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Arquitetura no Brasil - Sistemas Construtivos - 5 Vãos

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NOTAS AO CAP I TULO 4 
37 - T A BE I R A - "Série de tábuas que contornam as paredes, formando moldura que guarnece 
as dos soalhos ou dos forros cabeira." 
C ABE I R A — "Moldura de arremate nos soalhos ou nos forros de madeira. Nos soalhos, 
incorpora-se aos rodapés". 
Apud CORONA e LEMOS — "Dicionário de Arquitetura Brasileira" - Edart - Sâio Pau-
lo Livraria Editora Ltda, - 1? edição - Sa-o Paulo, 1 972, pgs. 435 e 91 . 
38 - FA ISCADO - "Nome que em Minas davam ao género de pintura que procurava fingir ou 
imitar pedra. Foram muito comuns portais e batentes de madeira, pintados a óleo ou têm-
pera, decorados com "tiagimentos de pedra", 
Apud CORONA e LEMOS - ob. cit., pg. 21 5. 
39 _ Os símbolos religiosos ocorrem, naturalmente, nas igrejas e capeias sendo exemplos notá-
veis os da Capela de Nossa Senhora do Ó, em Sabará (MG), com os motivos da ladainha de 
> !t; • Nossa Senhora, 
40 A B A — "Extremidade ou parte saliente em obras de carpintaria, alvenaria, serralheria, 
etc. , , Nome dado, ainda, à tábua, mais ou menos estreita que, presa á parede, arremata • 
os forros de madeira, acompanhada ou não de molduras, guarnições ou cimalhas decorati-
vas". 
Apud CORONA e LEMOS , ob. cit,, pg, 11, 
C I M A L H A — "Moldura usada para concordar o plano dos tetos com as paredes internas" 
- Apúd CORONA e LEMOS , ob. cit., pg, 129. 
4 1 - 0 Palácio da Liberdade foi decorado por Frederico Antonio Steckel, pintor do Rio, que 
tisou papier-maché (cartão prensado em. relevo), inclusive nos tetos. 
96 
CAPÍTULO 5 
VÃOS 
Div idem-se os vãos em por tas , janelas, ócu los e seteiras e poderri ser c lass i f i -
cados segundo sua categor ia , sua f o rma , o mater ia l de que são fe i t os e o seu acabamen-
t o . Podem ser cons ide rados os seguintes t i p o s ; 
Janelas de Peitoris — São as mais c omuns , nas quais o vão aber to no pano da 
parede leva pe i to r i l che io . A p a r e c em n a s paredes de pau-a-p ique, adôbos ou t i j o los e, 
mais ra ramen te , nas de pedra e de ta ipa . ( f ig. 53-1) 
. Janelas Rasgadas — São as janelas abertas em paredes maciças de grande 
espessura de m o d o que as esquadr ias f i c am co locadas na face ex te rna das paredes, 
c om seus quad r o s de meno r espessura que estas. 
P o d em ter, neste caso, várias moda l i dades : a p r ime i ra q u a n d o o vão é rasgado 
por in te i ro , isto é, a parede se abre desde a verga ate o piso e o parape i to da janela, 
sempre vasado , pode ser co l ocado entre as ombre i r as , f i cando en ta lado nelas, (fig. 
53-11) o u sacado para f o ra . (f ig. 53-111) A jane la , pe lo menos quan to às fo lhas, é c omo 
uma po r t a , po i s o pe i to r i l desce e se c on f unde c om a sole i ra. Pode t ambém a parede 
ser rasgada apenas po r den t ro , mantendo-se che ia por ba ixo do pe i t o r i l , caso em que as 
fo lhas não a lcançam o p iso. 
O rasgo é quase sempre de chan f r o ou ensutado,''^ isto é, não se faz no rma l 
ao a l i nhamen to das paredes e sim em d i agona l , aumen tando a luz pe lo lado de den t ro . 
A s janelas rasgadas in te rnamente p odem levar ao longo do vão, em balanço de suas 
i lhargas ou apo iados no p iso , bancos de um lado e ou t r o , revest idos de can tar ia , lajes 
ou tábuas, conhec i dos c omo conversadeiras, nas chamadas janelas de assento, ( foto 21) 
Janelas de Canto — Dest inam-se à v ig ia , sendo que por necessidade de p lan ta , 
podem oco r re r janelas de canto em ângu lo . 
Portas — Assemelham-se às janelas em seus deta lhes, não t endo nem pe i to r i l 
nem assentos. P o d em , en t re tan to , quando mu i t o al tas, já no "século XIX, levar bande i -
ras na par te de c ima , f i xas ou móveis , que apa recem t ambém nas janelas, ( foto 22) 
97 
L J a n e l a de p e i t o r i l 
I L J a n e l a com o p o r a p e i í o e n f a l a 
S l i - J a n e l a com o p a r a p e i t o s acado 
F I G . 5 3 
Conuorsadeira. Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Pre-
to/MG, 
'-.-,1. •«1 
Portas e janelas com bandeiras. Sobrado em Diamantina/MG. 
(Foto - Suzy de IMello] 
óculos e Sete i ras - São pequenas aberturas c i rcu lares ou de con to rno curv i -
l í neo , quando são chamados ócu los , e retangulares quando se d e nom i n am seteiras. 
Ab rem-se em compa r t imen t o s secundár ios, p r i nc ipa lmen te nos cómodos de escada, 
tor res e porões. São gera lmente ensutadas e fecham-se c om s imples balaustres de fer ro 
ou madei ra ou levam ca i x i l hos de v i d ro : Na a rqu i te tu ra m i l i ta r t ambém aparecem 
como vão de v isada para vigia e t i r o , sendo igua lmente usadas nas cadeias, ( foto 23 e 24) 
Compõem-se os vãos de verga, peitoril e ombreiras, (fig. 13) 
Nas const ruções de est ru tura au t ónoma as ombre i ras p ro longam-se do ba ldra-
me ao f recha i d a n do , ass im , não só ma io r es tab i l idade ao quad ro do vão como con t r i -
bu i ndo c omo apo io aux i l i a r da cons t rução , i 
V e z po r ou t ra os vãos aprove i tam-se dos p róp r i os esteios p r i nc ipa i s das pare-
des, sejam os cunha i s (caso mais c omum ) ou os esteios in te rmed iá r ios . 
