflamatória são a mesma condição não infecciosa que pode, ou não, estar relacionada a glândula prostática. - Há certas teorias de que a prostite tipo IIIA incluam agentes infecciosos atípicos: Mycoplasma hominis, Ureplasma urealyticum, Trichomonas vaginalis, Chlamydia, vírus, bactérias anaeróbicas e estafilococos coagulase-negativo, citocinas pró-inflamatórias, mecanismos autoimunes, processos neurogênicos, aumento da pressão tecidual da próstata, irritação química e aumento da tensão nos músculos do colo da bexiga e uretra prostática. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Prostatite tipo I (bacteriana aguda): febre, calafrios, mal- estar, dor lombar ou perineal, disúria, polaciúria e urgência. A apresentação inicial geralmente é muito grande e o paciente pode se apresentar toxemiado. O toque retal geralmente mostra hipersensibilidade da glândula e calor local. - Prostatite tipo II (bacteriana crônica): observada em homens de idade mais avançada em associações com infecções recorrentes do trato urinários. Gera dor pélvica e disfunsão sexual. - Prostite tipo III: dor pélvica associado a dor durante ou após a ejaculação. - Prostite tipo IV: assintomática. Descoberta por níveis elevados de PSA. - No caso da prostatite há o Índice de Sintomas da Próstata NIH Crônica, para auxiliar no possível diagnóstico de prostite crônica, já que é dificil. DIAGNÓSTICO - O diagnóstico de prostite aguda é fácil e o de prostite crônica é dificil. Pacientes com prostite crônica, podem apresentar diagnostico incorreto de HBP. - Porém o que distingue uma da outra é a presença de dor na prostite. - O PSA não é indicado para avaliação de prostatite crônica, mas se ele for realizado por alguma razão, seu aumento não deve ser atribuido a prostatite crônica. - Prostatite tipo I: diagnóstico com achados clínicos e cultura de urina positiva. Não se recomenda a massagem de prostata devido a possibilidade de precipitar a bacteremia (sepse). EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - Prostatite tipo II e tipo III: diagnóstico pelo Teste de 4 recipientes: coletade jato de urina inicial, urina de jato médio, secreções prostáticas emitidas após massagem prostática e urina pós massagem. A prostatite tipo II é caracterizada pela presença de bactérias uropatógênicas, enquanto a tipo III é definida pela ausência dessas bacterias e presença de dor geniturinária. - Prostatite tipo IV: diagnosticada de modo indicental pela biopsia de próstata ou detecção de leucócitos nas secreções prostáticas em testes de avaliação de infertilidade. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - HBP, câncer de próstata, doença sexual transmissível, histórico de instrumentação geniturinária, hérnia, massa escrotal, infecções do TU. TRATAMENTO - Não há prevenção para a prostite. - Prostite tipo I: antimicrobiano (Ciprofloxacina IV ou Fluoquinolonas, TMP-SMX) tratamento com 4 semanas de duração - Prostatite tipo II: há redução diminuida de antimicrobianos, pois o líquido prostático torna-se alcalino, impedindo sua penetração. Usa-se Fluoquinolonas, TMP- SMX. Duração de 4 semanas. - Prostatite tipo III: terapia empírica: antibióticos, alfa- bloqueadores não são eficazes. - Prostite IV: não é recomendado nenhum tratamento. CA próstata - A malignidade não cutânea mais comum nos homens, sendo a 2ª causa mais comum de morte entre os homens. EPIDEMIOLOGIA - A dosagem do teste do antígeno prostático específico (PSA) possibilitou um certo controle da doença, permitindo uma detecção precoce e avaliando o tratamento. Fatores de risco: aumento da idade, história familiar, etnia afro-americana e fatores nutricionais. - Estudos apontam que a redução da ingestão de gordura e o aumento da ingestão de proteína de soja podem ser um efeito protetor contra o desenvolvimento do CA de próstata. - Parece ser comum entre familiares de homens com início precoce de CA de próstata. FISIOPATOLOGIA - Apesar de muitas anormalidades genéticas, tanto com perda quanto com ganho de função, terem sido identificadas, não foram detectados padrões constantes de alterações associadas à maior probabilidade de câncer de próstata. - Aproximadamente a