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“LUTANDO POR UM SER MELHOR” FEDERAÇÃO PARANAENSE DE JUDÔ 
CURSOS ONLINE 2020 
 
 
2 
Apresentação 
 
 Neste ensaio, é descrita de forma sintetizada a vida do Sensei Jigoro Kano. 
 A Comissão de Grau da Federação Paranaense de Judô (FPrJ) tem o intuito de 
apresentar, de forma objetiva aos praticantes desta modalidade, como foi a sua 
infância, educação e motivação para aprender jujutsu, além de sua vida acadêmica, 
criação do judô e fundação do Kodokan, internacionalização do judô como membro 
do Comitê Olímpico Internacional (COI) e sua atuação, sendo esses os 
conhecimentos que fazem parte da formação cultural a qual interage com a parte 
técnica dos praticantes de judô. Os historiadores dizem: "o povo que não conhece a 
sua história é um povo sem memória". 
 Baseado nessa afirmação, observa-se que, atualmente, muitos locais de prática 
do judô estão se distanciando cada vez mais da sua cultura, considerando que a 
história constrói uma cultura. Caso não haja preocupação em transmitir 
sistematicamente a sua história, ela tende a desaparecer. 
 Aqui, registra-se um "Sincero Parabéns" aos dirigentes dessa modalidade no 
estado do Paraná, por essa iniciativa que consiste na divulgação da história para 
preservar a essência do judô. É nessa essência que a sociedade acredita quando se 
trata de judô, sendo ele um esporte que educa o jovem para a vida, formando-o como 
um cidadão íntegro para compor a sociedade. 
 E falar da vida dessa celebridade não tem fim. Pode se dizer que, neste ensaio, 
foi exposta parte da história da vida dele sobre o relevante legado do judô. 
 Como não era objeto deste ensaio, nessa oportunidade não foi relatado a obra 
de grande relevância dele, na inovação e sistematização da educação japonesa voltada 
para a nova era do Japão e para o mundo, interagindo com alunos, funcionários da 
escola, pais e sociedade. Nessa ação o Judô teve participação significativa como meio 
de Educação Física na escola para promover o desenvolvimento físico saudável e a 
formação do caráter dos escolares, que perdurou até o término da 2ª Guerra Mundial, 
também, a criação do curso de Educação Física visando a formação do professor de 
Judô ideal. 
 Aqui fica uma observação: os conteúdos deste ensaio, já estão em forma de 
"prelo" para serem publicados em livro, após algumas inserções de conteúdos e 
revisões, com o título: A HISTÓRIA DA VIDA DO MESTRE JIGORO KANO E 
SEUS LEGADOS EDUCACIONAIS E CULTURAIS, e está amparada na lei dos 
Direitos Autorais Lei Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Os conteúdos desse ensaio 
podem ser utilizados para fins de pesquisa, na elaboração de trabalhos acadêmicos ou 
de outras naturezas, sempre observando as normas dos direitos autorais, ou seja, 
citando nome do autor, título e ano. 
 
 
Yoshihiro Okano 
 
 
 
 
“LUTANDO POR UM SER MELHOR” FEDERAÇÃO PARANAENSE DE JUDÔ 
CURSOS ONLINE 2020 
 
 
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HISTÓRIA DA VIDA DO SENSEI JIGORO KANO 
 
I - SEUS PAIS E SUA FAMÍLIA 
 
 A família de Jigoro Kano teve por parte de pai a família Maretake Shoguenji, 
com tradição de mais de 1.100 anos de dedicação ao sacerdócio da religião 
Hiyoshikyô, e seu pai era segundo filho dessa família e se chamava Mareshiba. Por 
parte da mãe, a família Jissaku II Kano era renomada e uma tradicional produtora de 
saquê da marca "Kiku Massamune" desde 1659 até a presente data, e a sua mãe, 
Sadako, era a filha mais velha dessa família. Na ocasião em que Mareshiba estava 
realizando uma viagem cultural por diversas regiões do Japão, passou pelo vilarejo 
Mikague, distrito da atual cidade de Kobe, capital da província de Hyogo, e se 
hospedou na residência do produtor de saquê Jissaku II Kano. Na ocasião, foi 
solicitado que proferisse uma palestra sobre a literatura chinesa, que ele discorreu 
com extrema desenvoltura, e isso despertou o interesse do produtor de saquê para que 
esse jovem extremamente culto fosse a pessoa ideal como esposo adotivo da sua filha 
Sadako (Revista Judô. Vol. 61, Nº 3, Ed. Kôdôkan, mar.. 1990)(Revista Judô. 
Vol.58,Nº10,Ed. Kodokan, oct.1987). 
 Com a anuência de ambas as famílias, foi realizado o casamento entre 
Mareshiba e Sadako, que se tornou esposo adotivo da família Kano, tendo ele 
adotado o nome de Jirossaku Kano e passando a colaborar na administração da 
produção e comercialização do saquê. 
 Passado algum tempo, começam a surgir agitações políticas visando uma 
grande mudança no Japão, com o anseio do povo à "Restauração Meiji", a qual 
significaria o fim do governo feudal Edo. Esse fato passa a alimentar em Jirossaku a 
vontade de participar do movimento para a construção do novo Japão e dizia, "eu 
também quero prestar serviços para a construção da nova pátria". Na ocasião da 
missa de falecimento do 49º dia de Jissaku II, após a cerimônia, os parentes estavam 
reunidos e ele disse: “o momento não é adequado para que vou anunciar, mas se eu 
deixar para outra ocasião, vou ter que solicitar a todos que compareçam novamente 
para ouvir o que vou comunicar agora”. Jirossaku agradece pela confiança e 
consideração que ele teve por parte de Jissaku II e sua família durante todo o tempo e 
anuncia a sua renúncia ao cargo de administrador da produção e comércio de saquê 
da família Kano, transferindo essa responsabilidade para o irmão da sua esposa, que 
na ocasião do casamento deles, era menor de idade e inexperiente. 
 Então, a oportunidade tão desejada de Jirossaku se realiza. E diz, "a partir de 
hoje, vou passar a prestar serviços para a marinha". E constituiu a sua própria família 
Kano. Ele passa a permanecer mais na cidade de Osaka para exercer a nova atividade, 
consegue do governo feudal o empréstimo de frotas de navios a vapor e de velas para 
transportes marítimos de rota regular de Osaka a Tóquio, transportando muitas 
mercadorias para o governo feudal e particulares. 
II - NASCIMENTO, INFÂNCIA E EDUCAÇÃO 
 
 
“LUTANDO POR UM SER MELHOR” FEDERAÇÃO PARANAENSE DE JUDÔ 
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 No dia 28 de outubro de 1860, nasce o 5º filho do casal Sadako e Jirossaku, no 
vilarejo de Mikague no distrito da atual cidade de Kobe, capital da província de 
Hyogo. Durante a sua infância seu nome era Shinnosuke. Na época, o seu pai quase 
não voltava para casa, ficando vários meses ausente por causa do trabalho. Portanto, a 
educação dele ficou sob responsabilidade de sua mãe. Conforme o depoimento dele 
com idade bastante avançada, sua mãe "era uma pessoa muito meiga, mas muito 
temerosa", e quando os amigos iam até sua casa brincar, ela os tratava com meiguice 
e a ele com rigorosidade e durante a brincadeira se ele cometesse alguma atitude 
indigna, depois que eles fossem embora, ela o colocava de castigo até reconhecer 
onde havia errado e pedisse desculpas, aí o liberava do castigo. Ela também dizia 
sempre: "Torne-se uma pessoa dedicada à sociedade e seja gentil com as pessoas" 
KONDÔ Takao,(2019). Jigoro conclui que “essa educação severa da minha mãe 
contribuiu sobremaneira na formação do meu caráter que sou hoje", com expressão 
de gratidão. 
 Quanto à educação intelectual dos filhos, Jirossaku, que era uma pessoa 
atarefada de trabalhos, foi um pai entusiasta nos estudos, incentivando-os a estudarem 
diversas áreas de conhecimento, mas deu mais importância ao estudo da Literatura 
Chinesa (sobre o clássicode Confúcio) e Shodo (caligrafia com pincel). 
 Devido ao vilarejo de Mikague não ter ninguém que ministrasse esses 
conhecimentos, convidou da cidade de Kyoto o senhor Tikuun Yamamoto para ser o 
mestre de Shinnosuke, e ele passou a ter aulas de Literatura Chinesa aos cinco anos. 
Não deve ter sido fácil para ele. 
 Algum tempo depois, o mestre Yamamoto ficou impressionado com a 
excepcional capacidade mental de Shinnosuke na assimilação e interpretação dos 
textos nos quais muitos adultos não teriam facilidade, e profetizou dizendo "esse 
menino vai ser um grande homem" com essa excepcional capacidade mental. 
Aos oito anos, ele organizou em forma de painel os assuntos que ele tinha 
aprendido e passou a ensinar para as crianças da vizinhança. 
 Nessa época, em outubro de1867, ocorre a mudança de governo feudal Edo 
para governo imperial Meiji. Em 1869, quando Shinnosuke tinha nove anos, faleceu a 
sua mãe Sadako e ele derramou muitas lágrimas. Para Jirossaku, a perda da estimada 
esposa foi um baque emocional muito grande. 
 Mal teve tempo de se entristecer, pois nessa época o Japão com o novo 
governo pujante tinha pressa em tudo, portanto, a pedido do Kaishu Katsu (na época, 
considerado pai da marinha), Jirossaku volta a Tóquio para assumir a função de 
diretor do departamento de captação de lenha como fonte de energia para navios no 
ministério da marinha do novo governo. 
 Por esse motivo, em 1870 Shinnosuke muda-se para Tóquio junto ao seu irmão 
mais velho e próximo, Kensaku, e passa a morar com seu pai em Tókio (KONDÔ 
Takao,2019). 
 
