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UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 18 Unidade II - Séries de Potências II.1 - Introdução As linguagens de programação de computadores fornecem certas funções tais como seno, cosseno, logaritmo, exponencial, etc. No entanto, muitas vezes não temos a função pré-definida e recorremos ao desenvolvimento em série de potências para fazer nossos cálculos. II.2 - Série de Taylor e MacLaurin Definição 1 : Uma série da forma c c x a c x a c x an n 0 1 2 2 ( ) ( ) ... ( ) ... , onde “a” e ci (0 i < ) são constantes, é classificada de série de potências em (x - a). Se a = 0, temos uma série de potências em x. Obs: Toda série de potências em (x - a) é convergente, pelo menos para x = a. Ex.: x x x x x n n n 1 2 1 3 1 4 12 3 4 ... ( ) ... II.2.1 - Descrição do método de calcular funções por série de potências: Seja y = f(x) uma função contínua e que todas as suas derivadas existam no domínio que nos interessa. Suponha que se conheça tudo da função no ponto x = 0, ou seja: f (0) valor da f (x) em x = 0 f ’(0) inclinação da curva f (x) em x = 0 f ”(0) curvatura da f (x) em x = 0 ∙ ∙ ∙ f n (0) n-ésima derivada da f (x) em x = 0 y 0 x1 x2 x3 x Se x1 está bem próximo de x0, podemos fazer: f (x1) f(x0) ; e o erro será bem pequeno. Para x2 um pouco afastado da origem, a melhor aproximação será dada pela tangente à curva f (x) . A inclinação da tangente é dada por f ’(0). A equação da reta é y = mx + b f (x) = f ’(0)∙ x + b UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 19 Para x = 0, tem-se b = f(0) Logo, se x [0 , x2] f (x) f(0) + f ’(0) ∙ x Para x3 bem afastado da origem, uma melhor aproximação será dada pela parábola: f (x) a0 + a1x + a2 x 2 ; de tal forma que a0 = f(0) a1 = f ’(0) Precisamos determinar a2 . f ’(x) = a1 + 2 a2 x f ”(x) = 2 a2 a f 2 0 2 "( ) Então: f x f f x f x( ) ( ) ' ( ) "( ) 0 0 0 2 2 De um modo geral, para x afastado da origem o valor exato da f (x) será dado por um polinômio de grau infinito, ou seja: f x c c x c x c xn n( ) ... ... 0 1 2 2 Para se determinar c ii ( )0 , apliquemos a derivação sucessiva de f (x) em x = 0: f c f x c c x c x nc x f c f x c c x n n x f c f x c n n n x f c f n c f n c n n n n n n n n n n ( ) ' ( ) ... ... ' ( ) "( ) ... ( )c ... "( ) "' ( ) ... ( )( )c ... "' ( ) . . . ( ) ! ... ( ) ! 0 2 3 0 2 6 1 0 2 6 1 2 0 6 0 0 0 1 2 3 2 1 1 2 3 2 2 3 3 3 Dai, vem que: c f c f c f c f c f n n n 0 1 2 3 0 0 0 2 0 3 0 ( ) ' ( ) "( ) ! "' ( ) ! . . . ( ) ! Então: f x f f x f x f x f n x n n( ) ( ) ' ( ) "( ) ! "' ( ) ! ... ( ) ! ... 0 0 0 2 0 3 02 3 , que é o desenvolvimento da f (x) em série de MacLaurin. UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 20 Como muitas vezes é inconveniente, ou mesmo impossível, desenvolver uma função em torno de x = 0 (caso do log. neperiano), então temos a generalização da série de MacLaurin que é chamada Série de Taylor. Consideremos f (x) satisfazendo a condição de continuidade e possuindo derivadas de todas as ordens em um certo domínio de nosso interesse. Suponha que se conheça o valor desta função e de suas derivadas no ponto x = a. Formemos a seguinte série de potências: f (x) = c c x a c x a c x an n 0 1 2 2 ( ) ( ) ... ( ) ... Diferenciando f (x) e calculando x = a , determinamos c ii ( )0 . Dai, vem: f x f a f a x a f a x a f a x a f a n x a n n( ) ( ) ' ( ) ( ) "( ) ! ( ) "'( ) ! ( ) ... ( ) ! ( ) ... 