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1 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA DOENÇA HIPERTENSIVA ESPECÍFICA DA GESTAÇÃO DEFINIÇÃO Para ser considerada hipertensão na gravidez é preciso ter uma PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 10mmHg. Isso precisa ser confirmado, logo, são necessárias pelo menos 2 aferições. Se leve: Com intervalo de 4h Se grave: Com intervalo de 15 minutos Leve: PAS ≥ 140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg Grave: PAS ≥ 160 mmHg e PAD ≥ 110 mmHg ▪ Regras para aferir: ▪ Paciente sentada ▪ 5 min de repouso antes da medida ▪ Medição na altura do coração ▪ Manguito apropriado ▪ Utilizar o mesmo braço para comparação ▪ Proteinúria: Quando consideramos que essa paciente está “perdendo proteína no xixi”? Proteinúria de 24h ≥ 300mg Relação proteína- creatinina ≥ 0,3 mg/dL ≥ 300 mg/L (2+ dipstick) em duas ocasiões. FISIOPATOLOGIA ▪ Teoria da placentação anormal: Fisiologicamente: Tem-se uma invasão das artérias espiraladas pelo citotrofoblasto, ocasionando o’ alargamento do diâmetro dos vasos, baixa resistência e o aumento do fluxo sanguíneo para feto e placenta. Pré eclâmpsia: Nesse caso, a invasão trofoblástica no endométrio é deficiente, logo, a artéria fica com diâmetro menor (alta resistência) cursando com isquemia placentária. O que aconteceria em uma gestação normal? 1ª onda: 1T (destruição muscular dos vasos do endométrio da paciente). 2ª onda: 16-20 semanas (invasão miometrial). Quando a paciente tem predisposição para a pré-eclâmpsia, ela tem a primeira onda, mas não tem a segunda. Atenção! O diagnóstico só ocorre após a 20 semanas por uma deficiência na 2ª onda de ação trofoblástica. ▪ Repercussões sistêmicas: CLASSIFICAÇÃO PRÉ ECLÂMPSIA Tem-se dois tipos de pré-eclâmpsia sendo uma com gravidade e a outra sem. PRÉ ECLÂMPSIA SEM CRITÉRIO DE GRAVIDADE ➔ Características: ▪ PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg ▪ Hipertensão com surgimento após 20 semanas com associação à proteinúria. ➔ Manejo: IG ≥ 37 sem: Parto Realizar CTG (cardiotopografia – 20 min ouvindo o coração do bebê). Monitorizar dados vitais maternos. Manter cateter hidrolisado (casos de pico pressóricos ou emergências). O parto pode ser via vaginal. IG < 37 sem: Condução ambulatorial Reinternar se agravamento da doença. Administrar corticoide se < 34 semanas, pois o uso de corticoide nessa idade gestacional favorece o desenvolvimento do pulmão do bebê. 2 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA Rotina DHEG: Hemograma (hemólise? Ht subiu?), LDH (hemólise?), AST, ALT (lesão hepática), ácido úrico, creatinina (lesão renal) , proteinúria de 24h. Avaliação fetal: USG com doppler → para ver o fluxo de oxigênio mãe → placenta → bebê. PRÉ ECLÂMPSIA COM CRITÉRIO DE GRAVIDADE Caso mais grave que merece intervenção mais rápida, essa paciente pode ser uma SEM critérios que evoluiu negativamente ou alguém que já abriu o caso com maior gravidade. ➔ Classificações: ▪ Eclâmpsia: Quando a paciente convulsiona. ▪ Síndrome Hellp: Quando há queda plaquetária. ➔ Características: ▪ Sinais de iminência de eclâmpsia: Alterações visuais → liberação do glutamato. Epigastralgia → lesão hepática. Cefaleia intensa → liberação do glutamato. ▪ PA elevada: TAS ≥ 160 ou TAD ≥ 110mmHg → hipertensão grave!! Intervalo de 15 minutos. ▪ Função hepática: Dor epigástrica ou em hipocôndrio direito severa. Aumento de transaminases (2x o limite superior de normalidade, ou seja, superior a 40). ▪ Insuficiência renal: Creatinina ≥ 1,1 mg/dL Maior que o dobro da sua concentração sérica. ▪ Trombocitopenia: Plaqueta < 100.000 (visto que na gestação há uma plaquetopenia dilucional fisiológica). ▪ Edema pulmonar: Não responsivo a medicação. Sem outra causa que justifique. ➔ Manejo: ▪ Anti hipertensivo oral: Somente deve ser introduzida se episódio de TAS ≥ 150 ou TAD ≥ 105 mmHg. Qual medicamento? 