 III - JUVENTUDE E FORMAÇÃO EDUCACIONAL 
 
 
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 O jovem Shinnosuke ao chegar em Tóquio, recebe um grande impacto das 
novidades que surgiam à sua frente e sentiu uma alegria muito grande em poder 
aprender essas novidades que não conhecia. Provavelmente, nessa época, ele passa a 
se chamar Jigoro Kano. O pai Jirossaku, ao observar seu filho ficar impressionado 
com tudo que via, incentiva-o, dizendo “Tóquio é bem maior que Mikague e tem 
muitas coisas para você aprender e, para aprender, dedique-se aos estudos”. 
 Mal acabara de chegar a Tóquio, incentivado aos estudos pelo pai, Jigoro 
matriculou-se na escola Seitatsusho do Keido Ubukata e deu continuidade aos 
estudos da Literatura Chinesa e Shodo, que já estudava na sua terra natal. 
 Ubukata logo notou a excepcional capacidade de assimilação e interpretação de 
Jigoro e passou a ensiná-lo com mais dedicação. Também disse a ele "daqui em 
diante, vão ter diversas mudanças das épocas do Japão e é bom conhecer as coisas do 
Ocidente e, para isso, é necessário estudar a língua inglesa". Ubukata apresenta a 
escola particular de língua inglesa de Shuhei Mitsukuri, que era uma pessoa muito 
conhecida e respeitada, onde Jigoro passa a se dedicar ao estudo da língua inglesa e 
cultura ocidental de que ele ouvia Mitsukuri falar: "a cultura ocidental está bem mais 
avançada do que a do Japão, mas na cultura do Japão, há virtudes que não existem na 
cultura ocidental e, de agora em diante, nós precisamos pensar em harmonizá-las". 
 Essas palavras educacionais penetraram bem no fundo da mente do adolescente 
Jigoro e, posteriormente, foram a fonte de uma ampla visão. Essa concepção foi 
lapidada nesse ambiente de pessoas sábias. 
 Quando Jigoro tinha 12 anos, sofreu bullying pela primeira vez, pois, para 
estudar inglês e alemão, ele se matriculou na escola particular Ikueigui e para 
frequentá-la teve que morar na casa de outra família, longe do pai e passar a conviver 
somente com homens. 
 É nesse ambiente que Jigoro passa a sofrer bullying dos veteranos e passa a 
vivenciar sofrimentos que contribuiram na formação do caráter forte para superar as 
adversidades da vida. Ele comenta esse episódio, "como tinha adquirido vários 
conhecimentos através dos estudos da Literatura Chinesa, inglês, alemão, shodo, no 
tocante a estudos não levava desvantagem de ninguém, mas quando se tratava de 
força física, como o meu corpo não era grande, sempre levava desvantagem na luta 
corporal”. 
 Durante o ano tinham algumas férias e podiam voltar para casa. Quando 
voltou para casa e como na sua infância tinha ouvido falar que no Japão existia uma 
luta chamada Jûjutsu, que mesmo sendo de corpo pequeno e pouca força conseguiria 
vencer um grandalhão, Jigoro pergunta para seu pai se ele não conhece alguém que 
saiba Jujutsu para ensiná-lo. O pai fica meio espantado com o pedido e pergunta o 
porquê dele querer aprender Jujutsu, que era uma luta de cultura ultrapassada, no 
momento em que o povo japonês clamava pela cultura moderna. Jigoro explica o 
motivo, aí o pai em tom de reprimenda, responde “não fique perdendo tempo com 
essas bobagens e se esforce mais nos estudos, pois cada vez mais vão aumentando os 
assuntos a serem aprendidos”. 
 Mesmo assim, Jigoro não desistiu dessa idéia. 
 
 
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 Nessa época, era grande quantidade de pessoas que entravam e saiam na casa 
do Jirossaku e dentre essas, algumas pessoas tinham praticado Jujutsu, mas nenhuma 
delas atendera o pedido de Jigoro, respondendo a ele que se atendessem seu pedido, 
seu pai ficaria muito bravo com quem o atendesse e ninguém deu ouvidos a ele. 
Assim, sem ter outro jeito, passa a viver dia após dia com muita paciência, o que 
influiu no futuro caráter dele. 
 
IV - VIDA ACADÊMICA E JUJUTSU 
 
 Para Jigoro, estudar era um grande prazer e por isso frequentar a escola não era 
um desprazer, mas o deixava um tanto sem ter a confiança em si por não poder 
vencer na briga e assim continuava a viver dias de angustias. 
 Em 1875, aos 14 anos de idade, Jigoro matricula-se na escola pública Kaisei. 
No ano de 1877 essa escola se integra com outras escolas e torna-se Universidade de 
Tóquio. 
 Com essa mudança, Jigoro se transfere para o curso de Letras dessa 
universidade, cujo curso era constituído das disciplinas Ciências Políticas, Ciências 
Econômicas, Filosofia, Literaturas Chinesa e Japonesa. 
 Nesse período também foi alvo de "bullyng" e apanhava dos grandes. Cada vez 
mais ia crescendo nele a vontade de ficar forte. 
 Logo que passou a ser universitário, sem ter que pedir ao pai, ele próprio saiu a 
procura na cidade pela pessoa que poderia ensinar o Jujutsu. Ele tinha ouvido falar 
que se encontrasse uma placa de ortopedista, essa pessoa teria também o 
conhecimento de Jujutsu. Baseado nesse comentário, cada vez que encontrava essa 
placa pedia informação, mas foram negadas dizendo que não conhecia essa luta ou 
que parou de ensinar. Outro respondia dizendo “para que aprender essa luta que já 
está ultrapassada”. 
 Certo dia, andando pela cidade, Jigoro acaba encontrando uma placa de 
ortopedista e imediatamente se dirige e pede informação. Aparece de dentro desse 
recinto uma pessoa de cabelo e bigode branco e o corpo com uma musculatura 
vigorosa de nome Teinosuke Yagui e Jigoro pergunta “conhece Jujutsu? Se conhece, 
por favor gostaria que me ensinasse”. Aí, ele com uma feição achando estranho o 
pedido, pergunta o por quê, onde Jigoro explica minuciosamente os acontecidos na 
vida dele e o desejo dele em aprender o Jujutsu. Yagui fica entusiasmado e explica 
que no momento ele está se dedicando somente a ortopedia, mas ele disse: “vou 
apresentar a você, a pessoa que praticou comigo o Jujutsu do estilo Tenjinshinyoryû, 
mestre Hatinossuke Fukuda” e escreveu uma carta de apresentação. 
 O Jujutsu Tenjinshiyôryû foi criado em 1822 por Mataemon Isso (TÔDÔ 
Yoshiaki, 2014), com a fusão de dois estilos Yôshinryû e Shinnoshindôryû. Jigoro 
dirige-se a academia do mestre Hatinosuke Fukuda que vai ser o seu primeiro mestre 
de Jujutsu. Entrega a carta para o mestre, ele a lê e pergunta"você é universitário, por 
que quer aprender Jujutsu?”.Jigoro responde "quero ficar forte", aí o mestre Fukuda 
diz "numa época dessa, não há necessidade de aprender Jujutsu. Se quer ficar forte 
 
 
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perante a sociedade, não acha melhor estudar cultura ocidental e tornar uma pessoa 
importante?". Jigoro responde, "não mestre, não é isso, é para me defender!" 
 Com um certo desdém o Mestre responde "Ahhh tá bom, então amanhã você 
pode começar". Jigoro entusiasmado, imaginava que passaria a aprender o Jujutsu 
começando pelos fundamentos com orientação, como nos estudos da literatura 
chinesa ou da caligrafia. 
 No dia seguinte Jigoro chegou na academia, se trocou e adentrou ao dôjô e o 
mestre Fukuda o chama "venha!!!" e meio surpreso ele se aproximou e Jigoro relatou 
que só "sentiu o corpo dele voando no ar e cair no tatami estarrecido", levantou e 
pediu para mestre explicar "como é que executa essa técnica, ele simplesmente disse 
venha!!! e novamente foi projetado, levantou e pediu novamente para explicar e o 
mestre responde: "vai caindo que o seu corpo vai aprender". 
 Assim continuaram os dias de ser projetado no tatami. E continuou 
questionando cada vez mais, com que movimento estava sendo projetado. Ao voltar 
para casa, com o auxílio do boneco que tinha construído, passou a reproduzir vária 
vezes os movimentos realizados durante as aulas e com tempo passou a assimilá-las. 
 Como Jigoro freqüentava a academia todo dia, aos poucos foi assimilando e 
quando fez um mês, no "randori" já não estava sendo projetado com facilidade, as 
vezes chegando a projetar o companheiro de aula Aoki, que também comparecia 
regularmente e outras quatro a cinco pessoas que iam esporadicamente (KONDÔ 
Takao, 2019). 
 Também nessa época, ele praticou um pouco de ginástica olímpica, corrida, 
remo e beisebol, e ao analisar os benefícios físicos e as praticidades nas práticas de 
cada um, Jigoro concluiu que o Jujutsu é mais eficaz, porque todo músculo do corpo 
é exigido durante a prática e além disso tinha a parte moral e ética que não tinha nos 
outros esportes ocidentais. 
 Todo dia a tarde, após as aulas da universidade, ele ia para academia praticar 
Jujutsu. Passados quase dois anos, Jigoro sentiu que o seu corpo havia se tornado 
mais vigoroso e percebeu também um progresso no desempenho das técnicas, se 
sobressaindo nas aulas de "nokoriai", que seria o futuro "randori". Porém tinha uma 
pessoa chamada Kanekiti Fukushima, de altura aproximadamente 1,80m e peso 
corporal de quase 90kg e que quase não participava das aulas de "kata", mas era a 
única pessoa que no "nokoriai" Jigoro não conseguia projetar e ainda era projetado 
por ele. Então ele começou a pensar como projetar Fukushima e para isso teria que 
ser através de uma técnica diferente e pesquisou sobre as técnicas de Sumô, onde não 
encontrou a técnica apropriada. Certo dia ele estava na biblioteca pública e se 
deparou com o livro da história da luta ocidental greco-romana e folheando as 
páginas viu a figura de uma técnica onde introduzia o braço até o ombro entre as 
pernas do oponente e o carregava sobre o próprio ombro e o projetava para o outro 
lado. “É essa!!!!” disse ele olhando a figura atentamente. E na universidade durante o 
intervalo de aula, com a colaboração do colega testou a eficácia da técnica que tinha 
visto na biblioteca e o resultado do teste deixou Jigoro irradiante, “é com essa que 
vou projetar o Fukushima”. Treinou a técnica por mais alguns dias e durante uma 
 
