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Odontologia UFPE Periodontia | Terapia periodontal cirúrgica �2021.1� Terapia periodontal cirúrgica LINDHE J. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. Os objetivos gerais da terapia periodontal consistem em: ● Prevenção, eliminação ou controle da doença periodontal; ● Recuperação dos tecidos perdidos; ● Manutenção dos resultados conseguidos. Contudo, a terapia periodontal não-cirúrgica não possui a capacidade de regenerar tecidos perdidos. Por conta disso, é necessário lançar mão da terapia periodontal cirúrgica. Assim, a terapia periodontal cirúrgica consiste em um “conjunto de procedimentos executados com uma lâmina, bisturi elétrico ou laser, que ressecta tecido ou envolve o rebatimento de um retalho para alcançar objetivos terapêuticos.” Portanto, os objetivos clínicos específicos da terapia periodontal são a “eliminação da doença inflamatória pela retirada do biofilme dental e fatores etiológicos secundários e, o estabelecimento de um ambiente local com anatomia compatível com a manutenção de saúde e estética periodontal.” Reavaliação após terapia não cirúrgica �4�8 semanas) A necessidade da terapia cirúrgica irá ser consolidada após a reavaliação do paciente, em um período de 4 a 8 semanas após o término da terapia não-cirúrgica. Durante a reavaliação, serão avaliados os mesmos parâmetros observados no período inicial: ● Aspectos de normalidade da gengiva; ● Sangramento e/ou supuração à sondagem; ● Profundidade de sondagem; ● Mobilidade dentária; ● Índices de biofilme. Indicações comuns de terapêutica cirúrgica periodontal ● Áreas com contornos ósseos irregulares e defeitos infraósseos extensos e/ou profundos; ● Bolsas residuais profundas e/ou de difícil acesso em que remoção completa do biofilme sem cirurgia não é possível (bolsas acima de 5mm); ● Correção ou prevenção de invasões do espaço biológico; ● Áreas com lesão de furca grau II ou III; ● Áreas com crescimento gengival; ● Áreas com problemas mucogengivais. Contraindicações gerais ● Portadores de doenças sistêmicas sérias não controladas; ● Quando não for possível acompanhar o pós-operatório do paciente; ● Quando o paciente é incapaz de manter um controle de biofilme adequado; ● Pacientes fumantes Fases cirúrgicas Cuidados pré-operatórios ● Conferência de assinatura do termo de consentimento; ● Análises de exames; Para considerar possíveis infecções apresentadas na série branca; considerar possíveis alterações na série vermelha que prejudicasse o processo de cicatrização, coagulograma e glicemia em jejum. �Glicemia em jejum: 66�99 mg/dl | Coagulograma: TC �4�10min), TS �1�4min), TTPA �24�40s), RNI �1,0 - 2,0�, Plaquetas �150�400/ml de sangue). ● Profilaxia antibiótica; Para pacientes que possuem risco de endocardite bacteriana. ● Prevenção de dor e edema; ● Controle da ansiedade. Preparação do profissional Preparação do Instrumental/equipamento Preparação do paciente (extra e intra oral) Anestesia ● Tópica, infiltrativa, bloqueio e papilar ● Lidocaína ou mepivacaína com vasoconstrictor www.viniciusbandeira.one Odontologia UFPE Periodontia | Terapia periodontal cirúrgica �2021.1� Incisões em periodontia As incisões em periodontia podem ser classificadas em relação a localização: ● Intrasulcular; ● Submarginal ou paramarginal; ● Interdental; ● Relaxante. E também podem ser classificadas em relação a inclinação da lâmina: ● Bisel interno (ponta da lâmina voltada para crista óssea � 45º); ● Bisel externo (ponta da lâmina voltada para coroa). Anatomia cirúrgica Desde que nada seja feito com exagero, não se tem maiores preocupações em lesionar estruturas vitais. Contudo, a preocupação maior é quando há uma cirurgia de enxerto, que é coletada no palato, com atenção para não lesionar a artéria e o nervo palatino. Ressecção de tecido ou rebatimento de retalho Ressecção Remoção de um tecido cortado que será descartado. Rebatimento de retalho Ato de descolar a gengiva da região próxima a JCE, que se mantém presa apicalmente ao tecido ósseo. O retalho é um “segmento do tecido gengival que é cirurgicamente separado dos tecidos de suporte coronalmente, mas, que na região apical, se mantém aderido através de um pedículo de tecido conjuntivo vascularizado.” Esses retalhos também são classificados em: Uso de Incisões relaxantes: - Com incisão relaxante - Tipo envelope Tecidos Separados do osso - Espessura total (quando o retalho é confeccionado, deixa-se o tecido ósseo exposto); - Espessura parcial (se quando o retalho é confeccionado deixa-se o periósteo e uma faixa de tecido conjuntivo) Debridamento de tecido fibroso e de granulação Super importante para readaptar o retalho e controlar o sangramento durante a cirurgia. Utiliza-se instrumentos comuns à raspagem. Hemostasia ● Compressão com gaze ● Anestésico local com vasoconstrictor ● Substâncias adstringentes Raspagem e alisamento radicular É realizada caso sejam encontrados cálculos subgengivais. Ressecção óssea ou colocação de material e enxerto ● Quando os retalhos são colocados na posição ideal é chamado de reposicionamento; ● Quando posicionamos o retalho mais apicalmente é chamado de deslocamento (redução de profundidade de bolsa ou aumento de gengiva inserida). São deslocados: - Apicalmente - Coronalmente - Lateralmente Sutura Colocação de cimento cirurgico Cuidados pós operatórios ● Controle de dor e edema ● Recomendações