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FARMACOGNOSIA INTRODUÇÃO 1. Histórico Neandertais do sítio arqueológico de El Sídron (Es) utilizavam a camomila e a mil-folhas. Estátua de um homem de Neandertal no Museu de Neanderthal, localizado em Mettmann, próximo a Düsseldorf, Nortrhein- Westfalen, Alemanha. Achillea millefolium Matricaria recutita Papiro de Ebers: Utilização de plantas com propriedades medicinais pelos povos do antigo Egito. Matéria médica Dioscórides: “De materia medica libri cinque” Claudius Galenus, De crisibus, en littera textualis, s. XIII, D.XXV.1, c. 89r (http://portal.unesco.org – Memory of the Word) Séc. XIX: Farmacologia e farmacognosia FARMACOGNOSIA (Seydler, 1815): Pharmakon Gnosis Fim do séc. XIX: Química farmacêutica Fim do séc. XX: ressurgimento da fitoterapia Descontentamento com a medicina convencional Efetividade Custos Valorização do “natural” e “orgânico” Reconhecimento da potencialidade dos produtos naturais como protótipos Desenvolvimento dos anestésicos locais a partir da cocaína: Cocaína Lidocaína ProcaínaTetracaína Síntese de analgésicos hipnóticos a partir da morfina: Morfina Petidina Metadona Farmacobiotecnologia Produção de insulina humana por E. coli Importância da fitoterapia na medicina oriental: Ephedra: efedrina Rauwolfia Medicina / farmacologia baseada em evidências Definições importantes: Medicamento fitoterápico: Medicamento obtido EMPREGANDO-SE EXCLUSIVAMENTE MATÉRIAS- PRIMAS ATIVAS VEGETAIS. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, INCLUA SUBSTÂNCIAS ATIVAS ISOLADAS, DE QUALQUER ORIGEM, NEM AS ASSOCIAÇÕES DESTAS COM EXTRATOS VEGETAIS. (RDC Anvisa n° 14 de 2010) Ex..: Medicamento contendo o extrato seco da folha de espinheira santa (Maytenus officinalis). Fitofármaco: Substância química de origem vegetal, ISOLADA de plantas ou matérias- primas vegetais. Ex.(s): morfina, rutina, quercetina, cafeína, codeína, vinscristina etc. 2. Utilização de plantas medicinais Como fornecedoras de substâncias ativas isoladas Como extratos purificados, centrados em grupos específicos de substâncias Como extratos totais, padronizados em relação a uma ou um grupo de substâncias Como droga, íntegra, rasurada ou moída, destinada a preparações extemporâneas Plantas como fontes de matérias-primas farmacêuticas FÁRMACO CLASSE TERAPÊUTICA ESPÉCIE VEGETAL Artemisinina antimalárico Artemisia annua L. Atropina anticolinérgico Atropa belladona L. Colchicina antirreumático Colchicum autumnale L. Digoxina cardioativo Digitalis lanata Ehrhart Escopolamina antiparkinsoniano Datura ssp. Quinina antimalárico Cinchona ssp. Morfina, codeína Analgésico, antitussígeno Papaver somniferum L. Reserpina Anti-hipertensivo Rauwolfia ssp. Vinblastina Antitumoral Catharanthus roseus G. Don Tubocurarina Bloqueador neuromuscular Chondodendron tomentosum Ruiz et Pavon Adaptado de: Schenkel et al., 2003 Matérias-primas vegetais utilizadas na semi- síntese de fármacos MATÉRIA-PRIMA FÁRMACOS ESPÉCIES VEGETAIS 10-desacetilbacatina III Paclitaxel, docetaxel Taxus ssp. Diosgenina Hormônios esteroidais Dioscorea ssp. Hecogenina Hormônios esteroidais Agave ssp. Podofilotoxina Etoposídeo, teniposídeo Podophyllum ssp. Escopolamina N-butilescopolamina Datura ssp. Estigmasterol Hormônios esteroidais Glycine max (L.) Merril Catarantina e vindolina Vinblastina, vincristina Catharanthus roseus G. Don Adaptado de: Schenkel et al., 2003 Adjuvantes farmacêuticos de origem vegetal ADJUVANTE FUNÇÃO PRINCIPAL FONTE VEGETAL Amido e deriv. Aglutinante e desagregante Zea mays L., Solanum tuberosum L. Celulose e deriv. Aglutinante, desagregante, formador de gel, espessante, etc. Pinus ssp., Eucalyptus ssp. Óleos fixos Veículo Olea europaea L. Óleos voláteis Corretivos organolépticos Citus ssp., Mentha ssp. Esteviosídeo edulcorante Stevia rebaudiana Hemsl. Sacarose Edulcorante, estru- turador de xaropes, etc. Saccharum officinarum L. Etanol Veículo Saccharum officinarum L. Pectinas Aglutinante, formador de gel, espessante Citrsus ssp. Adaptado de: Schenkel et al., 2003 3. Importância econômica Medicamentos derivados de plantas: US$ 20 bilhões/ano USA: US$ 4,5 milhões. 