 
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aula na academia, Jigoro convida Fukushima para lutar, aí ele estranha e pensa,”o que 
é que está acontecendo hoje, sempre eu que convido Jigoro para lutar” e tomou a 
posição de prontidão e estranha novamente, porque hoje Jigoro não se aproxima 
sendo que sempre se aproximou. Nesse momento Fukushima foi em cima para 
agarrá-lo e ficou com o tronco inclinado ligeiramente para frente e Jigoro se abaixou 
levemente, introduziu o braço direito até altura ombro direito entre as pernas e com a 
mão esquerda segurando a manga carregou-o sobre seu ombro e o projetou para o 
outro lado. Fukushima se levantou e novamente foi em cima de Jigoro, que repetiu os 
movimentos. Na terceira projeção ele levanta meio tonto, impressionado e pergunta 
"que técnica é essa?”. Jigoro responde, “pretendo dar nome de kataguruma” 
(KONDÔ Takao, 2019). 
 Para Jigoro foi uma experiência de vida de como "superar a adversidade da 
vida" causando nele uma sensação de uma realização muito grande, proporcionando a 
sua pessoa uma autoconfiança, uma grandeza espiritual, e a partir desse momento 
mudou o seu objetivo da pratica de Jujutsu, que era apenas de ficar forte para se 
defender dos outros, para proporcionar aos jovens esse benefício como educação do 
corpo e mente. 
 Em agosto de 1879 falece o mestre Fukuda e a esposa dele pede para Jigoro 
assumir a responsabilidade da academia e ele nega, dizendo que ainda está na fase de 
aprendizagem, mas pela insistência dela Jigoro acaba assumindo. 
 Após algum tempo, mesmo sendo na condição de mestre de uma academia, a 
sua vontade de aprofundar mais nos estudos de Jujutsu não dissipou e ele saiu a 
procura de outro mestre e acabou encontrando o mestre Massatomo Isso que também 
era do estilo Tenjinshinyôryû, e que foi o mestre do seu falecido mestre Fukuda e 
solicita que seja aceito como seu discípulo. O mestre Isso, meio surpreso nega 
dizendo, "como vou aceitar você se você já é um mestre?”. Jigoro argumenta que 
para ser mestre ele ainda precisa se aprofundar muito mais, e essa humildade acaba o 
convencendo a aceitá-lo como discípulo. Fukushima, seu companheiro de treino, 
também se matricula junto. 
 Já nessa época, mestre Isso estava com mais de 60 anos e quase não participava 
do treino de "randori", mas ele era um renomado e dedicado mestre no ensino de kata, 
cujo aprendizado foi de extrema importância para Jigoro na elaboração do 
fundamento da pedagogia das técnicas do Judô que ele criou. As aulas de "randori" 
eram conduzidas por dois alunos assistentes e logo Jigoro também foi designado para 
essa função, mas como os dois não compareciam regularmente, Jigoro passou a ser 
responsável pelas aulas de "randori". Essa vivência de ensino do Jujtsu, deve ter sido 
de suma importância na elaboração do método de ensino do futuro Judô, com o kata 
interagindo com o randori. Após as aulas, na volta para casa de tão cansado que 
estava, de vez em quando trombava com poste e quando chegava em casa já era 
quase meia noite. Isso era todos os dias. 
 Em junho de 1881, mestre Isso falece. Novamente, Jigoro perde o mestre de 
Jujutsu. Ele ainda sente a necessidade de se aperfeiçoar mais e sai a procura de outro 
mestre de Jujutsu e por intermédio do pai do colega de estudos Motoyama, foi 
 
 
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apresentado a Tsunetoshi Iikubo, mestre de Jujutsu estilo Kitô. Este estilo foi criado 
em 1637 por Matazaemon Ibaraki (TÔDÔ Yoshiaki, 2014). 
 Mestre IIkubo já estava com mais de 50 anos, mas ainda era muito forte e no 
início, nas aulas de "randori" com ele, Jigoro foi projetado por várias vezes. 
 Ao iniciar a prática do Jujutsu no estilo Kitô sob a orientação do mestre Iikubo, 
Jigoro percebe que a predominância são as técnicas de projeção. Jigoro ficou 
impressionado em como poderia ter uma diferença tão grande entre os estilos, pois no 
estilo Tenjinshinyôryû haviam apenas algumas técnicas de projeção com a 
predominância das técnicas de asfixia, domínio das articulações, de socar e chutar, 
sendo que as técnicas de projetar, estrangular,traumatismo articular utilizadas nas 
práticas de Jujutsu são praticamente iguais. Essa indagação leva Jigoro a pesquisar 
também outros estilos através dos manuais de estilos de Jujutsu. 
 Também na universidade, se dedicou nos estudos e sempre manteve bom 
desempenho para não desagradar seu pai, uma vez que ele era contra a prática de 
Jujutsu. 
 Em julho de 1881, se forma no curso de Letras com habilitações em Ciências 
Econômicas e Ciências Políticas e resolve permanecer por mais um ano na condição 
de "aluno portador de diploma" para cursar as disciplinas Princípios Morais, Senso 
Estético e Literatura Clássica Chinesa. 
 
 
V - DOCÊNCIA NO INSTITUTO DA EDUCAÇÃO DOS NOBRES 
 
 Em janeiro de 1882, ainda na condição de aluno de pós-graduação na 
Universidade de Tóquio, Jigoro passa a lecionar as disciplinas de Ciências 
Econômicas e Ciências Políticas em língua japonesa e inglesa no Instituto de 
Educação dos Nobres, auferindo o salário mensal de 80,00 Yens. A descrição da 
influência dessa instituição na consolidação como pai da educação do Japão, fica para 
outra ocasião (MARUYA Takeshi, 2014). 
 
 
VI - CRIAÇÃO DO JUDÔ E FUNDAÇÃO DO KÔDÔKAN 
 
 Em fevereiro de 1882, Jigoro locou acomodações no Eishôji e se mudou da 
hospedaria dos estudantes da casa do amigo do seu pai, juntamente com Tsunejiro 
Tomita, mais uma senhora idosa para cuidar da cozinha e alguns estudantes que 
estavam hospedados juntos na hospedaria. Reservou um recinto maior para academia 
e acomodou todos nos outros recintos um pouco menores. Assim inicia a prática do 
Jujutsu com Tsunejiro e alguns estudantes três vezes por semana. O mestre Iikubo 
passava na volta do trabalho para ensinar Jigoro. Com o passar do tempo, o treino foi 
ficando intenso e causando danos na base do assoalho, aí Tsunejiro com uma 
lamparina, entrava embaixo do assoalho para consertá-lo. As telhas saiam do lugar e 
o local onde o monge celebrava as cerimônias religiosa ficava ao lado da academia e 
 
 
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com as vibrações causadas no assoalho pelo treino intenso de Jujutsu, as estatuetas 
perfiladas no santuário para realização da cerimônia religiosa saiam do lugar ou 
tombavam e toda vez que o monge ia celebrar a cerimônia tinha que colocá-las nos 
lugares. Um dia o monge perdeu a paciência e comunicou Jigoro "você para com essa 
luta doida que não leva a nada ou se for continuar, ordeno que se mude daqui", 
prontamente Jigoro acatou a determinação do monge e interrompeu a prática de 
Jujutsu. 
 Após alguns dias, Jigoro consegue a permissão do monge para construir uma 
academia no terreno do Templo. Isso foi no mês de maio de 1882 (Nota explicativa: 
em algumas fontes bibliográficas consta como fevereiro, mas nos acervos históricos 
do Kôdôkan consta como mês de maio, que é o correto). O dinheiro do salário que 
recebia do Instituto de Educação dos Nobres era consumido com alimentação e 
despesas de manutenção do pessoal. Portanto, para providenciar dinheiro para 
construção da academia, Jigoro realizou tradução de textos do inglês para o japonês a 
pedido do Ministério da Educação, muitas vezes até altas horas da noite. 
 Quando ficou pronta a academia, ele disse "parece mais um depósito do que 
uma academia" e nessa academia com 12 tatamis e 9 alunos, mestre Jigoro Kano 
iniciou o ensino e divulgação do Judô, explicando o motivo de ter substituído a 
palavra "jutsu" pela palavra "dô". Se manter essa nova luta com o nome de "Jujutsu" 
a sociedade vai rotular como mais uma luta para formar "arruaceiros", "pessoas 
perigosas" e não vão olhar com bons olhos. Esse é um dos motivos para substituir a 
palavra "jutsu" que significa aprimorar as habilidades técnicas para combate nas 
batalhas de guerra, com a palavra "dô" que tem o significado material, que é onde 
transita pessoas e veículos, e outro significado, que é o espiritual, e significa 
"caminho filosófico, ou seja, filosofia de vida". Portanto, para praticar essa nova luta 
denominada de Judô, vai ser através das técnicas criteriosamente selecionadas, dentre 
as que são praticadas no Jujutsu como meios para combate, que não ofereçam riscos 
de causar traumatismo e nem riscos para a vida dos praticante(COMISSÃO 
COMEMORATIVA DE 150 ANOS DE NASCIMENTO DO MESTRE JIGORO KANO, 
Ed. Universidade de Tsukuba, 2011). 
 Antes de prosseguir com a idéia anterior, abre-se aqui um espaço para o relato 
do Tsunejiro Tomita sobre a dedicação do mestre Jigoro nas pesquisas entre os anos 
de 1882 a 1887, que foi a época de prosperidade e difusão do Judô do Kôdôkan, e 
para esse fato diz Tomita "não poderia deixar de enaltecer a colaboração inestimável 
de uma pessoa que vou apresentá-la. Era um jovem muito bonito, ele não dormia, não 
bebia, não comia e não falava. E sempre que mestre Jigoro ia ministrar aula, ele 
estava presente, vestindo um pequeno dôgui. Enquanto aguardava a hora da sua 
participação, ficava deitado sobre a escrivaninha que ficava ao lado do mestre. Essa 
pessoa era um boneco de aproximadamente 30 cm. Esse boneco, uma vez nas mãos 
do mestre Jigoro se tornava um extraordinário malabarista. Utilizando-o, mestre 
Jigoro começava a explicar os fundamentos do kuzushi através dos graus de 
inclinação do boneco para frente, para trás, para o lado direito e lado esquerdo, e que 
essa inclinação iria causar o deslocamento da linha imaginária do centro de equilíbrio 
 
