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BARBARA MORAES FERREIRA
Cidades Inventadas
“Salvador, Recife e Brasília: Três cidades brasileiras criadas como capitais para fins geopolíticos de ocupação do território. Salvador como capital do Brasil português, Recife como capital do Brasil holandês e Brasília como capital do Brasil independente. Cidades Inventadas é um documentário que desvenda essa longa tradição brasileira que remonta ao período colonial e vai até o século XX, com a criação de Brasília, a cidade modernista. Com o auxilio de historiadores, arquitetos e personalidades como Nelson Piquet, Mário Cravo Neto e Oscar Niemeyer, este documentário investiga a criação dessas cidades e enfatiza a problemática do vertiginoso processo de urbanização do Brasil a partir de meados do século 20, tendo como graves efeitos os problemas sociais ligados à exclusão e à violência”
The History Channel 
http://br.online.seuhistory.com/programas/cidades-inventadas.html
___...___
Nas colonizações das regiões Do México e do Peru, as sociedades eram organizadas de maneira bastante centralizadas, diferentemente da que houve aqui no Brasil, na qual não havia cidades formadas quando os portugueses chegaram. Os portugueses impuseram o fato novo no Brasil de construção de cidades que gerou uma tradição urbana que foi mantida ao longo dos séculos com fins geopolíticos de ocupação de território.
Uma das formas de disputa de ocupação dos territórios da América foi o Tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha que estabelece a divisão territorial. Poucas das terras pertencentes às Capitanias Hereditárias funcionaram e o governo de Portugal resolveu criar uma capital que pudesse administrar essa colônia na América do Sul: O Brasil. Mas para controlar esse imenso território foi necessário criar uma capital que inicialmente foi Salvador: uma cidade planejada já naquela época com certos critérios urbanísticos. 
Tomé de Souza, primeiro governador geral, chegou à Baía de Todos os Santos com seus mil homens que viriam com suas ferramentas e materiais de construções a criar a cidade de forma estratégica do ponto de vista de artilharia; além da relação estratégica com a costa do Brasil que permitia a facilidade de navegação.
A mão-de-obra escrava contribuiu com a construção de Salvador, que gerou características de arquitetura barroca, fruto da convivência da cultura africana com o barroco colonial trazido pelos portugueses.
Já na ocupação holandesa que dura cerca de vinte e cinco anos, abrange a área do atual estado de Alagoas e Maranhão, tendo como capital a cidade de Recife. Para administrar este vasto território, a Companhia das Índias Ocidentais envia para Pernambuco um príncipe de alto nível alemão que realiza um projeto de renovação urbana. Um projeto que prevê o desenvolvimento da cidade 400 anos depois com o comércio se desenvolvendo e é pensado de maneira bastante inteligente com um primeiro traçado já regular cujo comércio se realizava em embarcações pequenas por dentro dos canais. Porém a Companhia da Índias Ocidentais chamou o príncipe de volta à Europa por razões da companhia europeia.
Recife também possui a característica de se formar ao lado da água que provoca a sensação de liberdade e bela vista para os imigrantes portugueses, holandeses, judaicos e diferentes nações africanas; mistura que gerou uma cultura extremamente rica para o Recifee. Da mesma forma que em Salvador, a cultura da presença africana em Recife é bastante notável.
Apesar das grandes riquezas culturais nas cidades de Salvador e Recife, ambas ainda mantêm as desigualdades sociais que persistem desde os tempos do Brasil-colônia. No caso de Recife, a maioria da massa de excluídos é formada por afrodescendentes que correspondem a mais de 50% da população; esse indicador é expresso não só na desigualdade social, mas principalmente na violência urbana, que no caso de Recife corresponde ao maior percentual do Brasil.
Estes problemas de Recife também se encontram presentes em outras cidades brasileiras, incluindo a cidade planejada de Brasília que espelha o forte contraste da realidade social do país.
Brasília tinha por objetivo promover a integração de diversas regiões e incentivar a ocupação de imensos espaços vazios no interior do Brasil. Esta cidade modernista inventada do zero no cerrado foi uma decisão de cunho político. 
O desenho de Brasília foi criado pelo urbanista do séc. XX, Lúcio Costa, que visava conciliar a parte político-social do país com a parte residencial da cidade. A cidade é composta por dois eixos: o eixo do poder e o eixo residencial. 
A construção de Brasília liderada pelo presidente Juscelino Kubitschek reuniu cerca de cem mil trabalhados vindos de diversos cantos do Brasil para ajudar na construção da cidade realizada no período de apenas pouco menos de quatro anos. E após 50 anos da cidade modernista Brasília, pode-se afirmar que estão realizados os objetivos estratégicos e geopolíticos de sua criação.
Foram construídas cidades em todo o Brasil que, sob o ponto de vista político, visavam mostrar um alto nível de planejamento urbano e que mostravam dominação de um determinado território. Minas Gerais, Piauí, Goiás e Tocantins foram planejadas para serem capitais-estado; após a decadência do ouro em Minas Gerais, a capital foi transferida de Ouro Preto para Belo Horizonte, cidade construída em 1896. Essa e outras cidades foram influenciadas pelo pensamento moderno influenciado por Brasília e após passar pelo Rio de Janeiro, São Paulo passa a ser a capital do Brasil com a maior concentração urbana no Brasil em meados do séc. XX. 
As cidades brasileiras continuam crescendo desordenadamente e sem planos de maneira muito rápida comparada a outras cidades do mundo. Dados de violência mostram que é preciso repensar a maneira em que nossas cidades crescem, pois cidades grandes exigem planejamentos muito complexos com a participação de profissionais para ajudar a resolver o problema. A segregação nas cidades brasileiras é feita por motivos de renda e étnicos que refletem na desilusão e falta de esperança dessa população que tenta mostrar sua insatisfação em algumas manifestações culturais como músicas, protestos, etc. e que por se sentirem tão excluídas e desrespeitadas, acabam optando pelo crime como alternativa de vida.
O processo de urbanização das cidades não previu a situação dramática de violência urbana que o Brasil alcançou, e montra a importância do processo constante de revisão do planejamento urbano das cidades.
O que as três cidades têm em comum?
As cidades brasileiras Salvador, Recife e Brasília tem em comum o fato de terem sido planejadas e construídas com o intuito de se tornarem cidades capitais. Todas receberam diferentes culturas que colonizaram e migraram para o Brasil e influenciaram fortemente na formação das nossas cidades. 
Com o crescimento desordenado e sem previsão de um grande aumento populacional, as três cidades a princípio planejadas, acabaram por sofrer com a segregação social que exclui injustamente os mesmos que antes ajudaram na construção das cidades; e gera uma desigualdade por motivos social, rentáveis e étnicos que influenciam na violência urbana. Fator hoje que é um dos maiores problemas notáveis do Brasil.

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