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Arquitetura no Brasil - Sistemas Construtivos - 4 Forros

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CAP I TU LO 4 
F O R RO S 
Assim como os pisos, também os forros apresentam inúmeras variedades 
não só quanto à forma mas também quanto aos acabamentos e materiais usados. 
Os forros mais simples são de esteira de forma horizontal ou inclinada, 
tornando-se mais apurados quando são arqueados ou se organizam em painéis 
alteados, conhecidos como de gamela ou masseira. 
No caso do uso de esteiras são lisos e planos, sejam de nível ou inclinados, 
quando seguem a declividade dos telhados em cómodos de pé direito variável. Podem 
ser também arqueados, formando abóbadas ou cúpulas, seguindo as formas usuais 
destas soluções. 
Os forros de gameia compõem-se de 5 painéis, dos quais 4 são inclinados, tra-
pezoidais e que correspondem a cada um dos lados do cómodo, sendo fechados, pelo 
alto, com o quinto painel que é retangular e de nível. (fig. 46) (fotos 15 e 16) 
Considerando-se os acabamentos e os materiais, também podem ser notadas 
soluções mais simples e mais eruditas, cujos tipos principais são: 
Taquara - As esteiras de taquara, trançadas em verdadeira tessitura, caracteri-
zam os tipos geralmente chamados de forros de taquara que, igualmente, apresentam 
variações na sua trama. 
O trançado pode ser simples, seguido, ou formar desenhos geométricos òom 
a própria trama. Estes são realçados pelo aproveitamento da face externa brilhante da 
taquara em combinação com sua face fosca interna ou pela pintura em duas ou mais 
cores, feita à priori, nas varas a serem trançadas. Os desenhos compõem-se em geral 
de figuras geométricas - quadrados, retânguios e losangos - em linha quadrada natu-
ralmente, sendo sempre concêntricos, sejam de forma a incluir todo o pano ou em sub-
divisões deste. 
85 
F I G . 4 6 F o r r o e m g a m e l a 
FOTOS 15 a 15 
Forro em gamela. Casa Azuí, Sabarà/MG. 
A técnica consiste em, partidas em duas as taquaras segundo o seu eixo lon-
gitudinal, bater-se os meios cilíndricos assim obtidos de modo a torná-los planos. São 
estas meias taquaras planas, constituindo por assim dizer faixas fendilhadas, que se 
trançam umas com as outras, dando como resultado uma tessitura grossa. As mais 
delicadas, ooráni, compõem-se de fasquias sem fendilhamento, com largura de 0,005 a 
0,10m. c tessitura mais fina. „,,>.-,...^...: 
Tabuado - O tipo de forro mais comum, principalmente nas construções mais 
antigas, é o tabuado liso, isto é, de tábuas colocadas no mesmo plano, topo a topo. Na 
junção das tábuas são usados os mesmos agenciamentos dos soalhos, podendo as tá-
buas ser apenas justapostas em junta seca ou em corte diagonal, (fig. 47) Neste caso, a 
largura das tábuas pode não ser uniforme, já que o painel f inal, em plano, será tratado-
por inteiro. Em outros casos, as juntas podem ser feitas em macho e fêmea ou em meio 
f io, sendo porém raros estes recursos, (fig. 48) Ocorrem exemplos em que os forros 
levam, também, mata-juntas nos encontros, pelo lado de cima. Comumente, evitando 
as fendas, as juntas são fechadas por papel, pano ou cordão, antes da sua pintura, (fig. 
49) 
Há, também, o tabuado com encaixe nos barrotes, (fig. 48-A) como o que se 
encontra no Convento Santa Tereza em Salvador. 
Saia e Camisa — Como processo mais novo de feitura de forros há o de tábuas 
sobrepostas, conhecido como de saia s camisa. 
As tábuas em ressalto — as saias — levam-moldura simples, em meia cana, nos 
seus contornos. Já aqui as tábuas são de largura uniforme. São sempre entabeirados, as 
tabeiras^' ressaltadas no plano das saias, ficando" as camisas rebaixadas ou vice-versa. 