 
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do corpo para fora da base de sustentação em diferentes direções e enfatizava o 
kuzushi como o fundamento básico que antecede para execução das técnicas de 
projeção e também o estudo das eficiências das alavancas humanas e seus pontos de 
apoio. Esses eram os fundamentos teóricos das técnicas de Tewaza, Koshiwaza, 
Ashiwaza e outros. 
 Tomita relata ainda que presenciou por várias vezes até altas horas da noite o 
mestre Jigoro sobre a sua escrivaninha em sua sala de estudos, realizando estudos 
com o boneco. E ele lamenta que foi uma pena que esse boneco que prestou 
inestimável contribuição para desenvolvimento e divulgação do Judô, tenha 
desaparecido misteriosamente durante a viagem do mestre Jigoro como adido cultural 
da corte imperial japonesa à Europa para pesquisar sobre o sistema de educação 
escolar europeu, no período de 1889 a 1891(01). 
 Em outro depoimento para corroborar também sobre a dedicação do mestre 
Jigoro às pesquisas, Katsutaro Oda que na época exercia a função de administrador 
do Kôdôkan, relata que "o mestre apesar de ser uma pessoa atarefada com afazeres 
públicos e particulares, quando o assunto se referia a Judô ele era dedicadíssimo e 
quando voltava do Instituto de Educação dos Nobres a tarde, rapidamente se trocava 
e comparecia no dôjô e dedicava ao ensino de Judô diariamente de 2 a 3 horas, isto 
quer dizer que os alunos do "Kanojukussei" (alunos hospedados) praticavam no 
mínimo 2 horas todo dia que era o estabelecido pelo regulamento. Sempre aos 
domingos, eram ministradas as aulas de moral e cívica e após essas aulas ele colocava 
o boneco em cima da escrivaninha e explicava as teorias de Judô (01). 
 Interagindo com essas pesquisas, as inovações criadas pelo mestre Jigoro na 
sistematização do kuzushi, com base nos princípios de equilíbrio e desequilíbrio do 
"Kata de Yoroikumiuti", (Yoroikumiuti significa "luta corpo a corpo com armadura"), 
cuja estrutura era baseada nas lutas que os samurais executavam nos combates, 
vestidos com uma armadura que pesava em torno de 18 quilos, conforme o criador 
desse Kata, mestre Terada, 2ª geração deste estilo Kitô, enfatizava que o princípio 
pedagógico da execução desse kata, se baseava que um samurai de físico forte com 
armadura (Yoroi) não adiantava querer dar soco,chutar ou cortar com espada, mas 
que se desequilibrasse para trás ou para frente, para lado direito ou lado esquerdo, a 
partir daí era só dar uma empurrada com dedo que cairia com o próprio peso do 
Yoroi, portanto, como processo, primeiramente desequilibra para a direção desejada e 
uma vez desequilibrado, projeta-se sem empregar muita força. Esse princípio era 
considerado como característica do Jujutsu do estilo Kitô (TÔDÔ Yoshiaki,2014). 
 Também nesse período, com base nesse princípio do kuzushi, elaborou a 
pedagogia de aplicação da técnica: Kuzushi⇒Tsukuri⇒Kake⇒Kime, a estruturação, 
a divisão e classificação das técnicas de Judô, Nague no Kata, Katame no Kata, Ju no 
Kata, Kime no Kata, Itsutsu no Kata, ficando posterior a esse período a estruturação 
do Go Kyô em 1895, e reestruturação em 1920, estando vigente até presente data e 
em 1906 a mudança do nome Yoroi Kumiuti para Koshiki no Kata, com algumas 
alterações na nomenclatura das técnicas. 
 
 
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 Conforme (TÔDÔ Yoshiaki,2014), dentre várias inovações criadas pelo mestre 
Jigoro, destaca-se a criação do "Ipon", quando é projetado com velocidade toca a 
região toda das costas no tatame, como uma forma de estabelecer a superioridade de 
um sobre o outro, o que no Jujutsu era decidido quando um dos dois não tinha mais 
condição de prosseguir o confronto por danos físicos ou por morte para decidir a 
superioridade de um de outro. 
 Segundo (TÔDÔ Yoshiaki,2014), nas suas pesquisas nos diferentes estilos de 
Jujutsu, não encontrou evidências de dominar o oponente de costas no solo. Portanto 
conclui-se que a criação de "Ossaekomiwaza" no grupo de Katamewaza do Kôdôkan, 
dominando o oponente de costas sobre tatami por um determinado tempo e 
determinar a superioridade de um sobre o outro, sejam inovações do mestre Jigoro, 
visto que no Jujutsu, nesse grupo de técnicas, eram praticadas apenas as técnicas de 
efeitos instantâneos, tais como "Shimewaza e Kansetsuwaza" para poder eliminar o 
mais rápido possível o seu oponente. 
 Esses relatos evidenciam o estudo científico realizado pelo mestre Jigoro Kano, 
com base nos princípios da Biomecânica que foi realizado no estudo com o boneco, 
nas estruturas e funções dos sistemas biológicos, utilizando métodos da mecânica. 
 Para a prática dessa nova luta denominada de Judô, o mestre Jigoro enfatiza 
que seja realizada num ambiente de "respeito e harmonia", e para isso foi introduzido 
o sistema de "Rei Hô" e com a nova sistematização de ensino: 
 1º) sistema de Educação Física. 
 - Proporcionar desenvolvimento físico. 
 2º) sistema de competição. 
 - Superação das adversidades da vida. 
 - Como forma de avaliar o progresso no Judô. 
 3º) sistema de Educação. 
 - Intelectual. 
 - Moral e ética 
 
Com base nessa pedagogia inovadora, o mestre Jigoro Kano, inicia o ensino 
dessa nova luta denominada de Judô, pautado na palavra "Dô". Para entender melhor 
o significado da palavra "Dô", vejamos a sua origem, extraída do livro “O Caminho e 
a Virtude”. A palavra foi criada pelo filosofo chinês Lao Tzi, nascido em 604 a.c., 
autor do livro. Há referencia de que ele seja o provável criador do ideograma chinês 
"Dô" que é definido por ele, como caminho para a busca da virtude através do 
comportamento (02). 
Presume-se que essa palavra tenha imigrada para o Japão com o Budismo. 
Portanto, a palavra "Dô" do Ju"dô", tem a sua essência como uma "filosofia de vida", 
que vai ser difundida através da prática ascética (forma de prática, o físico e a mente 
interagindo na intensidade quase no seu limite da capacidade, esse termo vem do 
Formação do Caráter 
 
 
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Budismo) das técnicas de Judô e que essa forma de prática interage com o "Dô" do 
caminho para desenvolver as habilidades técnicas e de "Dô" do caminho para a 
formação da virtude humana, pela educação do comportamento e espiritual para 
formação do caráter de pessoas com boas maneiras, como um cidadão íntegro que 
seja útil a sociedade (4). 
 Como já foi descrito anteriormente, no período de 1882 a 1887 foi a época de 
prosperidade e de difusão do Judô do Kôdôkan, mas também foi nessa época que teve 
que enfrentar alguns desafios de desafiantes de destaque de vários estilos de Jûjutsu, 
desafios esses que foram superados pelos alunos denominados de "Kôdôkan 
Shitennô", que significa "quatro guardiões do Kôdôkan", juntamente com o apoio de 
todos os alunos. 
 Essa terminologia "Shitennô, origina da terminologia dos "quatro guardiões do 
Buda" que o protegia pelos quatro lados de contra-ataques de inimigos. Os "Shitennô 
do Kôdôkan" eram formado por Tsunejiro Tomita, matriculado em 05 de junho de 
1882, registrado como primeiro aluno, Shiro Saigo, matriculado em 20 de agosto de 
1882, Yoshitsugu Yamashita, matriculado em 14 de agosto de 1884 e Sakujiro 
Yokoyama, matriculado em 15 de abril de 1886. 
 Dentre os desafios, o mais memorável e que consolidou o Judô na sociedade 
japonesa e para o mundo, foi no dia 10 de junho de 1886, no Campeonato das Artes 
Marciais da Academia da Polícia Metropolitana de Tóquio. Conforme Tsunejiro 
Tomita que assistiu de "camarote" todos os confrontos com os resultados de 8 vitorias 
e 2 empates do Kôdôkan, ele narra o último confronto: - foi anunciado o nome de 
Taro Terushima, representante do Jûjutsu estilo Totsukaha Yôshin, na época ele era 
considerado um dos mais forte do Japão, de compleição física avantajada para a 
época com 1,73 m de estatura e 83 kg de peso, este adentra na área de confronto todo 
pomposo. Em seguida foi anunciado o nome de Shiro Saigo, representante de 
Kôdôkan. Ele adentra a área de confronto com seu 1,54 m de altura e 54 kg de peso, 
branquelo que parecia um garoto perdido olhando prá lá prá cá e se posiciona em 
frente do Terushima. A platéia num silêncio que dava para ouvir a respiração, um 
olhando para outro como se fosse dizer, será que esse garoto não está bem de cabeça 
ou está querendo se matar, nesse ambiente de suspense se inicia a luta. Terushima vai 
em cima do Saigo que se esquiva, quando ele conseguia agarrar qualquer parte do 
dôgui, Saigo era projetado e caia sobre o tatami em quatro apoios que nem gato, essa 
cena se repetiu por várias vezes. O tempo vai passando, o confronto vai se tornando 
cada vez mais emocionante até que surge alguém da platéia que vai contra Terushima 
dizendo, "Terushima está demorando muito, é apenas um garoto", isso deve tê-lo 
deixado muito nervoso, e ele ergueu os braços e avançou sobre o Saigo, ele segurou a 
gola direita do dôgui do Terushima na altura da clavícula com a mão direita, o dorso 
dela voltada para seu rosto e a mão esquerda segura a manga direita, a sola do seu pé 
direito colado na parte anterior na altura do tornozelo do Terushima e o projetou de 
Yamaarashi, com Terushima caindo estarrecido no tatami e não conseguindo mais se 
levantar. Com esse fato histórico, o Judô do Kôdôkan foi consolidado. Logicamente, 
 