1. Metildopa. 2. Nifedipino 3. Hidralazina 4. Metoprolol. Atenção! Na emergência não se utiliza medicamentos VO, nesse caso, a hidralazina seria 1ª escolha na emergência. A hidralazina é um vasodilatador direto, sendo utilizado em situações que a PA esteja elevada e exista uma dificuldade para abaixá-la. 05 mg, IV a cada 20 min, até o máximo de 20 mg ou 4 doses (tempo de ação 10-20min). ▪ Magnesioterapia: Indicada para todos os casos de pré-eclâpsia com critérios de gravidade + eclampsia + síndrome Hellp. Deve ser iniciado 1h antes do parto até 24h após (maior risco de convulsionar). O magnésio faz neuro proteção nessas pacientes. Esquema Zuspan: Devemos utilizar quando tiver bomba de infusão contínua no local. Esquema Pritchard: Devemos utilizar esse esquema na ausência da BIC, realizando esse esquema venoso em bôlus com a seringa mesmo. Esquema Sibiai e Pierce possuem doses maiores e são pouco utilizadas na prática. Atenção! O sulfato de magnésio pode fazer intoxicação, logo, é necessário vigiar os sinais de intoxicação. 1. Reflexos profundos ausentes 2. Diurese menor que < 30 mL/h (SVD) 3. FR < 16 ipm Qualquer um desses critérios, NÃO precisa ser os 3, quando presente simultâneo ao uso de sulfato de magnésio devemos ligar o alerta. Se toxicidade pelo MgSO4 devemos suspender o magnésio e ofertar 10 ml de gluconato de cálcio a 10%, 1g infundido lentamente em 5 minutos. Após melhora podemos reintroduzir o magnésio, mas devemos reavaliar a paciente a cada 2h. Caso não resolva com metildopa devemos ir escalonando os medicamentos nessa ordem. 3 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA IG < 24 semanas → Deve-se discutir com a família a proposta de interrupção da gestação, visto que a vida materna está em risco. ECLÂMPSIA ➔ Definição: É uma complicação da pré-eclâmpsia com critérios de gravidade, nada mais é do que uma convulsão tônico- clônica, focal ou multifocal. ▪ Pode ser precedida dos sinais de iminência de eclâmpsia. ▪ São autolimitadas (60 segundos). ▪ Bradicardia fetal por até 5 minutos após. ➔ Diagnóstico diferencial: Se a pcte ficar convulsionando sem parar ou durar mais de 60 segundos devemos pensar no diagnóstico diferencial, solicitando TC para investigar. ▪ Epilepsia ▪ Ataque isquêmico transitório ▪ Uso de drogas ▪ Hemorragia/Isquemia do SNC ➔ Manejo: ▪ Controle da crise ▪ Proteger mordedura de língua ▪ Lateralizar a paciente → p/ o lado esquerdo para que o útero saia de cima da veia cava e melhore o retorno venoso dela. ▪ Manter a via aérea livre aspirando secreções ▪ Ofertar O2, 5L/min. ▪ Devemos iniciar MgSO4 ▪ Se paciente já estiver em uso devemos fazer o adicional de 2g IV → para tirar a pcte da crise, controlando o sistema nervoso dela. ▪ Se persistirem as convulsões após o magnésio devemos usar fenitoína e solicitar TC. ▪ Considerar interrupção da gestação. Atenção! Diazepam é contraindicado no quadro de eclâmpsia, visto que é um benzodiazepínico, dopa o bebê e não cessa as convulsões. SÍNDROME HELLP ➔ Definição: ➔ Classificação: ▪ Classificação de Mississipi: O pior dessas classificações é a classe 1, sendo a principal característica da síndrome Hellp a plaquetopenia.