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EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 1 Tutorial 4 – mod XI – Controle de qualidade Anemias hemolíticas - Em indivíduos normais, apenas os eritrócitos envelhecidos- Senescentes- são removidos pelo sistema reticuloendotelial do fígado e do baço, e eles tem como vida média 120 dias. - No baço, o sangue irá penetrar no parênquima esplênico pelas arteríolas centrais -> entra na polpa branca (contém linfócitos B e T) -> polpa vermelha -> retorna à circulação através das fendas endoteliais nos sinusoides esplênicos -> sistema venular do órgão. - Essas fendas endoteliais possuem diâmetro de apenas 2-3 micra, enquanto as hemácias tem 8 micra. Sendo assim, é impossível que as hemácias passem por essas fendas quando a sua capacidade de deformação estiver deficiente. E para que isso ocorra, as hemácias devem manter suas propriedades viscoelásticas e seu formato bicôncavo. - Após essa passagem esplênica, as hemácias entram em meio marcado pela hipóxia, acidez e grande quantidade de macrófagos, que tem como função reconhecer anormalidades nas membranas das hemácias. Os macrófagos podem fagocitar pedaços das hemácias com o objetivo de retirada de resíduos nucleares, hemoglobinas desnaturadas e pigmentos férricos. Ou até mesmo fagocitar a hemácia inteira. - São removidas apenas as hemácias mais velhas (após 120 dias) ou hemácias patológicas. Essa função de remoção seletiva é feita principalmente pelo baço e é chamada de Hemocaterese. Hemólise - É a destruição prematura das hemácias na periférica, ou seja, nos espaços intravasculares (interstício de órgãos do sitema reticuloendotelial). - Quando a meia vida do eritrócito chega a um valor inferior a 20 dias, instala-se uma anemia hemolítica. Quando a meia vida está diminuída, mas não a ponto de causar uma anemia, há a “Hemólise Compensada”. Porém, esse estado de hemólise compensada pode rapidamente evoluir para uma anemia hemolítica se houver deficiência na eritropoese (redução de ferro, ácido fólico, B12, infecções dos eritroblastos etc). - Hemólise Extravascular: É o tipo mais comum. Ocorre quando as hemácias são destruídas no tecido reticuloendotelial- principalmente no baço- pelos macrógafos do cordão esplênico. Pode ocorrer por alterações hereditárias ou adquiridas, que irão afetar a membrana ou a forma do eritrócito e dificultando a sua passagem pelas fendas sinusoidais. - Hemólise Intravascular: hemácias destruídas dentro da própria circulação e o seu conteúdo é liberado no plasma. Geralmente é por anormalidades adquiridas- trauma mecânico, destruição imunológica pelo sistema complemento ou exposição a fatores tóxicos. Consequências da Hemólise 1) Resposta Medular: Estimulação à liberação de eritropoietina que irá atuar na medula óssea e estimular a maturação de eritroblastos na corrente sanguínea (hemácias jovens). Essa maior produção medular de reticulócitos representa a anemia Hiperproliferativa. - O reticulócito apresenta VCM maior (em torno de 108 fL) e contém RNA ribossomal, que dá o aspecto característico da célula quando corada em metileno. - Os reticulócitos após serem lançadas na circulação irão se tornar hemácias maduras após 1 dia. - Essa resposta medular também pode ser observada no mielograma, onde há intensa hiperplasia eritroide, sendo essa uma característica de toda anemia hemolítica. 2) Produção de Bilirrubina Indireta: Quando a hemácia é destruída, a hemácia libera o seu conteúdo, que é rico em hemoglobina. Os macrófagos irão metabolizar essa hemoglobina e separar seus componentes do heme: ferro e protoporfirina. - A protoporfirina será transformada em biliverdina que será convertida em bilirrubina indireta. Essa bilirrubina vai para o plasma e depois para o fígado (ligada a albumina). 