 
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essa consolidação do Judô não dependeu somente do empenho do "Shitennô", teve 
também a contribuição de outras pessoas. 
 A partir desse acontecimento a Academia de Polícia Metropolitana de Tóquio, 
passou a nomear os alunos do Kôdôkan como instrutores dela, assim consolidando 
cada vez mais o Judô e abrindo a primeira página da história da sua trajetória de mais 
de um século, tornando como uma cultura mundial. 
 Não poderia deixar de discorrer sucintamente a história da promoção de graus 
do Kôdôkan que teve início emagosto de 1883, quando foi realizada a primeira 
promoção de grau, sendo promovidos Tsunejiro Tomita e Shiro Saigo para shodan. 
 Porém, eles continuaram utilizando a faixa branca até logo após o memorável 
Campeonato de Artes Marciais da Policia Metropolitana de Tókio, quando houve a 
consolidação do Judô. 
 Conforme Tomita, naquela ocasião todos os participantes de diversos estilos de 
Jûjutsu participaram de faixa branca, curiosamente, no último confronto Saigo 
adentrou no local de confronto de faixa preta, porém não se sabe se esse fato teve 
influência ou não na história da promoção de graus. 
 Conforme o Conselho de Graus do Kôdôkan, deve ter sido instituído o uso de 
faixa preta no Kôdôkan, por volta de 1886 (Revista Judô, vol.79, Nº9, set. 2008). No 
início, de Shodan a Jûdan era somente a faixa na cor preta. (Nota explicativa: Há 
bibliografias dizendo que a graduação do mestre Jigoro era 12º grau, isso não é verdade, pois 
ele era uma pessoa de muita humildade e que jamais faria uma auto promoção e na época, 
no âmbito do Judô, não tinha ninguém acima dele que pudesse outorgar grau a ele). O 
primeiro certificado foi entregue em maio de 1894. Ainda no Conselho de Graus do 
Kôdôkan, há muitas perguntas sobre os significados das cores das faixas preta, branca 
e vermelho e da vermelha, que continuará em mistério (Revista Judô, vol. 89 , Nº5, 
Ed. Kôdôkan maio, 2018). 
 
VII - OUTORGA DE TÍTULO DE MESTRE DE KITÔRYÛ 
 
 Certo dia de agosto de 1883, durante o randori com o mestre Iikubo, 
surpreendentemente mestre Jigoro projetou seguidamente o mestre Iikubo e não foi 
projetado nenhuma vez por ele. O mestre Iikubo parou e ficou pensativo por um 
tempo. Aí, mestre Jigoro explicou a ele que havia desenvolvido um estudo 
sistematizado sobre kuzushi e a função deste para efetivação da projeção, onde 
mestre Iikubo disse "a partir de hoje não vou treinar randori com você, pois não tenho 
mais nada a ensiná-lo" e não treinou mais randori com Jigoro e se dedicou somente 
ao ensino do kata. Passados alguns dias, ele compareceu e todo cerimonioso outorgou 
o certificado de mestre de Kitôryû e também todos os pertences relativos a esse estilo, 
passando assim a ser configurado como o último mestre na árvore genealógica dos 
mestres de Kitôryû. Após a outorga do certificado de mestre de Kitôryû ele pendura a 
placa de Kôdôkan na frente da academia. O mestre Iikubo faleceu em setembro de 
1888, com 55 anos (Revista Judô, Vol. 61, Nº6, Ed. Kôdôkan, jun. 1990)). 
VIII - ETIQUETAS DO REI 
 
 
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 O mestre Jigoro disse que introduziu o "Reihô” na pratica do Judô para criar 
um ambiente de harmonia e respeito, reiterando a observação do professor 
MATSUMOTO Yoshizo (1975), que diz "o praticante de Judô tem que ter 
autoconsciência da palavra "dô", pois no bojo da palavra "dô" é onde está inserido o 
"espírito do Judô" que através do gesto de "Rei" expressa a educação do 
comportamento e espiritual das boas maneiras sociais, que é a forma de expressar 
respeito a pessoa. 
 Aí, pergunta se, qual o significado de cada "Rei" realizado na academia de 
Judô durante à aula? 
 Primeiramente, porque fazemos "Rei" ao adentrar e sair do "Dôjô", o motivo 
dessa importância será citada ao final desse capítulo. Como costumamos dizer, a aula 
de arte marcial japonesa, inicia com "Rei" e finaliza com "Rei". Por que, fazemos 
"Rei" no inicio e no final da aula para a "imagem do mestre Jigoro Kano"? 
 No início é para expressar o sentimento de gratidão através do "Rei inicial" ao 
Mestre Jigoro Kano que deixou esse legado chamado Judô e que hoje tornou-se um 
esporte universal praticado quase que no mundo todo. 
 Em seguida entre os alunos e Senseis que irão conduzir a aula do dia, eles 
executam o "Rei” e os alunos expressam respeitosamente em japonês 
(Onegaishimassu) que significa "por favor proporcione à nós uma aula de muita 
sabedoria e produtiva", e assim, se inicia uma aula de Judô. 
 Na academia só é possível praticar Judô, porque tem parceiros para praticar os 
fundamentos, as técnicas e progredir na aprendizagem e também realizar com ele as 
competições. 
 Para a pessoa que será seu parceiro para realizar a prática, é necessário dedicar 
"Rei" com muito respeito expressando em japonês (Onegaishimassu) que manifesta o 
sentimento de solicitação: "por favor me empresta o seu corpo para aprimorar o meu 
"Uti Mata", por exemplo, sendo que nesse caso está exercendo o princípio de 
"JITAKYOEI" durante a aula, pois você usa o corpo dele para aprimorar a sua 
técnica, mas ele também utiliza o seu corpo para desenvolver as habilidades das 
técnicas dele e assim os dois irão progredir mutuamente. 
 E se encerra a prática entre os dois com "Rei" expressando em japonês 
(Arigatôgozaimashita) manifestando sentimento de gratidão (muito obrigado), porque 
 através do seu corpo o meu Judô progrediu mais um degrau. 
 Ao encerrar a aula, executa "Rei" respeitosamente entre Senseis e alunos 
expressando respeitosamente em japonês (Arigatôgozaimashita) manifestando 
sentimento de gratidão pela aula que contribuiu no progresso do meu Judô mais um 
degrau no desenvolvimento técnico e também no aspecto da cidadania da pessoa. 
 Ao encerrar aula fazemos "Rei final", em sinal de gratidão ao "Pai do Judô" por 
ter oportunizado a participação de mais uma aula e, através dessa o meu Judô ter 
progredido um pouco mais do que antes. 
 
IX - ORIGEM DA PALAVRA DÔJÔ 
 
 
 
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 "Dojo", essa palavra foi criada pelo "Buda", que era um príncipe indiano de 
nome Siddhartha Guantama (546~424 a.c.), nascido na Índia no sul do Nepal em 
Cathmandu, no sopé do Monte Everest, aproximadamente 500 anos antes do 
nascimento do Cristo. Sob uma figueira, após sete semanas de meditação, recebeu a 
"iluminação espiritual", e ele disse "esse local onde recebi a iluminação espiritual irá 
se chamar "Bodhimandala". A palavra indiana "Boddhimandala", transcrita em 
ideograma chinês e com a pronuncia japonesa é "Dôjô", onde a palavra "Dô" 
significa "a estrada que o príncipe caminhou espiritualmente durante sete semanas de 
meditação e recebeu a iluminação espiritual" e "jô" é o local onde ele recebeu a 
iluminação. 
 E como essa palavra "Dô" chegou ao Japão? O budismo sai da Índia e no ano 
67 d.c. chega a China, sendo muito bem recebido e a palavra "Bodhimandala" foi 
transcrita para o kanji "Dôjô", local para cultuar a religião budismo. No ano 372 d.c. 
vai à Coreia e depois no ano 552 d.c. o budismo chega a Japão (5). 
 
X - INTERNACIONALIZAÇÃO DO JUDÔ 
 
 Neste capítulo, para não alongar em demasia, pretende-se discorrer somente 
sobre as pessoas que foram enviadas na missão oficial do Kôdôkan e alguns alunos 
diretos do mestre Jigoro, que estão nominados nos anais do Kôdôkan. 
 O mestre Jigoro, desde o primórdio do Judô dedicava em explicar 
minuciosamente aos estrangeiros que visitavam o Kôdôkan, para que eles 
compreendessem o que é o Judô, os fundamentos das técnicas e aspecto da educação 
moral e ética. Essa foi a estratégia que ele adotou, para que os visitantes ao 
retornarem ao seu país passassem a comentar sobre o Judô e assim divulgá-lo para o 
mundo. O passo seguinte foi a preocupação em como formar professores capacitados 
com domínio do idioma e também carisma para conquistar a simpatia e confiança do 
povo que esse professor fosse ensinar o Judô e fidelizá-lo. Nessa época já haviam 
algumas pessoas que tentaram ensinar Judô nos outros países e não tiveram êxito, 
porque os alunos desistiam logo com um mês, três meses, chegando a passar 
necessidade, onde tiveram que voltar. 
 No ano 1903, chega ao Japão um americano de nome Samuel Hill, genro do 
fundador da empresaferroviária The Great Northern Railroad dos Estados Unidos, 
que viajava rotineiramente para Europa e Ásia, com objetivo de colher informações 
sobre construção de estrada de ferro, mas nessa ocasião ele resolveu dar uma passada 
no Japão, com objetivo de conseguir novo espaço de atuação da empresa e nessa 
ocasião acabou conhecendo o Judô, onde instantaneamente pensou, “essa sim é a 
maneira ideal para educar meu filho manhoso, aprender o espírito do Bushidô e se 
tornar um homem de caráter forte”. Assim, ele procurou o mestre Jigoro e pediu para 
arrumar uma pessoa boa e envia-lá para os Estados Unidos para ser professor de Judô 
do seu filho. Nessa época no Kôdôkan, 6º grau era a graduação máxima e tinham 
somente duas pessoas, Yamashita e Yokoyama, e depois de uma análise criteriosa 
sobre perfil de cada um como professor ideal para essa função, a escolha recaiu sobre 
 
