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CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESTADO FEDERAL 
SOBERANIA E AUTONOMIA 
Soberania significa poder de autodeterminação plena, não condicionado a nenhum outro poder, externo ou interno.
A soberania, no federalismo, é atributo do Estado Federal como um todo.
Os Estados-membros dispõem de outra característica - a característica da autonomia, que não se confunde com o conceito de soberania.
A autonomia de que gozam os Estados-membros significa capacidade de auto-determinação dentro do círculo de competências traçado pelo poder soberano, que lhes garante a auto-organização, autogoverno, autolegislação e auto-administração, tudo isso exercitável sem subordinação hierárquica aos poderes da União.
EXISTÊNCIA DE UMA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
A Constituição Federal atua como fundamento de validade das ordens jurídicas parciais e central. Ela confere unidade à ordem jurídica do Estado Federal, buscando traçar um compromisso entre as aspirações de cada região e os interesses comuns às esferas locais em conjunto.
A federação gira em torno da Constituição Federal que é o seu fundamento jurídico e instrumento regulador. 
O fato de os Estados-membros se acharem unidos em função de uma Constituição Federal e não de um tratado de direito internacional é fator diferenciador do Estado Federal com relação à confederação.
PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS-MEMBROS NA VONTADE FEDERAL
Para que os Estados-membros possam ter voz ativa na formação da vontade da União  vontade que se expressa sobretudo por meio das leis  é que, historicamente, foi concebido o Senado Federal, com representação paritária, em homenagem ao princípio da igualdade jurídica dos Estados-membros.
INEXISTÊNCIA DE DIREITO DE SECESSÃO
Na medida em que os Estados-membros não são soberanos e que o que os une não é um tratado de direito internacional, de que podem se desligar, no exercício da soberania, mas uma Constituição Federal, é natural que se impeça aos Estados o direito de se desligarem da União. Daí ser comum aos Estados Federais – no que se distinguem das confederações – a afirmativa, nos textos constitucionais, de ser indissolúvel o laço federal ou mesmo a proibição expressa de desligamento dos entes federados.
CONFLITOS: O PAPEL DA SUPREMA CORTE E A INTERVENÇÃO FEDERAL.
Uma vez que não há o direito de secessão na fórmula federativa, os conflitos que venham a existir entre os Estados-membros ou entre qualquer deles com a União necessitam ser resolvidos para a manutenção da paz e da integridade do Estado Federal. Fórmulas de solução de conflitos eventuais entre a União e Estados ou entre estes. Assumindo feição jurídica, o conflito deve ser solucionado por uma corte nacional, prevista na Constituição com competência para isto.
Falhando a solução judiciária ou não sendo o conflito de ordem jurídica meramente, o Estado Federal dispõe do instituto da intervenção federal, para se auto-preservar da desagregação, bem como para proteger a autoridade da Constituição Federal e da corte suprema nacional.
CORTES FEDERAIS
Foi dito que é típico do Estado Federal a existência de uma corte com competência nacional, destinada a unificar a inteligência das normas federais e a resolver conflitos entre as entidades componentes do Estado Federal. 
A nossa Carta da República atribui a relevante função de uniformização de entendimento em torno da legislação infraconstitucional ao Superior Tribunal de Justiça, deixando a última palavra sobre temas constitucionais ao STF. O STF também faz o papel de tribunal da Federação quando aprecia representações para fins interventivos.
O STF, ainda, tem competência para resolver litígios entre esferas da Federação. Essa competência está fixada no art. 102, I, f, da CF.� A interpretação que vem sendo dada ao dispositivo pode ser classificada como restritiva. Somente a situação que "introduz a instabilidade no equilíbrio federativo ou que ocasiona a ruptura da harmonia que deve prevalecer nas relações entre as entidades integrantes do Estado Federal" atrai a essa competência (ACOr 359, DJ 11.3.94, rel. o Min. Celso de Mello). No mesmo precedente se assentou que "causas de conteúdo estritamente patrimonial, fundadas em títulos executivos extrajudiciais, sem qualquer substrato político, não justificam se instaure a competência do Supremo Tribunal Federal prevista no art. 102, I, f, da Constituição, ainda que nelas figurem, como sujeitos da relação litigiosa, uma pessoa estatal e um ente dotado de paraestatalidade".�
O STF já admitiu a sua competência, com base no permissivo constitucional, em caso em que um Estado-membro e autarquia federal litigavam em torno da propriedade de terras devolutas, por aí ver "questão que diz respeito diretamente ao equilíbrio federativo" (ACOr 477, DJ 24.11.95, rel. o Ministro Moreira Alves).