A p e r e c em t amb ém vãos gem inados , (fotos 25 e 26) de duas por tas , duas jane-
las ou por ta - jane la , serv indo-se de um esteio ún i co que os d i v i d em . O enquad ramen to 
do vão é, p o r t an t o , sempre de made i ra maciça, f o rma d o pe los marcos , e nunca em 
caixão c omo vamos encon t ra r já na segunda metade do século X I X nas const ruções de 
t i j o los . Estas peças ressal tam sempre do pa ramen to da parede nas suas duas partes, mes-
mo no caso dos vãos rasgados. A s vergas e pe i to r i s amarram-se nas ombre i ras em 1/3 da 
made i ra , sempre em no rma l e nunca em esquadro . Nas const ruções de pedra e de ta ipa de 
p i lão as ombre i ras t e rm i n am nas vergas, não sendo p ro longadas até o f r echa i , (fig. 54) 
No vér t ice do vão , ent re o pa ramen to in te rno e o do rasgo, aparecem t ambém ombre i -
ras secundárias, c om seu al isar , guarnecendo a aresta, (f ig. 5 4 -A ) 
Para descarga de peso na verga, quando esta é reta e a lgumas vezes mesmo cur-
va , const ro i -se um arco de descarga nas paredes maciças. Isto po rque as vergas, mesmo 
quando curvas , não são sempre de a rco p l eno , ao passo que o de descarga aproxima -se 
bastante deste ú l t i m o , p e rm i t i n do , ass im, me lho r d i s t r i bu ição de cargas e ma io r segu-
rança. Qu a n d o o rasgo é de chan f r o a pad ie i ra t em vôo ou é capialçada. (f ig. 55) N o 
caso da ta ipa de p i l ão , torna-se necessária a armação da pad ie i ra c om peças de made i -
ra, (f ig. 56) T ambém nas const ruções de pedra encon t ram-se armações de madei ra nas 
padie i ras, p o r ém o núme ro de peças a vencer o vão é sempre ma io r , às vezes, face a 
face, o que igua lmente pode ocor re r na ta ipa de p i l ão . En t r e t an to , neste caso, a pr i -
mei ra é sempre p lana e de n íve l e podem as de pedra ter sua sobrecarga descarregada 
em arco por c ima . A s sole i ras das janelas rasgadas por in te i ro c omumen t e ressaltam 
dos pa ramen tos ex te rnos das paredes, i so ladamente ou f a zendo co rpo c om os cordões 
d iv is ionár ios dos andares. Quando são sacadas iso ladas e sempre de ma io r ba lanço, 
passam a cons t i t u i r soleiras sacadas ou me l ho r , bacias e, neste caso, se d i z que a janela 
é de pú l p i t o . Estas soleiras sacadas, p r i n c i pa lmen te quando f o r am i n t r oduz i dos os 
100 
104 
guarda-corpos de f e r ro , p odem ser seguidas, in teressando do is ou mais vãos ou mesmo 
t oda a extensão da f achada , c ons t i t u i ndo as sacadas cor r idas . 
A s bacias podem ser s ingelas, retangulares, apenas f r isadas, a lmofadadas ou 
per f i ladas, Agenc iam-se sobre o p ro l ongamen to dos barrotesdo soalho ou cabeças 
destes, mergu lhadas e i rmanadas c om as do p iso, revestidas de tábuas nos t opos e por 
ba i xo . (f ig. 57-a) Podem compor -se t ambém em balanço de pedra por in te i ro ou apenas 
assentar sobre cães de cantar ia ( f ig, 57 -b ) . O ba lanço, po rém , é sempre d im i n u t o , só 
raramente u l t rapassando 0 , 30m . e não pe rm i t i n do o t râns i to entre os vãos, senão c om 
d i f i c u l dade . Quando passam destes l im i tes não são mais sacadas e s im balcões, ( foto 27) 
Na divergência quanto ao s ign i f i cado exato das palavras varanda, balcão, 
a lpendre e sacada f o r am adotadas as seguintes de f in i ções ; 
Va r anda — guarnição vasada, ba laust rada; peça cober ta pe lo p ro longamen-
„ i . to da água p r i nc ipa l da const rução e apo iada d i re tamente no 
so lo . 
peça sacada, pe rm i t i n do o t r âns i t o . 
peça cober ta por te lhado a u t ó nomo e apo iada d i re tamente no 
so lo . j ,! ' 
peça sal iente, sem cobe r tu ra , não pe rm i t i ndo o t râns i to . 
Balcão — 
A l p end r e — 
Sacada — 
Cump r e sal ientar que as sacadas podem ser isoladas, in teressando apenas a um 
vão, o u co r r i das , quando i nc luem vár ios vãos ou se es tendem po r t oda a parede onde 
se inserem. Mesmo quando cor r idas , p o d em ser de largura mm i m a , não p ropo r c i onan -
do p ra t i camen te t râns i to no seu ma i o r sent ido (0,30m.) o u apresentarem largura maior , 
cons t i tu indo-se em balcão. 
Os guarda-corpos são de made i r a , f e r ro , pedra ou cerâmica. A s bacias podem 
ser de made i r a , sobre balanço de ba r r o t eamen to , sobre cães ou conso los de pedra , em 
pedra s imp les ou em alvenaria acabada em massa. Em t o do caso, as mais ant igas são 
isoladas e sempre fe i tas em made i ra . Q u a n d o de made i ra , o guarda-corpo pode ser de 
balaustres to rneados , (f ig. 60) c o m u m só ou d up l o pau de pe i t o , de balaustres de 
tábuas recor tadas ou trel iças, c o m ou sem a lmo fada che ia na parte super ior . E m 
mu i t os casos o guarda-corpo é de a lvenar ia ou pau a p ique c om parapei to de cantar ia 
ou de made i ra e, sendo de pedra , pode ter parape i to recor tado ou t o rneado . 
Qua n d o é usado o f e r ro , prefere-se o fer ro ba t i do em varas vert icais s imples 
ou c om pequeno per f i l , de seção quad rada ou c i rcu la r . Pode o fe r ro ser em barras, 
f o rmando desenhos, c om as junções em rebi tes ou c om iuvas de c h umbo , (f ig. 61) ou 
105 
a inda , c o m fe r ro c l i a t o , l am inado , t ambém c om p o n d o desenhos . Estes desenhos- in -
c i uem , às vezes, e lemen tos em re levo, chapas repuxadas ou f und i das em meta l ou 
c h umbo , f o rmando f l o res , inscr ições e ou t ros e lemen tos deco ra t i vos v i ndo , depo is , os 
fer ros f u nd i d o s e os mis tos , c om f und i ção e l am inados . 
