Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Jardim Edite reúne habitação social, creche, restaurante-escola e unidade de saúde.em terreno valorizado de São Paulo. Projeto de MMBB e H+F E MAIS Entrevista com Denise Scott Brown Sanaa projeta fábrica para a Vitra, na Alemanha Como especificar fachadas ventiladas u=J 1"-== c:r~="'--- ~ ~ M=====~0-= 2013 ARQUITETURA JARDIM EDITE MMBB e H+F .São Paulo, SP . 2008/2013 BRASIL --HABITAÇAO SOCIAL EM TERRENO VALORIZADO Conjunto projetado pelo MMBB e H+F em área nobre paulistana- e onde por 40 anos existia uma favela - é formado por torres que contrastam com o entorno de espelhados prédios comerciais POR RAFAEl URANO FRAINDLlCH FOTOS LEONARDO FINOTTI Unidades habitacionais, uma creche, uma unidade de saúde e um restaurante-escola. O complexo de edifícios que forma o Jardim Edite foi inaugurado em maio de 2013, e completa mais um capítulo da longa história de transformação de uma favela com mais de 40 anos localizada em meio à cidade formal. Promovido pela Secretaria Munici- pal de Habitação (Sehab), o projeto dos escritórios MMBB e H+F é resultado da proposta da secretaria em um plano de reurbanização de favelas em todo o município. Aliado ao plano, não se pode esquecer da forte pressão política dos mora- dores da antiga favela do Jardim Edite, que conseguiram resistir às desapropriações e despejos e sedi- mentar um conjunto habitacional no mesmo terreno que Jáocupavam. A área da favela foi frequente alvo de disputas entre o poder público e o privado por sua posição estratégi- ca, ao lado da ponte estalada. em plena região de crescimento eco- nômico, e de edifícios comerciais 26 aU JUNHO 2013 BRASIL com suas fachadas de vidro. Mesmo urbanizando o terreno, o conjunto sozinho não deu conta das aproximadamente 500 famílias que viviam ali; uma parte foi para outros programas de locação social, outras famílias voltaram para sua cidade natal e 240 vão de fato residir no novo conjunto. Os escritórios MMBB e H+F são formados por arquitetos de forte lastro acadêmico (os sócios dos dois escritórios são ou foram pro- fessores universitários) e um grande acervo de contratos públicos. Os desafios começaram logo na elabo- ração do programa. Uma série de equipamentos públicos estava em situações precárias no bairro, e uma articulação da Sehab com outras se- cretarias fez com que uma unidade básica de saúde, uma creche e um restaurante-escola viessem a fazer parte do conjunto. O coeficiente de aproveitamento para zonas de in- teresse social chega a quatro vezes a área do terreno, o que permite a máxima inserção de unidades, mas, I I I, ,,',[l! .~; 1 1·ln-~1 ~~_-J 2. ~. -~ 27 1 torre 1 2 torre Z 3 lâmina 1 4 restaurante-escola 5 unidade básica de saúde 6 torre 3 7 lâmina Z 8 creche QUADRA 1 QUADRA 2 áreas de uso condominal _ áreas de uso dos equipamentos ~ hi5Tlr-rr:---m 1iC5TTliTTT"""ilhi5Tlr-rr:---m ' EIrrill hriijjbTTTij hriijjbTTTij EIT5I! ", "II'! "I ". !'II" .,1 I,. EEiE:iIJ i I I ! I ,tíjtTíj FfJ7Tlf !" I! i CORTE LONGITUDINAL 28 aU JUNHO 2013 BRASIL A SOLUÇÃO PARA REUNIR AS UNIDADES HABITACIONAIS E OS PROGRAMAS PEDIDOS PELA PREFEITURA FOI ARTICULAR TRÊS TORRES E DOIS EDIFíCIOS LINEARES - ESTES ÚLTIMOS CHEGAM RíGIDOS AO CHÃO, EM UM TÉRREO QUE RESOLVE OS PROGRAMAS PÚBLICOS: CRECHE, RESTAURANTE- ESCOLA E UNIDADE DE SAÚDE 1 restaurante-escola 2 unidade básica de saúde 3 creche ------'qssr-91-"·:i::tP~~:~,í:c9::Ll_ O 10----- _____1______ __1., "·'1 O O O O O O D O D D []h O O O O O O O O n rlh O O O O O O O O O O [l~1O O O O O O O O O C] O O O O O O O O O O Dfl O O O O O O O O O CJh O O O O O O O O O O [lj DDonDnD'D~[i]u U L1_ l u l ~ ~..".... O O O O O O DJ O 0.00drf1 O O O O O O uno r;lh riUloOODOr n []~r:-nw n n 0--- 'o i !""'