PESSOAS JURÍDICAS INTEGRANTES DA FEDERAÇÃO - A UNIÃO
É o fruto da união dos Estados, é a aliança indissolúvel destes. 
Ela age em nome da Federação.
No plano legislativo, como visto, edita tanto leis nacionais – que alcançam todos os habitantes do Território Nacional – como leis federais – que incidem sobre os jurisdicionados da União, como os servidores federais e o aparelho administrativo da União.
A União tem bens próprios, definidos na Constituição Federal (art. 20).
Cabe à União exercer a importante competência de preservar a integridade política, jurídica e física da federação, atribuindo-se-lhe a competência para realizar a INTERVENÇÃO FEDERAL.
A intervenção federal é mecanismo drástico e excepcional, destinado a manter a integridade dos princípios basilares da Constituição, enumerados taxativamente no art. 34 da CF�. 
Quanto a essa enumeração, cumpre assinalar que o constituinte valeu-se do conceito de dívida fundada, que é definido na legislação ordinária, como sendo aquela dívida que compreende os compromissos de exigibilidade superior a 12 meses, contraídos para atender o desequilíbrio orçamentário ou financeiro de obras e serviços públicos - Lei nº 4.320/64, art. 98.
A intervenção federal somente pode recair sobre Estado-membro, Distrito Federal ou Municípios integrantes de Território Federal. 
Não cabe a intervenção federal sobre Municípios integrantes de Estado-membro, mesmo que a intervenção seja pedida por desrespeito, por parte do Município, de decisões de tribunais federais (STF: IF 590-CE Questão de Ordem, julgada em 17.9.98).
A intervenção federal, ainda, é decretada pelo Presidente de República. 
Em alguns casos, o Presidente da República atua sem a provocação de ninguém, ex officio (incisos I, II, III e V, do art. 34 da CF).
Em outros casos, deve ser provocado para decretar a intervenção.
Pode ser solicitado (art. 34, IV, da CF) a tanto, pelo Poder Legislativo estadual (ou do Distrito Federal) ou pelo Chefe do Poder Executivo estadual (ou do Distrito Federal), se esses poderes se sentem sob coação indevida. Se a coação recai sobre o poder Judiciário, a solicitação será do Supremo Tribunal Federal. 
Tanto nos casos de atuação ex officio, como na hipótese da solicitação, a interenção não é obrigatória para o Presidente da República. A decisão de intervir remanesce no âmbito do seu juízo discricionário. Nesses casos, haverá o controle político do Congresso Nacional, a quem deverá ser submetido o decreto de intervenção no prazo de 24 horas e que poderá aprová-lo ou rejeitá-lo, por meio de decreto legislativo (art. 49, IV, da CF).
Nas intervenções espontâneas pelo Presidente da República, deve ele ouvir os Conselhos da República (art. 90, I, da CF) e o de Defesa Nacional (art. 91, § 1º, II, da CF), embora não esteja obrigado ao parecer que se seguir da consulta.
O decreto de intervenção deve especificar a amplitude da medida adotada, o prazo de sua duração, condições de execução e, se for o caso, o nome do interventor (art. 36, § 1º, da CF).
A intervenção pode também ser requisitada pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Superior Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal Superior Eleitoral,por descumprimento de ordem ou decisão judicial (art. 34, VI, CF). Ou ainda, pode resultar de provimento de ação de executoriedade de lei federal, proposta pelo Procurador-Geral da República perante o Superior Tribunal de Justiça, ou de ação direta de inconstitucionalidade para fins interventivos, também proposta pelo Procurador-Geral da República perante o Supremo Tribunal Federal (art. 34, VI e VII, CF). Esta última tem por fim exigir o cumprimento pelos Estados dos princípios constitucionais sensíveis.