3) Formação de Cálculos Biliares: Toda hemólise crônica predispõe à formação de cálculos biliares (ex: anemias hereditárias de curso crônico- espefocitose hereditária, anemia falciforme, talassemias). Isso ocorre pois o aumento de bilirrubina pela hemólise é fator predisponente, podendo gerar o bilirrubinato de cálcio na vesícula biliar. Isso irá promover uma litíase biliar que pode gerar complicações como: colecistite aguda e colangite, promovendo ictéricia acentuada devido bilirrubina direta. EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 2 4) Contagem de Reticulócitos (índices corrigidos): Em pessoas normais, os reticulócitos constitutem menos de 2,5% do total de eritrócitos, o que em valores absolutos corresponde a menos do que 100.000 células/mm³. - O termo reticulose refere-se a um aumento medular na produção de reticulócitos. - Para que a contagem reticulócita (em %) possa refletir fielmente a produção medular de reticulócitos, deve-se corrigi-la para 2 fatores: grau de anemia e tempo de maturação reticulocitária. - Primeira correção (Índice de Reticulócitos Corrigidos): Pelo Hematócrito: IRC= % de reticulócitos x hematócrito/ 40 Pela Hemoglobina: IRC= % de reticulócitos x hemoglobina/15 - VR: Ht 40 e Hb 15 - Segunda correção (Índice de Produção Reticulocitária): Pelo Hematócrito: IPR= (% de reticulócitos x Ht/40)/2 Pela Hemoglobina: IPR= (% de reticulócitos x Hb/15)/2 - Essa segunda correção é feita pois em casos de anemia hemolítica, a eritropoietina estimula a medula a lançar no sangue reticulócitos que possuem o tempo de maturação de mais ou menos 2 dias, ou seja, o dobro da normal. Sendo assim, os reticulócitos produzidos durante 1 dia, correspondem a apenas metade do número absoluto de reticulócitos presentes no sangue. Por isso, divide-se por 2. - Diz-se que há reticulose propriamente dita quando o IPR está acima de 2. Crises anêmicas - São exacerbações agudas da anemia hemolítica crônica. As anemias hemolíticas hereditárias (ex: esferocitose hereditária, anemia falciforme) são as principais condições a essas complicações: - Crises Aplásica: crise mais comum. Ocorre principalmente por infecções pelo parvovírus B19. Deve ser tratado com hemotransfusão. - Crise megaloblástica: a exigência de uma produção aumentada de hemácias faz com que sejam mais consumidos ferro, ácido fólico, B12. O ácido fólico é o mais propenso a faltar. - Crise hemolítica: paciente evolui com piora súbita da hemólise, aumento da reticulocitose e esplenomegalia. É a crise anêmica menos comum. - Crise de sequestro esplênico: crise exclusiva da anemia falciforme em crianças menores de 5 anos. ETIOLOGIA - Divididas em: Anemias hemolíticas hereditárias e Anemias hemolíticas adquiridas. Etiologia hereditária: 1. Hemoglobinopatia a. Anemia falciforme e variantes b. Talassemias 2. Defeitos do citoesqueleto a. Esferocitose b. Eliptocitose c. Piropoiquilocitose 3. Defeitos enzimáticos a. Deficiência de G6PD b. Deficiência de piruvato-quinase 4. Outras a. Acantócitos b. Estomatocitose c. Xerocitose Etiologia – adquiridas: 1. Anemia imuno-hemolítica a. Autoimune b. Autoimune por medicamentos c. Alo-imune 2. Hiperesplenismo a. Esplenomegalia congestiva 3. Insuficiência hepática grave a. Anemia com acantócitos 4. Hemoglobinúria paroxística noturna a. Com ou sem aplasia de medula 5. Anemia hemolítica microangiopática a. SHU/PTT b. Hipertensão maligna 6. Outras anemias hemolíticas intravasculares a. Lesão térmica b. Lesão osmótica c. Malária, babesiose d. Sepse por Clostridium e. Drogas f. Envenenamento (cobras, aranhas) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Leve icterícia (associado a palidez) - Esplenomegalia - História familiar presente de anemia (sugere anemias hereditárias) - Uso de medicamentos (alfa-metildopa) - Urina avermelhada ou marrom (hemoglobinúria). - A icterícia costuma ser leve, pois a hiperbilirrubinemia indireta nunca ultrapassa a faixa dos 5 mg/dL, a não ser em recém natos. - A hiperbilirrubinemiaindireta é comum, mas não é obrigatória na hemolítica. -A talassemia é a anemia que mais aumenta o tamanho do baço. DIAGNÓSTICO - Desidrogenase Lática (LDH): quase sempre elevado na hemólise, devido a liberação dessa enzima do interior das hemácias. Porém, seus valores não ficam tão EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 3 grandes quanto os da anemia megalobásltica, ficando em torno de 580 U/mL. - Heptoglobina: é uma