➔ Manejo: ▪ Avaliar interrupção da gestação: Se fora de trabalho de prato → PSAC ou cesárea Estabilizar o quadro Anestesia geral se plaquetas < 70.000 → retirar o bebê em menos de 20 seg para que ele não receba a medicação pelo cordão umbilical. ▪ Avaliação laboratorial a cada 6 a 12 horas ▪ Internar em UTI + USG abdome superior (avaliação hepática). ▪ Se IG < 34 semanas + mãe estável: Aguardar corticoide. HIPERTENSÃO GESTACIONAL ➔ Definição: Hipertensão com surgimento após 20 semanas de gestação que desaparece antes de 12 semanas pós parto e sem associação com proteinúria. A paciente pode evoluir para pré-eclâmpsia e precisa de avaliações periódicas no pré natal. A interrupção da gestação deve ocorrer com 37 semanas. HIPERTENSÃO CRÔNICA ➔ Definição: Diagnosticada antes da 20ª semana de gestação e perdura após a 12ª semana pós parto. Geralmente apresenta ácido úrico normal, sendo esse um diferencial para a pré-eclâmpsia, visto que nesse último o ácido úrico está aumentado. Atenção! Aproximadamente 11% das mulheres com hipertensão crônica apresentam proteinúria devido à lesão renal prévia. ▪ 20 a 50% dessas pacientes evoluem para pré-eclâmpsia, sendo encaminhadas para o pré-natal de alto risco. ▪ Possuem um pior prognóstico materno-fetal quando vira pré-eclâmpsia, pois há duas doenças associadas 4 6º SEMESTRE 2022.1 – UNIFTC Obstetrícia JULIANA OLIVEIRA (hipertensão + pré-eclâmpsia), sendo uma doença mais precoce e agressiva. Na primeira consulta de pré-natal além de todos os exames já solicitados devemos solicitar também: 1. Fundoscopia, ECG ou ecocardiograma. 2. Função renal, hepática, eletrólitos (principalmente K+), hemograma. 3. Proteinúria de 24h ou relação proteína/creatinina. 4. Doppler de artérias uterinas e renais. 5. Adequar anti-hipertensivos (evitar IECA/BRA) p.ex de contraindicados: captopril, losartana e diuréticos (exceto hidroclorotiazida). ➔ Manejo: Utiliza-se: ▪ Metildopa ▪ Nifedipino retard ▪ Hidroclorotiazida ▪ Hidralazina ▪ Metoprolol Quando iniciar? ▪ Iniciar terapia se TAS > 150 ou TAD > 100 mmHg ▪ Meta: TAS: 120-139/80-89 mmHg. ➔ Manejo pós parto: ▪ Retorno aos anti-hipertensivos de uso prévio. ▪ Manter cifras tensionais TAS < 150 mmHg e TAD < 100 mmHg. ▪ Amamentação e anti-hipertensivos: Beta-bloqueadores: Propranolol/labetalol apresentam menor concentração no leite materno. BCC/IECA: Seguros – pequena concentração no leite. Diuréticos: Seguros, porém em altas doses podem reduzir a quantidade do leite. HIPERTENSÃO CRÔNICA SUPERAJUNTADA Paciente que era hipertensa crônica e após 20 semanas começa a desenvolver um quadro de piora da pressão. ▪ Aumento súbito da pressão ▪ Aumento da proteinúria. Se apresenta de forma precoce e tende a ser mais agressiva. ➔ Aumento da chance de: ▪ CIUR (Restrição de crescimento intrauterino) ▪ DPP (Descolamento prematuro de placenta) Devemos avaliar o parto com 34 semanas → após amadurecimento do pulmão. COMPLICAÇÕES DA DHEG ▪ Crescimento intrauterino restrito ▪ Descolamento prematuro de placenta ▪ Sd. Hellp ▪ Rotura hepática ▪ Prematuridade ▪ Amaurose ▪ Óbito fetal ▪ Óbito materno ▪ Acidente vascular cerebral. QUANDO INTERROMPER? O parto pode ser normal ou cesáreo desde que a mãe e o bebê estejam bem. PREVENÇÃO ➔ Alto risco: ▪ Passado de pré-eclâmpsia ▪ Hipertensão crônica ▪ Anemia falciforme ▪ DM prévio ▪ Doença renal ▪ Doença autoimune ▪ Gestação múltipla ▪ IP médio de artérias uterinas > p95 ➔ Moderado risco: ▪ Nuliparidade ▪ Obesidade ▪ Idade > 35 anos ▪ IMC > 30 kg/m² ▪ Raça negra ▪ História familiar de pré-eclâmpsia (mãe ou irmã). Profilaxia após 12 semanas e leva até o final da gestação: AAS (150mg à noite) + Cálcio (500mg, 3x ao dia) Quando fazer a profilaxia? Quando tivermos 1 critério de alto risco ou 2 critérios de moderado risco.
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