2 3 2 3 ; que é o desenvolvimento da f (x) em Série de Taylor. Exemplo 1 : Desenvolver f (x) = sen x , em Série de MacLaurin. f x x f f x x f f x x f f x x f f x x f f x x n f n x f f x f x f n x x x x x x IV IV n n n n ( ) sen ( ) ' ( ) cos ' ( ) ' ' ( ) sen ' ' ( ) ' ' ' ( ) cos ' ' ' ( ) ( ) sen ( ) . . . ( ) sen( ) ( ) sen sen ( ) ' ( ) ' ' ( ) ! ... ( ) ! ... sen ! ! ! 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 2 0 2 0 0 0 2 0 3 5 7 2 3 5 7 ... sen( ) ! ... n n xn 2 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 21 Exemplo 2: Desenvolver f (x) = ln x , em torno de x = 1. ... )1()1( ... 4 )1( 3 )1( 2 )1( )1(ln ... ! )1()!1()1( ... !4 )1(6 !3 )1(2 !2 )1( )1(0ln )!1()1()1()!1()1()( . . . 6)1(6)( 2)1('''2)(''' 1)1('')('' 1)1(')(' 0)1(ln)( 1432 1432 11 4 3 2 1 n xxxx xx n xnxxx xx nfxnxf fxxf fxxf fxxf fxxf fxxf nn nn nnnnn IVIV Pergunta: para que valores de x este desenvolvimento do ln x é bom? Caso 1 x = 0 ln ...0 1 1 2 1 3 1 4 1 5 não converge, ou melhor, tende a - . Caso 2 x = 1 ln 1 = 0 Caso 3 x = 2 ln ...2 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 A convergência é garantida pelo Teorema de Leibnitz, que cujo enunciado é: “Se um série alternada c c c c c1 2 3 4 5 ... satisfaz as condições: Cada termo é, em módulo, menor que o anterior. O limite dos termos é zero. Então a série possui uma soma finita e, além disso, o erro que se comete ao tomarmos n termos está entre zero e o termo de ordem (n + 1) não nulo .” De acordo com o Teorema, a série converge: O erro, se aproximarmos .. 5 1 4 1 3 1 2 1 12ln = 0,78333 , está entre zero e 1 6 . 0,617 < ln 2 < 0,78333 ln 2 = 0,6931 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 22 Caso 4 x = 3 ln ... ln ... 3 2 2 2 3 2 4 2 5 2 6 3 2 2 8 3 16 4 32 5 64 6 2 4 5 6 não converge, pois cada termo, em módulo, é maior que o anterior. Obs: Para x = 0 , o ln não existe e esse ponto é chamado de ponto singular. O desenvolvimento em Série de Taylor só é válido para uma região conhecida como região de convergência. A região de converg6encia estende-se em todas as direções com um raio igual a distância ao mais próximo ponto singular. No desenvolvimento acima, o raio de convergência é igual a 1. II.3 - Raio de Convergência: Teorema: Seja c x an n n ( ) 0 uma série de potências em (x - a). Se lim n n n c c R R 1 0 , então R é raio de convergência da série de potências. No desenvolvimento da Série de Taylor, c f a n f a n R f a n f a n n f a f a n n n n n n n n n n ( ) ! ( ) ( )! lim ( ) ! ( ) ( )! lim( ) ( ) ( ) c 1 1 1 1 1 1 1 Aplicação: (no cálculo de ln x ) f f R n n n n n n n n n n n n n ( ) ( ) ( ) ( ) lim( ) ( ) ( ) lim lim 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 (n -1)! n! (n -1)! n!II.4 - Erro de truncamento no desenvolvimento em série. Considere a função f (x) desenvolvida em Série de Taylor em torno de x = a, ou seja: f x f a f a x a f a x a f a x a f a x a n n n Rn( ) ( ) ( )( ) ( )( ) ! ( )( ) ! ... ( )( ) ! ..., ,, ,,, 2 3 2 3 Sejam Rn os termos da série após o termo que envolve a n-ésima derivada. Queremos uma expressão para Rn. Se f (x) é contínua e suas derivadas existem em [a , x] , então: f t dt f x f a f x f a f t dt a x a x , ,( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 23 Comparando com o