metade dos cânceres de próstata demonstra rearranjos genéticos, com a fusão de promotores ou estimuladores dos genes andrógeno- sensíveis, tais como TMPRSS2 (protease transmembrana, serina 2) com fatores de transcrição oncogênico EVS (E- vinte seis) como ERG (genes relacionados com o EVS). - Essas fusões conduzem a superexpressão de fatores de transcrição oncogênicos e parecem definir um subgrupo de tumores com comportamento mais agressivo. - Testosterona é necessária para a manutenção de um epitélio prostático normal, sadio, mas é também um pré- requisito para o desenvolvimento de câncer de próstata. A inibição da sinalização, tipicamente pela redução cirúrgica ou farmacológica das concentrações de testosterona, resulta em apoptose e involução do câncer de próstata. - A inflamação também parece ter papel importante na etiologia. - Observa-se que o câncer de próstata “nasce” próximo a um tipo de lesão tecidual - PIA (atrofia inflamatória- proliferativa). Além disso, outra lesão precursora do câncer é a PIN (Neoplasia Intraepitelial Prostática). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS No estágio inicial, restrita ao órgão, tende a ser assintomática. - O desenvolvimento de sintomas miccionais obstrutivos (hesitação, fluxo urinário intermitente, perda de força do fluxo) reflete geralmente a presença de doença localmente avançada com crescimento para a uretra ou colo vesical. Os tumores localmente avançados também podem resultar em hematúria e hematospermia. - O câncer de próstata com disseminação para os linfonodos pélvicos ocasionalmente causa edema dos membros inferiores ou desconforto nas áreas pélvicas e perineais. - As metástases ocorrem na maioria das vezes para os ossos, frequentemente assintomáticas, mas também podem causar dor intensa e persistente e fraturas patológicas ou compressão da medula óssea. Metástases viscerais são raras. DIAGNÓSTICO - Mais de 60% dos casos são assintomáticos e o diagnóstico e estabelecido por um alto nível de PSA nos testes de rastreamento. - A presença de um nódulo palpável no toque retal digital, que é a segunda causa clínica de suspeita diagnóstica, geralmente leva à biópsia. - Raramente é diagnosticado como doença avançada que causa sintomas obstrutivos, desconforto pélvico ou perineal, edema de MMII ou lesões ósseas sintomáticas. - Embora o toque retal apresente baixas sensibilidade e especificidade para diagnosticar o câncer prostático, a biópsia de um nódulo ou de uma área de enduração revela um câncer em torno de 50% das vezes. - O nível do PSA apresenta uma sensibilidade bem melhor, mas uma baixa especificidade porque patologias benignas como hipertrofia prostática benigna e prostatite podem causar níveis falso-positivos. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 PA anormal: Homens 40-49 anos: >2,5 Homens 50-59 anos: >3,5 Homens 60-69 anos: >4,5 Homens 70-79 anos: >6,5 - PSA >10 ng/mL é câncer em 60% dos casos, mas PSA entre 4 e 10 ng/mL é câncer em cerca de 30% dos casos. - Os testes da fração do PSA livre circulante (porcentagem de PSA livre) podem ajudar a distinguir o câncer de próstata dos processos benignos: pacientes com um nível de PSA de 4 a 10 ng/mL, a porcentagem de PSA livre parece ser um agente preditivo independente de câncer de próstata, e um valor limite de PSA livre inferior a 25% pode detectar 95% dos tumores ao mesmo tempo que evita a realização de 20% de biópsias desnecessárias. - A US transrretal com biópsia está indicada quando o nível de PSA está elevado, quando a porcentagem de PSA livre é inferior a 25% ou quando se observa uma anormalidade no toque retal. - A biópsia é feita preferencialmente em até seis campos cada lado e pacientes com alto risco são retiradas amostras das vesículas seminais. - Pacientes com PSA >10, faz cintilografia óssea. - Mais de 95% dos tumores da próstata são adenocarcinomas, e é frequente haver lesões multifocais. ESCALA DE GLEASSON (Grau histológico) Avalia grau de diferenciação do adenocarcinoma prostático, 5 graus: geralmente acha mais 1 na mesma biopsia por ser multifocal, ai soma os 2 que mais aparecem. Grau 1 → muito raro, histologia é muito semelhante à