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Anemias hemolíticas - Tut 4

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EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 1 
 
Tutorial 4 – mod XI – Controle de qualidade 
Anemias hemolíticas 
- Em indivíduos normais, apenas os eritrócitos 
envelhecidos- Senescentes- são removidos pelo sistema 
reticuloendotelial do fígado e do baço, e eles tem como 
vida média 120 dias. 
- No baço, o sangue irá penetrar no parênquima 
esplênico pelas arteríolas centrais -> entra na polpa 
branca (contém linfócitos B e T) -> polpa vermelha -> 
retorna à circulação através das fendas endoteliais nos 
sinusoides esplênicos -> sistema venular do órgão. 
- Essas fendas endoteliais possuem diâmetro de apenas 
2-3 micra, enquanto as hemácias tem 8 micra. Sendo 
assim, é impossível que as hemácias passem por essas 
fendas quando a sua capacidade de deformação estiver 
deficiente. E para que isso ocorra, as hemácias devem 
manter suas propriedades viscoelásticas e seu formato 
bicôncavo. 
- Após essa passagem esplênica, as hemácias entram 
em meio marcado pela hipóxia, acidez e grande 
quantidade de macrófagos, que tem como função 
reconhecer anormalidades nas membranas das 
hemácias. Os macrófagos podem fagocitar pedaços das 
hemácias com o objetivo de retirada de resíduos 
nucleares, hemoglobinas desnaturadas e pigmentos 
férricos. Ou até mesmo fagocitar a hemácia inteira. 
- São removidas apenas as hemácias mais velhas (após 
120 dias) ou hemácias patológicas. Essa função de 
remoção seletiva é feita principalmente pelo baço e é 
chamada de Hemocaterese. 
Hemólise 
- É a destruição prematura das hemácias na periférica, 
ou seja, nos espaços intravasculares (interstício de 
órgãos do sitema reticuloendotelial). 
- Quando a meia vida do eritrócito chega a um valor 
inferior a 20 dias, instala-se uma anemia hemolítica. 
Quando a meia vida está diminuída, mas não a ponto de 
causar uma anemia, há a “Hemólise Compensada”. 
Porém, esse estado de hemólise compensada pode 
rapidamente evoluir para uma anemia hemolítica se 
houver deficiência na eritropoese (redução de ferro, ácido 
fólico, B12, infecções dos eritroblastos etc). 
- Hemólise Extravascular: É o tipo mais comum. Ocorre 
quando as hemácias são destruídas no tecido 
reticuloendotelial- principalmente no baço- pelos 
macrógafos do cordão esplênico. Pode ocorrer por 
alterações hereditárias ou adquiridas, que irão afetar a 
membrana ou a forma do eritrócito e dificultando a sua 
passagem pelas fendas sinusoidais. 
- Hemólise Intravascular: hemácias destruídas dentro da 
própria circulação e o seu conteúdo é liberado no plasma. 
Geralmente é por anormalidades adquiridas- trauma 
mecânico, destruição imunológica pelo sistema 
complemento ou exposição a fatores tóxicos. 
Consequências da Hemólise 
1) Resposta Medular: Estimulação à liberação de 
eritropoietina que irá atuar na medula óssea e estimular 
a maturação de eritroblastos na corrente sanguínea 
(hemácias jovens). Essa maior produção medular de 
reticulócitos representa a anemia Hiperproliferativa. 
- O reticulócito apresenta VCM maior (em torno de 108 
fL) e contém RNA ribossomal, que dá o aspecto 
característico da célula quando corada em metileno. 
- Os reticulócitos após serem lançadas na circulação irão 
se tornar hemácias maduras após 1 dia. 
- Essa resposta medular também pode ser observada no 
mielograma, onde há intensa hiperplasia eritroide, sendo 
essa uma característica de toda anemia hemolítica. 
2) Produção de Bilirrubina Indireta: Quando a hemácia 
é destruída, a hemácia libera o seu conteúdo, que é rico 
em hemoglobina. Os macrófagos irão metabolizar essa 
hemoglobina e separar seus componentes do heme: 
ferro e protoporfirina. 