Quan t o às vergas, devem ser cons ideradas as var iações quan to à sua f o rma e 
ao mater ia l usado para seus quadros e para seu f e c hamen t o . 
Quan t o à f o rma , as vergas p odem ser retas, ( fo to 29) de n íve l , ou a l teadas. 
Neste ú l t i m o caso, as mais ant igas são de arco dé c í r c u l o , ( f ig. 58) po r ém , não plenOi 
c om cen t ro ma is ba i xo que seus l im i tes . A verga assenta-se nas ombre i ras em junção de 
nível que , po r c ima , i nc lu i cu rva de conco rdânc ia , t o r n a n d o o vão mais grac ioso. E m 
cer tos casos, as vergas passam pouco além das omb re i r as e, às vezes, chegam a passar 
bem a lém e sob este p ro l ongamen to se inserem re levos para le los às ombre i ras o u esta 
se f az , por me i o de enta lhes, dup l a ou t r i p l a , ( fo to 28) 
A partir d o século X IX encont ram -se janelas de verga redonda ou em arco 
p leno , ( f ig. 62) geralrhente c om bandei ras de v i d ro em ca i x i l h o s f i xos . Neste caso , 
ev iden temen te , as ombre i ras p ro longam-se pela verga sem so lução de con t i nu i dade e na 
l inha de j unção o c o r r em pequenas c ima lhas à fe ição de capi té is . A pa r e c em t ambém 
ou t ros t i pos , c omo o og iva l , ( f ig. 63) consequen te da ten ta t i va de neo-go t i c i smo, o 
de do is ou mais cen t ros ou o que t em curvas i n t e r r omp idas po r segmentos reíos. 
( fo to 30) ' 
• j V . ', Si 
A s vergas curvas de pon to reba i xado p o d em ser de t rês cen t ros , isto é, apare-
ce uma curva de concordânc ia entre o arco e seu apo i o na omb re i r a pelo lado de 
ba i xo . ( f ig. 64) O c o r r em , a i nda , vergas t r iangu lares f o rmadas por do is segmentos de 
retas. ( fo to 31) ...jj i , , H, . : ; • 
Quan t o ao mater ia l usado nas vergas, pode ser es tudado quan to ao do quad ro 
e o do f e chamen t o . O quadro é c ons t i t u í do pela verga, omb re i r a s e pe i to r i l . Pode ser 
de lanc i l , em cantar ia , ens i lha r ia , de made i ra mac iça, f o rm a n d o os marcos , o u em 
caixão f o rmado po r t rês tábuas : a adue la e do i s al isares. Ap resen ta -se , a inda , de me io 
ca ixão, quando é revest ida apenas a parte ex te rna e a da espessura c om duas tábuas. 
O enquad ramen to pode ser c ompos t o em massa ressal tada do pa ramen to das paredes, 
c ompo r t a n do aduelas de made i ra apenas reduz idas a apo i o das fo lhas . 
O co r r em a inda as mis tas, isto é, quad ros de pedra sobre os quais são pregados, 
em a lmas de c h umbo embu t i das na ped ra , peças de made i ra de reduz ida seção dest ina-
das a supor ta r as fo lhas a que são chamadas ca i x i l h os ou a ro da pedrar ia , (fig. 66) Estas 
madeiras p odem ser co locadas na face i n te rna , nas cabeças do quadro do vão ou na 
sua adue la , c omo no caso dos cordões para guia das gu i l ho t i nas . Os parafusos que 
107 
•mi 
i -
FIG.58 J a n e l a com v e r g a em 
a r co de c i r cu lo F I G . 59 
c o r t e 
108 109 
F I G . 6 4 C a i x i l h o de 
112 113 
f i x am as madeiras nos marcos , q uando se t ra ía de f o l has pesadas, são de grandes d imen -
sões, c o m cabeça e duas fendas . 
Podem estas madei ras se adap ta rem às ombre i ras a não às vergas e pe i to r i s , 
sendo que às vezes cob rem t amb ém os p róp r i os pe i t o r i s . Mas paredes de ma io r espessura 
e não rasgadas aparece a made i ra reves t indo a so le i ra à a l tura do pe i to r i l , quando este é 
de pedra (f ig. 59). 
O acabamen to dos quad ros pode ser l iso em peças de made i ra ou pedras de 
seção quad rada , pe lo menos na aparência. Pode , p o r ém , ser t r aba lhado , seja c om rebai-
xos à fe ição d e a lmo fadas , c om mo ldu ras de me ia cana nos ressaltos ou receber ou t ros 
lavores, seja de cante i ro nos de pedra ou en ta lhes quando de made i ra . j; 
Os quad ros podem ser, t amb ém , em massa ressaltada do p lano das alvenar ias 
cerca de 0 ,10 a 0 , 1 2m . , l isos ou re levados. Há casos em que o quad ro ex te rno de massa 
se comp le t a c om pe i to r i s de made i ra (f ig. 6 5 ) . 
Nas igrejas os quad ros da por ta p r i n c i pa l adqu i r em grande ênfase, c ompondo -
se po r vezes c om l inhas capr i chosas , ( fo to 32) 
A s ombre i ras e pe i t o r i s levam reba i xos ou batentes, onde se a je i tam as fo lhas , 
salvo quando são mis tas, f i c ando o r eba i xo no ca i x i l h o sobrepos to . ; 
A s ombre i ras das por tas , ge ra lmente r ecebem socos, sejam s imples, c om a lmo-
fada r eba i xada , ou t raba lhados , inc lus ive em f o rma cu rv i l í nea , c omo em per f i l de 
ân fo ra (f ig. 67) e ou t ros . Na p r umada dos apo ios das vergas pode oco r re r decoração em 
re levo, gera lmente c om mo t i vos f lo ra is e, nas igrejas, c om cabeças de anjos. Esta deco-
ração pode descer sobre a omb re i r a ou ser para le la a e la , já sobre a parede, (fig. 68)A verga, da mesma f o rma , pode ser lisa ou acompanha r os reba ixos inser idos 
nas ombre i ras . Leva , por c ima , c omumen t e , co rn i j a resumida a um s imples cordão e 
f i le te i n co rpo rada à p rópr ia verga ou a ela sob repos ta . 