Essas modalidades de intervenção passam, antes, pelo crivo judicial. O STF e o STJ julgam ações com pedido de intervenção federal. Nesses casos, não há discricionariedade para o Presidente da República – ele está vinculado a decretar a intervenção. Ao Presidente da República cabe "a mera formalização de uma decisão tomada por órgão judiciário".�
Em ambos os casos, o controle político é dispensado, devendo a intervenção se limitar a suspender a execução do ato impugnado, se isto for suficiente para restabelecer a normalidade constitucional (art. 36, § 3º, CF).
Neste passo, vale registrar algumas notas de jurisprudência, que melhor explicam o procedimento em estudo. O STF entende que cabe a ele o julgamento de pedido de intervenção por falta de cumprimento de decisão judicial proveniente da Justiça do Trabalho, ainda que a matéria, objeto da sentença, não tenha conteúdo constitucional (IF 230, 231, 232, relatados pelo Ministro Sepúlveda Pertence, em 24.4.96). Afirmou-se, nos mesmos precedentes, ainda, que as requisições tinham que chegar com a devida motivação ao STF.
A intervenção cessa tão logo afastada a sua causa, retornando ao poder a autoridade local afastada provisoriamente (art. 36, § 4º, CF).
OS ESTADOS-MEMBROS
Os Estados têm governo próprio, desempenhando as funções dos três poderes estatais – Executivo, Legislativo e Judiciário.
A Constituição Federal também lhe adjudica bens próprios (art. 26, CF).
Os Estados-membros podem-se incorporar uns aos outros ou desmembrar-se, formando novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, por meio de plebiscito, e por aprovação do Congresso Nacional, por meio de lei complementar.
No âmbito da competência legislativa dos Estados, eles editam as normas e as executam com autonomia, i.é, sem ingerência de autoridades externas. Tanto é assim, que as decisões em torno apenas do direito estadual não podem ser reformadas pelo STJ ou pelo STF (a não ser que envolvam tema constitucional ou de confronto com lei federal).
Os governadores são as autoridades executivas máximas e a Assembleia Legislativa é a sede do Poder Legislativo. A Constituição Federal regula com alguma minúcia tanto as eleições para ambos os poderes como aspectos de remuneração dos seus titulares (arts. 27 e 28 da CF) e de seu funcionamento. Diz que lei regulará a iniciativa popular no processo legislativo local e estende aos deputados estaduais as normas de inviolabilidade e imunidade atinentes aos parlamentares no Congresso Nacional.
Da forma como concebeu a Assembleia Legislativa, não se abre chance para que os Estados adotem um sistema bicameral no Poder Legislativo.
Reconhece-se às constituições estaduais a faculdade de dispor que os governadores somente serão processados criminalmente pelo STJ se houver autorização da Assembleia Legislativa. Mas as constituições estaduais não podem torná-los imunes à perseguição criminal por atos estranhos ao exercício das suas funções, como ocorre com o Presidente de República, na vigência do seu mandato (art. 86, § 4º, CF).
A intervenção dos Estados nos Municípios segue o disposto no art. 35 da Constituição Federal, observando-se, ali, o propósito de garantir a administração democrática nos Municípios. 
É interessante notar que deve caber ao Procurador-Geral do Ministério Público estadual a proposta de intervenção no Município, quando esta estiver subordinada a representação ao Tribunal de Justiça (art. 35, IV, CF), por simetria com o modelo federal.
OS MUNICÍPIOS
Muitos sustentam que, a partir da Constituição de 1988, os Municípios passaram a gozar do status de integrantes da Federação, uma vez que, agora, além de autonomia, contando com executivo e legislativo próprios, contam também com o poder de auto-organização, por meio de lei orgânica (art. 29). É tido como definitivo, outrossim, para corroborar essa tese, o artigo inaugural da Carta da República, em que se afirma que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.