- A protoporfirina será transformada em biliverdina que 
será convertida em bilirrubina indireta. Essa bilirrubina vai 
para o plasma e depois para o fígado (ligada a albumina). 
3) Formação de Cálculos Biliares: Toda hemólise 
crônica predispõe à formação de cálculos biliares (ex: 
anemias hereditárias de curso crônico- espefocitose 
hereditária, anemia falciforme, talassemias). Isso ocorre 
pois o aumento de bilirrubina pela hemólise é fator 
predisponente, podendo gerar o bilirrubinato de cálcio na 
vesícula biliar. Isso irá promover uma litíase biliar que 
pode gerar complicações como: colecistite aguda e 
colangite, promovendo ictéricia acentuada devido 
bilirrubina direta. 
EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 2 
 
4) Contagem de Reticulócitos (índices corrigidos): 
Em pessoas normais, os reticulócitos constitutem menos 
de 2,5% do total de eritrócitos, o que em valores 
absolutos corresponde a menos do que 100.000 
células/mm³. 
- O termo reticulose refere-se a um aumento medular na 
produção de reticulócitos. 
- Para que a contagem reticulócita (em %) possa refletir 
fielmente a produção medular de reticulócitos, deve-se 
corrigi-la para 2 fatores: grau de anemia e tempo de 
maturação reticulocitária. 
- Primeira correção (Índice de Reticulócitos Corrigidos): 
Pelo Hematócrito: IRC= % de reticulócitos x 
hematócrito/ 40 
Pela Hemoglobina: IRC= % de reticulócitos x 
hemoglobina/15 
- VR: Ht 40 e Hb 15 
- Segunda correção (Índice de Produção Reticulocitária): 
Pelo Hematócrito: IPR= (% de reticulócitos x Ht/40)/2 
Pela Hemoglobina: IPR= (% de reticulócitos x 
Hb/15)/2 
- Essa segunda correção é feita pois em casos de anemia 
hemolítica, a eritropoietina estimula a medula a lançar no 
sangue reticulócitos que possuem o tempo de maturação 
de mais ou menos 2 dias, ou seja, o dobro da normal. 
Sendo assim, os reticulócitos produzidos durante 1 dia, 
correspondem a apenas metade do número absoluto de 
reticulócitos presentes no sangue. Por isso, divide-se por 
2. 
- Diz-se que há reticulose propriamente dita quando o 
IPR está acima de 2. 
Crises anêmicas 
- São exacerbações agudas da anemia hemolítica 
crônica. As anemias hemolíticas hereditárias (ex: 
esferocitose hereditária, anemia falciforme) são as 
principais condições a essas complicações: 
- Crises Aplásica: crise mais comum. Ocorre 
principalmente por infecções pelo parvovírus B19. Deve 
ser tratado com hemotransfusão. 
- Crise megaloblástica: a exigência de uma produção 
aumentada de hemácias faz com que sejam mais 
consumidos ferro, ácido fólico, B12. O ácido fólico é o 
mais propenso a faltar. 
- Crise hemolítica: paciente evolui com piora súbita da 
hemólise, aumento da reticulocitose e esplenomegalia. É 
a crise anêmica menos comum. 
- Crise de sequestro esplênico: crise exclusiva da anemia 
falciforme em crianças menores de 5 anos. 
ETIOLOGIA 
- Divididas em: Anemias hemolíticas hereditárias e 
Anemias hemolíticas adquiridas. 
Etiologia hereditária: 
1. Hemoglobinopatia 
a. Anemia falciforme e variantes 
b. Talassemias 
2. Defeitos do citoesqueleto 
a. Esferocitose 
b. Eliptocitose 
c. Piropoiquilocitose 
3. Defeitos enzimáticos 
a. Deficiência de G6PD 
b. Deficiência de piruvato-quinase 
4. Outras 
a. Acantócitos 
b. Estomatocitose 
c. Xerocitose 
Etiologia – adquiridas: 
1. Anemia imuno-hemolítica 
a. Autoimune 
b. Autoimune por medicamentos 
c. Alo-imune 
2. Hiperesplenismo 
a. Esplenomegalia congestiva 
3. Insuficiência hepática grave 
a. Anemia com acantócitos 
4. Hemoglobinúria paroxística noturna 
a. Com ou sem aplasia de medula 
5. Anemia hemolítica microangiopática 
a. SHU/PTT 
b. Hipertensão maligna 
6. Outras anemias hemolíticas intravasculares 
a. Lesão térmica 
b. Lesão osmótica 
c. Malária, babesiose 
d. Sepse por Clostridium 
e. Drogas 
f. Envenenamento (cobras, aranhas) 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Leve icterícia (associado a palidez) 
- Esplenomegalia 
- História familiar presente de anemia (sugere anemias 
hereditárias) 
- Uso de medicamentos (alfa-metildopa) 
- Urina avermelhada ou marrom (hemoglobinúria). 