normal) Grau 2 → apresenta característica quase igual a normal Grau 3 → apresenta a maioria de glândulas e algumas células soltas Grau 4 → apresenta mais células soltas que glândulas Grau 5 → nem se vê mais as glândulas normais, apenas células soltas. Usa o que mais predomina + o que predomina em outras áreas = Gleasson Ex: predomina grau 3, mas em regiões há o grau 4 → 3+4=7 TRATAMENTO CA de próstata localizado - Acompanhamento rigoroso, ablação androgênica, prostatectomia retropúbica ou prostatectomia perineal radical com ou sem radioterapia pós operatória. Ou pode ser feito a braquiterapia- implante de sementes radioativas- com ou sem radioterapia, nas margens da próstata e pelve. - Essas opções terapêuticas, irão depender da comorbidade do paciente, expectativa de vida, probabilidade de cura e preferência pessoais. - Para prever estagio patológico final após prostatectomia usa-se: Escala de Gleason + PSA sérico +TNM. - Doença com baixo risco ou risco intermediário: Pode ser feito a observação vigilante em pacientes de baixo risco e mais idosos. Não sendo recomendada em paciente jovens. A terapia com privação do androgênio também pode ser usada em pacientes que desejam ser tratados, mas não são elegíveis ou se recusam a prostatectomia e radioterapia. - Homens com expectativa de vida acima de 10 anos, sem comorbidades, são candidatos à terapia local com cirurgia e radioterapia. - Procedimentos que poupam o feixe nervoso e técnicas cuidadosas de dissecção reduziram o risco de incontinência urinária eimpotência. - Após a cirurgia, o PSA deve ser indetectável. Um PSA detectável indica presença de células neoplásicas. - Doença de alto risco: probabilidade de comprometimento nodal e metástase. São tratados com terapia local agressiva + ablação androgênica + radioterapia. Doença avançada - Envolvimento de linfonodos: ablação androgênica + radioterapia de feixe externo - Metástases: ablação androgênica (resulta em melhora sintomática e regressão da doença)- isso pode ser feito por meio de orquiectomia (tirar testículos) ou castração clínica (agonista do hormônio liberador do hormônio luteinizante- EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7 agonistas LHRH). Efeitos adversos: perda da libido, impotência, ganho de peso, fadiga, anemia e osteoporose. Doença recorrente - 30 a 50% dos homens tratados com prostatectomia + radioterapias desenvolvem evidência de recidivas conforme definido pelo aumento do PSA. - Faz-se terapia local de resgate + ablação androgênica Tratamento paliativo - Os pacientes podem apresentar dor óssea ou alterações funcionais, portanto: analgésicos. Disfunção Erétil - Incapacidade de ter ou manter ereção suficiente para uma relação sexual satisfatória. FISIOLOGIA DA EREÇÃO - Habitualmente o pênis irá permanecer em estado de flacidez que é feito pela manutenção da musculatura lisa intracavernosa em estado de semicontração. Esse estado ocorre por: atividade miogênica intrínseca, neurotransmissão adrenérgica e fatores de contração derivados do endotélio. - Ereção: relaxamento das fibras musculares lisas dos corpos cavernosos, o que permite maior fluxo sanguíneo arterial para os espaços lacunares e concomitante vasodilatação das artérias cavernosas. - O óxido nítrico é o principal neurotransmissor que irá promover o relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos. O óxido nítrico é sintetizado pela enzima óxido nítrico sintetase. - O óxido nítrico irá atuar sob a célula muscular lisa, promovendo aumento da concentração intracelular de GMPc -> induz dissociação do complexo actina-miosina -> diminuição da concentração intracelular de cálcio -> relaxamento das fibras musculares lisas. - Entre as células musculares penianas, há a transmissão de informações por meio de conexões intercelular chamadas de gap junctions. Essas conexões permitem a troca de íons cálcio e de GMPc. Isso explica a sincronização do relaxamento da musculatura lisa dos corpos cavernosos no processo de ereção. - No tecido cavernoso do pênus a enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) é a enzima responsável pela hidrólise do GMPc e consequente retorno do pênis ao seu estado