30% dos medicamentos derivam direta ou indiretamente de produtos naturais; Medicamentos para tratamento de câncer: 60% são derivados de plantas; Antiipertensivos e antienxaquecosos: idem (Desmarchelier, 2010). Mercado farmacêutico brasileiro: US$ 9 bilhões (Petrovick et al., 1999) 30 % dos medicamentos registrados no MS são fitoterápicos: 20-25 % do mercado (US$ 1,8-2,25 bilhões) Exportação: US$ 22 milhões US$ 20 bilhões: previsão para 2012 (Valor online) Acheflan®: Antiinflamatório tópico (Calixto & Siqueira Jr., 2008) PR: produção de plantas medicinais - US$ 10,7 bilhões / ano (Desmarchelier, 2010). PRINCIPAIS PLANTAS VALOR (R$) Senna ssp. 57.895.363 Cassia fistula 56.444.996 Coriandrum sativum 56.444.955 Tamarindus indica 56.444.955 Gingko biloba 52.049.727 Crataegus oxycantha 47.735.054 Glycyrrhiza glabra 47.170.426 Passiflora incarnata 37.967.236 Aesculus hippocastanus 34.931.555 Plantago ovata 34.238.051 Principais plantas no mercado nacional Fonte: IMS / Pharmaceutical Market Brazil, MAT Últimos 12 meses (Março 2004) ESPÉCIES VEGETAIS COM MAIOR NÚMERO DE DERIVADOS REGISTRADOS COMO MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS SIMPLES ATÉ MARÇO DE 2008: ESPÉCIE VEGETAL N DE REGISTROS Ginkgo biloba (Ginkgo) 33 Aesculus hippocastanum (Castanha-da-índia) 29 Cynara scolymus (Alcachofra) 21 Hypericum perforatum (Erva-de-São-João) 20 Glycine max (Soja) 20 Valeriana officinalis (Valeriana) 20 Panax ginseng (Ginseng) 17 Cassia angustifolia, C. senna, Senna alexandrina (Sene) 14 Cimicifuga racemosa (Cimicifuga) 14 Mikania glomerata (Guaco) 14 Maytenus officinalis (Espinheira-santa) 13 Peumus boldus (Boldo-do-Chile) 13 FONTE: CARVALHO, 2011 4. Introdução à biossíntese dos metabólitos vegetais Metabolismo Reações anabólicas Reações catabólicas Reações de biotransformação Rotas metabólicas Objetivos Energia Poder redutor Macromoléculas Metabolismo primário Metabolismo secundário Funções no organismo produtor Importância comercial Exemplo: piretróides Origem: espécies do gênero Chrysanthemum (Asteraceae) R2O O H O H H R1 Piretrina I R1= CH3 R2= CH=CH3 Jasmolina I R1= CH3 R2= CH2 _ CH3 Cinerina I R1= CH3 R2= CH3 O O O Resmetrina Referências bibliográficas: SIMÕES, C. M. O., SCHENKEL, E. P., GOSMANN, G., MELLO, J. C. P., MENTZ, L. A., PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. Ed. Porto Alegre, Florianópolis: Editora da Universidade/UFRGS, Editora da UFSC, 2003. SCHENKEL, E. P., GOSMANN, G., PERTOVICK, P. R. Produtos de origem vegetal e o desenvolvimento de medicamentos SANTOS, R. I. Metabolismo básico e origem dos metabólitos secundários VIEIRA, P. C., FERNANDES, J. B., ANDREI, C. C. Plantas inseticidas CARVALHO, A. C. B. Plantas medicinais e fitoterápicos: regulamentação sanitária e proposta de modelo de monografia para espécies vegetais oficializadas no Brasil. 2011. 318 f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de Brasília, Brasilia, 2011. CALIXTO, J. B., SIQUEIRA JR., J. M. Desenvolvimento de medicamentos no Brasil: desafios. Gazeta Médica da Bahia, v. 78, Supl. 1, p. 98-106, 2008. DESMERCHELIER, C. Neotropics and natural ingredients for pharmaceuticals: why isn’t South American biodiversity on the crest of the wave? Phytother. Res., v. 24, p. 791-9, 2010. HARDY et al., Neanderthal medics? Evidence for food, cooking, and medicinal plants entrapped in dental calculus. Naturwissenschaften, v. 99, p. 617- 26, 2012. PERTOVICK, P. R., MARQUES, L. C. DE PAULA, I. C. New rules for phytopharmaceutical drug resistration in Brazil. J. Ethnopharamacol., v. 66, p. 51-5, 1999. ROBBERS, J. E., SPEEDIE, M. K., TYLER, V. E. Pharmacognosy – Pharmacobiotechnology, 1998.
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