- A icterícia costuma ser leve, pois a hiperbilirrubinemia 
indireta nunca ultrapassa a faixa dos 5 mg/dL, a não ser 
em recém natos. 
- A hiperbilirrubinemiaindireta é comum, mas não é 
obrigatória na hemolítica. 
-A talassemia é a anemia que mais aumenta o tamanho 
do baço. 
DIAGNÓSTICO 
- Desidrogenase Lática (LDH): quase sempre elevado na 
hemólise, devido a liberação dessa enzima do interior 
das hemácias. Porém, seus valores não ficam tão 
EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 3 
 
grandes quanto os da anemia megalobásltica, ficando em 
torno de 580 U/mL. 
- Heptoglobina: é uma alfa globulina sintetizada pelo 
fígado que se liga a fração globina da hemoglobina. Na 
presença de hemólise as cadeias de globina liberadas se 
unem a haptoglobina e indo direto para o fígado. Por isso, 
os níveis séricos de haptoglobina diminuem nas 
hemólises. 
- Indicadores de Hemólise Intravascular: 
 - Hemoglobinemia: Plasma avermelhado 
- Hemossiderinúria: a ligação com a haptoglobina 
é excedida e faz com que a Hb seja filtrada pelos 
rins 
- Hemoglobinúria: ocorre saturação de 
hemossiderina. Isso provoca a colúria: urina 
vermelho acastanhado. 
- Hemopexina e Metemalbumina: redução da 
hemopexina e aumento da metemabulmina. 
- Indices Hematimétricos e Hematoscopia: 
 - Anemia normocítica e normocrômica 
- Em casos graves: macrocítica (devido a grande 
liberação de reticulose) 
- Hematoscopia do Sangue Periférico: Ansiocitosse e 
poiquilocitose são achados comuns. 
ANEMIAS HEMOLÍTICAS HEREDITÁRIAS 
1. Alterações no citoesqueleto e membrana dos 
eritrócitos 
- A membrana do eritrócito é composta de uma rede de 
proteínas que formam o citoesqueleto. 
- A Espectrina é uma proteína fibrilar em forma de hélice 
que é o principal constituinte do sistema. 
- A interação espectrina-actina é fundamental para a 
manutenção da rede - forças horizontais. Já o 
ancoramento das fibras de espectrina na membrana 
eritrocitária - forças verticais - é feito pela Anquirina. Essa 
anquirina serve como ponte para unir a espectrina a 
proteína banda 3 (Glicoforina). 
- A interação entre anquirina-espectrna é reforçada pela 
proteína 4.2 (palidina). 
- Sendo assim, defeitos genéticos nas forças verticais - 
espectrina, anquirina, banda 3 e proteína 4.2- levam a 
esferocitose. 
- Já defeitos genéticos de força horizontal - espectrina, 
actina, proteína 4.1- levam a eliptocitose. 
Esferocitose hereditária 
- É uma desordem autossômica dominante em 80% dos 
casos e recessiva nos 20% restantes. 
- Ocorre por deficiência em graus variados de algumas 
proteínas do citoesqueleto: espectrina, anquirina, banda 
3, proteína 4.2. 
- A deficiência mais comum é a de anquirina, que 
consequentemente leva a uma deficiência de 
ancoramento da espectrina. 
- Essa deficiência de ancoramento da espectrina no 
citoesqueleto do eritrócito leva à perda de fragmentos da 
camada lipídica da membrana, sendo que a célula perde 
superfície em relação ao volume, perdendo seu formato 
bicôncavo e o transformando em esferócito. 