de dieta ● Higiene oral www.viniciusbandeira.one Odontologia UFPE Periodontia | Terapia periodontal cirúrgica �2021.1� ● Controle de Sangramento ● Atestados Remoção do cimento ou da sutura Normalmente é feita uma semana após a cirurgia. Reavaliação Depende muito da cirurgia realizada, podendo ser 30, 45 a 60 dias. As mais importantes são as com 7 dias após a cirurgia. Técnicas cirúrgicas Os objetivos específicos da terapêutica cirúrgica são: ● Instrumentação radicular com visão direta; ● Redução ou eliminação de áreas detentoras de biofilme; ● Viabilizar procedimentos restauradores; ● Promover a regeneração de tecidos perdidos; ● Restabelecimento de arquitetura fisiológica e estética dos tecidos periodontais; ● Correção de outros problemas mucogengivais Cirurgias conservadoras Retalho de Kirkland É, de todas as técnicas de retalho, a mais conservadora, visto que se resume em uma sindesmotomia extremamente cuidadosa, rebatimento do retalho, raspagem e remoção de granulação e reposição do retalho na sua altura original, havendo portanto uma mínima exposição radicular. É, portanto, uma técnica de eleição em áreas estéticas. Retalho de Widman modificado Retalho em que a gengiva da superfície radicular é rebatida para realizar a raspagem radicular com visão direta (mais utilizado). Cirurgias ressectivas Gengivectomia/Gengivoplastia Remoção de tecido. Utiliza-se a gengivectomia quando há bolsa periodontal, e a gengivoplastia quando não há bolsa periodontal. Elas são indicadas para: ● Eliminação de bolsas supra-ósseas; ● correção de crescimento gengival; ● aumento de coroa clínica (com necessidades restauradoras ou estéticas, sem a utilização de osteotomia); ● Instrumentação radicular por visão direta. Aumento de coroa clínica para prevenir ou corrigir invasões do espaço biológico: Princípios básicos: Presença de elemento estranho na área da estrutura dentária para a união dento-gengival (invasão do EB�. Remoção óssea que é realizada, deixa quantidade suficiente de estrutura dental exposta para restabelecimento da união dentogengival. Indicações ● Presença de cárie ou restauração que invade o EB; ● Necessidade de aumento de retenção para coroas protéticas; ● Correções estéticas Do ponto de vista clínico, a distância da crista óssea deve ser de 2 mm de tecido periodontal sadio, visto que, as fibras supracrestais de conexão, se estendem desde a parte mais coronal do epitélio juncional até a inserção conjuntiva. Quando esse espaço não é respeitado, um processo inflamatório se instala, mesmo na ausência de biofilme. Cirurgias reconstrutivasPreenchimento de defeitos com osso ou substitutos ósseos (podem ser de origem autógena, halogênicos) ● Utilizados isoladamente ou com RTG para regeneração tecidual guiada; ● Aumentos de níveis ósseos de inserção e redução PF superior a RWM. Regeneração tecidual guiada Utiliza-se membranas reabsorvíveis ou não reabsorvíveis, para determinar quem vai popular a região de epitélio e tecido conjuntivo após a cirurgia. No processo de cicatrização pós-cirúrgica as células do tecido conjuntivo e epitelial proliferam mais rapidamente do que as células presentes no osso alveolar e ligamento periodontal. Devido a alta www.viniciusbandeira.one Odontologia UFPE Periodontia | Terapia periodontal cirúrgica �2021.1� capacidade de proliferação dessas células, após a cicatrização se observa tecido epitelial ocupando um espaço que normalmente seria ocupado pelo ligamento periodontal. Essa situação é conhecida como epitélio é conhecido como epitélio juncional longo, que do ponto de vista clínico, é considerado satisfatório e resulta na redução da profundidade de sondagem. Contudo, em dentes destruídos com algum grau de mobilidade, esse epitélio juncional longo não resolve a situação, sendo necessária a utilização da técnica de regeneração tecidual guiada. No caso de membranas não reabsorvíveis, é necessário realizar uma segunda cirurgia para removê-las. Essa técnica é classicamente indicada para defeitos ósseos de 3 ou 2 paredes e lesões de furca grau II. Além disso, é uma técnica superior ao RWM em termos de ganho de inserção clínica, redução de profundidade de sondagem e ganho de tecido ósseo (previsível). Ela frequentemente é combinada com enxertos ósseos e fatores de crescimento. Proteínas da matriz do esmalte �EMDOGAIN� Possui as mesmas indicações do RTG, mas age estimulando a cementogênese (proteína amelogenina). Com a estimulação de cemento, os demais tecidos serão estimulados também. Cirurgias plásticas periodontais: Aumento de gengiva inserida É indicada para recessões gengivais em progressão, colocação de implantes, aparelhos ortodônticos e restaurações subgengivais em áreas com menos de 1 mm de gengiva inserida. Recobrimento de recessões Melhora a estética e a hipersensibilidade, possui um bom prognóstico para recessões classe I e II de Miller. Eliminação ou deslocamento de freios com inserção anômalas Contribuem para recessão gengival, dificultam higiene, fechamento de diastemas e adaptação de próteses. São chamadas de frenectomia ou frenotomia. Correção do sorriso gengival Visibilidade excessiva de gengiva na região estética. Pode ser causada por erupção passiva retardada ou problemas esqueléticos. Para realizar o procedimento depende se há excesso de gengiva e da distância crista óssea � JCE� www.viniciusbandeira.one
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