--Xyp [J lJ IJ • I Illr G[T] O O O O O [íln r1JDDOOO c-lh [J O O O O O I [li;._. , , :-lr igualmente, exige sofisticação de projeto para o forte adensamento. A solução foi articular três torres, que se erguem na paisagem, e dois grandes edifícios lineares. Estes últimos chegam rígidos no chão e resolvem os programas públicos e o acesso aos blocos. O térreo público tem usos distin- tos, o que exigiu projeto especial para cada uso. A creche foi fechada ao exterior, mas dentro proporciona uma amplitude para as crianças, com um grande jardim interno, para o qual todas as salas de aula e pátio se abrem, garantindo a entrada de luz natural ao mesmo tempo em que protege as crianças do barulho intenso das avenidas vizinhas. A unidade básica de saúde é ainda mais fechada, por exigências de legis- lação e por seu uso como micro-hos- pital. Uma laje cobre toda a extensão da unidade, recebendo luz natural somente pelos grandes tanques de iluminação feitos de concreto arma- do, que iluminam o saguão central das alas de espera para tratamentos. O restaurante-escola está quase na esquina, sendo o programa mais aberto à cidade pela sua pretensão de servir refeições aos trabalhadores e executivos que trabalham no bairro. São três programas que exigem certo resguardo e que, no dia a dia, interagem pouco entre si. Por isso, o efeito no térreo não é o de uma ampla galeria livre de circulação, mas o de uma série de edifícios sob a mesma cobertura. Entende- -se melhor esta decisão de projeto primeiro pela estratégia de não ter muros no conjunto: não há grades no perímetro, que se fecha apenas com as paredes, mesclando-se no tecido da cidade e deixando os recuos como áreas públicas, praças abertas para as pessoas que virão à gleba usar os equipamentos da prefeitura. Ao mesmo tempo, a cobertura desses prédios são áreas comuns dos moradores - terraços que se abrem para a ponte estalada e para a praça linear criada pelos arquitetos. Ali, os tanques de iluminação da unidade de saúde se tornam grandes volumes escul- tóricos em meio ao pátio seco. À complexa organização do térreo tem-se uma igualmente elaborada organização das unidades. Duas lâminas baixas de quatro andares contêm unidades em um jogo complexo de plantas distintas, dependendo do pavimento. As três torres, por sua vez, têm uma CORTE TRANSVERSAL O 5-...-....- 29 ~~-~ ~'~~ I _~_. I-- I -6- j- J~ I ~ dl' TÉRREO 30 aU JUNHO 2013 BRASIL ,,, -' . , : :=11 : '~' PAVIMENTO-TIPO (LÂMINA) ~ L]1 ---~ -~, ,· ,, , t:m o!~-, · ic:a :~W -',,· ,,:~ II "-, I O O O O , ,, , ... - -~ PAVIMENTO CONDOMINIAL PAVIMENTO-TIPO PAVIMENTO-TIPO (TORRE) IMPLANTAÇÃO oTIPO 1 - 47,9 M' DTIPO 2 - 50,1 M' PLANTAS - UNIDADES ---- As UNIDADES DAS TORRES ESTÃO DISPOSTAS PARA QUE SE ABRAM A UM CORREDOR COMUM, ILUMINADO PELA LUZ QUE ENTRA PELOS CAIXILHOS PISO- TETO. DE ACORDO COM OS ARQUITETOS, ESSES CORREDORES PODEM SERVIR COMO UMA ÁREA COLETIVA ENTRE OS VIZINHOS - NO SORTEIO DAS UNIDADES, TENTOU-SE REUNIR MORADORES QUE JÁ ERAM VIZI N HOS NA ÉPOCA DA FAVELA 31 COM PROGRAMAS DE USO DISTINTOS, O TÉRREO TEM DIFERENTES TRATAMENTOS: A CRECHE FOI FECHADA AO EXTERIOR, POR EXEMPLO, AINDA QUE NO CENTRO TENHA GRANDE AMPLITUDE PARA AS CRIANÇAS. A UNIDADE DE SAÚDE É A MAIS FECHADA, POR EXIGÊNCIAS DA LEGISLAÇÃO, ENQUANTO O RESTAURANTE-ESCOLA É O MAIS ABERTO À CIDADE, PELA POSSIBILIDADE DE OFERECER REFEiÇÕES AOS MORADORES E TRABALHADORES DA REGIÃO 32 aU JUNHO 2013 BRASIL janelas alongadas que enquadram a vista do bairro de alto padrão, somam-se as unidades e suas plantas retilíneas, as fachadas de métrica rigorosa. Não se tratou somente de dar um teto aos habi- tantes, mas também incluir uma qualidade estética incomumem todos os ramos de construção da cidade, sejam públicos ou privados. O conjunto habitacional do Jardim Edite é parte de uma investida do po- der público na busca de novas tipolo- gias para a habitação econômica na cidade. Iniciativa que ainda é exceção e não regra nas políticas urbanas do centro expandido: não à toa, repousa ainda como um corpo estranho no bairro de classe média alta. proporção laminar, contendo quatro apartamentos em proporção retan- gular se abrindo para um corredor comum, com aberturas de piso ao teto para o exterior. O sorteio dos apartamentos foi feito de modo a agregar moradores que já eram vizinhos na época da favela. "Esses corredores podem servir de lugar de encontro os moradores podem abrir as portas e usar uma área coletiva", diz Marta Moreira, sócia do MMBB. A torre foi o ponto diferencial da intervenção. Trata-se do primeiro