Esta co rn i ja pode ser de made i ra , cantar ia ou massa em estuque, usando-se 
gesso em a lguns casos. Quando sob repos ta , encos ta na verga ou de i xa espaço até e la, 
fazendo-se mais a l ta , q uando é quase sempre de massa. Pode a inda a verga, sendo cur-
va, levar fecho real o u aparente. São t amb ém , po r vezes, co roadas c om decoração mais 
d im i nu t a quando em madei ra ou massa e de g rande por te nas de pedra, c om compos i -
ções concho i des e f lo ra is a que se ac rescen tam f iguras soltas ou medalhões. O co r r em 
t amb ém tarjas, c om ou sem co roas , c om escudo de armas. 
Há, t ambém , por tadas an tec ipadas por co l unas arcadas, após as qua is aparece 
de f a t o a po r t a , c om no caso da Câmara de V i l a R i c a . A i n d a a marcar a por ta p r i nc ipa l 
dos ed i f í c i os , encont ram-se balcões e janelas de pú l p i t o s , sacadas ou balcões corres-
ponden tes , no pav imen to supe r io r , c omo seu c o r oamen t o . 
115 
5x 
F I G . 65 
o ; 
F l G . 6 6 So'co em f o r m a de 
â n f o r a 
1 VJZ////////, 
a n sa r cordão 
F ! G . 6 7 
119 
Há, a i nda , janelas protegidas c om bei rada p róp r i a , de te lhas, (fig. 65) 
P o d em os quad ros levar cordão sobrepos to na junção c om os paramentos das 
paredes, se rv indo quase c omo mata- juntas ou al isar, c omo hoje ex is tem. Este co rdão 
sobrepos to pode se amp l i a r e se t rans fo rmar em verdade i ro al isar, c ompondo caixão 
in te i ro i- j r e a omb re i r a ou l imi tando-se às paredes. Neste caso, as tábuas - alisares -
que reco . r em o marco são f requen temen te t raba lhadas , pe lo menos c om reba ixos . 
( f ig. 69) 
Já no século X I X os quadros de made i ra maciça dos vãos são subst i tu ídos por 
caixões que apenas envo l vem a parede, c ompondo - se de aduelas, que são as tábuas da 
espessura, e dos al isares, que co r respondem aos paramentos . 
Os ca ixões p odem ser in te i ros, ab rangendo a espessura e as duas faces da pa-
rede ou de me io ca ixão , revest indo somente me ia espessura e uma das faces do para-
men to . P o d em ser co l ocados já comp le t o s , c om aduela e al isares, o u c om os al isares 
assentados depo i s do revest imento p r on t o . Os can tos são sempre de meia esquadr ia , 
isto é, e m ângu lo de 45° e as qu inas são c omumen t e amac iadas po r pequenas mo l d u -
ras. Q u a n d o o caixão é ap l i cado já c omp l e t o , as dobrad iças se f i x am no t opo do al isar, 
q ue faz r eba i xo c om a adue la . No caso con t r á r i o , as dobrad iças se f i x am em reba ixo 
da p róp r ia adue l a . 
Ê impo r tan te sal ientar que os vãos in te rnos não d i f e r em bas icamente dos ex-
te rnos a não ser que apenas raramente c omp r eendem rasgos de chan f r o , exce to nos 
ed i f í c i os de ma io r impo r t ânc i a , c omo igrejas e const ruções o f i c i a i s . Isto po rque na 
a rqu i te tu ra c iv i l as paredes internas quase sempre são apenas div isór ias t endo , por isso, 
pouca espessura. 
Quan t o às arcadas, são c omuns não só em porões c om o em pór t i cos . Os a rcos 
p odem ser de a lvenar ia de pedra ou t i jo los assentados em pi lastras c om ou sem capi té is, 
s imp l i f i c ados ou c om socos . 
A s made i ras usuais são as mesmas dos este ios, de re la t iva du reza , salvo para os 
cordoe! , , co rn i jas e enta lhes, que são t raba lhados em cedro ou out ras espécies mais 
mac ias . A s pedras mais usadas são o calcáreo, o a ren i to , o qua r t z i t o ou o gneiss, sendo 
que para as t raba lhadas , preferem-se os calcáreos e os ta i cosos (pedra sabão) por serem 
menos du ras . 
O f e chamen to dos vãos é sempre de made i ra , às vezes reforçada c om chapas 
ou f i tas de f e r r o . E m casos especiais, c omo em cadeias, são usadas as fo lhas de fer ro 
em grade. 
Q u a n d o é usada a made i ra , o co r r em várias moda l i dades , decor ren tes do pro-
cesso de se c omp o r o pa ine l . P o d em , ass im, ser de t abuado ao c omp r i d o - de c a l h a -
120 
ou organ izadas em quadros . Quando de t abuado , as tábuas são man t idas na sua posição 
por travessas emalhe tadas no ta rdoz o u , mais recen temente , embu t i das na espessura do 
tabuado mais grosso. N o p r ime i ro Caso são t ambém con l i ec idas c omo por tas de ct ian-
f r o , t endo em vista o rasgo das tábuas onde se insere a travessa e, no segundo , ens i iha-
das, enta ladas o u re lhadas, n ome dado às travessas ( re lhas) . ' ^ 
r tábuas p odem ser co locadas em p lano ún i co c o m juntas secas, de meio f i o 
ou macho e f êmea , ou s imp lesmen te sobrepostas . Neste ú l t i m o caso, são de 3 tábuas, 
f i cando a do me io reba ixada po r um lado e ressal tada por o u t r o . 
Neste caso, as jun tas são de me io f io o u de 2 fêmeas e as qu inas vivas do ressal-
to são adoçadas c om mo ldu ra singela de meia cana . Este ressal to pode ser em toda a 
al tura ou t e rm ina r a pouca d is tância dos ex t r emos , nos qua is a espessura da tábua é 
reduz ida para que as por tas t e nham a feição de engradadas. 
Já as f o l has engradadas t êm sempre painéis de a lmo fadas reba i xados do lado 
in ter ior e sal ientes do ex te r i o r ; o u a i nda , sal ientes dos do i s lados, sal ientes de um , pla-
no de ou t ro o u , mais mode rnamen te , reba ixados dos dois. 