Embora seja essa a corrente predominante, há ponderosas razões em contrário, baseada no fato de ser típico do Estado Federal a participação das entidades federadas na formação da vontade federal, do que resulta a criação do Senado Federal, que, entre nós, não tem, na sua composição, representantes de Municípios. Os Municípios tampouco mantêm um poder Judiciário, como ocorre com os Estados e com a União. Não admitindo a existência de uma federação de Municípios, posiciona-se José Afonso da Silva.�.
Os Municípios podem ser criados fundidos ou desmembrados na forma do art. 18, § 4º, com a redação da Emenda Constitucional n. 15/96.� Exige-se, portanto, lei estadual para essas ocorrências, plebiscito que escutará tanto a população do eventual novo Município como dos demais envolvidos, estudos de viabilidade do novo ente e que se respeitem as limitações de calendário dispostas em lei complementar federal. Essas exigências apertadas devem-se à necessidade de se reprimir a proliferação de novos entes municipais, não motivada por motivos de real interesse público, que se verificou até a Emenda Constitucional n. 15/96.
O DISTRITO FEDERAL
Para abrigar a sede da União, o constituinte criou o Distrito Federal.
O Distrito Federal não se confunde quer com um Estado-membro, quer com um Município, acolhendo características ora de um ora de outro, ora, ainda, de ambos. Rege-se, por exemplo, por uma lei orgânica, e não tem poder de organização do Ministério Público e do Poder Judiciário que atua no seu território, da mesma forma que os Municípios; mas é colocado ao lado dos Estados-membros quanto a várias competências tipicamente estaduais, inclusive, como já visto, no que tange a competências legislativas concorrentes com a União.
O Distrito Federal goza de autonomia, podendo se auto-organizar, por meio de lei orgânica própria. Dispõe das atribuições também de auto-governo, autolegislação e auto-administração nas áreas de sua competência exclusiva.
O seu desenho normativo constitucional oferece, porém, algumas limitações: não organiza e nem mantém o Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública, nem a policia civil ou militar ou corpo de bombeiros - todos organizados e mantidos pela União, a quem cabe legislar sobre a matéria. Não tem, tampouco, autonomia de utilização das polícias civil e militar. Só pode fazê-lo nos limites e na forma do que dispuser lei federal.
Situação interessante enfrentou o STF no AgRgSS 846, DJ 8.11.96, relator Ministro Pertence. Discutia-se a legitimidade de decisão do Tribunal de Justiça que equiparara servidores da polícia civil do DF a outros servidores do DF. Lê-se da ementa:
II - Distrito Federal: polícia civil e militar: organização e manutenção da União: significado.
Ao prescrever a Constituição (art. 21, XIV) que compete à União organizar e manter a polícia do Distrito Federal - apesar do contra-senso de entregá-la depois ao comando do Governador (art. 144, § 6º) - parece não poder a lei distrital dispor sobre o essencial do verbo “manter”, que é prescrever quanto custará pagar os quadros dos servidores policiais: desse modo a liminar do Tribunal de Justiça local, que impõe a equiparação de vencimentos entre policiais - servidores mantidos pela União - e servidores do Distrito Federal parece que, ou impõe a este despesa que cabe à União ou, se a imputa, emana de autoridade incompetente e, em qualquer hipótese,acarreta risco de grave lesão à ordem administrativa.
O DF exerce competências dos Estados e dos Municípios. Mas não pode subdividir-se em municípios.
O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Distrital, composta por Deputados distritais em número equivalente ao triplo da representação do Distrito Federal na Câmara dos Deputados, em que conta com 8 parlamentares.
Lei orgânica define quem assume a governadoria em caso de vacância da chefia do Executivo. Há a peculiaridade de o presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios não poder estar listado na linha sucessória, já que esse tribunal não integra a estrutura do poder governamental do DF. Tampouco pode a lei orgânica do DF definir competência de órgão que não lhe pertence. Não lhe é dado atribuir a função de Governador a quem está fora do seu âmbito normativo organizacional. O assunto é tratado no art. 93 da Lei Orgânica, que situa na linha da sucessão, em seguida ao Vice-Governador, o Presidente da Câmara Distrital e o seu substituto legal.