Conforme o tipo adotado, o forro fica com almofadas rebaixadas ou salientes, de acor-
do com as modalidades indicadas. Este tipo de forro leva sempre aba e cimalha, ainda 
que esta se reduza a um simples cordão, (fig. 50) (foto 17) 
Painéis iVioldurados — Podem ocorrer tanto nos forros de nível como nos 
alteados de gamela, onde são mais freqijentes. 
Consiste este sistema na divisão do tabuado em painéis de formas geométricas, 
com molduras salientes, à feição de vigas aparentes. São estes forros conhecidos tam-
bém como de caixotões ou artesoados, em virtude do aspecto e do trabalho que exi-
gem em sua confecção. Os painéis podem ser entabelados, isto é, com cordão inscrito 
no plano emoldurado. As molduras são altas, com cerca de 0,15m. e formam, também, 
tabelas na sua face saliente, (fig. 51) (fotos 19 e 20) 
Estes forros podem ser alteados, formando gamela ou masseira, como já fo i 
dito. Neste caso, os painéis são divididos por molduras, nos cantos, ou por subdivisões 
dos próximos painéis. 
88 / ' 
E s q u a d r i n h a d o D i a g o n a 
F I G . 4 7 
M a c h o e f ê m e a ' M e i o f j o 
F 1 G . 4 8 
V//////////////////////////y^///. 
F I G . 4 8 A 
_ cord5o(mata-iunta) 
= = — = 1 
F I G . 4 9 
1 
89 
i 
92 
Estuque — Encontram-se também forros de estuque, sejam com armação gros-
sa e fasquias sobrepostas de taquara, barreados, ou ripamento cruzado de varas ou 
fibras. Estes forros estucados podem ser planos, alteados em gamela ou divididos em 
painéis com molduras de madeira, porém mais delgados e simples. 
Forros Maciços - Merecem ainda referência as abóbadas de alvenaria que vez 
por outra ocorrem em nossa arquitetura, principalmente na de caráter monumental. 
Forros de Tijolos — Excepcionalmente ocorrem forros de tijolos encaixados 
nos-barrotes, como os que são encontrados no Convento Santa fereza de Salvador. 
A pintura dos forros é também variada, não apenas quanto ao uso das cores 
quanto às variações dos motivos. Todos os forros levam pintura, seja lisa de uma só 
cor, decorativa ou representativa. Pode ser a simples caiação, mais comum no estuque; 
a cola nos lisos ou decorativos e a têmpera e óleo nos mais ricos. Os cordões comu-
mente são dourados ou amarelos à imitação de ouro ou ainda vermelhos para uma 
boa marcação. As molduras são faiscarias''* em fingimento de madeira ou pedra e as 
tabelas recebem pintura decorativa, seja de caráter oriental ou mourisco, policrômicas 
ou não, aparecendo também as aguadas de fundo neutro. As cores são de preferência 
as primitivas puras (vermelho, amarelo e azul). Quando monocromáticas servem-se da 
escala de tons e são mais desenhos que propriamente pinturas. Ocorrem a princípio 
pinturas de caráter mais renascentista, principalmente com folhas de acanto, em grande 
desenvolvimento e que podem também encher os painéis. Aparecem, posteriormente, 
as estilizações de conchóides, com o predomínio do vermelho e as composições florais 
menos estilizadas, formando guirlandas ou pendentes. Nos vãos lisos de tabuado ado-
tam-se as pinturas ditas arquitetônicas em perspectiva, com ou sem painel central figu-
rativo. Já os painéis recebem pintura mais cuidada, sejam as composições florais com o 
acanto ainda em predomínio, sejam as pinturas representativas propriamente ditas, 
com cenas pagãs ou religiosas ou, ainda, símbolos, como por exemplo os usados nas 
ladainhas (Escada de Jacó,Torre de David, Arca da Aliança, etc.)^^ 
Os painéis recebem, em exemplos mais singelos, pinturas simplificadas, dispos-
tas apenas nos cantos, em conchóides ou flores, deixando o campo geral liso. Todavia, 
são quase sempre estes forros de várias cores, que variam nos cordões, tabelas e painéis. 