- Esses esferócitos, ao passarem pelos cordões 
esplênicos não conseguem se deformar o suficiente para 
passar nas fendas sinusoidais, ficando mais tempo em 
contato com os macrógafos e consequentemente 
perdendo pequenos pedaços de sua membrana e 
gerando microesferócitos. 
- O esferócito e o microesferócito são células com pouca 
superfície de membrana em relação ao seu volume. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Anemia geralmente moderada, mas pode ser leve, 
grave ou não haver anemia. 
- Em crianças geralmente há esplenomegalia. 
- Icterícia discreta 
- Presença de litíase biliar- por cálculo de bilirrubinato de 
cálcio. 
- Pode haver crise aplásica 
- A icterícia pode ser bem intensa em neonatos, nos 2 
primeiros dias de nascimentos, podendo ser tão grave a 
ponto de causar kenicterus. 
DIAGNÓSTICO 
- Anemia leve a moderada normocítica e hipercrômica 
(devido aumento no CHCM) 
- Presença de múltiplos microesferócitos no sangue 
periférico. 
- Teste de Coombs: deve ser negativo, para afastar 
anemia imuno-hemolítica. 
- Teste de Fragilidade Osmótica: feito quando há dúvida 
sobre a presença e quantificação de microesferócitos. 
Porém, pode apresentar uma série de falsos negativos se 
associados a outros tipos de anemia. 
TRATAMENTO 
- Esplenectomia (exceto para pacientes com anemia leve 
ou com hemólise compensada). A esplenectomia cura a 
anemia e todas as complicações da doença, mas não 
elimina os esferócitos do sangue periférico. Em crianças, 
a cirurgia deve ser evitada até os 4 anos devido a risco 
de sepse por germes encapsulados. Além disso, a vacina 
antipneumocócica polivalente deve ser administrada em 
todos os pacientes antes da cirurgia. 
- Terapia com ácido fólico (evitar anemia megaloblástica). 
Eliptocitose hereditária 
- Desordem autossômica dominante. 
EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 4 
 
- Ocorre por déficit de espectrina ou de proteína 4.1 
(Forças Horizontais). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- A maioria dos indivíduos é assintomática, com uma 
hemólise de leve intensidade, sem anemia ou 
esplenomegalia. 
DIAGNÓSTICO 
- Sangue periférico: presença de ovalócitos e eliptócitos. 
Sendo que eles não possuem relação com o grau de 
hemólise. 
- Fragilidade osmótica: normal. 
TRATAMENTO 
- Esplenectomia (quando evolui para episódios 
hemolíticos frequentes e graves). 
2. Defeitos Enzimáticos 
- A hemácia é uma célula com padrão de metabolismo 
muito simples, sendo que a energia requerida pelo 
eritrócito serve exclusivamente para manter a 
NA/K/ATPase funcionante e para regenerar seus lipídios 
de membrana. Há 2 vias importantes para manter esse 
processo - Via Glicolítica e Via Metabólica. Sendo assim, 
qualquer defeito nas enzimas dessas vias, podem causar 
danos celulares e estresse oxidativo. 
Deficiência de G6PD (Shunt de Hexose 
Monofosfato – Via Metabólica) 
- A deficiência mais comum dessa via é a de Glicose-6-
fosfato desidrogenado (G6PD). 
- É uma desordem muito comum no mundo e afeta cerca 
de 200 milhões de pessoas. 
- Tem uma herança ligada ao X, sendo mais comum (mas 
não exclusiva) no sexo masculino. 
- Essa via, tem como objetivo regenerar o glutation, que 
é um elemento que protege a Hb e a membrana da 
hemácia de estresse oxidativo por liberação de derivados 
do oxigênio que são formados em processos infecciosos, 
drogas e toxinas. 
- Essa deficiência da enzima é definida pela presença de 
mutantes enzimáticos com atividade reduzida ou meio-
vida curta. Os principais mutantes enzimáticos são: Gd^- 
(mais comum em negros) e Gdmed (mais comum em 
descendentes italianos, gregos, árabes e judeus). O 
primeiro mutante está associado a um quadro mais 
brando da deficiência. 