flácido. - Áreas do SNC associados à ereção peniana: núcleo paraventricular, núcleo paragigantocelulares e hipocampo. - Neurotransmissores excitatórios: dopamina, acetilcolina, prostanoides, oxitocina e peptídeo vasointestinal. - Neutrotransmissores inibitórios: peptídeos opioides e endotelinas. FISIOPATOLOGIA DA DISFUNÇÃO ERÉTIL - A disfunção erétil (DE) ocorre por um desequilíbrio entre a contração e o relaxamento da musculatura lisa do corpo cavernoso e pode ser classificada em 3 grupos: (1) Psicogênico (2) Orgânico (3) Misto (orgânico/psicogênico) - A DE psicogênica pode estar relacionada a estresse emocional, coerção sexual, coerção pré-puberal, problemas de relacionamento, problemas com emprego, depressão e atitude pessimista. - DE orgânica: causa vascular (arterial), endócrina, neurogênica e medicamentosa. Arterial: obstrução de artérias crônicas ou traumáticas que diminuem aporte sanguíneo. Neurogênica: doença que afeta o cérebro, medula espinhal ou inervação periférica. Endócrina: os hormônios regulam não só a libido como também a ereção peniana. Tecidual: aumento de fibras colágenas e diminuição de fibras elásticas que ocorrer no envelhecimento e em doenças degenerativas. Medicamentos: ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos. Alguns diuréticos. DIAGNÓSTICO - Anamnese, exame físico e labs (glicemia, perfil lipídico e dosagens de testosterona e prolactina). - Anamnese com foco em situações sexuais (qualidade, frequência e duração das ereções), psicológicas, sociais e médicas. Além de informações de HAS, tabagismo, drogas recreacionais, medicamentos, diabetes, hiperlipidemia, EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 8 doença arterial coronariana, distúrbios vasculares periféricos, antecedentes de radioterapia, cirurgia, traumas perineais ou pélvicos. - Teste oral domiciliar: uso de Inibidores da PDE5 (Sildenafila) -> objetivo de distinguir DE de origem psicogênica, orgânica ou mista. TRATAMENTO - 1ª linha: Inibidores da PDE5 (Sidenafila, Tadalafila, Vardenafila, Iodenafila) - 2ª linha: autoinjeção intracavernosa (Prostaglandina E1) - 3ª linha: Implante de prótese peniana (fio de prata com silicone) DOENÇA DE PEYRONIE Degeneração estrutural, adquirida, fibrótica e multifocal da túnica albugínea do pênis. Ocorre fibrose e formação de placas com calcificações que podem resultar em deformidades, encurtamento ou tortuosidades penianas que são evidentes principalmente durante a ereção. Pode haver dificuldade de penetração vaginal e insatisfação no percurso sexual. Mais frequente entre 40 e 70 anos. Etiologia: mudanças na composição e na quantidade de colágeno na túnica albugínea, com substituição do tecido elástico normal por placa fibrótica. Pode ocorrer por deficiência de vitamina E, exposição a certos medicamentos, aumentos nos níveis de serotonina, predisposição genética, fatores autoimunes, instrumentação uretral. Porém, a teoria mais aceita é que ocorre devido à vários traumas agudos e repetitivos ao pênis. Quadro clínico: curvatura peniana, placa ou nódulo palpável, ereção dolorosa. Também podem ocorrer deformações no pênis como formação de cintura, pênis em ampulheta. Diagnóstico: relato de ereções dolorosas, curvatura peniana e palpação de nódulos no pênis. Tratamento: Inicialmente o tratamento deve ser clínico, principalmente nos 12 primeiros meses da doença. Porém, ainda não há um tratamento clínico padrão. Faz-se então tratamento sistêmico: Vitamina E, Inibidores de TGF-beta dos fibroblastos. Além de tratamento local: injeções de Verapamil (antagonistas dos canais de cálcio). Tratamento cirúrgico: é feito quando a curvatura é muito severa, há história de mais de 12 meses de evolução da doença, curvatura permanece estável por no mínimo 3 meses, falhas na terapêutica conservadora, interferência na relação sexual. O tratamento cirúrgico pode ser feito por encurtamento do lado convexo, alongamento do lado côncavo da túnica albugínea ou implante de prótese peniana. EJACULAÇÃO PRECOCE Ocorre sempre ou quase sempre antes de 1 minuto após penetração vaginal e incapacidade de retardar a ejaculação em todas ou quase todas as penetrações vaginais. Há dois