A s junções do engradamento c om os painéis a lmo f adados (f ig. 70) p odem ser 
siiíipliíS, de macho e fêmea ou c om fêmeas tan to no painel c om o no quad r o , quando 
:Ȓ<) i ; i)nhccirias por envasiadas ou a lmo fada de sob repos to . Q u a n d o a a lmo fada possue 
nu icho , pode ,es te ser reco r tado na espessura da t ábua , d e i x ando encos to o u , en tãc , ser 
síiiçnilo, serv indo-se logo dele a mo l du r a . Ma is mode rnamen te , a a lmo fada apenas se 
enca ixa na fêmea do quad ro , ( f ig. 71) 
A s qu inas dos quad ros e painéis p o d em ser vivas, p o r ém , mais c omumen t e , 
se apresen tam amac iadas em me ia cana , seja sal iente ou re in t ran te . A s a lmo fadas altas 
são pelo menos chanf radas em l iso ou levam mo l du r a co rn i j ada , t e rm i nando o cent ro 
i;m p lano ou p i r âm ide , à fe ição de l ap idado , q uando são conhec idas c omo de pon ta de 
d i aman te . 
A s por tas e janelas de made i ra c om a lmo fadas p o d em ter uma destas móve l , 
f o rmando pos t igo ( foto 33) que , pos te r i o rmen te , é acresc ido de ca i x i l h o f i x o de v id ro 
pelo lado de f o r a . 
E m por tas de grandes d imensões estes post igos p odem se t rans fo rmar em vãos 
<le passagem c omo na Câmara de Ou r o Preto ou em por tões de chácaras, (fig. 72) 
A s por tas mu i t o elevadas con t ém t ambém bande i ra f i x a c ompondo - se c om as 
mihas , não notadas q uando fechadas, ou a i nda ca i x i l h o de v i d ro nas const ruções me-
nos ant igas, f i x o s ou móveis, basculantes. Estas bandei ras p o d em ser, a i nda , de tábuas 
recor tadas em serra de t i co - t i co . . • 
122 
FSG . 7 0 J a n e l a c o m p a r a p e i í s s a s c a d o 
t e n d o f o l h o s c o m a l m o f a d a s e p o s t i g o 
FOTO 33 
Janela com bandeira fixa de tábuas recortadas. Residência, 
Tiradentes/MG. 
F IG . 71 
, FOTO 34 
Janela de gelosia. Residência em Tiradentes/MG. 
124 
F IG . 72 Rotu las 
125 
A s fo l has abrem-se sempre para o lado in te rno dos vãos c om exceção 
gelosias ro tu ladas e das vidraças. 
A l ém das f o l has maciças, cegas ou c om pos t igos , encon t ram-se t i pos vasados, 
prov idos de ca i x i f hos de v i d ro , f u nc i onando c om o gu i l ho t i nas ou a b r i n do para f o r a . 
São encon t radas t ambém as f o l has entrel içadas. 
A s t re l iças, mu i t o usuais na a rqu i te tu ra t r ad i c i ona l , são e lemen tos de vedação 
compos t o s de fasqu ias , ta l iscas ou réguas de made i ra , de seção semic i r cu la r , pregadas 
umas sobre as ou t ras , em sen t ido con t rá r i o e supor tadas pe lo eng radamen to . 
O c r u zamen t o das peças pode ser n o rma l , f o rmando malhas quadradas , ou em 
d iagona l , de t e rm i nando ma lhas losangulares. E m cer tos casos as fasquias internas são 
perpend icu la res d iagonando-se apenas as ex ternas que f o rmam quadrados , losângulos 
concên t r i cos ou t r i ângu los divergentes rematados por uma pequena a lmo f ada cent ra l 
em pon ta de d i aman te . Esta compos ição ex te rna pode repet i r -se in te rnamente po rém 
em sent ido inverso, dada a necessidade de se c ruza rem as réguas. 
A s inc l inações das tal iscas podem ser de 45 ° o u parele las às d iagona is do pai-
ni í l , mas quase nunca c ruzam-se em ver t ica is e ho r i zon ta i s . O desenho geral e f i na l pode 
comple tar -se em um só pa ine l ou compor -se c om do is ou ma is painéis, interessados às 
divisões do eng radamen to ou a um con jun to de f o l has . 
A s fasqu ias t êm dimensões m ín imas , c om seção em t o r no de 0 , 0 1 5m . , as luzes 
co r r espondendo aos che ios . Sua f i xação ao quad ro se faz po r me io de fêmea neste e 
meia made i ra em cada f asqu i a , f o rmando as duas , in terna e ex te rna , um macho c om -
p le to . 
O quad ro pode , t ambém , apresentar-se c om reba ixo sobra o qua l se pregam 
fasquias ex te rnas . A s ex t rem idades internas do quad ro p o d em levar mo l du r a s imp les , 
f r isos e reba i xos de d im i nu t a p ro fund idade . O quad ro t em d imensões exíguas tan to na 
espessura (0 ,02 a 0 ,025m. ) quan to na largura (0 ,05 a 0 ,07m. ) sendo , por assim d ize r , a 
metade das d imensões usadas hoje em engradamentos semelhantes. A s madei ras 
usadas são as mac ias e leves: ced ro , p i nho , p i nho de r iga. 
,As t re l iças t êm apl icação var iada nas const ruções seja c omp o n d o fo lhas de ja-
nelas, de por tas (par te) , balcões, guarda-corpos , varandas, co ros , vasios de escadas, para 
ci tar a lguns exemp los . 
A s janelas p odem ou não levar bande i ra f i xa de t o rneados ou de tábuas recor-
tadas, ( fo to 34) C omumen t e são sal ientes em relação ao pa ramen to da parede f o rman -
do ca ixão cujas laterais, q uando cheias, levam pequenas aber turas em f o rma de c í r cu l o . 
c ruz , meia lua, coração e t c , para a v isada lateral . São sempre co locadas do lado exter-
no das const ruções, sejam inco rpo radas no quad ro c om batentes, sejam sobrepostas 
c omo é mais c o m um em Minas , suger indo apl icação pos te r io r à janela p rop r i amen te 
d i t a . Neste caso até a dobrad iça é c o l o cada , não de t o po no batente , po rém aberta no 
pa ramento ex te rno tan to das ombre i ras quan to das esquadr ias. Quando em caixão é 
apenas pendurada por ganchos na verga. Estes deta lhes f a zem das t re l iças um e lemen to 
de acabamen to sup le t i vo , f u n c i o nando quase c omo co r t i n a . 