- A enzima G6PD tem meia vida de 60 dias. O mutante 
Gd apresenta meia vida de 13 dias, sendo que nesse 
casos, devido ao curto tempo de meia vida do mutante, 
as hemácias jovens estão protegidas do estresse 
oxidativo. Já o mutante Gdmed tem atividade desde o 
inicio da vida eritrocitária, gerando hemólise. 
- Quando ocorre a hemólise, ela sempre vem precedida 
de algum estresse oxidatvo- infecções, uso de drogas. 
- Drogas que causam estresse oxidativo: sulfas, 
dapsona, primaquina, nitrofurantoína, ácido nalidíxico, 
azul de metileno, Piridium, naftaleno. 
- Quando há desnaturação oxidativa da cadeia de 
globina, há produção de precipitados intracelulares de 
hemoglobina desnaturada- Córpusculos de Heinz. Esses 
corpúsculos irão se ligar a banda 3 da membrana 
eritrocitária e formar agregados. 
- Esses agregados são reconhecidos como antígenos e 
promovem ligação de IgG. Quando passa pelo baço, os 
macrófagos reconhecem essa estrutura e retiram o 
pedaço, gerando “células mordidas” e “células bolhosas” 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Hemólise intravascular aguda, associada a febre, 
lombalgia, palidez e icterícia SEMPRE precedidas de 
infecções ou administração de drogas. 
- Nos negros, devido ao gene mutante mais leve, o 
processo é mais brando e sempre autolimitado: Pico de 
reticulócitos entre7-10 dias após inicio da anemia, 
Hematócrito sobe após 1 semana. 
- Já em pacientes do mediterrâneo, a crise hemolítica é 
mais grave e pode ser autolimitada. 
DIAGNÓSTICO 
- Hemoglobinemia 
- Hemoglobinúria 
- Metalbuminemia 
- Sangue periférico com células mordiscadas e células 
bolhosas e presença de Corpusculos de Heinz. 
- Dosar atividade da G6PD. 
TRATAMENTO 
- Não há tratamento específico, apenas hemotransfusão 
e suporte clínico. 
- Evitar substâncias oxidativas e tratar precocemente as 
infecções. 
ANEMIAS HEMOLÍTICAS ADQUIRIDAS 
Anemia hemolítica autoimune (AHAI) 
- É a anemia hemolítica adquirida mais importante, tanto 
pela sua frequência quanto pela sua potencial gravidade. 
- Nesse caso, a hemólise é induzida pela ligação de 
anticorpos e/ou componentes do complemento à 
membrana da hemácia. 
- Geralmente ocorre por AUTOANTICORPOS que 
reagem a determinados antígenos da membrana que 
fazem parte do sistema de grupos sanguíneos (ex: 
sistema Rh). 
- O mecanismo de hemólise na AHAI depende, 
basicamente, da opsonização. Ou seja, inicialmente os 
anticorpos IgG se ligam a membrana eritrocitária, e 
depois irão se ligar a receptores específicos dos 
macrófagos esplênicos, promovendo fagocitose das 
EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 5 
 
hemácias e consequentemente hemólise. Apenas os 
anticorpos da classe IgG possuem receptores nos 
macrófagos. 
- O componente C3b do sistema complemente, também 
é capaz de promover essa opsonização das hemácias. 
Macrófagos hepáticos (células de Kupffer) são os 
responsáveis pela destruição das hemácias revestidas 
por C3b. 
- A AHAI é composta de duas síndromes distintas: 
1. AHAI POR ANTICORPOS QUENTES (IgG) 
- Variante mais encontrada na prática clínica. 
- Esses auto-anticorpos geralmente se dirigem contra 
antígenos do sistema Rh (D, C, E, c, e). 
- Se ligam à superfície do eritrócito na temperatura 
corpórea em torno de 37 graus. Esse tipo de anticorpo 
possui fraca ativação do sistema complemento. 
- Principal local de hemólise: baço. Pois os macrófagos 
esplênicos são ricos em receptores para IgG. 
- Cerca de 50% dos casos de AHAI por IgG são 
idiopáticos, e o restante está associado com: drogas 
(alfa-metildopa)*, LES*, colagenoses, artrite reumatoide, 
retocolite ulcerativa, leucemia linfocítica crônica*, linfoma 
não Hodgkin*, infecções do tipo tuberculose etc. 