 
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Yamashita pelo bom conhecimento e comunicação da língua inglesa e sociabilidade 
na relação social. 
 No dia 22 de setembro de 1903, o casal Yamashita e sua esposa Fudeko, como 
convidados do rei da Estrada de Ferro dos Estados Unidos, Samuel Hill, parte do 
porto de Yokohama e segue para os Estados Unidos. Ao chegar, a esposa de Samuel 
Hill discordou radicalmente da idéia de seu filho ter aulas de Judô alegando ser muito 
perigoso, podendo machucar e Yamashita acabou não dando aula para filho do 
Samuel. 
 Em vista desse imprevisto, imediatamente Yamashita se muda para 
Washington D.C. e passa a dar aulas de Judô na Organização Representativa do Japão 
nos Estados Unidos, que era representada pelo oficial da marinha Issamu Takeshita. 
Por intermédio dele conheceu o 26º Presidente dos Estados Unidos, Theodore 
Roosevelt, amante de esportes e que passou a ser discípulo do Yamashita. Instalou 
uma academia de Judô especial na Casa Branca, onde Yamashita deu aulas de Judô 
para o presidente e aos amigos dele. Em 28 de maio de 1905, nessa academia, 
Yamashita recebe congratulações do Presidente pela 
vitória do Japão na guerra contra Rússia. Posteriormente, o nomeou como professor 
de Judô na Academia Naval de Anápolis e Universidade de Harvard. Também 
enfrentou desafios contra boxeadores e wrestlers, vencendo a todos. A sua esposa deu 
aula de Judô para senhoras e jovens. Yamashita deixou como legado um 
extraordinário trabalho de divulgação do Judô nos Estados Unidos, e no dia 31 de 
maio de 1906, retornou a Japão (MURATA Naoki, 2011). 
 Mestre Jigoro para dar continuidade na missão de internacionalização do Judô 
realizado por Yoshitsugu Yamashita e sua esposa Fudeko nos Estados Unidos, 
resolve indicar Tsunejiro Tomita para dar continuidade nessa missão, que era o de 
internacionalizar o Judô, porém Tomita já contava com seus 40 anos de idade e 
mesmo sendo 6º dan, já não era ativo. Mestre Jigoro achou melhor designar um 
acompanhante que estivesse na ativa e fosse vigoroso, e aí escolheu Eisei Maeda 4º 
dan. Os dois seguem para Estados Unidos, no inicio de verão de 1906, (Nota 
explicativa: este relato baseia-se na data de partida que consta no histórico de 
Maeda que é coerente com a data da chegada de Yamashita no Japão. No histórico 
do Tomita a data de saída que consta é incoerente com a data da chegada de 
Yamashita no Japão). 
 Maeda e Tomita chegam em São Francisco nos Estados Unidos e pela 
influência de Yamashita ter sido professor de Judô da Academia de Exército West 
Point, um coronel acompanhado de alguns oficiais foram buscá-los de carruagem no 
hotel e Tomita sentou-se à direita do Consul Utida de Nova York que foi como 
cicerone e Maeda à esquerda, e quando a carruagem tracionada pelos cavalos cruzou 
a entrada da escola, foram saudados pelos alunos perfilados nos dois lados fazendo 
"rei". 
 Após um descanso, foram realizadas as demonstrações de Katas de Judô no 
auditório e em seguida os desafios com os alunos e no primeiro confronto Maeda 
lutou contra um jovem enorme, jogador de futebol americano, ele de dôgui, mas o 
 
 
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adversário sem. Pela falta de experiência em confronto desse tipo, Maeda teve um 
pouco de dificuldade, mas venceu. No confronto seguinte, Tomita que estava com 40 
anos e com declínio da capacidade física, teve que enfrentar um atleta gigante de 
Wrestling e de início foi abraçado pelos braços enormes e levado a lona e Tomita foi 
derrotado. Com essa derrota a expectativa do Compromisso de emprego de dar aulas 
sofreu uma mudança brusca. 
Tomita segue de São Francisco para a cidade de Seattle no estado de 
Washington, onde permaneceu por 7 anos, dedicando-se ao ensino e divulgação do 
Judô nos Estados Unidos. Durante esse período enfrentou vários desafiantes de boxe 
e de wrestling, tendo vencido todos. Assim, prestou grande contribuição na 
internacionalização do Judô. Após cumprir essa missão retornou ao Japão e construiu 
um ginásio poliesportivo que infelizmente foi destruído pelo incêndio provocado pelo 
terremoto (MURATA Naoki, 2011). 
 Maeda segue de São Francisco para Nova York, onde instalou um dôjô. No 
início teve muitos alunos, mas não houve continuidade. Nos Estados Unidos, ele 
ainda realiza alguns desafios, vencendo todos. Em fevereiro de 1907 vai para a 
Inglaterra e realiza 13 desafios. Em 1908 vai para a Bélgica e realiza 1 desafio. Em 
1908 segue para Cuba e realiza 11 desafios. Em julho de 1909 vai para o México e 
realiza 4 desafios. E finalmente, em 1910 novamente em Cuba realiza 4 desafios. 
 Sobre a história real do codinome "Conde Coma", muitos acham que é um 
título honorífico que ele recebeu. Foi no final de mês de maio de 1908, Maeda seguiu 
de Londres para a Espanha, e ele relata que quando chegou na cidade de Madri, 
capital da Espanha, surgiram comentários que iria para Barcelona um japonês que se 
intitulava ser o primeiro do Japão e campeão de judô, essa pessoa era ele próprio, 
Maeda. Nessa cidade havia um japonês que promovia desafios contra lutadores de 
diversas modalidades de luta e que o conhecia muito bem. Se ele soubesse que Maeda 
estava em Barcelona, esse japonês iria querer fugir e se fugisse, causaria prejuízo ao 
proprietário desse teatro onde se realizavam os desafios, pois já estava com os 
ingressos quase esgotados. Foi aí que Maeda resolveu esconder seu nome verdadeiro, 
começando a pensar em algum nome fictício, mas nada de surgir esse nome, porém 
quando perguntaram se ele já tinha um nome, ele respondeu "Maeda comaru", (na 
tradução japonesa significa [Maeda está em apuros] essa palavra chegou na sua 
cabeça, provavelmente porque ele estava passando por dificuldade financeira). Mas 
ainda assim, Maeda achou que não ficou bom e resolveu cortar "Maeda" e "ru", 
ficando "coma", aí só "coma" ficaria esquisito e uma pessoa que estava perto lhe 
disse para acrescentar a palavra "conde" e a partir desse momento Maeda passou a se 
nominar de "conde coma". Bom, sobre o desafio, como esse japonês já tinha se 
programado com outros desafiantes, Maeda, agora Conde Coma, foi ao teatro e 
quando o japonês o viu se assustou. Quando ele terminou de cumprir seus desafios 
anteriormente programados, Conde Coma propôs um desafio, o qual foi recusado, e 
ele insistiu mais uma vez. Nesse momento o público começou a exigir que ele 
aceitasse o desafio proposto por Coma, porém ele alegou que a lei japonesa não 
permitia que fosse realizado um desafio entre japoneses. A reação do público ficou 
 
 
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insustentável e precisou da interferência policial para contornar o tumulto. O japonês 
foi preso sem ter aceito o desafio e como multa teveque ressarcir os ingressos como 
forma de contornar a situação" (KOUYAMA Norio, 2014). 
 Seguindo na sua viagem, Maeda chegou a Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 
Brasil, em 14 de novembro de 1914, onde realizou as primeiras demonstrações de 
Judô, aqui no Brasil (03). 
 Desde as suas andanças, das regiões da Califórnia nos Estados Unidos para as 
outras regiões, sempre teve a preocupação em pesquisar as dificuldades enfrentadas 
nas condições de vida, das discriminações pelos imigrantes japoneses, sempre 
acreditando que em algum lugar da América Central e da América do Sul deveriam 
haver terras que os recebessem de braços abertos e que pudessem viver sem 
preocupação, como cidadãos desse país. 
 Quando Maeda chegou no Brasil, já próximo dos seus 40 anos, com a 
capacidade física começando a declinar, ele estava decidido a dedicar o restante da 
sua vida em prol da imigração do povo japonês. 
 Em 1915, passa pelo estado de São Paulo e observa que as terras boas e férteis 
já estão sob domínio do povo europeu, que estão controlando a entrada do povo 
japonês no Brasil. Por isso, o Japão precisava olhar atentamente para o futuro e 
estabelecer a política da colonização e fazer tal como, o planejamento para 100 anos 
de povoamento do povo japonês. 
 Com esse pensamento, vai subindo o Brasil, passa pelo Rio de Janeiro, Espírito 
Santo, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão e estava navegando a 
orla marítima leste do Brasil, quando de repente surge enchendo os olhos de Maeda 
que nunca tinha visto na vida, uma densa floresta que o deixou impressionado e 
passou a imaginar “aqui está o meu sonho”. Chegou em Belém do Pará no dia 20 de 
dezembro de 1915 (03). 
 Nesse dia, nas ruas da cidade tinham feiras e um circo com muitas crianças se 
divertindo e repleta de pessoas comemorando os 300 anos de colonização da cidade. 
A atração máxima no circo era ver quem seria o herói da disputa de "luta livre" com a 
participação de lutadores de boxe, wrestlers e outros, onde grandalhões mediam 
forças, o público apostava dinheiro e torcia para seu preferido. 
 Maeda que era um judoca de porte pequeno, quando viu essa cena não teve 
dúvida "é nessa que eu vou" e resolve participar como desafiante não inscrito. Vence 
todos desafios com certa facilidade, se torna campeão e nomina-se “sou o conde 
coma", e para surpresa dele esse nome já era conhecido através das notícias. 
 Esse acontecimento foi o "encontro” de Maeda com o Amazonas. Se fosse só 
por esse motivo, como nas outras competições, teria recebido o prêmio e já teria ido 
embora da cidade. 
 Porém, o Amazonas era diferente das outras, o que encheu de encanto o 
coração de Maeda. Primeiro, não tem discriminação com a etnia japonesa e segundo, 
a extensa terra inexplorada do Amazonas, que tem dezenas de vezes mais extensão do 
que o Japão. 
 