tipos de ejaculações precoces: primária (individuo nunca consegue controlar) e secundária (individuo consegue controlar,mas ocorre de forma rápida). Tratamento: Terapia psicossexual (reeducação do paciente e parceira, redução de focos de ansiedade) Terapia Medicamentosa (antidepressivos - fluoxetina, amitriptilina. Ansiolíticos). PRIAPISMO Ereção persistente e dolorosa que não é associada a estímulo sexual. Pode ocorrer devido a baixo fluxo sanguíneo ou isquêmia (vasodilatadores intracavernosos, anemia falciforme, leucemia, psicofármacos, agentes anestésicos, abscesso de corpo cavernoso, tumores infiltrativos no pênis, nutrição parenteral, drogas ilícitas e causas idiopáticas) ou devido a alto fluxo (é menos frequente e é indolor- ocorre por trauma peniano ou por causas idiopáticas). O Priapismo recorrente é uma situação frequente que ocorre devido a baixo fluxo e ocorre principalmente devido a anemiafalciforme. Ocorre por início indolor, depois torna-se dolorosa e se inicia principalmente à noite. Diagnóstico: anamnese, exame físico, avaliação metabólica, estudo hemodinâmico (para diferenciar priapismo de baixo ou alto fluxo). Tratamento: Baixo Fluxo: punção e aspiração do sangue do corpo cavernoso para alívio da dor. Se isso não resolver, faz-se injeção de um agonista alfa-adrenérgico. Se não resolver → tratamento cirúrgico. Alto fluxo: não querer tratamento imediato, pois pode ocorrer resolução espontânea. Usa-se bolsa de gelo. Recorrente: tratar anemia falciforme, se presente. E medicamentos: prociciclina, clonazepam etc. Estenose de Uretra ? Finasterida (5-α-redutase) - Visa reduzir volume glandular. - É um inibidor da 5α-redutase, bloqueando a conversão da testosterona a di-hidrotestosterona, que é o androgênio responsável pela alopecia androgênica em homens geneticamente predispostos. - Em sua dose usual, produz diminuição de 30% do volume da glândula em 6 meses de tratamento, além de aliviar os sintomas em 35-40% dos pacientes. - A finasterida oral serve também para crescimento capilar e previne queda de cabelo. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 9 - Efeitos adversos: redução da libido, distúrbios da ejaculação, disfunção erétil. - Droga segura, com pouca interação farmacológica e raros efeitos colaterais. - Principal inconveniente: disfunção sexual. - A utilização desse fármaco reduz em 50% os níveis sanguíneos de PSA, sendo necessário, na hora da avaliação dobrar o resultado do PSA, se o paciente utilizar a finasterida. Bloqueadores alfa-1-adrenérgicos - Fármaco que bloqueia as catecolaminas. Podem ser usados na HAS primária e na HBP. - Podem ser reversíveis ou irreversíveis com seus receptores. A fentolamina e a Prazosina são antagonistas reversíveis. - A ação dos reversíveis irá depender muito da meia vida do fármaco, quanto mais curta for a meia vida menos tempo leva para os seus efeitos se dissiparem. - Tem grande efeito cardiovascular, pois o tônus arteriolar e o venoso são determinados em grande parte por receptores alfa, podendo gerar baixa resistência periférica e baixa PA. - Provoca também miose (pupilas pequenas) e congestão nasal. - Na bexiga e na próstata, seu bloqueio diminui resistência ao fluxo urinário. Por isso são usados na terapia de retenção urinária na HPB. - Fármacos eficazes: Prazosina, Doxazosina e Terazosina. Todos apresentam eficácia clínica semelhante. - Ação: relaxam o m. liso do trígono vesical e aumentam a taxa de fluxo urinário máximo - Promovem melhora sintomática e aumentam fluxo miccional. Possuem resposta rápida - Resposta independe do tamanho da próstata. - Há 2 subtipos de receptor alfa1-adrenérgico: alfa1a e alfa1b. O primeiro é específico para o tecido prostático e o segundo para vasos sanguíneos. Por isso existem fármacos específicos para o alfa1 para que não haja problema de hipotensão: Tamsulosin e Alfuzosina. - Efeitos adversos: hipotensão postural, tontura, cefaleia e fraqueza. - Contraindicações absolutas: insuficiência renal pós-renal, paciente com histórico de hipotensão e hipersensibilidade à droga. - Contraindicações relativas: doença cerebrovascular, história de síncope, retenção urinária aguda.
Compartilhar