- Faixa etária entre 50-60 anos. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Variam desde assintomáticas e sem anemia (hemólise 
compensada) até episódios hemolíticos agudos com 
anemia profunda, ICC e colapso vascular. Icterícia leve, 
esplenomegalia discreta. 
- Em crianças os episódios geralmente são seguidos de 
quadros virais respiratórios, com ínicio repentino e severo 
da doença. 
- A reação auto-imune pode não ser restrita às hemácias, 
sendo que plaquetas, granulócitos podem ser atacados 
por autoanticorpos. 
- Pode haver associação com a AHAI por IgG + PTI 
(púrpura trombocitopênica autoimune) que ganhou a 
denominação de Síndrome de Evans. 
DIAGNÓSTICO 
- Achados Laboratoriais: anemia com variações de 
intensidade, reticulose e um VCM que pode ser normal 
ou aumentado (normocítica ou macrocítica). A 
macrocítica é justificada devido a reticulose acentuada. 
- O esfregado de sangue periférico apresenta 
microesferócitos, devido a fagocitose parcial no baço. 
- Teste de Coombs Direto (ou Teste da Antiglobulina 
Direta). 
- Esse teste irá identificar a presença de anticorpos ou 
complementos ligados à superfície das hemácias do 
paciente. 
- É adicionado “soro de Coombs” a uma gota de sangue 
do paciente e incubado a 37 graus, se houver aglutinação 
no tubo de ensaio, o teste é positivo. 
- Esse teste também pode reagir com C3b 
TRATAMENTO 
Tratamento específico: Glicocorticoides (prednisona) 
por 3 a 4 meses com retirada gradual. 
- Os corticoides reduzem a afinidade dos receptores dos 
macrófagos esplênicos, reduzem afinidade dos 
anticorpos IgG com a membrana eritrocitária e diminuem 
produção de IgG. 
- Em pacientes que não melhoram ou não toleram 
corticoides: Esplenectomia. 
- Em pacientes não responsivos a esplenectomia: 
imunossupressores (ciclofosfamida, azatioprina). 
Tratamento de Suporte: Ácido fólico (para pacientes 
com hemólise crônica) e Hemotransfusão (fazer teste de 
Coombs, pois geralmente nessa AHAI sempre há 
aglutinação por parte de qualquer sangue doado). 
2. AHAI POR ANTICORPOS FRIOS (IgM) 
- Esse anticorpo geralmente se dirige contra o antígeno I 
da membrana eritrocitária 
- Principal local de destruição de hemácias: fígado. 
- Geralmente a AHAI por IgM é de causa idiopática- 
Doença de Crioaglutinina- ou seja, trata-se de uma 
expansão clonal de linfócitos B que gera uma produção 
excessiva de IgM monoclonal. 
- Faixa etária: 50-70 anos. 
- Causas não idiopáticas: lindomas não-hodgkin, 
macroglobulinemia de Waldenstrom, LES. Mas na prática 
clínica a causa mais comum de AHAI por anticorpos frios 
é a infecção por Mycoplasma Pneumoniae. Mas há 
outros agentes infecciosos: caxumba, vírus Epstein Barr, 
CMV. 
- Crioaglutininas. Ligam-se à superfície do eritrócito na 
Tcorpórea: 10 graus. Potentes ativadores do sist. 
Complemento, um único IgM já pode desencadear a 
formação de C3b. Quando grande n° de IgM se liga à 
memb. das hemácias (raro) pode ocorrer intenso 
complexo de ataque à memb., sendo muito grave. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- Quadro clínico geralmente brando e indolente quando 
comparado a IgG. Os casos por infecção são 
autolimitados. 
DIAGNÓSTICO 
- Coleta do sangue e colocar ele na geladeira em uma 
temperatura de 4 graus, se houver presentar de 
crioaglutininas o exame é positivo. Além disso, esses 
grumos logo de desfazem após o aquecimento com a 
temperatura corpórea (na mão). 
- Teste de Coombs Direto e Pesquisa de Títulos Séricos 
de Crioglutinina. 
EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 6 
 
- Sangue periférico pobre em microesferócitos. 