TERRITÓRIOS
Embora, hoje, não haja nenhum território, a Constituição Federal abre ensejo a que eles sejam criados, por lei complementar federal (art. 18, § 2º). Esses territórios são descentralizações administrativas da União, carecendo de autonomia.
A REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS PREVISTA CONSTITUCIONALMENTE
Um dos traços típicos do Estado Federal é a existência de mais de uma ordem jurídica incidente sobre um mesmo território e sobre as mesmas pessoas.
A possibilidade de ambos os governos regularem uma mesma dimensão territorial e pessoal do Estado impõe a adoção de mecanismo que favoreça a eficácia da ação estatal, evitando conflitos e desperdício de esforço e recursos. 
A repartição de competências entre as esferas do federalismo é o instrumento concebido para esse fim. 
A repartição de competências consiste na atribuição a cada ordenamento de uma matéria que lhe seja própria. 
A doutrina fixou uma importante classificação dos modelos de repartição de competências, cogitando das modalidades da repartição horizontal e da repartição vertical de competências.
Na repartição horizontal, não se admite uma concorrência de competências entre as esferas federadas. Na repartição vertical de competências, realiza-se a distribuição da mesma matéria entre a União e os Estados-membros. 
CONCEITO ABRANGENTE DE ESTADO FEDERAL
À vista dessas características essenciais do Estado Federal é possível estabelecer um conceito amplo desse ente.
É correto afirmar que o Estado Federal expressa um modo de ser do Estado (daí se dizer que é uma forma de Estado), em que se divisa uma organização descentralizada, tanto administrativa quanto politicamente, erigida sobre uma repartição de competência entre o governo central e os locais, consagrada na Lei Maior, onde os Estados federados participam das deliberações da União, sem dispor do direito de secessão. Nele, de regra, há uma Suprema Corte com jurisdição nacional e é previsto um mecanismo de intervenção federal, como procedimento assecuratório da unidade física e da identidade jurídica da Federação.
PODER CONSTITUINTE DOS ESTADOS-MEMBROS
O poder constituinte originário ao adotar a opção federalista confere aos Estados-membros o poder de auto-organização das unidades federadas. Estas, assim, exercem um poder constituinte, que não se igual ao poder constituinte originário, porque é criatura deste e se acha sujeito a limitações de conteúdo e de forma.
O poder constituinte do Estado-membro é, como o de revisão, derivado, por retirar a sua força da Constituição Federal, e não de si próprios. A sua fonte de legitimidade é a Constituição Federal. 
No caso da Constituição Federal em vigor, a previsão do poder constituinte dos Estados acha-se no art. 25, em que se diz que “os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição”, da mesma forma no art. 11 do ADCT.
Sendo um poder derivado do poder constituinte originário, não se trata de um poder soberano, no sentido de um poder dotado de capacidade de autodeterminação plena, mas é uma expressão da autonomia dos Estados-membros, pressupondo “ao mesmo tempo uma zona de autodeterminação, que é o propriamente autônomo, e um conjunto de limitações e determinantes jurídicas extrínsecas, que é o heterônomo”.
O poder constituinte do Estado-membro é subordinado aos limites impostos pelo poder constituinte originário. É, ainda, condicionado às regras de forma estabelecidas pelo poder constituinte originário.
Em hipótese de conflito entre eles e a regra editada pelo poder constituinte originário prevalece esta, em função da inconstitucionalidade daquela.
O poder constituinte dos Estados está sujeito a regras dispostas pelo constituinte originário, às quais deve obediência. Veja-se a propósito que o art. 25 da Carta Federal estatui que na elaboração da Constituição Estadual, os Estados hão de observar os princípios da obra do constituinte originário. Além disso, alguns princípios são discriminados, recebendo tanta importância, que são previstos como causa de intervenção federal (art. 34, VII, CF). Estes últimos ganham o nome de princípios constitucionais sensíveis – os demais são os princípios constitucionais estabelecidos.
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