 
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 Sintetizando, dentre os feitos de Maeda, a imigração japonesa no Amazonas é 
uma das obras memoráveis e como fruto dessa obra está a colônia japonesa de Tome 
Açu, bastante conhecida e que produz pimenta do reino. A criação do consulado do 
Japão na cidade de Belém para facilitar a relação com o Japão, também foi fruto de 
Maeda, e que se não houvesse, os japoneses teriam que se dirigir até São Paulo. 
Maeda faleceu em 28 de novembro de 1941, em Belém (KOUYAMA Norio, 2014). 
 Ainda como legado dele, em 1917 Carlos Gracie, então com 14 anos, sendo um 
dos filhos do Gaston Gracie, decidiu aprender Jujutsu com Maeda, após assistí-lo 
numa demonstração no Teatro Pazu. Se o Jujutsu do Maeda era Judô ou outro Jujutsu, 
no Brasil e nessa época, era conhecido como Kano Jujutsu. Carlos se tornou 
rapidamente expoente. Em 1921, Gaston Gracie mudou para o Rio de Janeiro com a 
sua família. 
 Carlos com apenas 17 anos, se tornou professor de seus irmãos Osvald, Gaston 
e Giorgio. Naquela época, Élio seu irmão mais novo era muito jovem e também por 
motivo de saúde foi proibido a praticar. 
 Porém, Élio depois participou da prática e superou seus problemas de saúde e 
fundou juntamente com Carlos, a Gracie Jujutsu, e que agora é conhecido como 
Brazilian Jujutsu. 
 Embora Élio não tenha aprendido diretamente com Maeda, ele melhorou e 
completou o sistema técnico, proporcionando uma técnica que qualquer pessoa 
poderia usar. Maeda da mesma forma, fez o seu próprio jogo de artes marciais mistas 
como uma escola, depois de divulgar o Gracie Jujutsu, o Judô de Masahiko Kimura 
se tornou nessa luta também (03). 
 
X - MEMBRO DO COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL 
 
 Foi no dia 16 de janeiro de 1909, através do embaixador da França no Japão, 
que o mestre Jigoro Kano recebeu uma carta de Pierre de Frédy, conhecido como 
Barão de Coubertin, convidando o para ser membro do Comitê Olímpico 
Internacional e após a explanação detalhada feita pelo embaixador sobre o assunto, 
ele aceita. Na reunião do C.O.I. realizada em 05 de maio de 1909 na Alemanha, ele 
foi aprovado como novo membro do C.O.I. pelo Japão. 
 Como membro do C.O.I. mestre Jigoro passa a escrever mais uma história de 
uma parte da sua vida dedicada às Olimpíadas, interagindo com o povo japonês e o 
mundo. Para tanto, aqui discorre-se os fatos um tanto diferente dos que constam nos 
anais da história do Judô. 
 Um mês após ter se tornado membro do C.O.I., mestre Jigoro recebe uma carta 
do Prof. Pierre de Frédy, parabenizando-o por ter se tornado o mais novo membro do 
C.O.I. e convida o Japão participar da 5ª Olimpíada que seria realizada na cidade de 
Estocolmo, na Suécia, no período de 05 de maio a 27 de julho de 1912. E pela 
primeira vez o Japão participa de uma Olimpíada, com 2 atletas e sem apoio 
governamental e do povo ( KONDÔ Takao,2019). 
 A Olimpíada de 1916 não foi realizada por causa da 1ª Guerra Mundial. 
 
 
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 A Olimpíada de 1920, foi em Antuérpia, na Bélgica, no período de 20 de abril 
a 12 de setembro. 
 A Olimpíada de 1924, foi em Paris, na França, no período de 04 de maio a 27 
de julho. 
 A Olimpíada de 1928, foi em Amsterdã, a Holanda, no período de 17 de maio a 
12 de agosto. 
 No final do ano de 1930, mestre Jigoro recebe uma mensagem do vice-
presidente do Jornal Asahi, Hiroshi Shimomura, 
onde dizia que queria encontrá-lo. Logo os dois se encontram e Shimomura diz para o 
mestre Jigoro: “eu estou aqui a pedido do prefeito de Tóquio, Hidejiro Nagata que me 
pediu para fazer uma consulta sobre a possibilidade dos Jogos Olímpicos de 1940 
serem realizados aqui em Tóquio no Japão, pois nesse ano o Japão irá comemorar 
2.600 anos da instalação do primeiro governo imperial. Além disso, a realização dos 
Jogos Olímpicos trará um grande progresso no desenvolvimento da modernização e 
da economia para nosso país”. 
 E, concluiu a mensagem solicitando o empenho máximo do mestre Jigoro 
nessa missão, porém nesse momento o mestre Jigoro não prometeu que iria se 
empenhar. 
 No dia seguinte, já nessa época, o Japão contava com mais um membro do 
C.O.I., Seiiti Kishi. Mestre Jigoro confabula com ele e argumenta que o Japão não 
dispõe de infra-estrutura para receber os visitantes, começando pela cultura dos 
sanitários que são diferentes, os hotéis, formar tradutores para tantos idiomas 
diferentes e para tudo isso, não haveria tempo necessário, sem contar que os membros 
do C.O.I. iriam achar o Japão longe geograficamente. 
 Em vista desses problemas, no primeiro momento respondeu ao emissário 
negando o pedido. Passados alguns dias, o prefeito junto com o emissário, volta a 
reiterar o pedido e novamente insiste. No fim, o mestre Jigoro responde que irá tentar, 
e se despede deles. O outro membro do C.O.I., Kishi que participou dessa reunião, 
com um sorrisomeio irônico disse “mestre, não precisa se preocupar pois os 
membros do C.O.I. não vão concordar” e nessa ocasião Jigoro até concordou com 
essa colocação. Porém com o decorrer do tempo, esse posicionamento vai se 
mudando. 
 A Olimpíada de 1932, foi em Los Angeles, nos Estados Unidos, no período de 
30 de julho a 11 de agosto. (Nota explicativa: Existem bibliografias relatando que 
mestre Jigoro fez uma apresentação de Judô com cerca de 200 participantes nessa 
Olimpíada. A versão correta é, “ele foi chefiando uma delegação composta de 
atletas de atletismo, natação, técnicos e demais membros, totalizando quase 200 
pessoas e ainda, mestre Jigoro proferiu uma palestra sobre Judô no auditório da 
Universidade de Califórnia usando terno e não dôgui". Como a troca da palavra 
proferir para apresentar muda totalmente o sentido da frase). Na reunião do C.O.I. 
que antecedeu o início dessa Olimpíada, seria apresentada a intenção do Japão em 
pleitear a Olimpíada de 1940, mas antes do início da reunião mestre Jigoro fala para 
 
 
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Kishi “já que vamos colocar o nome do nosso país em jogo, vamos lutar com garra 
para conseguir”. 
 No plenário da reunião, mestre Jigoro expôs a intenção do Japão de realizar as 
Olimpíadas de 1940, o que prontamente foi rechaçado pela maioria dos membros, 
principalmente os da Europa, argumentando sobre a distância. Foi quando mestre 
Jigoro contra argumentou, “vocês questionam sobre a dificuldade da distância para 
participação de uma Olimpíadas no Japão, e eu que todas as vezes que são realizadas 
na Europa tenho participado”. Nesse momento, o plenário emudeceu por um tempo, 
porém mesmo assim nessa ocasião não foi aceito. Após a reunião, confabula com 
Kishi e adota a estratégia de durante as Olimpíadas convencer os membros no corpo a 
corpo e então passou a agir. 
 Curiosamente, entre 9 países candidatos para sediar Olimpíada de 1940, estava 
o Brasil com cidade sede Rio de Janeiro, a Argentina, com a Buenos Aires, Itália – 
Roma, Espanha – Barcelona, Finlândia – Helsinque, Hungria – Budapeste, Egito – 
Alexandria, Irlanda – Dublin e Canadá - Toronto. 
 Já no final dessa Olimpíada, com a estratégia do corpo a corpo adotada para 
convencer os membros, começou a surgir a possibilidade de inverter a situação no 
plenário do C.O.I. Já nessa época, mestre Jigoro estava com 70 anos, porém mesmo 
assim, passou a percorrer o mundo para concretizar o objetivo. No mês de junho de 
1933, foi realizada a assembleia do C.O.I. na Áustria e mestre Jigoro age rapidamente 
e até então os membros japoneses no C.O.I. eram ele e Kishi. Jigoro procurou eleger 
o 3º membro e indicou Ryôtaro Suguimura que já era secretário da ONU. Nessa 
ocasião também realizou o trabalho de corpo a corpo para convencer o voto favorável 
para Japão. Após a reunião, percorreu a Europa conversando com os membros. Três 
semanas antes do retorno do mestre Jigoro, no dia 29 de outubro, Kishi falece. 
 No mês de maio de 1934, na cidade de Atenas, na Grécia, foi realizada 
assembléia do C.O.I. e nessa ocasião consegue eleger Mitimasa Soejiima, no lugar de 
Kishi e os três passam a realizar trabalho de corpo a corpo para convencer outros 
membros a votarem a favor do Japão. Já nessa época havia comentário de que Roma 
seria a provável indicada, mas aos poucos estava aumentando a tendência para Japão. 
Como estava evidente a vitoria da Itália, surge a idéia de pedir ao mandatário máximo 
da Itália, na época, Benito Mussolini, explicando que para o Japão seria um ano 
comemorativo de extrema importância, e então pediram uma audiência com 
Mussolini. Soejima e Suguimura foram recebidos e expuseram o motivo e 
prontamente ele prometeu retirar a candidatura da Itália para as Olimpíadas de 1940, 
e propôs o acordo do Japão apoiar a Itália como país sede para as Olimpíadas de 1944. 
 Soejimaa e Suguimura enviam mensagem para o mestre Jigoro que ficou muito 
contente e agradeceu o empenho dos dois. Após essa audiência, Soejima por motivo 
de saúde retorna para Japão e Suguimura segue sozinho para Oslo, em Noruega, para 
participar da assembléia do C.O.I. para votação final para decidir o país sede das 
Olimpíadas de 1940, e como a Itália tinha retirado a candidatura, seria uma situação 
cômoda para Japão. No entanto, surge uma reviravolta imprevista na votação, Roma 
com 34 votos, a assembleia ficou tumultuada e se decidiu que a votação final seria 
 