São usados de preferência o azul, o vermelho e o amarelo (este últ imo em tinta ou 
ouro), sendo que o verde só aparece mais intensamente no século X IX . 
Além das pinturas,o cuidado com certos detalhes deve ser mencionado na 
solução dos forros. Os forros de tabuado e os emoldurados recebem aba e cimalha 
em toda a volta, pregadas sobre a parede. A aba pode ser constituída'*' de uma sim-
ples tábua ou levar cordões, tanto na sua extremidade inferior como no terço superior, 
antes do nascimento da cimalha ou da sanca que dela nasce.93 
As cimalhas são sempre perfiladas, desde a simples meia cana, até as de peito 
de pomba, o quarto redondo, gola, e outras, na mesma feição das externas, todas elas 
inspiradas nas arquitraves ou cornijas clássicas. O lacrimal não é usado ou então é re-
duzido a proporções diminutas. As cimalhas internas têm também balanço menor e 
podem receber, diretamente, o forro ou ainda deixar um pequeno espaço até ele. 
(figs. 52-a; 52-b) 
Nos forros alteados, sejam abobadados em cúpula ou de gamela, o espaçamen-
to sempre existe. Nas construções do f im do século X IX o espaço entre a cimalha e o 
forro é preenchido por um friso de tábua recortada em vasados, de modo a permitir 
ventilação, (fig. 52-c) •. i^^^^^.-, 
Aparecem, também, nos forros mais ricos obras de talha, estuque em gesso ou 
massa, compondo os florões, nascedouro dos lustres ou relevos decorativos com can-
tos em forma de volutas, pinhas ou simples almofadas salientes, terminadas em ponta 
de diamante. Estas talhas aparecem com mais intensidade no século X IX , assim como o 
estuque em gesso ou massa. í j , i ; . t . v . M :» , 
Ocorrem, ainda, obras de escultura em madeira decorando forros, como no 
caso da Capela Mór de São Francisco de Assis, de Ouro Preto, ' foto 18) 
As tábuas de forro distinguem-se das de piso pela qualidade, sendo de madeira 
menos rígida, mais macia ao trabalho, como o cedro, o vinhatico 8 outras por serem 
de menor largura, variando em torno de 0,30m. e de menor espessura. (0,015 e 0,02m.) 
No caso de pavimentos elevados são os forros pregados sob o próprio barrotea-
mento do piso superior, sendo que no caso do últ imo forro é exigido o barroíeamento 
próprio. Nos forros alteados, em seção trapezoidal, podem ser aproveitados os caibros 
da cobertura, porém, comumente, levam armação própria com caibros armados como 
tesoura de linha alta. ' 
Nos forros mais toscos, mormente nos de esteira de taquara, os barrotes 
podem ser de madeira " in natura", constituídos por paus roliços; nos restantes, porém, 
são sempre de madeira esquadriada, muitas vezes obras toscamente acabadas a enxó. 
Os forros podem ser de tábuas trespassadas, isto á, com emendas, ou obra de 
inteiro, com uma só tábua em toda a extensão do cómodo. 
Merecem ainda referência os forros de cartão prensado muito em moda por 
volta de 1900, de que são exemplos os existentes no Palácio do Governo de Minas 
Gerais.'*' 
95 
NOTAS AO CAP I TULO 4 
37 -
38 -
T A B E I R A — "Série de tábuas que contornam as paredes, formando moldura que guarnece 
as dos soalhos ou dos forros cabeira." 
C ABE I R A -- "Moldura de arremate nos soalhos ou nos forros de madeira. Nos soalhos, 
incorpora-se aos rodapés". 
