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Trombose Venosa Profunda e tromboflebiteTrombose Venosa Profunda e tromboflebite Maryanne Adriano Conceito Diagnóstico O fluxo no sistema venoso pode ser interrompido pela formação de um trombo (chamado de coágulo popularmente) no interior das veias. Quando esse trombo acomete veias superficiais, dá-se o diagnóstico de tromboflebite superficial (TS); já quando ocorre numa veia profunda, temos a situação de trombose venosa profunda (TNP). É fundamental estabelecer o diagnóstico da localização da obstrução tendo em vista que o tratamento r o prognóstico são diferentes. Nos membros superiores, temos como veias superficiais: veias cefálica, basílica, mediana do antebraço e as tributárias dessas veias Nos membros inferiores: são superficiais as veias safenas (interna e externa) e suas tributárias Já das veias profundas, são aquelas que acompanham as artérias tronculares e seus ramos: (subclávia, axilar, braquiais, radiais, ulnares, arcos venosos palmares, digitais palmares, metacárpicas palmares, femorais, poplítea, tibiais, fibulares, digitais, metatarsais, plantares medial e lateral), além das veias musculares Fisiopatologia Geralmente acontece em pacientes que encontram-se na tríade de Virchow (lesão endotelial, hipercoagulação e estase) Sobre a lesão endotelial, temos que é devido a uma cirurgia ou trauma, em que não necessariamente acontece sobre a veia acometida, mas a simples agressão sofrida pelos tecidos pode ser suficiente para gatilho da coagulação. Hipercoagulação: pode ser hereditário (trombofilia) ou adquirido (pós operatório, puerpério, câncer, uso de anticoncepcional). E em relação a estase: pacientes que encontram-se acamados com a mobilidade reduzida (pós operatório, viagem longa na mesma posição, obesidades, acamados). Quadro Clínico- TROMBOFLEBITE Flogose no trajeto de uma veia superficial (dor, calor, rubor), sendo percebido um endurecimento na veia à palpação. Ta muito associada a lesão direta sofrida pelas veias do antebraço (lesão endotelial) nos casos de cateterismo venoso para infusão de solução cristaloide, medicações ou contrastes em exames radiológicos, mas pode acontecer também devido ao uso de anticoncepcional, puerpério, neoplasia, vasculite (hipercoagulação) ou em pacientes portadores de varizes (estase venosa). O diagnóstico é fundamentalmente clínico. Quadro Clínico- TVP dor e edema em membro principalmente quando unilateral, empastamento muscular (sinal de bandeira) em pacientes que se encontram nas situações clássicas de risco (tríade de Virchow) devem ser considerados como possíveis portadores de TVP. No exame físico do membro inferior, podem ser observados os sinais Moses: dor quando se comprime a musculatura da panturrilha contra os ossos da perna; Homans: dorso-flexão passiva do pé com queixa de dor na panturrilha; Pratt: presença de circulação colateral. Vale salientar que, em até 50% dos pacientes, o quadro não será claro, devendo o diagnóstico ser confirmado através de exames complementares. Nos casos de TS, o diagnóstico é clínico (paciente com flogose e endurecimento à palpação em veia superficial). Entretanto, pode ser solicitado o eco- Doppler venoso do membro acometido para confirmação do diagnóstico, assim como para estudar a extensão do trombo e o acometimento concomitante do sistema profundo. No caso de TVP, o diagnóstico deve ser confirmado com o eco-Doppler venoso ou através da dosagem do D-dímero (este último principalmente para pacientes ambulatoriais, tendo em vista que, para pacientes hospitalizados, a especificidade desse exame é reduzida devido a várias punções ou procedimento cirúrgico). Trombose Venosa Profunda e tromboflebiteTrombose Venosa Profunda e tromboflebite Maryanne Adriano Tratamento Complicações Na maioria das vezes, a TS é de evolução benigna e de caráter autolimitado com duração em torno de seis semanas. A principal complicação de uma TS é a progressão do coágulo para o sistema profundo, podendo evoluir para tromboembolia pulmonar (TEP). A possibilidade de progressão do S. superficial é maior quando o acometimento é da veia safena interna ao nível da coxa proximal. A TVP tem também como principal e mais temida complicação, o TEP, mas também pode deixar, como complicação importante, a insuficiência venosa crônica (IVC), devido à fibrose residual prejudicar o funcionamento das válvulas, provocando refluxo e aumento da pressão no sistema venoso. A IVC se caracteriza principalmente por edema, varizes secundárias e pele