Nos balcões as trel iças podem ser co l o cadas em painéis f o rmando o p róp r i o 
guarda-corpo o u , i n te rnamen te , c omp l e t ando os balaustres. A parte in fer ior dos pai-
néis cos tuma ser che ia , em a lmo fadas . A s t re l iças p o d em , t amb ém , fechar t odo o bal-
cão, ac ima do gua rda -co rpo , c om fo lhas de abr i r e bande i ra para c ima . Nestes casos 
f o rmam o que se d e n om i n a de muxa r ib iê ou muxa rab i . ' * ' ( foto 35) 
A s fo lhas p odem ser abertas no rma lmen t e , em to rno de e ixos vert icais e, 
neste caso, se c h amam gelosias ou em to rno do e i xo h o r i z on t a l , em sua parte supe-
r io r , denom inando - se então ró tu las, (f ig. 73) C om o , no geral , este ú l t imo sistema é o 
p re fe r i do , o t e rmo ró tu las passou a denom ina r , por ex tensão , todas as trel iças. 
As t re l iças p o d em a inda ser compos tas de ta l iscas de taquara trançadas c omo 
penei ras, f i xadas em quadros de made i ra , q uando são conhec i das c omo urupemas. 
( f ig. 74) 
As t re l iças dest inam-se a o fe recer lugar f resco e d i sc re to , p ro teg ida do sol e 
do devassamento , mas c om vent i lação e i l um inação su f i c ien tes , sendo de ind iscu t íve l 
o r igem mou r i s ca . , , 
Do mesmo modo que as t re l iças, o v id ro t em largo emprego na nossa arqu i -
te tura t r ad i c i ona l . A p r i n c í p i o , pela d i f i cu l dade de sua ob t enção , f o i usado apenas 
nos ed i f í c i os de ma io r impo r t ânc i a , c omo igrejas, f e chando os ócu los ou as janelas 
altas, f i xas . 
<: Pos te r i o rmen te , para o f i na l do século ,XV11I, c omeçou a ser genera l izado o 
seu uso nas residências p o r ém , a inda em 1870 , e ram cons ide rados " c o m o os mais cus-
tosos o r namen tos no in te r io r do B r a s i l " , no d ize r de Sp i x e Mart ius. ' * ' ' ( fo to 36) 
São encon t rados , c omo as trel iças, ac resc idos , sob repos tos aos ant igos qua-
dros de fo lhas cegas. Sobre as ombre i ras são pregadas réguas-guias das fo lhas de gui-
l ho t i na de subir e descer , supor tadas, quando e levadas, por me i o de um e lemen to 
de meta l c ompos t o de duas chap inhas e um e i x o , c hamado bo r bo l e t a . 
Pode t ambém uma das fo lhas ser f i x a , a de c ima p re fe ren temente , quando o 
vão é de verga cu rva . Neste caso, a régua é co l o cada sob a f o l h a , c omo escora e não 
f o rmando gu ia , que apenas vai ex is t i r para o pa ine l in fer io r . 
127 
FIG. 75 T r a n q u e í a 
128 
1 2 9 
Estes ca i x i l h os são de madei ra leve e c om m ín imas seções para d im i nu i r Q seu 
peso. O quad ro t em seção média de 0 , 0 2m x 0 , 0 7m . e os p inaz ios ou réguas de divisão 
c om seção em t o r n o de 0 , 0 3m . e reba ixos de um lado, para o v i d r o , o que lhe reduz a 
face a 0,01 m. F i c a , ass im, o quadro subd i v i d i do em pequenos v id ros de cerca de 0 , 2 0m . 
X 0 , 3 0m . , que só depo is a t ing i r iam ma io r área. A subdivisão mais ant iga compõem-se 
de 6 ou 9 v id ros c o m 2 ou 3 réguas ho r i zon ta i s e ver t ica is . 
Apa r e ce a inda o ca i x i l ho f e chando os post igos de por tas e janelas, f i x o s pe lo 
lado de f o r a . 
Fo l has de v id ro de abr i r aparecem no século X I X , in te i ras ou c om partes em 
venez ianas. T emos , a i nda , as bandei ras de po r ta e jane la , f i xas ou móveis, bascu lantes 
em t o r n o de um e i xo ho r i zon ta l . T ambém as clarabóias e vãos de t rapeiras ou lanter-
n ins são f echados po r ca i x i l hos de v i d ro , gera lmente f i xos . E x cepc i ona lmen t e , em re-
giões p rop íc ias , é encon t rada a m ica (malacacheta) no lugar d o v id ro . Os ca i x i l h os 
p odem ser subd i v i d i dos , não em re t i cu lados , p o r ém c om os p i naz ios f o rmando de-
senhos , já no século X I X , p r i nc i pa lmen te nas bandei ras ou partes al tas das f o l has . 
Para a f i xação das madeiras dos quad ros e fo lhas ra ramente são usados pregos, 
sendo sempre engazepadas"^ ou amarradas a t o r no de made i ra . São as ferragens usadas 
na tu ra lmen te , para o mov imen to e f i xação das fo lhas . 
Para o mov imen t o , adotam-se as dobrad iças de c a c h imbo nas f o l has de ma io r 
peso e mais ant igas, f i xadas na ombre i r a onde vai inserir-se o p i n o do leme preso na 
f o l h a . A s por tas t êm c omumen t e três dobrad iças e as janelas, duas . Podem t ambém ser 
d o fe i t i o até hoje c o nhe c i do , p o r ém , na t r ad i ção , pregadas sempre na face da f o l ha e 
não na sua junção c om o batente ( como é usua l hoje) em v i r tude de suas largas d imen -
sões que p o d em ser ta is a pon to de se p ro l onga rem até atravessar quase t oda a largura 
da f o l h a . São f i xadas a prego s imples de fe r ro ba t i do ou grandes pregos de cabeça re-
d o nda que vão aparecer pelo lado de f o r a . Estes cach imbos são t ambém chamados 
missagras. (f ig. 75)'** 
Ou t r o s t i pos de ferragens usadas nas esquadr ias são os f e r r o l hos , que são bar-
ras co l o cadas ve r t i ca lmen te nas fo lhas e que , po r me io de gancho e mov imen t o de ro ta-
ção, se enca i xam em peças co locadas nas vergas e pe i to r i s . P o d em t ambém ter mov i -
men to apenas ve r t i ca l , inser indo-se em reba ixo da so le i ra ou do pe i to r i l . A l guns deles 
são a inda garan t idos por me io de fechadura que prende a alça des t inada a ro tação da 
peça que , ass im, não t em este mov imen t o . 