Apud CORONA e LEMOS — "Dicionário de Arquitetura Brasileira" — Edart — Seio Pau-
lo Livraria Editora Ltda. - ^? edição - Sa~o Paulo, 1 972, pgs. 435 e 91 . 
FA ISCADO — "Nome que em IVlinas davam ao género de pintura que procurava fingir ou 
imitar pedra. Foram muito comuns portais e batentes de madeira, pintados a óleo ou têm-
pera, decorados com "tiagimentos de pedra". 
Apud CORONA e LEMOS - ob. cit., pg. 21 5. 
39 _ Os símbolos religiosos ocorrem, naturalmente, nas igrejas e capelas sendo exemplos notá-
veis os da Capela de Nossa Senhora do Ó, em Sabará (MG), com os motivos da ladainha de 
' Nossa Senhora. 
40 _ A B A — "Extremidade ou parte saliente em obras de carpintaria, alvenaria, serralharia, 
etc. . . Nome dado, ainda, à tábua, mais ou menos estreita que, presa à parede, arremata ' 
os forros de madeira, acompanhada ou não de molduras, guarnições ou cimalhas decorati-
vas". 
Apud CORONA e LEMOS , ob. cit., pg. 11. 
' • C I M A L H A — "Moldura usada para Concordar o plano dos tetos com as paredes internas" 
- A p u d CORONA e LEMOS , ob. cit., pg. 129. 
,(•.•, 
41 - O Palácio da Liberdade foi decorado por Frederico Antonio Steckel, pintor do Rio, que 
usou papier-maché (cartão prensado em relevo), inclusive nos tetos. 
96 
• 
CAPÍTULO 5 
VÃOS 
Dividem-se os vãos em portas, janelas, óculos e seteiras e podem ser classifi-
cados segundo sua categoria, sua forma, o material de que são feitos e o seu acabamen-
to. Podem ser considerados os seguintes t ipos: 
•• Janelas de Peitoris — São as mais comuns, nas quais o vão aberto no pano da 
parede leva peitoril cheio. Aparecemnas paredes de pau-a-pique, adôbos ou tijolos e, 
mais raramente, nas de pedra e de taipa. (fig. 53-1) 
Janelas Rasgadas — São as janelas abertas em paredes maciças de grande 
espessura de modo que as esquadrias ficam colocadas na face externa das paredes, 
com seus quadros de menor espessura que estas. 
Podem ter, neste caso, várias modalidades: a primeira quando o vão é rasgado 
por inteiro, isto é, a parede se abre desde a verga ate o piso e o parapeito da janela, 
sempre vasado, pode ser colocado entre as ombreiras, ficando entalado nelas, (fig. 
53-11) ou sacado para fora. (fig. 53-111) A janela, pelo menos quanto às folhas, é como 
uma porta, pois o peitoril desce e se confunde com a soleira. Pode também a parede 
ser rasgada apenas por dentro, mantendo-se cheia por baixo do peitori l , caso em que as 
folhas não alcançam d piso. - • 
O rasgo é quase sempre de chanfro ou ensuíado,''^ isto é, não se faz normal 
ao alinhamento das paredes e sim em diagonal, aumentando a luz pelo lado de dentro. 
As janelas rasgadas internamente podem levar ao longo do vão, em balanço de suas 
ilhargas ou apoiados no piso, bancos de um lado e outro, revestidos de cantaria, lajes 
ou tábuas, conhecidos como conversadeiras, nas chamadas janelas de assento, (foto 21) 
Janelas de Canto — Destinam-se à vigia, sendo que por necessidade de planta, 
podem ocorrer janelas de canto em ângulo. 
Portas — Assemelham-se às janelas em seus detalhes, não tendo nem peitoril 
nem assentos. Podem, entretanto, quando muito altas, já no século X IX , levar bandei-
ras na parte de cima, fixas ou móveis, que aparecem também nas janelas, (foto 22) 
97

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