alfa globulina sintetizada pelo fígado que se liga a fração globina da hemoglobina. Na presença de hemólise as cadeias de globina liberadas se unem a haptoglobina e indo direto para o fígado. Por isso, os níveis séricos de haptoglobina diminuem nas hemólises. - Indicadores de Hemólise Intravascular: - Hemoglobinemia: Plasma avermelhado - Hemossiderinúria: a ligação com a haptoglobina é excedida e faz com que a Hb seja filtrada pelos rins - Hemoglobinúria: ocorre saturação de hemossiderina. Isso provoca a colúria: urina vermelho acastanhado. - Hemopexina e Metemalbumina: redução da hemopexina e aumento da metemabulmina. - Indices Hematimétricos e Hematoscopia: - Anemia normocítica e normocrômica - Em casos graves: macrocítica (devido a grande liberação de reticulose) - Hematoscopia do Sangue Periférico: Ansiocitosse e poiquilocitose são achados comuns. ANEMIAS HEMOLÍTICAS HEREDITÁRIAS 1. Alterações no citoesqueleto e membrana dos eritrócitos - A membrana do eritrócito é composta de uma rede de proteínas que formam o citoesqueleto. - A Espectrina é uma proteína fibrilar em forma de hélice que é o principal constituinte do sistema. - A interação espectrina-actina é fundamental para a manutenção da rede - forças horizontais. Já o ancoramento das fibras de espectrina na membrana eritrocitária - forças verticais - é feito pela Anquirina. Essa anquirina serve como ponte para unir a espectrina a proteína banda 3 (Glicoforina). - A interação entre anquirina-espectrna é reforçada pela proteína 4.2 (palidina). - Sendo assim, defeitos genéticos nas forças verticais - espectrina, anquirina, banda 3 e proteína 4.2- levam a esferocitose. - Já defeitos genéticos de força horizontal - espectrina, actina, proteína 4.1- levam a eliptocitose. Esferocitose hereditária - É uma desordem autossômica dominante em 80% dos casos e recessiva nos 20% restantes. - Ocorre por deficiência em graus variados de algumas proteínas do citoesqueleto: espectrina, anquirina, banda 3, proteína 4.2. - A deficiência mais comum é a de anquirina, que consequentemente leva a uma deficiência de ancoramento da espectrina. - Essa deficiência de ancoramento da espectrina no citoesqueleto do eritrócito leva à perda de fragmentos da camada lipídica da membrana, sendo que a célula perde superfície em relação ao volume, perdendo seu formato bicôncavo e o transformando em esferócito. - Esses esferócitos, ao passarem pelos cordões esplênicos não conseguem se deformar o suficiente para passar nas fendas sinusoidais, ficando mais tempo em contato com os macrógafos e consequentemente perdendo pequenos pedaços de sua membrana e gerando microesferócitos. - O esferócito e o microesferócito são células com pouca superfície de membrana em relação ao seu volume. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Anemia geralmente moderada, mas pode ser leve, grave ou não haver anemia. - Em crianças geralmente há esplenomegalia. - Icterícia discreta - Presença de litíase biliar- por cálculo de bilirrubinato de cálcio. - Pode haver crise aplásica - A icterícia pode ser bem intensa em neonatos, nos 2 primeiros dias de nascimentos, podendo ser tão grave a ponto de causar kenicterus. DIAGNÓSTICO - Anemia leve a moderada normocítica e hipercrômica (devido aumento no CHCM) - Presença de múltiplos microesferócitos no sangue periférico. - Teste de Coombs: deve ser negativo, para afastar anemia imuno-hemolítica. - Teste de Fragilidade Osmótica: feito quando há dúvida sobre a presença e quantificação de microesferócitos. Porém, pode apresentar uma série de falsos negativos se associados a outros tipos de anemia. TRATAMENTO - Esplenectomia (exceto para pacientes com anemia leve ou com hemólise compensada). A esplenectomia cura a anemia e todas as complicações da doença, mas não elimina os esferócitos do sangue periférico. Em crianças, a cirurgia deve ser evitada até os 4 anos devido a risco de sepse por germes encapsulados. Além disso, a vacina antipneumocócica polivalente deve ser administrada em todos os pacientes antes da cirurgia. - Terapia com ácido fólico (evitar anemia megaloblástica). Eliptocitose hereditária - Desordem autossômica dominante. EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 4 - Ocorre por déficit de espectrina ou de proteína 4.1 (Forças Horizontais). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - A maioria dos indivíduos é assintomática, com uma hemólise de leve intensidade, sem anemia ou esplenomegalia. DIAGNÓSTICO - Sangue periférico: presença de ovalócitos e eliptócitos. Sendo que eles não possuem relação com o grau de hemólise. - Fragilidade osmótica: normal. TRATAMENTO - Esplenectomia (quando evolui para episódios hemolíticos frequentes e graves). 2. Defeitos Enzimáticos - A hemácia é uma célula com padrão de metabolismo muito simples, sendo que a energia requerida pelo eritrócito serve exclusivamente para manter a NA/K/ATPase funcionante e para regenerar seus lipídios de membrana. Há 2 vias importantes para manter esse processo - Via Glicolítica e Via Metabólica. Sendo assim, qualquer defeito nas enzimas dessas vias, podem causar danos celulares e estresse oxidativo. Deficiência de G6PD (Shunt de Hexose Monofosfato – Via Metabólica) - A deficiência mais comum dessa via é a de Glicose-6- fosfato desidrogenado (G6PD). - É uma desordem muito comum no mundo e afeta cerca de 200 milhões de pessoas. - Tem uma herança ligada ao X, sendo mais comum (mas não exclusiva) no sexo masculino. - Essa via, tem como objetivo regenerar o glutation, que é um elemento que protege a Hb e a membrana da hemácia de estresse oxidativo por liberação de derivados do oxigênio que são formados em processos infecciosos, drogas e toxinas. - Essa deficiência da enzima é definida pela presença de mutantes enzimáticos com atividade reduzida ou meio- vida curta. Os principais mutantes enzimáticos são: Gd^- (mais comum em negros) e Gdmed (mais comum em descendentes italianos, gregos, árabes e judeus). O primeiro mutante está associado a um quadro mais brando da deficiência. - A enzima G6PD tem meia vida de 60 dias. O mutante Gd apresenta meia vida de 13 dias, sendo que nesse casos, devido ao curto tempo de meia vida do mutante, as hemácias jovens estão protegidas do estresse oxidativo. Já o mutante Gdmed tem atividade desde o inicio da vida eritrocitária, gerando hemólise. - Quando ocorre a hemólise, ela sempre vem precedida de algum estresse oxidatvo- infecções, uso de drogas. - Drogas que causam estresse oxidativo: sulfas, dapsona, primaquina, nitrofurantoína, ácido nalidíxico, azul de metileno, Piridium, naftaleno. - Quando há desnaturação oxidativa da cadeia de globina, há produção de precipitados intracelulares de hemoglobina desnaturada- Córpusculos de Heinz. Esses corpúsculos irão se ligar a banda 3 da membrana eritrocitária e formar agregados. - Esses agregados são reconhecidos como antígenos e promovem ligação de IgG. Quando passa pelo baço, os macrófagos reconhecem essa estrutura e retiram o pedaço, gerando “células mordidas” e “células bolhosas” MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Hemólise intravascular aguda, associada a febre, lombalgia, palidez e icterícia SEMPRE precedidas de infecções ou administração de drogas. - Nos negros, devido ao gene mutante mais leve, o processo é mais brando e sempre autolimitado: Pico de reticulócitos entre7-10 dias após inicio da anemia, Hematócrito sobe após 1 semana. - Já em pacientes do mediterrâneo, a crise hemolítica é mais grave e pode ser autolimitada. DIAGNÓSTICO - Hemoglobinemia - Hemoglobinúria - Metalbuminemia - Sangue periférico com células mordiscadas e células bolhosas e presença de Corpusculos de Heinz. - Dosar atividade da G6PD. TRATAMENTO - Não há tratamento específico, apenas hemotransfusão e suporte clínico. - Evitar substâncias oxidativas e tratar precocemente as infecções. ANEMIAS HEMOLÍTICAS ADQUIRIDAS Anemia hemolítica autoimune (AHAI) - É a anemia hemolítica adquirida mais importante, tanto pela sua frequência quanto pela sua potencial gravidade. - Nesse caso, a hemólise é induzida pela ligação de anticorpos e/ou componentes do complemento à membrana da hemácia. - Geralmente ocorre por AUTOANTICORPOS que reagem a determinados