desenvolvimento em Série de Taylor, vem: R f t dt a x 0 ,( ) Integremos R0 por partes: u = f ’(t) du = f ”(t) dt dv = dt v = t - x f t dt f t t x f t x t dt a x a f t x t dta x a x a x a x , , ,, , ,,( ) [ ( )( )] ( )( ) ( )( ) ( )( ) f Logo: f (x) = f (a) + R0 f (x) = f (a) + f a x a f t x t dt a x , ,,( )( ) ( )( ) R1 = f t x t dt a x ,,( )( ) Integrando R1 por partes: u = f ”(t) du = f ’”(t) dt dv = (x - t) dt v = ( )x t 2 2 f t x t dt f t x t f t x t dt f a x a f t x t dt a x a x a x a x ,, ,, ,,, ,, ,,, ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ) 2 2 2 2 2 2 2 2 Logo: f x f a f a x a f a x a f t x t dt a x ( ) ( ) ( )( ) ( )( ) ( )( ), ,, ,,, 2 2 2 2 R2 = f t x t dt a x ,,,( )( ) 2 2 Dai concluímos que: R f t x t dt n n n n a x 1( )( ) ! Vamos transformar Rn na forma Lagrangiana. Para t [a , x], f n + 1 (t) possuí distintos valores. Seja m o menor desses valores e M o maior deles. m x t dt n R M x t dt n m x t n R M x t n m x a n R M x a n n n a x n a x n a x n n a x n n n ( ) ! ( ) ! ( ) ( )! ( ) ( )! ( ) ( )! ( ) ( )! 1 1 1 1 1 1 1 1 Existe 1 [a , x] tal que o resto sob a Forma Lagrangiana é )!1( )( )( 1 1 1 n ax fR n n n OBS: Na prática, trabalhamos com uma cota superior para f n + 1 (t).,ou seja R M x a n n n ( ) ( )! 1 1 , onde M = máx | f n + 1 (t)| em [a , x] UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 24 Exemplo: Determine o valor da constante exponencial , com erro inferior a 10 -6 . A. Desenvolver f (x) = e x em série de MacLaurin ... ! ... !4!3!2 1 1)()( 1)0(')(' 1)0()( 432 n xxxx xe xfexf fexf fexf n x nxn x x Para x = 1 , temos: ... ! 1 ... !4 1 !3 1 !2 1 11 n e B. Raio de Convergência R n n f f n n lim ( ) ( ) ( ) 1 1 1 1 0 0 Para x Reais temos a convergência garantida. C. Erro de Truncamento R M x a n M x M max e n n n x 10 1 10 10 3 1 10 10 6 1 6 6 6 6 ( ) ( )! ( )] ( )! max [f em [0,1] 0 ponto de desenvolvimento 1 ponto de calculo em [0,1] M = e < 3 3 (1- 0) (n + 1)! Por tentativa temos que para n = 9 3 10! n+1 n+1 Então: e e 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 7182807 ! ! ! ! ! ! ! ! , Obs: Pela calculadora o valor e = 2,718281828 UERJ – CTC – IME – Departamento de Informática e Ciência da Computação Cálculo Numérico – Professora Mariluci Ferreira Portes 25 Lista de exercícios sobre a Unidade II 1) Desenvolva as funções abaixo em Série de MacLaurin: a) f(x) = sen x b) f(x) = cos x c) f(x) = e x 2) a) Desenvolva f(x) = ln x em Série de Taylor em torno de a = 1 . b) Calcule o raio de convergência da Série acima. c) Calcule ln 1,2 com 2 decimais exatas. 3) Calcule o raio de convergência do desenvolvimento em série das funções do exercício 1. 4) a) Desenvolva f(x) = 1/ e x em serie de Taylor em torno do ponto a = 1. b) Calcule o raio de convergência. c) Calcule 1/ e 1,3 com 3 decimais exatas. 5) Desenvolva f(x) = sen x em torno de a = /2 , e determine o seno de 93o (graus) com 3 decimais exatas. 6) Desenvolva f(x) = x em torno de a = 1 e determine o valor e 1 4, com 3 decimais exatas. Trabalho Computacional: Desenvolver a função f (x) = sen (x) em Série de Taylor em torno do ponto a = 1, e calcular f (1) com 30 termos, 60 termos e 100 termos que aparecem no desenvolvimento. Compare os resultados obtidos com o valor obtido quando utilizamos a função “ sen (x) ” pré-definida.
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