O c o r r em , a i nda , as a ldabras, que são t i pos de maçanetas, em f o rma de alça, 
c om as qua is pelo lado de f o r a , se levantam as t ranque tas e que t ambém servem c omo 
131 
130 
i n s t rumen to de percussão. C o m esta ú l t ima f i na l i dade apenas, são as a ldrabas f i xas e 
levam, no local da percussão, chapa ou bo tão de fe r ro para p ro teção da made i ra . 
A s tranquetas são pequenas alavancas sobrepos tas nas f o l has e que , c omo t ra-
vas, se inserem em espera , t amb ém de fe r ro , n o po r ta l . São móve is , po r den t r o , por 
me io de o re lha nelas f i xadas e, por f o r a , pelas a ldabras . P o d em a inda ser mov idas por 
me io de dede i ra c o l o cada sobre a alça fixa, pe lo lado de f o r a , à fe ição dos falin-blin de 
hoje e que , por a lavanca , levantam as t ranquetas pe lo lado ex t e r no , es tando neste caso 
as pequenas t ranque tas dos pos t igos , ( f ig. 75) 
Fechadu ras de pa ine l são co locadas nas por tas , em me ia made i ra no seu para-
men to i n te rno e c o m espe lho s imples o u recor tado pe lo lado e x t e r no , q uando se ab rem 
por do i s lados. 
Já no século X I X e no a tua l , estas ferragens f o r am subs t i tu ídas pela dobrad iça 
c o m um , de j unção , pela pa lme i a , po r fechaduras de embu t i r , tar jetas e c remones bem 
c omo d iversos ou t r os t i pos e .node los . 
A s f o l has são t ambém conhec idas , no sécuio X I X , po r venez ianas . Estas são 
compos tas de um quadro onde se inserem, ho r i z on t a lmen t e e i nc l i nadas espaçada-
men te , réguas de made i r a , pe rm i t i n do a vent i lação mas ev i t ando as águas p luv ia is . 
132 A. 
MOTAS AO CAP I TULO 5 
42 — ENSUTADO = "Ass im, rasgo ensutado seria aquele que possui em seus flancos, engras ou 
enxalsos". 
E NGRA = "Corruptela de ângulo, designa o canto formado por duas oaredes concorren-
tes. O termo comumente é aplicado para designar o canto reentrante, para diferenciá-lo 
do cunhal, que é canto ou ângulo saliente. A palavra engra, ás vezes, também é aplicad,- em 
relação às paredes ou faces inclinadas, que "fazem ângulos" com outras. Por essa :azão, 
chama-se engra, ou enxalso, a face inclinada em cada um dos lados do rasgo de uma j . j r e i p 
ou porta situada em parede de grande espessura". 
E NXA LSO = "O mesmo que engra, quando esta palavra designa a faca inclinada dos rasgos 
de portas ou janelas". 
Apud CORONA e LEIVIOS, "Dicionário da Arquitetura Brasileira", Edart — São '2ulo 
Livraria Editora Ltda., 1? edição. São Paulo, 1972, pgs. 187, 186 e 189, 
43 — "Nas janelas das prisões, colocavam-se grades de madeira ou de ferro s, bsm entendidr, 
que cada janela leva(va) duas grades" quase sempre. Grades de fetro de macho-e-têi"ea 
simplesmente, ou , então, de macho-e-fêmea com travessas encalcadas. Ferros de >3 !9 r ; ) : ' 3 
e meia foram os preconizados por A lpo im, em 1745, para a Cadeia de Vila Rica. Os das 
grades da cadeia de Mariana deviam meter todas as suas pontas meio palmo na cantaria. 
Grades de madeira encontramo-las em Aracati, Jaguaripe e Goiás, Alpoim determinou 
para a cadeia de Vila Rica que as grades de pau tivessem "três polegadas de lado". Grades 
de pau, feitas com pernas-de-três, é como diríamos hoje. Advertiremos, porém, que iodas 
as grades de madeira eram chapeadas com ferro. As janelas "para se fecharem as grades 
das enchovias" apareciam sempre reforçadas. As das enxovias maiianenses foram manda-
das fazer com quatro dedos de grossura", 
THED IM BARRETO , PAULO — "Casa de Camara e Cadeia", in Revista do Património 
Histórico de Artístico Nacional, n9 11, Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro, 
1947, pg. 123. 
44 — R E L H A = "Peça estreita e comprida de madeira, que atravessa as tábuas que compõem as 
folhas de portas e janelas solidarizando-ss. Ao contrário das travessas comuns, aparentes no 
tardoz, a relha fica totalmente embebida na espessura dos pranchões", 
Apud CORONA e LEMOS, ob. cit., pg. 406. 
45 - PINTO, ESTEVÃO - "Wluxarabis a Balcões" in Revista do Serviço do Patrimônio Históri-
co e Artístico Nacional, n9 7, Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro, 1943, >JS. 
317, 318 e 319: "Penso que, a não ser em Diamantina, já não existe um só muxarabí meei-
ro no Brasil, Esse elemento arquitetônico, entretanto, talvez se encontrasse em quase todas 
as cidades coloniais do BrasiL Do Brasil e de toda a América Latina (em Cuzco, em Bogotá, 
e tc ) . Ê possível que os muxarabis tenham relação de parentesco com os balestreiros (mã-
chicounlis). Os balestreiros eram fortificações abalcoadas, eretas geralmente no ulto das 
torres. Serviam para defender a entrada dos castelos ou das praças. Essa relação é tão clara 
que Henry Guédy define a palavra muxarabi da seguinte maneira: "balcon feimé, percé de 
mâchiconlis et ordinairement placé au-des-sus d'une porte pour en défendre l'entrée". 