escurecida (dermatite ocre) chegando ao estágio final com aparecimento de úlcera em perna. Tromboflebite Superficial Aguda - Compressa morna, pelo menos, três vezes por dia. - Anti-inflamatório não-esteroidal (AINE). - Tópico com gel/pomada à base de heparina apresenta efeito discutido. - O paciente pode deambular e, se não for incômodo, fazer compressão elástica. Quando repousar, elevar o membro. - A anticoagulação é feita nos casos de TVP associada ou acometimento proximal das safenas. - Nesses casos de acometimento proximal das veias safenas, pode ser realizada ligadura da veia safena interna ou externa ao nível da croça ou instituir o tratamento com anticoagulantes por, no mínimo, seis semanas. Reavaliar com ultrassonografia após esse período. - O uso de antibióticos é reservado apenas para os casos de tromboflebite séptica. Trombose Venosa Profunda Aguda Opções de tratamento: 1 – A heparina pode ser não-fracionada (HNF) ou de alto peso molecular e fracionada ou de baixo peso molecular (HBPM). Atua estimulando a antitrombina a realizar inibição dos fatores de coagulação (IIa, IXa, Xa, XIa e XIIa). A HBPM não apresenta longevidade suficiente para catalisar a inibição do fator IIa, produzindo seu efeito anticoagulante por inibir principalmente o fator Xa. - Heparina não-fracionada (HNF) 5.000u endovenosa em bolus + 18u/Kg por hora EV mantendo Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa) entre 1,5-2,5. - Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM). - Enoxaparina (ClexaneR) 1mg/Kg subcutâneo 12/12 horas ou; - Nadroparina (FraxiparinaR) 225 UIC/Kg subcutâneo 12/12 horas Atualmente, utilizam-se preferencialmente as HBPMs por serem mais seguras e não necessitarem de controle laboratorial. Entretanto, pacientes que estão em pré- operatório beneficiam-se mais da HNF por esta ter uma meia-vida menor e possuir um antídoto, a protamina. A anticoagulação é mantida por um período de três a seis meses a depender da exposição aos fatores de risco para cada paciente. Alguns casos (câncer, trombofilia) requerem tratamento por períodos mais prolongados ou até mesmo por tempo indeterminado. Durante a gravidez, a anticoagulação é feita preferencialmente com a HBPM (facilidade e segurança). Os cumarínicos (varfarina) são contraindicados no primeiro e terceiro trimestres por serem teratogênicos e causarem sangramento, respectivamente. Ainda não há estudos sobre os novos anticoagulantes, a Rivaroxabana e a Dabigatrana na gestação, portanto, não devem ser utilizados. Contra indicações -Sangramento ativo (hemorragia digestiva, por exemplo). - Hipertensão não controlada (PAS > 180 ou PAD > 110 mmHg) - Coagulopatia - Trombocitopenia induzida pela heparina - Insuficiência renal (clearence < 30 ml/min) - Cirurgia craniana ou ocular recente - Cirurgias maiores onde houve grandes descolamentos Trombose Venosa Profunda e tromboflebiteTrombose Venosa Profunda e tromboflebite Maryanne Adriano Profilaxia da TVP nos pacientes internados Devemos inicialmente observar se o paciente está internado por motivos clínicos ou cirúrgicos. Para pacientes clínicos, podem ser utilizados os critérios de Pádua para estratificação de risco: Para pacientes cirúrgicos, podem ser utilizados os critérios de Caprini para estratificação de risco 0 pontos - Muito baixo risco (Mecânica) 1-2 pontos - Baixo risco (Mecânica) 3-4 pontos - Moderado (Mecânica + Farmacológica) ≥ 5 pontos - Alto risco (Mecânica + Farmacológica) Profilaxia Mecânica estimular deambulação, elevar os membros inferiores no repouso, meia elástica de compressãogradual anti trombo, compressão pneumática intermitente. Profilaxia Farmacológica Enoxaparina 40 mg SC 1x por dia ou heparina não fracionada 5.000u SC 8/8 horas) Para pacientes que apresentam risco aumentado de sangramento ou contraindicação para uso de anticoagulantes, a profilaxia deve ser apenas mecânica, iniciando a farmacológica quando o risco de sangramento for superado. A profilaxia é mantida durante a internação ou até a recuperação da mobilidade. Para pacientes submetidos a procedimentos de cirurgia geral, abdominal e/ou pélvicos para câncer, com risco alto de TEP e sem risco alto de complicações hemorrágicas, recomenda-se profilaxia farmacológica estendida por 4 semanas. Já para pacientes submetidos a grandes cirurgias ortopédicas (artroplastia/cirurgia de fratura do quadril ou artroplastia do joelho), recomenda-se estender a profilaxia farmacológica por até 35 dias após a cirurgia.
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