 
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em 1936, na ocasião das Olimpíadas na Alemanha, que haveria votação somente para 
Roma, Tokio e Helsinque. No dia 31 de julho de 1936, na assembleia do C.O.I., ficou 
decidido por 35 votos para Tóquio e 27 votos para Helsinque que o Japão seria o país 
sede dos Jogos Olímpicos de 1940. Mestre Jigoro comemorou esse resultado 
efusivamente com Soejima. Logo enviou as ótimas notícias para o Japão e a imprensa 
noticiou e o povo comemorou entusiasticamente. 
 Porém, nessa época o regime militar estava predominando no Japão e o mestre 
Jigoro estava tendo dificuldades para a construção das instalações para realização das 
Olimpíadas, pois o orçamento do governo era destinado para a guerra. 
 Na assembléia do C.O.I. que foi realizada no dia 07 de junho de 1937 na cidade 
de Varsóvia, na Polônia, essa situação foi criticada com muito rigor pelos membros 
que votaram a favor de Helsinque, dizendo que o Japão atual está caminhando para 
guerra e a preparação para as Olimpíadas não havia avançado nem um pouco. Aí 
surgem dúvidas se o Japão iria conseguir realizá-los. 
 Após um mês, acaba iniciando a guerra pondo o exército japonês contra 
exército chinês. Já nessa época, mestre Jigoro aos seus 76 anos, com o físico já 
debilitado, não tinha resistência física para tomar frente na realização das Olimpíadas 
em Tóquio. Mesmo assim, continuava forte na vontade de realizar as Olimpíadas em 
Tówuio, “custe o que custar”. 
 E diz, “talvez essa seja a minha última missão”. Termina de falar essas 
palavras e parte de Tóquio, no dia 13 de fevereiro de 1938, para Cairo no Egito, para 
participar da assembléia do C.O.I. A maioria dos membros do C.O.I. já estavam 
achando impossível a realização das Olimpíadas no Japão, mas na cabeça do mestre 
Jigoro ele queria fazer de tudo para evitar o cancelamento. 
 No plenário da assembléia, após várias críticas contrariando a realização das 
Olimpíadas no Japão, mestre Jigoro levanta e diz para os membros, “eu acredito no 
esporte, que não deixa se envolver com a política e as pessoas do mundo podem se 
confraternizar dando as mãos, e com certeza construiremos um ambiente para realizá-
las, confiem em mim”. Acredita-se que os membros que achavam que o Japão não 
teria condição de realizar as Olimpíadas, devem ter mantido a sua decisão contrária, 
porém apesar disso, não resultou no cancelamento da realização das Olimpíada no 
Japão. Não é que os membros tenham acreditado no Japão, mas sim pela dedicação 
do mestre Jigoro como membro do C.O.I. por longos anos e pelas palavras que 
Mestre Jigoro proferia insistentemente e sempre dizendo “o esporte existe para fazer 
a pessoa crescer e para proporcionar a paz no mundo”. Ele era estimado pelo mundo 
e então ficou decido que as Olimpíadas no Japão seriam realizadas conforme estavam 
programadas. 
 Mestre Jigoro segue para Atenas afim de participar da missa de um ano do 
falecimento do Prof. Pierre de Féedy (Barão de Coubertin). Depois para agradecer 
aos membros dos países que apoiaram na manutenção da realização das Olimpíadas 
no Japão, mestre Jigoro passa pela Europa, Estados Unidos e Canadá. De Vancouver, 
mestre Jigoro embarca no navio Hikawamaru e inicia o retorno para Japão, porém 
quando faltavam 2 dias para chegar aoJapão, no dia 04 de maio de 1938, mestre 
 
 
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Jigoro Kano falece, vítima de tuberculose. No dia 6 de maio, o Hikawamaru atraca no 
porto de Yokohama. O enterro foi no dia 09 de maio, com a presença de inúmeras 
pessoas com muitas mensagens de condolências vindas do exterior. 
 O grande sonho do mestre Jigoro de realizar as Olimpíadas no Japão não se 
concretizou, pois a guerra entre o Japão e China tornou-se cada vez mais intensa. 
 Assim, aproximadamente dois meses após o falecimento do mestre Jigoro 
Kano, no dia 15 de julho de 1938, o governo do Japão encaminhou para o C.O.I. a 
carta de renúncia à realização dos Jogos Olímpicos de 1940, no Japão. Assim, foi 
transferida para Helsinque, Finlândia. Nos anais da história das Olimpíadas, consta 
que os Jogos Olímpicos de 1940 eram para ser realizados em Helsinque, mas não 
aconteceu por causa da 2ª Guerra Mundial (KONDÔ Takao, 2019). 
 
XI -JUDÔ NAS OLIMPÍADAS 
 
 A introdução do Judô como modalidade olímpica, aconteceu nos memoráveis 
Jogos Olímpicos de Tóquio no ano de 1964, no Japão. Nessa ocasião, o judoca 
holandês, Anton Geessink venceu o atleta japonês Akio Kaminaga. Essa vitória foi 
contagiante e incentivadora a todos os praticantes do Judô por todo o mundo. A partir 
dessas Olimpíadas, a cada quatro anos tem aumentado expressivamente o número de 
países com praticantes de Judô (MURATA Naoki, 2011). Hoje consta cerca de 200 
países filiados na Federação Internacional de Judô. No Brasil o Judô é a modalidade 
mais bem sucedida nas Olimpíadas mais recentes. Esse aumento vertiginoso dos 
praticantes de Judô tem influído significativamente no aumento no mercado de 
trabalho e hoje em função desse progresso, muita gente está dando aulas de Judô, 
inclusive como meio de vida para constituir família, criar e formar filhos. Porém, 
costuma-se dizer que o aumento da quantidade em demasia, compromete a qualidade. 
Portanto é necessário pensar em manter o equilíbrio entre quantidade e qualidade dos 
praticantes de Judô, ou seja cada judoca que vem aumentar a quantidade dever estar 
imbuído de qualidade. 
 
XII -CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
 Fazendo as palavras da apresentação às considerações gerais. 
 Neste ensaio, é descrito de forma sintetizada a vida do Sensei Jigoro Kano. 
Tendo como objetivo da Comissão de Grau da Federação Paranaense de Judô que os 
praticantes desta modalidade possam conhecer de forma objetiva, como foi a 
suainfância, a sua educação, a sua motivação para aprender Jujutsu, a vida acadêmica, 
a criação do Judô e fundação do Kôdôkan, a internacionalização do Judô, como 
membro do Comitê Olímpico Internacional e sua atuação, sendo esses os 
conhecimentos que fazem parte da formação cultural interagindo com a parte técnica 
dos praticantes de Judô. Os historiadores dizem que: "o povo que não conhece a sua 
história é um povo sem memória". 
 
 
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 Baseada nessa afirmação, observa-se que atualmente muitos locais de prática 
do Judô estão se distanciando cada vez mais da sua cultura, considerando que a 
história constrói uma cultura, e se não houver a preocupação em transmitir 
sistematicamente a sua história, a cultura tende a desaparecer. 
 Aqui registra-se um "Sincero Parabéns" aos dirigentes dessa modalidade do 
estado do Paraná, por essa ação na divulgação da história para preservar a essência do 
Judô. É nessa essência que a sociedade acredita no Judô, como esporte que educa o 
jovem para a vida, formando-o como um cidadão íntegro para interagir na sociedade. 
 E falar da vida dessa celebridade não tem fim. Pode se dizer que neste ensaio 
foi exposto parte da história da vida dele sobre o relevante legado de Judô 
 Como não era objeto desse ensaio, nessa oportunidade não foi relatado a obra 
de grande relevância dele, na inovação e sistematização da educação japonesa voltada 
para a nova era do Japão e para o mundo interagindo com alunos, funcionários da 
escola, pais e sociedade. Nessa ação o Judô teve participação significativa como meio 
de Educação Física na escola para promover o 
desenvolvimento físico saudável e a formação do caráter dos escolares, que perdurou 
até o término da 2ª Guerra Mundial, também, a criação do curso de Educação Física 
visando a formação do professor de Judô ideal. 
 Aqui fica uma observação: os conteúdos deste ensaio, já estão em forma de 
"prelo" para serem publicados em livro, após algumas inserções de conteúdos e 
revisões, com o título: A HISTÓRIA DA VIDA DO MESTRE JIGORO KANO E 
SEUS LEGADOS EDUCACIONAIS E CULTURAIS, e está amparada na lei dos 
Direitos Autorais Lei Nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Os conteúdos desse ensaio 
podem ser utilizados para fins de pesquisa, na elaboração de trabalhos acadêmicos ou 
de outras naturezas, sempre observando as normas dos direitos autorais, ou seja, 
citando nome do autor, título e ano. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
01- COMISSÂO COMEMORATIVA DE 150 ANOS DE NASCIMENTO. Kano 
Jigoro - Educador de determinação e ação. Editora Associação de Edição 
Universidade Tsukuba, 2011. 
 
02- KANO Jigoro. A minha vida e Judô. Editado pelo Yoshio Takano. Editora 
Central de Biblioteca Japonesa S/A. 2012. 
 
03- KONDÔ Takao. Kano Jigoro - Pai do Judô, Pai da Educação Física. Editora 
Chôbunsha. 2019. 
 
04- MARUYA Takeshi. Kano Jigoro e Abe Isoo - Pioneiros da Educação e Esporte 
moderno. Eitora Livraria Akaishi S/A. 2014. 
 
05- MATSUMOTO Yoshizo. Judô - Coaching. Editora Taishûkan Shôten. 1975. 
 
06- MURATA Naoki, Internacionalização do judô - Sua história e Tarefas. Editora 
Fundação Budôkan do Japão. 2011. 
 
07- TÔDÔ Yoshiaki. Judô - Sistematização das técnicas e sua história. Editora 
Fundação. Budôkan do Japão. 2014. 
 
REFERÊNCIAS REVISTAS JUDÔ DO KÔDÔKAN 
 
01- Revista Judô. Vol.61, Nº2, Ed. Kôdôkan, febr. de 1990. 
02- Revista Judô. Vol. 61, Nº3, Ed. Kôdôkan, mar. de 1990. 
03- Revista Judô. Vol. 61, Nº6, Ed. Kôdôkan, june. de 1990. 
03- Revista Judô. Vol. 79, Nº9, Ed. Kôdôkan, sept. de 2008. 
04- Revista Judô. Vol. 89, Nº5, Ed. Kôdôkan, mai. de 2018. 
 
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS 
 
01- www7a.biglobe.ne.jp/~wwd/PW161017/ 
02- https://pt.wikipedia.org/wiki/tao_te_ching 
03- https://ja.wikipedia.org/wiki/前田光世 
04- https://ja.wikipedia.org/wiki/道場_(曖昧さ回避)

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