(Dictionaire d'Architecture", Paris. 1902, p, 369). O que é, também, com mais clareza, a 
definição dos enciclopedistas franceses: "Sorte de balcon, garni d'un parapet élevé et 
offrant par les bas une grande ouverture pour lancer des projectiles, que les ingénieurs 
militaires du moyen âge établissaient au-dessus des portes et des fenêtres suyettes à !'esca-
133 
lacle". É oportuno lembrar que o arco de Santo Antonio (Recife), nos meados do século 
X IX , possuia uma espécie de abalcoado, não se sabe se algum vestígio das edificações des-
tinadas a proteger a passagem de sua porta. Outro interessante abalcoado era o arco de 
Bom Jesus, também no Recife. Estava voltado para o lado das construções em que se aloja-
va o capitaão-comandante do mesmo arco, depois transformadas em capela, (cf. A ,A . Pe-
reira da Costa, "As Portas do Reci fe" , em R.P. n9 42, 1891, p. 285 e 55) 
A passagem dos muxarabis, dos castelos para as construções civis, foi um passo. Esse fato 
parece mesmo ter sido comum. "Bretècfie", v.g., era uma obra de madeira destinada à 
defesa das praças-fortes. Diz Viollet-le-Dac que a "bretèche" foi , posteriormente, emprega-
da em muitas construções civis da Europa. ("DIctionnaire Raisonné de TArchitecture Fran-
caisodu X le , au XVIe. Siécle, II, Paris, 1867, p. 67). Daí o motivo porque as primeiras mo-
radias da Idade Média lembram tanto as fortificações militares. (IMão foi outra, por exem-
plo, a impressão que a Elisabeth Ahlenstiel-Engel deram certas mesquitas e palácios árabes, 
com suas torres, barbacãs, seteiras e muralhas ameadas. A impressão de fortalezas ("Arte 
Árabe, Barcelona, 1932, p. 116 ss.). A propósito convém lembrar que Morales de los Rios 
acredita no caráter defensivo das sacadas dos velhos sobrados recifenses — sacadas apoia-
das em cães de pedra com estrado móvel, o qual poderia ser facilmente ser retirado ao pri-
meiro sinal de ameaçaou perigo. Se não há engano, a teoria de M. de los Rios vem favore-
cer a hipótese da origem militar ou defensiva dos muxarabis). Os muxarabis eram, pois, 
construções militares. Defendiam as portas e janelas dos castelos medievais. Depois passa-
ram a defender as janelas e as portas das habitações particulares. Assim, é talvez possível 
ligar o muxarabí à ideia de proteção, de amparo, de segurança. 
Literalmente a palavra muxarabí significa o "sít io das bebidas, o local onde se pu- : 
nham as bilhas afim de refrescar a água". "Muxarab" quer dizer, em árabe, "chafar iz" e 
"maxrabla" , "mor inga" ou "quart inha". A origem comum é o verbo "xa r i ba " , "beber" . 
(Os espanhóis dizem "muxarabia" , mas preferi adotar a forma "muxarabí " , vulgarizada 
no Brasil atraf/és da corruptela francesa "Moucharabieh"). A sinedòque a "mor inga" , em 
voz de "o lugar da moringa" — é igual à do emprego da palavra " ve la " em substituição à 
frase "o navio de vela". Logo, outra ideia relacionada com o muxarabi é a de "conchego", '• 
a de "bem estar", a de "higiene". Ou melhor, a de "adaptação ao meio ambiente". Os 
muxarabis, no Cairo, em Medina, em Bagdad, quase que só se vêem nas ruas menos espaço-
sas da cidade, nas casas desprovidas de pátios e jardins. O muxarabi vem suprir essas defi-
ciências. Recebe, através de suas gelosias a ventilação da rua. É o lugar mais fresco do lar. 
Nele é que se guardam as moringas. Ao contrário do que pensa Pedro Calmon, a urupema ' 
não "condenava a umidade", não "habitava à tristeza" ("Espírito da Sociedade Colon ia l " , 
São Paulo, 1935, p. 57). Antes era um encanto. Já há cem anos passados, quando J , J, 
Mareei percorreu a cidade clássica dos muxarabis — o Cairo — teve a impressão de estar 
relendo as "M i l e Uma Noites". (Egypte, depuis la conquête des árabes, etc. (2? parte). 
Paris, 1848, p. 176). É preciso não confundir as construções medievais, de andares "em 
balanço" — tais como as de Lisieux e de outras cidades europeias — com os muxarabis. 
As casas de Lisieux e similares datam do século X V ou X IV e são influenciadas pela aríiui-
tetura dos castelos e edificações feudais. Também não confundir os muxarabis com certas 
casas de balcão da Holanda (de Dordrecht e outros), tão diferentes na forma e caráter, 
como aliás fez o missionário metodista Daniel P, Kidder, relacionando os velhos sobrados 
de Recife com o estilo flamango). Tudo por causa dos muxarabis, que davam um extraor-
dinário encanto às ruas daquela cidade levantina. Por outro lado, o muxarabí corrige o ex-
cesso de iluminação. O muxarabí, descreve Ricardo Severo, provém dos "países quentes e 
luminosos, como vedo contra os raios do sol : a ação é semelhante à da folhagem das árvo-
res por cuja enredada treliça se coa a luz, cuja intensidade se acalma, produzindo ao mes-
mo tempo uma sombra fesca e um arejamento natural e perfeito". 
134 r-
Em Olinda existem dois abalcoados ou muxarabis Não estão inteiros. Um na rua 
do Amparo, n9 28, o outro na Praça Conselheiro João Alfredo, n9 7. A Prça ConseHieiro 
João Alfredo era, outrora, o tradicional Pátio de SSo Pedro". 
46 - Ver nota 10 (Cap. 1) , 
47 - G AN Z E PE = "Nome do entalhe feito ao longo de uma peça de madeira, cuja boca é 
mais estreita que o fundo. Assim, de perfil, a concavidade possui seção trapezoidal. Há 
quem chame de ganzape os dois dentes triangulares que delimitam tal entalhe. Nas emen-
das topo a topo de duas vigas horizontais sujeitas à tração é comum o emprego do ganzape, 
Cesar de Rainville, no "O Vinhola Brasiieiro",_f mprega a forma "granzépio", naturalmente 
corruptela do verdadeiro termo português. Apud CORONA e LEMOS , ob. cit. pg. 237. 
48 — M I SSAGRA = " O mesmo que bisagra, dobradiça ou gonzo", 
"No norte do Brasil usa-se com mais frequência a forma "missagra", 
GONZO = "Genericamente dá-se o nome de gonzo a todo dispositivo rudimentar que 
permita a rotação de uma folha de porta, ou janela, em torno de um e ixo" , 
Apud CORONA E LEMOS , ob. cit., pgs. 323, 78 e 242. 
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