antígenos da membrana que fazem parte do sistema de grupos sanguíneos (ex: sistema Rh). - O mecanismo de hemólise na AHAI depende, basicamente, da opsonização. Ou seja, inicialmente os anticorpos IgG se ligam a membrana eritrocitária, e depois irão se ligar a receptores específicos dos macrófagos esplênicos, promovendo fagocitose das EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 5 hemácias e consequentemente hemólise. Apenas os anticorpos da classe IgG possuem receptores nos macrófagos. - O componente C3b do sistema complemente, também é capaz de promover essa opsonização das hemácias. Macrófagos hepáticos (células de Kupffer) são os responsáveis pela destruição das hemácias revestidas por C3b. - A AHAI é composta de duas síndromes distintas: 1. AHAI POR ANTICORPOS QUENTES (IgG) - Variante mais encontrada na prática clínica. - Esses auto-anticorpos geralmente se dirigem contra antígenos do sistema Rh (D, C, E, c, e). - Se ligam à superfície do eritrócito na temperatura corpórea em torno de 37 graus. Esse tipo de anticorpo possui fraca ativação do sistema complemento. - Principal local de hemólise: baço. Pois os macrófagos esplênicos são ricos em receptores para IgG. - Cerca de 50% dos casos de AHAI por IgG são idiopáticos, e o restante está associado com: drogas (alfa-metildopa)*, LES*, colagenoses, artrite reumatoide, retocolite ulcerativa, leucemia linfocítica crônica*, linfoma não Hodgkin*, infecções do tipo tuberculose etc. - Faixa etária entre 50-60 anos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Variam desde assintomáticas e sem anemia (hemólise compensada) até episódios hemolíticos agudos com anemia profunda, ICC e colapso vascular. Icterícia leve, esplenomegalia discreta. - Em crianças os episódios geralmente são seguidos de quadros virais respiratórios, com ínicio repentino e severo da doença. - A reação auto-imune pode não ser restrita às hemácias, sendo que plaquetas, granulócitos podem ser atacados por autoanticorpos. - Pode haver associação com a AHAI por IgG + PTI (púrpura trombocitopênica autoimune) que ganhou a denominação de Síndrome de Evans. DIAGNÓSTICO - Achados Laboratoriais: anemia com variações de intensidade, reticulose e um VCM que pode ser normal ou aumentado (normocítica ou macrocítica). A macrocítica é justificada devido a reticulose acentuada. - O esfregado de sangue periférico apresenta microesferócitos, devido a fagocitose parcial no baço. - Teste de Coombs Direto (ou Teste da Antiglobulina Direta). - Esse teste irá identificar a presença de anticorpos ou complementos ligados à superfície das hemácias do paciente. - É adicionado “soro de Coombs” a uma gota de sangue do paciente e incubado a 37 graus, se houver aglutinação no tubo de ensaio, o teste é positivo. - Esse teste também pode reagir com C3b TRATAMENTO Tratamento específico: Glicocorticoides (prednisona) por 3 a 4 meses com retirada gradual. - Os corticoides reduzem a afinidade dos receptores dos macrófagos esplênicos, reduzem afinidade dos anticorpos IgG com a membrana eritrocitária e diminuem produção de IgG. - Em pacientes que não melhoram ou não toleram corticoides: Esplenectomia. - Em pacientes não responsivos a esplenectomia: imunossupressores (ciclofosfamida, azatioprina). Tratamento de Suporte: Ácido fólico (para pacientes com hemólise crônica) e Hemotransfusão (fazer teste de Coombs, pois geralmente nessa AHAI sempre há aglutinação por parte de qualquer sangue doado). 2. AHAI POR ANTICORPOS FRIOS (IgM) - Esse anticorpo geralmente se dirige contra o antígeno I da membrana eritrocitária - Principal local de destruição de hemácias: fígado. - Geralmente a AHAI por IgM é de causa idiopática- Doença de Crioaglutinina- ou seja, trata-se de uma expansão clonal de linfócitos B que gera uma produção excessiva de IgM monoclonal. - Faixa etária: 50-70 anos. - Causas não idiopáticas: lindomas não-hodgkin, macroglobulinemia de Waldenstrom, LES. Mas na prática clínica a causa mais comum de AHAI por anticorpos frios é a infecção por Mycoplasma Pneumoniae. Mas há outros agentes infecciosos: caxumba, vírus Epstein Barr, CMV. - Crioaglutininas. Ligam-se à superfície do eritrócito na Tcorpórea: 10 graus. Potentes ativadores do sist. Complemento, um único IgM já pode desencadear a formação de C3b. Quando grande n° de IgM se liga à memb. das hemácias (raro) pode ocorrer intenso complexo de ataque à memb., sendo muito grave. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Quadro clínico geralmente brando e indolente quando comparado a IgG. Os casos por infecção são autolimitados. DIAGNÓSTICO - Coleta do sangue e colocar ele na geladeira em uma temperatura de 4 graus, se houver presentar de crioaglutininas o exame é positivo. Além disso, esses grumos logo de desfazem após o aquecimento com a temperatura corpórea (na mão). - Teste de Coombs Direto e Pesquisa de Títulos Séricos de Crioglutinina. EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 6 - Sangue periférico pobre em microesferócitos. TRATAMENTO - Imunossupressores: NÃO responde a corticoesteroides nem a esplenectomia (pois a doença ocorre no fígado). - Evitar exposição ao frio. 3. ANTICORPOS DE DONATH-LANDSTEINER - É um anticorpo de classe IgG, mas suas características são de um anticorpo frio e apresenta sua atividade máxima em temperatura de 0-10 graus. - Atua contra o antígeno P da membrana eritrocitária. - Inicialmente foi descrito associado a sífilis terciária. - É um anticorpo de potente hemolisina – Criomolisina - e possui alta ativação do sistema complemento e permite formação de complexo de ataque à membrana. - Mais comum em crianças, após infecções virais, associado a quadro hemolítico leve a moderado e associado a hemoglobinúria gerando a Síndrome Crioemoglobinúria Paroxística. - Curso autolimitado. 4.ANEMIA IMUNO-HEMOLÍTICA FARMACOINDUZIDA - Mais importantes fármacos: alfa-metildopa, levopoda, penicilina e quinidina. - Na alfa-metildopa, a droga irá alterar a estrutura do complexo antigênico Rh e irá torna-lo um antígeno. Depois, os anticorpos IgG irão se ligar à superfície das hemácias. - Já a penicilina e a quinidina, geram um tipo de ligação Hepteno (ligação entre uma molécula não proteica e uma proteína do organismo). A penicilina será ligada a anticorpos IgG, enquanto a quinidina será ligada a anticorpos IgM. Anemia Falciforme - Doença genética da hemoglobina pertencente ao grupo das hemoglobinopatias estruturais. - É a doença hematológica mais comum da humanidade. - As síndromes falcêmicas integram um grupo de condições em que há herança do gene beta-globina S. (Sickle= afoiçamento). - A Hb S é insolúvel e forma cristais quando exposta a baixa tensão de oxigênio. - Os eritrócitos sofrem deformação falciforme e podem ocluir diversas regiões de microcirculação ou de grandes vasos, cursando com infarto de vários órgãos. - Essa anomalia é causada pela substituiçãode ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia beta: - É um tipo de anemia hemolítica grave, pontuada por crises. - A hemoglobina formada a partir dessas células mutantes possui tendência a se polimerizar quando está dessaturada (desligada do oxigênio) e se polimerizando de volta quando em contato com o oxigênio. Esse polímeros de hemoglobina transformam a hemácia em um gel alongado e deformado, semelhante a uma foice. - Devido a mudança em sua morfologia, ela irá causar algumas complicações: destruição precoce das hemácias e oclusão aguda ou crônica das microvasculaturas. - Sendo assim, ela pode ser considerada uma doença multissitêmica. - Ocorre principalmente em países da áfrica equatorial e em região de cinturão da malária, onde geralmente os pacientes não possuem a doença anêmica em si, mas si só o traço falcêmico, que é um fator de proteção as formas letais da malária. - Os sintomas da anemia costumam ser mais leves do que o esperado para a severidade da anemia, porque a Hb S libera oxigênio nos tecidos com mais facilidade do que a Hb A, pois a sua curva de dissociação é desviada para a direita. - A clínica da doença é muito variada da Hb SS é muito variável, com alguns pacientes sem crise e outros sofrendo crises desde os primeiros meses de vida, podendo morrer no ínicio da infância ou quando adultos