TRATAMENTO 
- Imunossupressores: NÃO responde a corticoesteroides 
nem a esplenectomia (pois a doença ocorre no fígado). 
- Evitar exposição ao frio. 
3. ANTICORPOS DE DONATH-LANDSTEINER 
- É um anticorpo de classe IgG, mas suas características 
são de um anticorpo frio e apresenta sua atividade 
máxima em temperatura de 0-10 graus. 
- Atua contra o antígeno P da membrana eritrocitária. 
- Inicialmente foi descrito associado a sífilis terciária. 
- É um anticorpo de potente hemolisina – Criomolisina - e 
possui alta ativação do sistema complemento e permite 
formação de complexo de ataque à membrana. 
- Mais comum em crianças, após infecções virais, 
associado a quadro hemolítico leve a moderado e 
associado a hemoglobinúria gerando a Síndrome 
Crioemoglobinúria Paroxística. 
- Curso autolimitado. 
4.ANEMIA IMUNO-HEMOLÍTICA FARMACOINDUZIDA 
- Mais importantes fármacos: alfa-metildopa, levopoda, 
penicilina e quinidina. 
- Na alfa-metildopa, a droga irá alterar a estrutura do 
complexo antigênico Rh e irá torna-lo um antígeno. 
Depois, os anticorpos IgG irão se ligar à superfície das 
hemácias. 
- Já a penicilina e a quinidina, geram um tipo de ligação 
Hepteno (ligação entre uma molécula não proteica e uma 
proteína do organismo). A penicilina será ligada a 
anticorpos IgG, enquanto a quinidina será ligada a 
anticorpos IgM. 
Anemia Falciforme 
- Doença genética da hemoglobina pertencente ao grupo 
das hemoglobinopatias estruturais. 
- É a doença hematológica mais comum da humanidade. 
- As síndromes falcêmicas integram um grupo de 
condições em que há herança do gene beta-globina S. 
(Sickle= afoiçamento). 
- A Hb S é insolúvel e forma cristais quando exposta a 
baixa tensão de oxigênio. 
- Os eritrócitos sofrem deformação falciforme e podem 
ocluir diversas regiões de microcirculação ou de grandes 
vasos, cursando com infarto de vários órgãos. 
- Essa anomalia é causada pela substituiçãode ácido 
glutâmico por valina na posição 6 da cadeia beta: 
 
- É um tipo de anemia hemolítica grave, pontuada por 
crises. 
- A hemoglobina formada a partir dessas células 
mutantes possui tendência a se polimerizar quando está 
dessaturada (desligada do oxigênio) e se polimerizando 
de volta quando em contato com o oxigênio. Esse 
polímeros de hemoglobina transformam a hemácia em 
um gel alongado e deformado, semelhante a uma foice. 
- Devido a mudança em sua morfologia, ela irá causar 
algumas complicações: destruição precoce das 
hemácias e oclusão aguda ou crônica das 
microvasculaturas. 
- Sendo assim, ela pode ser considerada uma doença 
multissitêmica. 
- Ocorre principalmente em países da áfrica equatorial e 
em região de cinturão da malária, onde geralmente os 
pacientes não possuem a doença anêmica em si, mas si 
só o traço falcêmico, que é um fator de proteção as 
formas letais da malária. 
- Os sintomas da anemia costumam ser mais leves do 
que o esperado para a severidade da anemia, porque a 
Hb S libera oxigênio nos tecidos com mais facilidade do 
que a Hb A, pois a sua curva de dissociação é desviada 
para a direita. 
- A clínica da doença é muito variada da Hb SS é muito 
variável, com alguns pacientes sem crise e outros 
sofrendo crises desde os primeiros meses de vida, 
podendo morrer no ínicio da infância ou quando adultos 
jovens. Essas crises podem ser: vasoclusivas, viscerais, 
aplásticas ou hemolíticas: 
(1) Crises Vasoclusivas: são as crises mais frequentes. 
São precipitadas por fatores como a infecção, acidose, 
desidratação e desoxigenação (altitude, cirurgia, parto, 
estase circulatória, exposição ao frio, exercício violento). 
- Infartos dolorosos nos ossos (quadril, ombros e 
vértebras são comumente afetados). 