conjunto habitacional com eleva- dores desde 2001, e o único que atende a 15 andares na história da habitação social em São Paulo. Essa solução deveu-se primordialmente à necessidade de adensar o conjunto, e trouxe desdobramentos arquitetôni- cos ímpares, como o contraste entre os panos de alvenaria do conjunto e os vidros espelhados dos prédios de escritório ao lado, marcando a chegada da ponte estaiada. "Do alto, você pode ver o Real Parque (AU 228), do outro lado do rio Pinheiros, a ponte estaiada, os prédios da Berrini, a várzea do rio ... é bonita essa soma de situações", divaga Marta sobre a vista do último andar da torre. Tal ponderação revela a sensibilidade da interven- ção: os barracos e a precariedade em que viviam os moradores são substituídos por uma construção durável e com apuro. Além das SOCIAL HOUSING IN HIGHLY VALUED LOT Housing units, a nursery, a health service and a schoolrestaurant. The building com- plex forming the Jardim Edite was inaugu- rated in May of 2013 and compieted one more chapter ofthe long history oftrans- formation of a so-vear old slum located in the center ofthe formal city. Promoted by the São Paulo Secretariat for Housing (Sehab), the MMBB and H+F studios is the result ofthe Secretoriat's proposal to urbanize slums in the entire city. Allied to the plan there was strong political pressure from the residents ofthe oldJardim Edite slum, who resisted the expropriations and evictions and established a housing complex in the same lot they were already occupying. The challenges began rightfrom the start of the programo A series of public equipment was stored in the district in precarious conditions and a combination ofSehab with othersecretariats made it possible to establish a Basic Health Unit, a nursery and a school-restaurant in the complex. The social interest zones usage coefficient isfour times the lol's area which allows the maximum insertion of units, but also requires a sophisticated project for the higher density. The solution was to combine three blade-shaped towers and two large linear buildings. The latter are rigid at the ground levei and solve the public programs and access to the blocks. DADOS DA OBRA ÁREA CONSTRUIDA 25.714 m' CLIENTE Prefeitura Municipal de São Paulo - Secretaria Municipal da Habitação (Sehab/Habi) e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) CUSTO TOTAL DA OBRA 55.296.763,53 reais FICHA T~CNICA COORDENADOR DE PROJETOS (SEHAB) Luiz Fernando Fachini ARQUITETURA MMBB e H+F EQUIPE MMBB Marta Moreira, Milton Braga. Fernando de Mello Franco COLABORADORES MMBB Eduardo MartinL Marina Sabino, Giovanni Meirelles, Cecilia Góes, Gleuson Pinheiro Silva, Adriano Bergemann, André Rodrigues Costa, Maria João Figueiredo, Martin Benavidez, Naná Rocha, Tiago Girao, Guilherme Pianca, Gisele Mendonça, Eduardo Pompeu, Rafael Monteiro, Lucas Vieira EQUIPE H+F ARQUITETOS Eduardo Ferroni. Pablo Herefiú COLABORADORES H+F Tammy Almeida, joel Bages, Natália Tanaka, Diogo Pereira, Gabriel Rocchetti, Danilo HidekL Thiago BenuccL Mariana Puglisi, Luca Mirandola, Thiago Moretti, Luisa Fecchio, Bruno Nicoliello, Renan Kadomoto, Carolina Domshcke ESTRUTURA Kurkdjian e Fruchtengarten Engenheiros Associados (projeto de 2008), Projetal Projeto Estrutural e Consultoria (projeto de 2010) FUNDAÇÕES MAG Projesolos Engenheiros Associados (projeto de 2008) e Portella Alarcon Engenheiros Associados (projeto de 2010) SONDAGEM Geosolo Geotecnia e Engenharia de Solos INSTALAÇÕES PHE Projetos Hidráulicos e Elétricos PAISAGISMO Suzel Márcia Maciel (projeto de 2008), Bonsai Paisagismo - Ricardo Vianna (projeto de 2010) ORÇAMENTO Nova Engenharia (projeto de 2008) CONSTRUTORA Kallas Engenharia GERENCIADORA Consórcio Bureau Sistema PRI PROJETO GEOMÉTRICO System Engenharia IMPERMEABILlZAÇAO Proiso Projetos e Consultoria de Impermeabilização ESTRUTURA METÁLICA Cia de Projetos FORNECEDORES ESQUADRIAS DE ALUMINIO Trialux Esquadrias Metálicas ESQUADRIAS DE AÇO Serralheria Arcobox ESQUADRIAS DE MADEIRA Eucatex ELEVADORES Otis TUBULAÇÕES Tigre, Amanco •.:: endereços no final da revista www.revistaau.com.br Comente este projeto 33
Compartilhar