jovens. Essas crises podem ser: vasoclusivas, viscerais, aplásticas ou hemolíticas: (1) Crises Vasoclusivas: são as crises mais frequentes. São precipitadas por fatores como a infecção, acidose, desidratação e desoxigenação (altitude, cirurgia, parto, estase circulatória, exposição ao frio, exercício violento). - Infartos dolorosos nos ossos (quadril, ombros e vértebras são comumente afetados). - Síndrome mão-pé (dactilite doloroda causada por infarto dos pequenos ossos): pode ser a primeira apresentação da doença e pode causar variação de tamanho dos dedos. - Pode atingir também pulmões, baço. Porém a crise mais fatal é a cerebral (AVC) e de medula espinal. (2) Crises de Sequestro Visceral: são causadas por deformação falciformes de eritrócitos e retenção de sangue em órgãos, quase sempre associado a anemia grave exacerbada. - Síndrome falcêmica torácica: paciente apresenta-se com dispneia, queda de PO2, dor torácica e infiltrado pulmonar no RX. Deve ser tratado com analgesia, oxigênio, exsanguiotransfusão e suporte ventilatório. Quadro bastante grave. - Sequestro esplênico: ocorre esplenomegalia, queda da hemoglobina e dor abdominal. O tratamento é feito com transfusão. Essas crises tendem a ser recidivantes e com necessidade de esplenectomia. EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 7 (3) Crises aplásticas: Podem ocorrer devido infecções por parvovírus ou por deficiência de folato. É caracterizada por queda subida da hemoglobina e em geral exige transfusão. - Além da queda da Hb, há também queda da contagem de reticulócitos. (4) Crises Hemolíticas: caracterizadas por aumento do ritmo de hemólise com queda na Hb e aumento na reticulocitose. Geralmente é acompanhada de crises dolorosas. - Outros aspectos clínicos: úlceras nas extremidades das pernas (causadas por estase vascular e isquemia local), baço aumentado em lactentes e no ínicio da infância mas depois acaba diminuindo de tamanho por causa de infartos, HAS pulmonar, aumento da velocidade de regurgitação tricúspide, retinopatia proliferativa, priapismo, lesão crônica do fígado, cálculos vesiculares de pigmento (bilirrubina) DIAGNÓSTICO - Hemoglobina baixa (entre 6-9 g/dL). - Eritrócitos falciformes e células em alvo no sangue. Corpusculos de Howell-Jolly também podem estar presentes, mostrando aspecto de atrofia esplênica. - Exames de triagem: deformidade falciforme. - Eletroforese de Hb: na Hb SS a Hb A não é detectada. - Ocorre por condição heterozigótica para HbS, sendo uma condição benigna, sem anemia e com aspecto normal dos eritrócitos nas distensões do sangue. - Hematúria é o sintoma mais comum, sendo geralmente causado por pequenos infartos de papila renal. TRATAMENTO 1. Profilaxia das crises: evitar fatores conhecidos que precipitam as crises (desidratação, anoxia, infecções, estase de circulação e resfriamento da pele). 2. Ácido Fólico (5 mg 1x por semana) 3. Boas condições de nutrição e higiene. 4. Vacinação contra pneumococo, haemophilus e meningococo. Penicilina oral deve ser administrada na ocasião do diagnóstico até pelo menos a puberdade. Transfusões são eventualmente necessárias. 5. Nas crises: tratar com repouso, aquecimento, hidratação via oral ou intravenosa, antibióticos (se houver infecção), analgesia (paracetamol, AINEs e opiáceos), transfusão de sangue é feito somente se houver sintomas sérios de anemia, exsanguinotransfusão (quando houver sequestro visceral e crises dolorosas repetidas- objetivo de diminuir a Hb S para 30% ou menos). 6. Em grávidas, deve-se fazer transfusões de glóbulos para diminuir níveis de Hb S durante a gravidez, antes do parto e em cirurgias de pequeno porte. 7. Transfusões: algumas vezes são feitas repetidamente como profilaxia em pacientes com crises frequentes ou com lesões de órgãos importante (ex: lesão cerebral). 8. Hidroxicarbamida (não deve ser usado durante a gravidez). 9. Transplante de células tronco. ANEMIA POR DOENÇA FALCIFORME - 3553 AUTO-IMUNE - 3483 ESFEROCITOSE - 3510 ELIPTOCITOSE - 3516 DEFICIÊNCIA DE G6PD - 3526 PIRUVATOQUINASE - 3523
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