- Síndrome mão-pé (dactilite doloroda causada por infarto 
dos pequenos ossos): pode ser a primeira apresentação 
da doença e pode causar variação de tamanho dos 
dedos. 
- Pode atingir também pulmões, baço. Porém a crise mais 
fatal é a cerebral (AVC) e de medula espinal. 
(2) Crises de Sequestro Visceral: são causadas por 
deformação falciformes de eritrócitos e retenção de 
sangue em órgãos, quase sempre associado a anemia 
grave exacerbada. 
- Síndrome falcêmica torácica: paciente apresenta-se 
com dispneia, queda de PO2, dor torácica e infiltrado 
pulmonar no RX. Deve ser tratado com analgesia, 
oxigênio, exsanguiotransfusão e suporte ventilatório. 
Quadro bastante grave. 
- Sequestro esplênico: ocorre esplenomegalia, queda da 
hemoglobina e dor abdominal. O tratamento é feito com 
transfusão. Essas crises tendem a ser recidivantes e com 
necessidade de esplenectomia. 
EMANUELA HANNOFF PILON - MEDICINA 202 7 
 
(3) Crises aplásticas: Podem ocorrer devido infecções 
por parvovírus ou por deficiência de folato. É 
caracterizada por queda subida da hemoglobina e em 
geral exige transfusão. 
- Além da queda da Hb, há também queda da contagem 
de reticulócitos. 
(4) Crises Hemolíticas: caracterizadas por aumento do 
ritmo de hemólise com queda na Hb e aumento na 
reticulocitose. Geralmente é acompanhada de crises 
dolorosas. 
- Outros aspectos clínicos: úlceras nas extremidades das 
pernas (causadas por estase vascular e isquemia local), 
baço aumentado em lactentes e no ínicio da infância mas 
depois acaba diminuindo de tamanho por causa de 
infartos, HAS pulmonar, aumento da velocidade de 
regurgitação tricúspide, retinopatia proliferativa, 
priapismo, lesão crônica do fígado, cálculos vesiculares 
de pigmento (bilirrubina) 
DIAGNÓSTICO 
- Hemoglobina baixa (entre 6-9 g/dL). 
- Eritrócitos falciformes e células em alvo no sangue. 
Corpusculos de Howell-Jolly também podem estar 
presentes, mostrando aspecto de atrofia esplênica. 
 - Exames de triagem: deformidade falciforme. 
- Eletroforese de Hb: na Hb SS a Hb A não é detectada. 
 
 
- Ocorre por condição heterozigótica para HbS, sendo 
uma condição benigna, sem anemia e com aspecto 
normal dos eritrócitos nas distensões do sangue. 
- Hematúria é o sintoma mais comum, sendo geralmente 
causado por pequenos infartos de papila renal. 
 
TRATAMENTO 
1. Profilaxia das crises: evitar fatores conhecidos que 
precipitam as crises (desidratação, anoxia, infecções, 
estase de circulação e resfriamento da pele). 
2. Ácido Fólico (5 mg 1x por semana) 
3. Boas condições de nutrição e higiene. 
4. Vacinação contra pneumococo, haemophilus e 
meningococo. Penicilina oral deve ser administrada na 
ocasião do diagnóstico até pelo menos a puberdade. 
Transfusões são eventualmente necessárias. 
5. Nas crises: tratar com repouso, aquecimento, 
hidratação via oral ou intravenosa, antibióticos (se houver 
infecção), analgesia (paracetamol, AINEs e opiáceos), 
transfusão de sangue é feito somente se houver sintomas 
sérios de anemia, exsanguinotransfusão (quando houver 
sequestro visceral e crises dolorosas repetidas- objetivo 
de diminuir a Hb S para 30% ou menos). 
6. Em grávidas, deve-se fazer transfusões de glóbulos 
para diminuir níveis de Hb S durante a gravidez, antes do 
parto e em cirurgias de pequeno porte. 
7. Transfusões: algumas vezes são feitas repetidamente 
como profilaxia em pacientes com crises frequentes ou 
com lesões de órgãos importante (ex: lesão cerebral). 
8. Hidroxicarbamida (não deve ser usado durante a 
gravidez). 
9. Transplante de células tronco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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